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Termodinâmica I – cap.

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CAPÍTULO I

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

1.1 - Introdução

A palavra termodinâmica teve origem na junção de dois vocábulos gregos,


therme (calor) e dynamis (força), que têm a ver com as primeiras tentativas para
transformar calor em trabalho e que constituiram o objectivo primordial desta
ciência. A ciência da termodinâmica surgiu pela necessidade de aperfeiçoar o
funcionamento das primeiras máquinas a vapor, de que é exemplo a máquina de
Newcomen construída no princípio do século XVIII.
Actualmente a termodinâmica não se ocupa apenas das transformações onde
ocorrem trocas de calor e de trabalho mas estendeu-se a todas as outras formas
de energia e suas transformações, podendo dizer-se que a termodinâmica é a
ciência que estuda a energia nas suas diversas formas.
Uma das leis fundamentais da Natureza é a lei da conservação da energia.
Estabelece que, durante qualquer interacção, a energia pode mudar duma forma
para outra mas a quantidade total de energia mantém-se constante, isto é, não se
pode criar, nem destruir, energia. Como mais tarde se verá o primeiro princípio
da termodinâmica é, apenas, uma expressão desta lei afirmando, ainda, que a
energia é uma propriedade termodinâmica da matéria.
O segundo princípio da termodinâmica afirma que as diferentes formas de
energia não têm todas a mesma “qualidade”, isto é, existem formas de energia
mais uteis do que outras. Nas transformações que ocorrem na Natureza a energia
conserva-se mas degrada-se, o que significa que as transformações dão-se no
sentido em que diminui a “qualidade” da energia.
Sabe-se que a matéria é constituida por um número muito grande de partículas
chamadas moléculas. Naturalmente que as propriedades duma substância
dependem do comportamento das moléculas que a constituem. Por exemplo, a
pressão dum gás num reservatório é o resultado da transferência da quantidade
de movimento entre as moléculas do gás e as paredes do reservatório no
momento em que as primeiras chocam com as segundas. No entanto não é
necessário conhecer o comportamento destas moléculas para determinar a
pressão do gás. É suficiente ligar o reservatório a um aparelho que mede a
pressão chamado manómetro. Esta abordagem do estudo da termodinâmica que
não necessita conhecer o comportamento das partículas elementares que
constituem a matéria é denominada termodinâmica clássica. Fornece uma
resolução directa e fácil dos problemas que surgem em engenharia. Uma
abordagem mais complicada, baseada no comportamento médio dum grande
número de partículas elementares, é designada termodinâmica estatística. Este
último método só raramente será utilizado durante este curso e apenas para
esclarecer melhor o significado de alguns conceitos.
Como quase todos os assuntos que interessam a um engenheiro dizem respeito a
interacções entre energia e matéria é difícil conceber uma área de engenharia que
não esteja relacionada com a termodinâmica, em algum aspecto.
Não é preciso procurar muito para encontrar áreas de aplicação da
termodinâmica. Por exemplo, a termodinâmica tem um papel essencial no
projecto e análise de motores de automóveis e de aviões a jacto, de centrais
térmicas convencionais e nucleares, de sistemas de ar condicionado, de
2 Termodinâmica I – cap. 1

máquinas frigoríficas, etc. Por isso, desde há muito tempo que um bom
entendimento dos princípios da termodinâmica tem sido uma parte essencial da
formação dos engenheiros.

Figura 1.1 – Algumas aplicações práticas da termodinâmica

1.2- Sistemas fechados e abertos

Um sistema termodinâmico é qualquer


quantidade de matéria, ou região do espaço, que
se escolhe com o objectivo de estudar o seu
comportamento. A matéria, ou a região, exterior
ao sistema é designada vizinhança. Chama-se
fronteira à superfície, real ou imaginária, que
separa o sistema da sua vizinhança. A fronteira
dum sistema pode ser fixa ou móvel.
Os sistemas classificam-se em fechados e
Figura 1.2 – Sistema, fronteira abertos, conforme se escolhe como objecto de
e vizinhança estudo uma determinada quantidade de matéria ou
uma determinada região do espaço. Um sistema
fechado (também designado massa de controlo)
é constituido por uma quantidade fixa de matéria
e a sua froneira não pode ser atravessada por essa
SISTEMA
FECHADO
massa NÃO matéria. Isto é, não pode entrar, nem sair, massa
do sistema. Mas a energia, quer na forma de
m= const.
trabalho quer na forma de calor, pode atravessar a
fronteira deste sistema e o seu volume pode
energia SIM
variar. Se, eventualmente, nem a energia pode
atravessar a fronteira dum sistema fechado, este
Figura 1.3 – Sistema fechado
chama-se isolado.
Termodinâmica I – cap. 1 3

