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PARTE 2
METODOLOGIA DE DOSAGEM PARA BLOCOS DE CONCRETO
EMPREGADOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL
Luiz Roberto Prudêncio Jr., Alexandre Lima de Oliveira e Artêmio Frasson Jr.
Na segunda parte deste artigo sobre métodos de dosagem para blocos de concreto estruturais, apresentamos
Palavras-chave:
a metodologia proposta pelo engenheiro Artêmio Frasson Jr. em trabalho de mestrado apresentando no ano alvenaria estrutural,
2000, no curso de engenharia da Universidade Federal de Santa Catarina. São introduzidos novos conceitos e dosagem, concreto,
ensaios para avaliação de propriedades como a coesão das misturas no estado fresco; previsão de umidade blocos
ótima e textura superficial dos blocos; e a inter-relação entre grau de compacidade dos blocos e sua resistência à
compressão. No caso, a moldagem é feita utilizando-se corpos-de-prova cilíndricos de 5 cm x 10 cm, e o resultado,
economicamente vantajoso, permite reduzir o número de testes executados no equipamento de vibro-compressão.
Permite ainda prever com grande exatidão a resistência dos blocos de concreto, não importando o porte do
equipamento utilizado. Por fim, o artigo traz um exemplo prático de aplicação do método de Frasson em uma
fábrica de blocos vibro-prensados da região de Florianópolis, em Santa Catarina.
EXPEDIENTE
O Caderno Técnico Alvenaria Estrutural é um suplemento da revista Prisma, publicado pela Editora Mandarim Ltda.
ISSN 1809-4708
Artigos para publicação devem ser enviados para o e-mail alvenaria@revistaprisma.com.br
Conselho Editorial: Prof. Dr. Jefferson Sidney Camacho (coordenador) Eng. Dr. Rodrigo Piernas Andolfato (secretário); Eng. Davidson Figueiredo Deana;
Prof. Dr. Antonio Carlos dos Santos; Prof. Dr. Emil de Souza Sanchez Filho; Prof. Dr. Flávio Barboza de Lima; Prof. Dr. Guilherme Aris Parsekian; Prof. Dr. João Bento de Hanai; Prof. Dr. João Dirceu
Nogueira Carvalho; Prof. Dr. Luis Alberto Carvalho; Prof. Dr. Luiz Fernando Loureiro Ribeiro; Prof. Dr. Luiz Roberto Prudêncio Júnior;
Prof. Dr. Luiz Sérgio Franco; Prof. Dr. Márcio Antonio Ramalho; Prof. Dr. Márcio Correa; Prof. Dr. Mauro Augusto Demarzo; Prof. Dr. Odilon Pancaro Cavalheiro;
Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos; Prof. Dr. Valentim Capuzzo Neto; Profa. Dra. Fabiana Lopes de Oliveira; Profa. Dra. Henriette Lebre La Rovere;
Profa. Dra. Neusa Maria Bezerra Mota; Profa. Dra. Rita de Cássia Silva Sant´Anna Alvarenga.
Editor: jorn. Marcos de Sousa (editor@revistaprisma.com.br) - tel. (11) 3337-5633
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CADERNO TÉCNICO ALVENARIA ESTRUTURAL - CT11
PARTE 2
METODOLOGIA DE DOSAGEM PARA BLOCOS DE
CONCRETO EMPREGADOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL
1. INTRODUÇÃO produção dos blocos de concreto são os comu- Conforme mencionado, além da avaliação da
Na primeira parte deste artigo (Prisma 25), mente chamados “pedriscos” (material passante textura superficial das misturas, deve-se reali-
foram apresentados os métodos de dosagem co- na peneira de 9,5 mm e retido na peneira de zar o ensaio de coesão, segundo procedimentos
mumente empregados para blocos de concreto 4,8 mm). Preferencialmente, devem ser empre- apresentados no item 2.2. No que se refere à
produzidos em máquinas vibro-prensas. Esses gados materiais de formas mais cúbicas, que coesão, as situações mais críticas das mistu-
métodos, todos eles, demandam testes exces- permitam sua utilização em teores mais eleva- ras são vistas entre as que trazem menores
sivos já na própria máquina vibro-prensa; além dos, sem o comprometimento da textura super- consumos de cimento (normalmente, os traços
disso, a maioria dos ensaios não leva em conside- ficial dos blocos. utilizados para a produção de blocos de vedação).
