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Informativo Técnico

Mogno
Versão impressa ISSN 1679-6500 Versão on-line ISSN 1679-8058 Swietenia macrophylla King

Identificação com 5 sépalas esverdeadas e 5 pétalas brancas ou cremes.


Família: Meliaceae. A espécie é monóica e predominantemente alógama. O
Nomes vulgares: mogno, mogno-brasileiro, aguano, fruto é uma cápsula septicida lenhosa de formato oblongo
araputanga, cedrorana e cedroí. a oblongo-ovóide, coloração marrom, 10-39cm de
Sinonímias: Swietenia belizensis Lundell, S. candollei Pittier, comprimento e 6-12cm de largura, separando-se em 4-5
S. krukovii Gleason, S. macrophylla var. marabaensis Ledoux valvas. As sementes, botanicamente samaróides, possuem
& Lobato e S. tessmannii Harms. uma ala lateral grande e apresentam 7-12cm de
Espécies relacionadas de maior interesse: as espécies comprimento e 2-3cm de largura; a semente,
Swietenia macrophylla, S. mahagoni e S. humilis são muito propriamente dita, mede 2cm x 1cm x 0,4cm e está
semelhantes e conhecidas pelos mesmos nomes vulgares. localizada na base da sâmara, protegida por um tecido
Entretanto, S. mahagoni se diferencia de S. macrophylla e S. esponjoso. A plântula apresenta epicótilo glabro,
humilis, por possuir folíolos (4-8cm de comprimento e 1,5- levemente rugoso e de coloração verde-parda; as primeiras
3cm de largura) e frutos menores (4,5-10cm de folhas são simples, inteiras, glabras e de formato oblongo-
comprimento e 3-6cm de diâmetro); ocorre ao sul da acuminado ou oblongo-agudo.
Flórida (Estados Unidos) e nas ilhas do Caribe. S. humilis
se diferencia de S. macrophylla por apresentar folíolos sésseis Ecologia
ou subsésseis; ocorre do México até a Costa Rica. Uma A espécie é encontrada no México, Belize, Guatemala,
hibridação entre S. macrophylla e S. mahagoni já foi El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá,
reportada em Cuba, Porto Rico, Ilhas Virgens e Trinidad, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Brasil. No
enquanto outra entre S. macrophylla e S. humilis foi verificada Brasil, ocorre no Pará, Maranhão, Tocantins, Mato
na Costa Rica. Grosso, Rondônia, Acre e Amazonas. É uma planta
heliófila, semidecídua ou decídua, encontrada em solos
Usos da espécie argilosos de áreas úmidas, às vezes pantanosas, porém
A madeira é moderadamente pesada, dura, com sendo mais freqüente em áreas bem drenadas, que
cerne castanho-amarelado a castanho-escuro, alburno recebem elevada precipitação pluvial. Ocorre desde o nível
branco-amarelado e textura fina a média, sendo utilizada do mar até 1.500m de altitude.
em peças torneadas, objetos de decoração, instrumentos
científicos de precisão, instrumentos musicais, esculturas, Floração e frutificação
talhados, móveis, faqueados, laminados, compensados, Os eventos reprodutivos são anuais e podem ser
carpintaria, construção naval e indústria de aviação. A observados a partir dos 12-15 anos de idade. A época de
árvore é ornamental, podendo ser utilizada em praças e ocorrência varia em função da localização geográfica.
em paisagismo. Em Curuá-Una/Pará, a floração ocorre entre março e
abril (final da época chuvosa) e a frutificação entre
Descrição botânica outubro e novembro (final da época seca).
A árvore pode alcançar 70m de altura. O tronco ereto
atinge até 3,5m de diâmetro e 20-27m de altura antes de Obtenção de sementes
formar os galhos. A casca é castanho-clara a acinzentada, Uma árvore adulta pode produzir anualmente até 600
áspera e provida de escamas planas separadas por fendas frutos, sendo que cada fruto pode conter entre 22 e 71
profundas. Raízes tabulares são comuns e podem atingir sementes. Os frutos devem ser coletados, com o auxílio
até 5m na base do tronco. As folhas, com disposição de podão, quando apresentarem coloração marrom e
alterna espiralada, são compostas e paripinadas; os antes da deiscência natural. O transporte dos frutos deve
folíolos são opostos ou subopostos, membranáceos ou ser feito em sacos de ráfia para evitar excesso de umidade,
subcoriáceos, glabros, peciolados e medem 5-18cm de aquecimento e proliferação de microrganismos.
comprimento e 2-6cm de largura; o formato é oblongo,
elíptico ou oblongo-ovado; a base é assimétrica; o ápice Beneficiamento
é acuminado ou agudo; e a margem é inteira. A Os frutos devem ser colocados sobre uma lona
inflorescência apresenta-se em densas panículas terminais plástica, em local arejado, seco e à sombra, para abertura
ou axilares e contém flores unissexuais, actinomorfas, espontânea. Em seguida, as sementes são separadas

Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia Nº 8, 2005


Mogno Swietenia macrophylla King

manualmente das partes dos frutos. É conveniente Produção de mudas no viveiro


quebrar manualmente as alas, cerca de 1cm acima da A semeadura é realizada em sementeiras ou
semente, visando reduzir o volume e facilitar o diretamente em sacos de polietileno (20cm x 10cm),
armazenamento e a semeadura. O número de sementes contendo substrato organo-argiloso. A repicagem deve
aladas por quilograma varia de 1.660 a 2.300 unidades. ser feita quando as plântulas possuírem 7-10cm de
O peso de 1.000 sementes aladas varia de 430 a 600g. O altura. As mudas devem permanecer semi-sombreadas
teor de água das sementes frescas pode variar de 32 a durante os três primeiros meses. O transplantio pode ser
37%. feito aos 6 meses, quando as mudas atingirem 60-75cm
de altura, ou aos 7-9 meses após a semeadura, quando
Armazenamento das sementes possuírem 100-120cm de altura.
A tolerância das sementes à dessecação indica um
comportamento ortodoxo, porém, considerando que o Fitossanidade
armazenamento a temperatura subzero abreviou a A espécie pode ser atacada, em qualquer estágio do
longevidade, foram classificadas como intermediárias. desenvolvimento, pela broca-do-ponteiro (larva da mari-
Desse modo, podem ser armazenadas secas (grau de posa Hypsipyla grandella), que danifica o botão terminal,
umidade entre 4 e 5%), em embalagens impermeáveis e provocando a quebra da dominância apical, induzindo
sob temperatura de 2-5ºC, por até 8 anos. ramificações e, conseqüentemente, resultando em um
fuste mal formado. Algumas medidas vêm sendo testadas
Germinação das sementes para reduzir a incidência dessa praga nos plantios, como
A germinação é hipógea e criptocotiledonar. As a seleção de mudas resistentes e o plantio intercalado
sementes não necessitam de nenhum tratamento pré- com outras espécies.
germinativo. O substrato vermiculita tem apresentado
melhor resultado na germinação em comparação à areia Autores
e à terra preta peneiradas. As sementes devem ser Manuel de Jesus Vieira Lima Júnior, mjlima@ufam.edu.br
colocadas no substrato, preferivelmente com a parte da Manoella Souza Galvão, manugalvao@ig.com.br
ala voltada para baixo, e cobertas com uma camada de Universidade Federal do Amazonas
1cm do substrato. A emergência inicia aos 18 dias e Av. Gal. Rodrigo Otávio Jordão Ramos, 3000, Coroado
termina aos 40 dias após a semeadura, com tempo médio CEP. 69025-260, Manaus-AM, Brasil
de 22 dias e porcentagem de até 100%. Tel: (92) 647-4053 Fax: (92) 647-4043

Propagação vegetativa
A enxertia com o mogno-africano (Khaya ivorensis) vem sendo
testada em área experimental da Embrapa – CPATU (Pará).

Bibliografia
Grogan, J. et al. 2002. Mogno na Amazônia brasileira: Valera, F.P. 1998. Genetic resources of Swietenia macrophylla
ecologia e perspectivas de manejo. Belém, Imazon. 64p. and Cedrela odorata in the neotropics: priorities for
Hong, T.D. & Ellis, R.H. 1998. Contrasting seed storage coordinated actions. Forest Genetics Resources, 25: 24-
behaviour among different species of Meliaceae. Seed 32.
Science and Technology, 26: 77-95. Vianna, N.G. 1983. Armazenamento de sementes de mogno
Loureiro, A.A. et al. 1979. Essências madeireiras da (Swietenia macrophylla King). Silvicultura, 28: 539-540.
Amazônia. v.2. Manaus, INPA/SUFRAMA. 187p. Vozzo, J.A. (Ed.) 2002. Tropical tree seed manual. Washing-
Mansor, M. et al. 1997. Collection and handling of ma- ton, USDA Forest Service. 899p. (Agriculture Handbook,
hogany (Swietenia macrophylla) seeds for optimum 721).
viability. Journal of Tropical Forest Science, 9: 398-410.

Expediente
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assim como as fotos, estão disponíveis no endereço: http://www.rsa.ufam.edu.br Apoio
Instituições parceiras
Universidade Federal do Amazonas (UFAM); Universidade Federal do Acre (UFAc); Universidade
Estadual do Amazonas (UTAM); Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA); Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa/AM/PA/RR); Fundação de Tecnologia do Acre (FUNTAC); Instituto Rondônia de
Alternativas de Desenvolvimento (IRAD); Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do
Amapá (IEPA); Associação das Empresas Exportadoras do Pará (AIMEX); Agência de
Desenvolvimento da Amazônia (ADA); e Centro de Pesquisas Ecológicas da Amazônia (CEPEAM).
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