Suponhamos que pretendemos saber o que


acontece ao gás encerrado num dispositivo
cilindro-êmbolo, como o representado na figura
1.4, quando o aquecemos. Como estamos
interessados no seu comportamento o gás
constitui o nosso sistema. A superfície interior
do cilindro e a do êmbolo são a fronteira deste
sistema e como não há massa a atravessar esta
fronteira trata-se dum sistema fechado. Repare
que a energia pode atravessar a fronteira dum
sistema fechado e que parte desta fronteira (a
Figura 1.4 - Sistema fechado com superfície interna do êmbolo) pode mover-se.
fronteira móvel Qualquer coisa exterior ao gás, incluindo o
êmbolo e o cilindro, constituem a vizinhança
do sistema.
Um sistema aberto, também designado
volume de controlo, é uma região do espaço
convenientemente escolhida. Normalmente
inclui um dispositivo através do qual a matéria
pode fluir como, por exemplo, um compressor,
uma turbina ou uma tubeira. O fluxo de matéria
através de tais dispositivos estuda-se melhor
escolhendo a região no interior destes
dispositivos para objecto de estudo, que
Figura 1.5 - Tanto a massa como a constitui o volume de controlo. Tanto a massa,
energia podem atravessar a fronteira
como a energia, podem atravessar a fronteira
dum sistema aberto.
dum sistema aberto que é também denominada
superfície de controlo.
Como exemplo dum sistema aberto podemos
tomar um esquentador de água, representado
esquematicamente na figura 1.6. Suponhamos
que queríamos determinar a quantidade de
calor que era preciso fornecer à água para se
obter um determinado caudal de água quente.
Como há água quente saindo e água fria
entrando para o reservatório, para substituir a
que saíu, não é conveniente escolher uma
determinada massa de água como sistema
Figura 1.6 - Exemplo dum sistema termodinâmico. Pelo contrário, podemos
aberto concentrar a nossa atenção no volume limitado
pela superfície interior do reservatório e
considerar a água quente e a água fria como massas entrando e saindo do volume
de controlo. A superfície interior do reservatório constitui a superfície de
controlo e a matéria atravessa esta superfície em dois locais.
As relações termodinâmicas que se aplicam aos sistemas abertos são diferentes
das que se aplicam aos sistemas fechados. Por isso é muito importante que
reconheçamos o tipo de sistema antes de começarmos a analisar o seu
comportamento.
Em todas as situações o sistema que estamos a estudar deve ser cuidadosamente
definido. Muitas vezes parece desnecessário fazê-lo, por ser óbvio qual deve ser
4 Termodinâmica I – cap. 1

o sistema a considerar. Pelo contrário, noutros casos bastante mais complicados


a escolha apropriada do sistema a investigar pode simplificar a análise do
problema que temos que solucionar.

1.3 - Propriedades

Chama-se propriedade a qualquer característica dum sistema. Algumas destas


propriedades como a pressão P, a temperatura T, o volume V, e a massa m, são
bastante familiares e podem ser directamente determinadas. No entanto, vão
surgir propriedades que não são directamente mensuráveis, como por exemplo a
entropia S e a energia interna U, que são definidas à custa dos princípios da
termodinâmica.
Algumas propriedades obtêm-se por operações matemáticas sobre outras que
anteriormente foram determinadas como, por exemplo, o produto da pressão P
pelo volume V adicionado à energia interna U, que se designa entalpia H
(H=U+PV). Poderiam obter-se por este processo um número infindável de
propriedades mas só algumas delas terão interesse na prática.
As propriedades podem ser intensivas ou extensivas. As propriedades
intensivas são aquelas que são independentes do tamanho dum sistema, tais
como a temperatura, a pressão e a densidade. Pelo contrário, os valores das
propriedades extensivas dependem do tamanho (ou extensão) do sistema. A
massa m, o volume V, a energia total E, são alguns exemplos de propriedades
extensivas. Para saber facilmente se uma dada propriedade é intensiva ou
extensiva supõe-se o sistema dividido em duas partes iguais, como se representa
na figura 1.7. Em cada uma das partes as propriedades intensivas terão o mesmo
valor que tinham no sistema inicial, contudo as propriedades extensivas terão
metade do valor que tinham no sistema inicial.

m ½m Propriedades
½m
V ½V ½V extensivas
T T T
P P P Propriedades
ρ ρ ρ intensivas

Figura 1.7 - Critério para distinguir as propriedades intensivas das extensivas

Pode obter-se uma propriedade intensiva a partir duma propriedade extensiva


dividindo o seu valor pela massa ou pelo número de moles do sistema. Ao valor
duma propriedade por unidade de massa dá-se o nome de propriedade
específica, e por mole propriedade específica molar. Geralmente utilizam-se
letras maiúsculas para representar as propriedades extensivas (com excepção da
massa m) e as letras minúsculas correspondentes para representar as
propriedades específicas que delas derivam. Por exemplo, dividindo pela massa
m o volume V, a energia total E e a energia interna U obtemos, respectivamente,
V E
o volume específico v= , a energia específica total e= e a energia interna
m m
U
específica u= .
m
Termodinâmica I – cap. 1 5

