A NOÇÃO DE PROPRIEDADE NO DIREITO CIVIL CONTEMPORÂNEO
Atualmente estamos passando por um período de transição no Direito;
na geração anterior tínhamos valores individualistas e patrimonialistas, tal visão foi mudando com tempo devido ao grande caráter de mutação da sociedade, de modo que a sociedade apesar de ainda ter o patrimônio como uma grande ferramenta para o seu desenvolvimento estrutural, exigia mais cuidados, uma maior preocupação com o Homem, com a sua importância perante a sociedade; enfim, uma humanização do ordenamento jurídico. Esta mudança foi iniciada com a Constituição de 1988 que deixou um pouco de lado o patrimônio e colocando como objeto principal da tutela jurídica a pessoa humana; em decorrência desta mudança as demais ramificações tiverem que ser alterada para que se adequassem aos novos valores constitucionais. Por ser uma visão muito recente para o Direito ainda está sendo muito crítica e possuidora de falhas, mas não devemos nos ater a isso, pelo menos no momento, mas sim a por em prática aquilo que já foi posto e sempre concretizá-los tendo em mente a dignidade do ser humano, pois até o momento não se foi explorado toda sua amplitude.
Essa mudança de valores é o resultado de uma mudança social que já
se está acontecendo a um bom tempo em todo o mundo, em outros continentes esta idéia já está bem consolidada. O surgimento dessa visão humanitária põe o homem em primeiro lugar, assim tornando mais coerente com o próprio objetivo da Direito, que entre eles está à harmonização das relações humana de modo que não prejudique o outro. Essa dignidade da pessoa deve ser encarada como um fim, e não como um simples meio para se atingir as demais metas, ou apenas como uma norma programática.
O pensamento que era encontrado no Código de 1916, era resultado
da influência da burguesia que tinha como objetivo assegurar a sua propriedade em um período de instabilidade foi basicamente por esse motivo que as normas eram bastante precisas. Com a mudança do Estado Liberal para o Estado Social, as normas começaram a se tornarem mais amplas, agora o Código, utilizando o termo usado pelos doutrinadores, está em processo de descodificação, pois a idéia é torná-lo um código aberto, essa amplitude faz com que sua literatura se torne mais vaga e conseqüentemente, responsável pela criada de normas específicas que seriam os estatutos, para dar um suporte mais eficaz a determinados fatos. Essa ampliação do sentido da norma é um dos principais argumentos daqueles que são contra essa corrente social do ordenamento jurídico, pois irá abrir uma margem maior para seu entendimento de modo que poderá resultar e novas falhas jurídicas, conseqüentemente gerando uma insegurança da sociedade perante a Justiça.
Agora falando da propriedade e o seu novo conceito nesse contexto,
temos que ela ganhou um novo referencial jurídico, a função social, que o modificou de forma a atender o anseio da sociedade por uma vida mais justa. Esse novo conceito é o caráter social da propriedade, ou seja, que ela não seja útil apenas para o proprietário, mas como também para ajudar a sociedade a enfrentar seus problemas. Percebe-se assim, que a função social compõe-se de um título que justifica os poderes do titular da propriedade. Concluindo-se então que a Constituição Federal assegura o direito de propriedade, somente nos casos em que se tem a função social da propriedade.