Analogamente, se dividirmos o volume total V, a energia total E ou a energia


interna U, pelo número de moles n do sistema obteremos outras propriedades
V
intensivas, respectivamente, o volume molar específico v = , a energia
n
E U
molar específica e = e a energia interna molar específica u = , que se
n n
representam por letras minúsculas com uma barra por cima.
Recordemos a definição de mole, unidade de quantidade de matéria do sistema
internacional de unidades (S.I.)
Mole é a quantidade de matéria de um sistema contendo tantas entidades
elementares quantos são os átomos existentes em 0,012 kg de carbono 12.
As entidades elementares podem ser átomos, moléculas, iões, electrões, etc. Ao
número destas entidades contidas numa mole dá-se o nome de número de
Avogadro (NA= 6,022 .1023 mol-1).
No âmbito desta disciplina, sempre que usarmos o termo mole estaremos a
referirmo-nos a uma mole de moléculas. À massa de uma mole de moléculas dá-
-se o nome da massa molar (M). O seu valor é expresso em gramas pelo mesmo
número que a massa molecular. Por exemplo, a massa molecular da água são
18u.m.a. e uma mole de água são 18g de água. Por isso também se chama
grama-mole à mole. Como o sistema de unidades que utilizaremos
preferencialmente é o S.I. a unidade de massa que usaremos é o quilograma e
não o grama. Por esse motivo utilizaremos como unidade de quantidade de
matéria a quilomole (103 moles) em vez da mole. A massa da quilomole é
expressa em kg pelo mesmo número que a massa molecular. Por exemplo, para o
oxigénio é:
M (O2) = 32 kg/kmol = 32 g/mol

O número de moles dum sistema n obtem-se dividindo a massa do sistema m


pela respectiva massa molar M. Se o sistema de unidades utilizado fôr o S.I. m
virá expresso em kg, M em kg/kmol e n representará o número de quilomoles do
sistema.
n = m/M

1.4 - Estados e Equilíbrio

Considere um sistema no qual não se observam quaisquer modificações ao longo


do tempo. Então, as suas propriedades podem ser medidas, ou calculadas,
através de todo o sistema obtendo-se um conjunto de valores que descrevem
completamente a condição ou estado do sistema, que se designa um estado de
equilíbrio. Num dado estado de equilíbrio todas as propriedades têm valores
fixos. Basta que, apenas, o valor de uma propriedade do sistema se altere para o
sistema mudar de estado.
A termodinâmica clássica ocupa-se, fundamentalmente, do estudo de estados de
equilíbrio. Há vários tipos de equilíbrio e o sistema só estará em equilíbrio se
todas as condições dos diferentes tipos de equilíbrio forem satisfeitas. Um
sistema está em equilíbrio térmico se a temperatura for a mesma através de
todo o sistema. Um sistema está em equilíbrio mecânico se houver equilíbrio
entre as forças que lhe estão aplicadas. Se estivermos em presença de um fluido
em equilíbrio não poderá haver alterações ao longo do tempo nos valores da
pressão em quaisquer pontos do sistema.
6 Termodinâmica I – cap. 1

Contudo, devido ao efeito da força da


20ºC 23ºC 32ºC 32ºC
gravidade, a pressão pode ter valores
30ºC 32ºC diferentes em pontos no interior do sistema
35ºC 40ºC 32ºC 32ºC que não estejam à mesma cota. Se se tratar no
42ºC 32ºC entanto de fluidos pouco densos como, por
exemplo, uma massa de um gás dentro dum
(a) Antes (b) Depois reservatório esta variação da pressão com a
profundidade é muito pequena pelo que é
Figura 1.8 - Um sistema fechado
atingindo o equilíbrio térmico.
desprezável. Um sistema é constituido por
uma única fase se tiver a mesma composição
química e as mesmas propriedades físicas, isto é, a mesma estrutura molecular
através de toda a sua massa. Quando estão presentes duas ou mais fases há
equilíbrio de fases quando a massa de cada uma das fases em presença
permanece constante no decurso do tempo. Por fim, um sistema está em
equilíbrio químico se a sua composição química não se alterar ao longo do
tempo.

1.5 - Processos e ciclos

A quaisquer mudanças que ocorram num sistema enquanto passa de um estado


para outro estado de equilíbrio chama-se uma transformação ou processo. Ao
conjunto de estados por que o sistema vai passando durante o processo dá-se o
nome de “caminho” ou “percurso” do processo.
Para descrever completamente uma dada transformação é necessário serem
conhecidos os estados inicial e final e, também, o “percurso” do processo.
Quando uma transformação ocorre de tal modo que o sistema permanece em
qualquer momento em estados de equilíbrio, ou infinitamente próximo destes, a
transformação chama-se quase-estática.
Uma transformação quase-estática terá que ocorrer tão devagar que permita ao
sistema ir-se ajustando internamente de modo a conseguir-se que as
propriedades numa dada região no interior do sistema não se alterem mais
rapidamente que noutras regiões. Por exemplo, quando um gás num dispositivo
cilindro-êmbolo é comprimido rapidamente as moléculas perto da face do
êmbolo não têm tempo suficiente para se afastarem deste, aglomerando-se em
frente do êmbolo, criando aí uma região de alta pressão. Por causa desta
diferença de pressões já não se pode dizer que o sistema esteja em equilíbrio o
que faz com que o processo já não seja quase-estático. Contudo, se o êmbolo se
mover lentamente as moléculas terão tempo suficiente para se redistribuirem e já
não haverá uma acumulação de moléculas à frente do êmbolo. Por conseguinte,
a pressão no interior do cilindro será sempre uniforme e aumentará com a
mesma velocidade em todos os locais fazendo com que o processo seja quase-
-estático. Devemos frisar que um processo quase-estático é um processo que
idealizamos e não é uma representação verdadeira dum processo real. No
entanto, alguns processos reais aproximam-se bastante de processos quase-
estáticos pelo que podem ser representados, sem grande erro, por estes. Os
engenheiros interessam-se pelos processos quase-estáticos por dois motivos:
porque são fáceis de analisar e porque o trabalho fornecido nestes processos é
máximo nos dispositivos que produzem trabalho, e é mínimo nos dispositivos
que recebem trabalho (compressores e bombas).
Termodinâmica I – cap. 1 7

Por isso os processos quase-estáticos


servem de modelos com os quais se
comparam os processos reais.
O prefixo iso é usado para designar uma
transformação em que uma dada
propriedade permanece constante. Por
exemplo, uma transformação isotérmica é
aquela em que a temperatura permanece
constante, uma transformação isobárica é
Figura 1.9 - Processo entre os estados 1 e uma transformação em que a pressão não
2 e o “percurso” do processo varia, numa transformação isocórica, ou
isométrica, o volume permanece constante.
Uma transformação chama-se elementar
quando as propriedades do sistema apenas
passam por variações infinitesimais no
decurso dessa transformação. Se
representarmos por x o valor de qualquer
propriedade do sistema num dado estado
uma sua variação infinitesimal no decurso
duma transformação elementar representar-
-se-à por dx.
Diz-se que o sistema realizou um ciclo se
regressou ao estado inicial no fim do
a) Compressão lenta processo. Isto é, para um ciclo os estados
b) Compressão rápida inicial e final do sistema são o mesmo. Por
conseguinte:
Figura 1.10 - Compressões quase-estática Os valores das propriedades do sistema
(a) e não quase-estática (b)
não sofrem alterações ao completar-se um
ciclo.
Se representarmos por x o valor de uma qualquer propriedade, num ciclo terá
sempre que se verificar:
∫ dx = 0 (1.1)

onde ∫ representa um integral calculado ao longo duma curva fechada (ciclo) e


dx as variações infinitesimais de uma propriedade ao longo do processo.

P P

3
2

2 4

1
1

V V
Figura 1.11 - Ciclos

(a) Um ciclo constituido por 2 transformações (b) Um ciclo constituido por 4 transformações
8 Termodinâmica I – cap. 1

1.6 - Postulado de Estado. Diagramas

Como já se viu, o estado dum sistema é definido por um conjunto de valores de


propriedades do sistema. Mas, sabemos pela experiência que, não é preciso
serem conhecidos os valores de todas as propriedades para definir esse estado.
Uma vez conhecidas algumas propriedades (poucas) de um dado estado as
restantes propriedades podem ser determinadas. O número de propriedades que é
suficiente conhecer para que o estado em que se encontra o sistema fique bem
definido depende do tipo de sistema que estamos a analisar e da sua
complexidade mas é, geralmente, pequeno. A experiência mostra que este
número é, apenas, dois no caso de sistemas simples denominados sistemas
compressíveis simples. É o que afirma o postulado de estado

O estado dum sistema compressível simples fica completamente determinado


por duas propriedades intensivas independentes.

Sistemas compressíveis simples são sistemas fechados, com composição


química constante, na ausência de movimento e em que não têm que se
considerar efeitos devidos à gravidade, à tensão superficial, ou à existência de
campos eléctricos ou campos magnéticos exteriores. Como um exemplo de um
destes sistemas temos uma dada massa de gás num dispositivo cilindro-êmbolo.
Os efeitos atrás referidos são desprezáveis para a maioria dos problemas que se
estudam no âmbito da termodinâmica. Nos casos de sistemas em que se têm que
considerar a existência destes efeitos é necessária mais uma propriedade por
cada novo efeito a ter em consideração.
O postulado de estado exige que as duas propriedades intensivas conhecidas
sejam independentes uma da outra, isto é, que seja possível variar uma delas
conservando-se a outra constante. A temperatura e o volume específico são
sempre propriedades independentes uma da outra, por isso estas duas
propriedades são suficientes para definir o estado dum sistema compressível
simples. No entanto, o mesmo não pode ser dito em relação à pressão e à
temperatura. Assim, ao nível do mar (P=1atm) a água ferve a 100ºC enquanto
que no cimo duma montanha, onde a pressão é menor, a água ferve a uma
temperatura inferior. Isto é, durante uma transformação em que se dá uma
mudança de fase a temperatura e a pressão dependem uma da outra (T=f(P)) e,
portanto, não são suficientes para fixar o estado dum sistema constituido por
duas fases.
Como bastam duas propriedades para
fixar o estado dum sistema compressível
simples cada um destes estados pode ser
representado por um ponto num sistema
Azoto de coordenadas cartesianas onde se
θ=25ºC
3
v=0,9 m /kg marcam os valores destas propriedades
nos eixos coordenados. Normalmente,
algumas das propriedades que se
escolhem para coordenadas são a
temperatura T, a pressão P e o volume V
Figura 1.12 - O estado do gás (ou o volume específico v). Nestes
é fixado pelas duas sistemas de eixos coordenados as
propriedades intensivas
transformações quase-estáticas são
independentes, θ e v
Termodinâmica I – cap. 1 9

representadas graficamente por linhas


contínuas. Tais representações são muito
úteis para visualizar a transformação, isto
é, o “caminho” da transformação.
Os ciclos são representados em qualquer
diagrama por linhas fechadas, como já se
viu na figura 1.11. As propriedades dum
sistema são características que, directa ou
indirectamente, avaliamos enquanto o
sistema se encontra em determinado
estado de equilíbrio. O sistema pode ter
alcançado este estado através de qualquer
transformação que as propriedades nesse
estado são independentes da história
passada do sistema. Por conseguinte,
Figura 1.13 - Representação quando um sistema muda de um estado
duma compressão no plano p-V para outro:

As variações das suas propriedades dependem unicamente dos estados


extremos da transformação e não dos estados intermédios, do “caminho”
seguido.

1.7 - Pressão

Pressão é a força exercida por um fluido perpendiculamente a uma superfície,


e por unidade de área dessa superfície. A pressão num dado ponto no interior
dum fluido em repouso é a mesma para todas as orientações da superfície que
contém esse ponto e aumenta com a profundidade. Isto deve-se ao facto das
camadas que se encontram nos níveis inferiores terem que suportar o peso das
que se encontram por cima. Num reservatório que contém um gás a pressão pode
considerar-se uniforme porque a densidade do gás é tão pequena que a variação
da pressão com a profundidade é desprezável, como já se disse. Noutros fluidos
mais densos a pressão varia na direcção vertical, como resultado da força da
gravidade, mas não varia na direcção horizontal, isto é, todos os pontos que se
encontram num mesmo plano horizontal dum fluido em repouso estão à
mesma pressão.
A unidade de pressão no Sistema Internacional é o newton por metro
quadrado (N/m2) a que se chama pascal (Pa).

1 Pa= 1 N.m-2

Como esta unidade é muito pequena, na prática usam-se os seus múltiplos:


quilopascal (1 kPa=103 Pa), megapascal (1 MPa=106 Pa) e bar (1 bar=105Pa).
Outra unidade usada correntemente é a atmosfera padrão (valor médio da
pressão atmosférica ao nível do mar)

1 atm =101 325 Pa = 101,325 kPa = 1,01325 bar

Os aparelhos de medida da pressão denominados manómetros estão,


normalmente, graduados para indicar a diferença entre a pressão do fluido
10 Termodinâmica I – cap. 1

(pressão absoluta) e a pressão atmosférica. A esta diferença dá-se o nome de


pressão relativa, ou manométrica. Para pressões inferiores à pressão
atmosférica, os aparelhos de medida indicam a diferença entre a pressão
atmosférica e a pressão absoluta do fluido, a que se dá o nome de vácuo ou
pressão de vácuo. O que acabou de se mencionar está ilustrado na fig. 1.14

Prel = Pabs - Patm (para pressões superiores a Patm)


Pvac = Patm - Pabs (para pressões inferiores a Patm)

Sempre que não seja dito o contrário, o termo pressão refere-se a pressão
absoluta.
________________________________________________

Prel

-----------------------------------------------------Patm---------------------------------------------------------------------

Pvácuo Pabs

______________________________ Patm

Pabs

___________________________________Pabs=0___________________________________________

Figura 1.14 - Pressão absoluta, pressão relativa e pressão de vácuo

Manómetro

Considere o manómetro representado na figura 1.15 constituido por um tubo em


U, de vidro ou plástico, contendo um líquido que pode ser mercúrio, água, alcool
ou óleo e que vai ser usado para determinar a pressão de um gás contido num
reservatório.
Como, no seio de um gás, se pode
desprezar o efeito da gravidade a
pressão tem o mesmo valor em
qualquer ponto no interior do
reservatório e na superfície 1. Além
disso, como a pressão dum fluido em
repouso não varia num plano
horizontal, a pressão em 2 é a mesma
que em 1, ou seja P2 = P1. A coluna de
líquido de altura h situada acima do
nível 2 está em equilíbrio. Portanto, a
resultante as forças que lhe estão
aplicadas terá que ser zero.
Figura 1.15 - Esquema dum manómetro
Termodinâmica I – cap. 1 11

Fazendo o balanço das forças que actuam na coluna de líquido na direcção


vertical (ver Fig. 1.16) obtém-se:
Patm
A P1 = A Patm + Fg

Fg = mg = ρ V g = ρ Α h g

A Então P1= Patm + ρ g h

Nas relações anteriores, Fg é o peso da


Fg
h coluna de fluido, ρ é a massa
volúmica do fluido, suposta constante,
g a aceleração da gravidade local, A é
a área da secção transversal do tubo e
Patm é a pressão atmosférica. A
diferença entre a pressão do gás e a
pressão atmosférica, a que se chama
P1 pressão relativa ou manométrica, é
Figura 1.16 - O diagrama de corpo livre para a
coluna de líquido de altura h dada por:

∆ P = P1 - Patm = ρ g h (1.2)

Outros tipos de manómetros podem ser calibrados por comparação com aquele
que se acabou de descrever.

Barómetro

A pressão atmosférica é determinada por aparelhos chamados barómetros. Por


isso também se chama pressão barométrica à pressão atmosférica.
Na figura 1.17 está representado um dispositivo, como o utilizado por Torricelli
no século XVII para medir a pressão atmosférica que, ainda hoje, serve de
modelo aos barómetros de mercúrio. A pressão no ponto B (ver fig 1.17) é igual
à pressão atmosférica, enquanto que em C pode ser considerada zero pois só
existe vapor de mercúrio acima de C cuja pressão é desprezável. Fazendo
novamente um balanço das forças que actuam
na vertical obtém-se:

Patm = ρ g h (1.3)

onde ρ é a massa volúmica do mercúrio, g a


Fg aceleração da gravidade no local e h a altura
da coluna de mercúrio acima da superfície
livre do mercúrio na tina. A unidade de
pressão atmosfera padrão é a pressão
exercida por uma coluna de mercúrio de 760
mm de altura, a 0ºC (ρHg=13,595kg/dm3),
num local onde a aceleração da gravidade é a
Figura 1.17 - Esquema dum barómetro
de mercúrio. aceleração normal (g = 9,807 m/s2). O seu
valor em unidades S.I. é 101.325 Pa.

1 atm = 760 mm Hg = 101.325 Pa


12 Termodinâmica I – cap. 1

1.8- Temperatura

1.8.1- Temperatura e Princípio Zero da Termodinâmica

Apesar de nos ser familiar o termo temperatura, como uma medida do grau de
aquecimento dum corpo, não é fácil dar uma definição exacta de temperatura. O
sentido do tacto permite-nos dizer se um dado corpo está a uma temperatura
superior, ou inferior, à temperatura de outro corpo mas não permite atribuir um
valor numérico a essa temperatura. Além disso, os nossos sentidos podem
enganar-nos. Por exemplo, se tocarmos num pedaço de metal e noutro de
madeira temos a sensação de que o metal está mais frio do que a madeira apesar
de os dois estarem à mesma temperatura. O facto dos valores de várias
propriedades dos corpos, designadas propriedades termométricas, mudarem
quando se altera a temperatura vai permitir avaliar com precisão esta
temperatura. Por exemplo, o funcionamento do conhecido termómetro de
mercúrio e vidro baseia-se na dilatação do mercúrio com a temperatura. Neste
caso a propriedade termométrica é o comprimento L duma coluna de mercúrio
contida num tubo capilar de vidro. Quando se calibram estes termómetros faz-se
corresponder a cada valor de L um valor numérico θ que é a temperatura.
Define-se desta maneira uma escala empírica de temperaturas. Noutros tipos de
termómetros a temperatura é determinada por várias outras propriedades
dependentes da temperatura como, por exemplo, a resistência eléctrica dum
condutor, a força electromotriz dum termopar, a pressão dum gás mantido a
volume constante, etc.
É sabido que, quando se põem em contacto dois corpos a temperaturas
diferentes, o corpo mais quente arrefece enquanto que o mais frio aquece devido
a uma transferência de calor do corpo quente para o corpo frio. Entretanto
observam-se variações em algumas das propriedades dos corpos que, ao fim de
algum tempo, cessam. Quando tal acontece diz-se que os dois corpos alcançaram
o equilíbrio térmico e que estão à mesma temperatura. A igualdade de
temperaturas é a única condição exigida para o equilíbrio térmico. O princípio
zero da termodinâmica afirma que:

“Dois corpos, separadamente, em equilíbrio térmico com um terceiro, também


estão em equilíbrio térmico entre si”.

Poderá parecer estranho que este facto, tão óbvio, seja considerado uma das leis
fundamentais da termodinâmica. Contudo, não pode deduzir-se de outras leis e a
sua importância deve-se à circunstância de servir de base à medida de
temperaturas. Se o terceiro corpo fôr um termómetro pode dizer-se que dois
corpos, mesmo que não estejam em contacto, estão em equilíbrio térmico se em
ambos fôr medida a mesma temperatura.

1.8.2- Escalas de temperatura

Já atrás foi dito que os termómetros possuem uma propriedade dependente da


temperatura, a propriedade termométrica, e que a sua calibração consiste em
fazer corresponder a cada valor X da propriedade termométrica um valor
numérico θ que é a temperatura. Para tal é necessário escolher alguns estados
que facilmente se reproduzem tais como, por exemplo, os pontos de fusão e de
Termodinâmica I – cap. 1 13

ebulição da água à pressão de 1 atmosfera (denominados ponto de gelo e ponto


de vapor, respectivamente), às temperaturas dos quais se atribui um valor
arbitrário. Tais estados constituem os pontos fixos da escala de temperaturas.
Simultaneamente admite-se que a temperatura é uma determinada função da
propriedade termométrica (geralmente uma função linear).
Várias escalas de temperatura têm sido definidas ao longo dos tempos. Por
exemplo, a escala Celsius foi definida pelo astrónomo sueco A. Celsius, (1701-
1744), e a escala Fahrenheit, pelo alemão G. Fahrenheit, (1686-1736). Na
escala Celsius às temperaturas do ponto de gelo e do ponto de vapor foram
atribuídos, respectivamente, os valores 0 e 100ºC. Na escala Fahrenheit aos
mesmos pontos foram atribuídas as temperaturas 32 e 212ºF, respectivamente,
pelo que estas escalas são designadas escalas de dois pontos fixos. Nestas
escalas considera-se que a temperatura θ é uma função linear da propriedade
termométrica X, iso é:
θ=a+bX
(a,b constantes determinadas à custa dos dois pontos fixos da escala)

Os vários termómetros assim calibrados quando se utilizam para determinar a


temperatura dum mesmo corpo dão indicações diferentes, isto é, a temperatura
avaliada por este processo não é independente do tipo de termómetro utilizado.

Escala absoluta do termómetro de gás perfeito

Os termómetros que dão valores mais


próximos uns dos outros são aqueles em que
a propriedade termométrica é a pressão P de
uma dada massa de gás mantida a volume
constante, designados termómetros de gás
(figura 1.18). Por esse motivo estes
termómetros foram escolhidos para
termómetros padrão. Estes termómetros são
constituidos por um reservatório rígido cheio
de um gás, normalmente hidrogénio ou hélio,
que é mantido a volume constante O seu
funcionamento baseia-se no seguinte facto: a
baixas pressões, as temperaturas dos gases
variam linearmente com a pressão, desde
que o volume seja constante. Isto é:
Figura 1.18 – Esquema de um
termómetro de gás a volume θ=a+bP
constante

Por isso, representando graficamente os valores experimentais da pressão P (de


um dado gás mantido a volume constante) em função da temperatura θ (ºC),
constatamos que a linha que melhor se ajusta aos pontos experimentais é uma
recta que, depois de extrapolada, vai cortar o eixo das abcissas num ponto em
que θ=-273,15ºC. Procedendo do mesmo modo com outros gases obter-se–iam
novas rectas que, depois de extrapoladas, também cortariam o eixo das abcissas
no mesmo ponto (ver figura 1.19).
14 Termodinâmica I – cap. 1

Pontos Se escolhermos esse ponto do eixo das


experimentais abcissas para origem de um novo eixo de
temperaturas, as temperaturas nessa nova
escala (que representaremos por T) estão
relacionadas com as temperaturas da
Extrapolação escala Celsius por

T = θºC + 273,15

Esta nova escala é denominada escala


θ absoluta do termómetro de gás perfeito.
A equação que relaciona a pressão P do
Figura 1.19 – Valores experimentais de P gás (mantido a volume constante) com a
em função de θ obtidos com vários gases temperatura T desta nova escala é:
a baixas pressões

T=bP
(equação da recta que passa pela origem dos eixos coordenados)

Como esta equação tem uma só constante (b) basta apenas um ponto fixo para a
determinar. O ponto fixo escolhido foi o ponto triplo da água, o estado em que
é possível coexistirem em equilíbrio as três fases da água (sólida, líquida e
vapor) à temperatura do qual se atribuiu o valor 273,16 K. Para obter a constante
b determina-se experimentalmente o valor da pressão P3 do gás no ponto triplo
da água:
273,16
b = T3/P3 =
P3
Uma vez conhecida a constante b para achar a temperatura de um dado meio
imerge-se o reservatório do termómetro nesse meio, espera-se que o equilíbrio
térmico entre o termómetro e o meio seja alcançado e, medindo nessa altura a
pressão P, pode determinar-se a temperatura T pela equação:

T = 273,16 (P/P3)v=const

Na realidade para os gases reais mantidos a volume constante a sua pressão não
é exactamente proporcional à temperatura absoluta (este seria o comportamento
do gás perfeito), por isso é necessário fazer correcções aos valores assim
determinados.

Escala termodinâmica de temperatura

É desejável que haja uma escala de temperaturas que seja independente das
propriedades duma substância, ou grupo de substâncias. Essa escala é a escala
termodinâmica de temperatura, que mais tarde será definida à custa do
segundo princípio da termodinâmica e que, no sistema internacional de
unidades, é a escala Kelvin. Na definição desta escala utiliza-se, também, o
ponto triplo da água como ponto fixo. Pode-se provar que a escala
termodinâmica (Kelvin) e a escala absoluta do termómetro de gás perfeito
são coincidentes no intervalo de temperaturas que podem ser determinadas com
o termómetro de gás.
Termodinâmica I – cap. 1 15

A unidade de temperatura nestas duas escalas, termodinâmica e absoluta do gás


perfeito, é o kelvin
1
O kelvin é a unidade de temperatura igual à fracção da temperatura
273,16
do ponto triplo da água.
A temperatura mais baixa nas escalas termodinâmica e absoluta do gás perfeito é
0 K (zero absoluto) pelo que as temperaturas nestas escalas são sempre positivas
e, por isso, são designadas temperaturas absolutas. Representá-las-emos pelo
símbolo T.
A escala absoluta ou termodinâmica do sistema inglês de unidades é a escala
Rankine e a sua unidade é o rankine (R).
Como já se viu, a escala Kelvin está relacionada com a escala Celsius por:
T(K) = θ(ºC) + 273,15 (1.4 )
A escala Rankine está relacionada com a escala Fahrenheit por
T(R) = θ (ºF) + 459,67 (1.5)
Na prática, é normal arredondarem-se as constantes das equações (1.4) e (1.5)
para 273 e 460, respectivamente.
A relação entre as escalas Fahrenheit e Celsius é a seguinte:
θ (ºF) = (9/5) θ (ºC) + 32,00
As temperaturas nas escalas
Ponto de vapor
Rankine e na escala Kelvin
relacionam-se por:
T(R) = (9/5) T(K)
A figura 1.20 compara as
Ponto triplo quatro escalas de temperatura
estudadas. Note-se que as
grandezas de cada divisão das
escalas Celsius e Kelvin, (1 K
e 1ºC) são iguais. Por isso,
quando se trata de uma
diferença de temperaturas,
isto é, um intervalo de
temperaturas é igual nas duas
escalas.
Zero absoluto

∆T (K) = ∆θ (ºC)
Figura 1.20 – Comparação das escalas de temperatura
Analogamente:

∆T (R) = ∆θ (ºF)

Leitura recomendada:

Çengel Yunus A., Boles Michael A. - Thermodynamics An Engineering


Aproach., Cap.I – 2nd ed. – Mc Graw-Hill, Inc.-1994
16 Termodinâmica I – cap. 1

ENUNCIADOS DE PROBLEMAS

Capítulo I

1.1 - Um manómetro é utilizado para medir a


pressão num tanque. O fluido utilizado tem
uma densidade de 850 kg m-3 e a diferença de
nível do fluido nos dois ramos do manómetro é
de 55 cm. Se a pressão atmosférica local é de
96 kPa determine a pressão absoluta no interior
do tanque. Tome g=9,807 m s-2.
R: 100,6 kPa

1.2 - Determine a pressão atmosférica num


local em que a leitura do barómetro é de 740 mmHg e a aceleração da gravidade
é g = 9,7 m/s2. A densidade do mercúrio é 13 570 kg/m3
R: 97,4 kPa

1.3 - Um manómetro ligado a um reservatório indica um vácuo de 30 kPa num


local onde a pressão atmosférica é 755 mmHg. Determine a pressão absoluta no
reservatório. Considere ρ(Hg)=13,590 kg/dm3.
R: 70,6 kPa

1.4 - Pode utilizar-se um barómetro para determinar a altura dum edifício. Se as


leituras do barómetro no cimo e na base do edifício são, respectivamente, 730 e
755 mmHg determine a altura do edifício. Tome para densidade média do ar
1,18 kg/m3 e do mercúrio 13 590 kg/m3.
R: 287,9 m

1.5 - O barómetro dum alpinista indicava 930 mbar no inicío duma escalada e
780 mbar no fim. Desprezando o efeito da altitude na aceleração da gravidade
determine a distância vertical que o alpinista subiu. Considere a densidade média
do ar 1,20 kg/m3 e g=9,8 m/s2.
R: 1275,5 m.

1.6 - Um manómetro ligado a um reservatório indica uma pressão (relativa) de


3,5 bar num local onde a leitura dum barómetro é 75 cm Hg. Determine a
pressão absoluta no reservatório.
R: 4,5 bar

1.7 - Determine a pressão exercida sobre um mergulhador 30 m abaixo do nível


do mar. Suponha 101 kPa a pressão atmosférica e 1,03 a densidade relativa da
água do mar.
R: 404 kPa

1.8 - Um dispositivo cilindro-êmbolo, sem atrito, contém um gás. A massa do


êmbolo é 4 kg e a área da secção transversal do cilindro 35 cm2. Uma mola
comprimida sobre o êmbolo exerce uma força de 60 N. Se a pressão atmosférica
no local é 95 kPa determine a pressão no interior do cilindro.
R: 123,4 kPa
Termodinâmica I – cap. 1 17

1.9 - Um manómetro de mercúrio (ρ=13,6


kg/dm3) está ligado a uma conduta de ar. A
diferença entre os níveis de mercúrio nos 2
ramos do manómetro é de 15 mm e a pressão
atmosférica local é 100 kPa.
a) Observando a figura ao lado determine se a
pressão no interior da conduta é superior ou
inferior à pressão atmosférica.
b) Determine a pressão absoluta do ar no interior
da conduta.

1.10 - A metade inferior dum reservatório cilíndrico de 10 m de altura está cheia


de água e a metade superior está cheia de óleo de densidade relativa 0,85.
Determine a diferença de pressão entre a superfície superior e o fundo do
cilindro.
R: 90,7 kPa.

1.11 -Um cilindro de diâmetro d=200 mm está herméticamente fechado por um


êmbolo que está suspenso duma mola. Convenciona-se que este êmbolo não tem
peso e que se desloca sem atrito. No interior do cilindro fez-se um vácuo de 90%
relativamente à pressão barométrica que é 1,01 bar. Determine a força de tensão
na mola quando o êmbolo não se move.
R: 2856 N

1.12 - A que temperatura coincidem as leituras dos seguintes pares de escalas de


temperatura?
a) Celsius e Fahrenheit;
b) Fahrenheit e Kelvin;
c) Celsius e Kelvin
R: a)-40º ; b) 574,6

1.13 - A temperatura dum sistema termodinâmico baixou 27ºF durante um


processo de arrefecimento. Exprima este abaixamento de temperatura em :
a) K;
b) R;
c) ºC.

1.14 - Uma hipertermia de 5ºC (isto é, 5ºC acima da temperatura normal do


corpo humano) é considerada fatal. Exprima este valor em
a) K
b) ºF
c) R.

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