ração peculiaridades e características inerentes Já o agregado miúdo, ou o proporcionamento Por isso, recomenda-se que, após a definição do
ao processo de produção dos blocos de concre- entre agregados miúdos, deve apresentar módulo proporcionamento ideal entre agregados graúdo
to. Pensando nisto, Frasson (2000) propôs uma de finura entre 2,20 e 2,80, e uma percentagem e miúdo, empregando-se traço médio de 1:9 (ci-
metodologia de dosagem que visa à redução de passante na peneira de 0,3 mm em torno de 25% mento:agregados), sejam feitos testes em traços
testes em escala real de produção, tornando o a 35%, para obtenção de uma coesão adequada mais pobres (1:13 a 1:15), para uma avaliação
estudo de dosagem uma tarefa mais ágil e econô- à produção. da coesão nos casos críticos. Vale ressaltar que
mica, e que leva em conta parâmetros importan- Os proporcionamentos mais utilizados de a massa específica empregada para a moldagem
tes do processo produtivo, desconsiderados nos agregados graúdos em relação ao agregado total das peças exercerá grande influência, tanto na
demais métodos. estão em torno de 20% a 40%. Contudo, para textura superficial, quanto na coesão das mistu-
A metodologia proposta baseia-se na molda- uma definição mais apropriada entre os teores ras. Por isso, a metodologia aqui descrita sugere
gem, em laboratório, de corpos-de-prova cilíndri- de agregados graúdos e miúdos, levando-se em que seja empregado um valor de massa especí-
cos de 5 cm x 10 cm (diâmetro x altura). Com consideração a textura superficial e a coesão das fica de aproximadamente 2,10 kg/dm3 (1), consi-
esses corpos-de-prova é possível fazer uma ava- misturas, recomenda-se que sejam moldados derado próximo dos valores médios comumente
liação da coesão e umidade ideal das misturas, da corpos-de-prova de 5 cm x 10 cm, com traço obtidos nos equipamentos de vibro-compressão
textura superficial dos blocos, além de se prever médio de 1:9 (cimento: agregados) e variando-se encontrados no mercado.
com bastante precisão a resistência à compres- os teores de agregado graúdo no agregado total
são dos blocos, em razão do grau de compaci- entre 10% e 50%, em intervalos de 10%. 2.2 Avaliação da coesão, textura
dade das misturas (massa específica no estado O proporcionamento mais adequado entre os superficial e resistência à compressão
fresco). A seguir, são esboçados os procedimen- agregados é aquele que produz uma mistura sa- Conforme mencionado anteriormente, toda
tos desenvolvidos e prescritos por Frasson, bem tisfatória do requisito textura e coesão, contendo a metodologia de dosagem proposta é base-
como uma aplicação da sua metodologia (estudo a maior quantidade de agregado graúdo. A textu- ada na moldagem de corpos-de-prova cilíndri-
de caso). ra é definida, em geral, pelo consumidor dos blo- cos (5 cm x 10 cm), empregando-se molde de
cos, havendo a tendência de os blocos estruturais 5 cm x 13 cm tripartido (Figura 1a). Além do
2. METODOLOGIA DE DOSAGEM apresentarem uma textura mais aberta – prin- molde propriamente dito (faces laterais e bra-
2.1 Escolha e proporcionamento dos cipalmente quando se trabalha com resistências
agregados mais elevadas (Fbk > 9,0 MPa) –, e os blocos de (1) Esse valor de massa específica é sugerido por
Frasson para agregados de origem granítica e com
Os agregado graúdos mais utilizados para a vedação uma textura bem mais fechada. massas específicas próximas de 2,65 kg/dm3.
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Figura 1 a b a b c
Equipamento de
moldagem dos
corpos-de-prova
5 cm x 10 cm.
À esquerda,
molde cilíndrico
tripartido de
5 cm x 13 cm.
À direita, detalhe
do equipamento
de moldagem
completo
d e
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Tabela 2 – Características físicas dos agregados empregados no estudo de dosagem
Agregados
Abertura da peneira (mm)
Graúdo Areia média Areia fina
9,5 1 - -
6,3 30 - -
4,8 71 0 -
2,4 98 6 -
1,2 98 34 0
Tabela 4 – Valores de umidade ótima e coesão das misturas em função do traço e da massa
específica empregada
2,25 9,18
2,30 11,46
06 20,70 13,83
O bloco a ser produzido possui dimensões 07 20,80 13,89
de 14 cm x 19 cm x 39 cm e uma relação área
08 22,79 15,22
líquida/área bruta igual a 66,8% (bloco estrutural
(1) Segundo prescrições da NBR 6136 (1994).
de parede grossa). Com esses dados e empre-
gando-se a equação 1 é possível converter a re- vibro-compressão (tempo necessário para vibro- dução de blocos de concreto vibro-prensados.
sistência média dos blocos em resistência média prensar os blocos) ficasse em torno de 5 a 7 se- É um método simples e prático, que não de-
dos corpos-de-prova de 5 cm x 10 cm. gundos. Foram determinadas as massas especí- manda testes excessivos no próprio equipamento
ficas no estado fresco de uma série contendo 12 de vibro-compressão, o que o torna economi-
fcp Aliq Fbm .0,80
Fbm = fcp = = blocos, obtendo-se um valor de massa específica camente atrativo. Além disso, são introduzidos
0,8 Abrut Abrut / Aliq
média igual a 2,15 kg/dm . 3
novos conceitos e ensaios para avaliação de pro-
14,4 . 0,80
= = 17,24 MPa ~
= 17,5 MPa Aplicando-se no gráfico da Figura 7 o referido priedades como a coesão das misturas no estado
0,668 valor de massa específica e a resistência média fresco; previsão de umidade ótima e textura su-
(equação 4) de 17,5 MPa, observa-se que o proporcionamen- perficial dos blocos; e a inter-relação entre grau
to entre cimento e agregados necessário para a de compacidade dos blocos e sua resistência à
produção dos blocos com Fbk = 12 MPa fica compressão, permitindo prever com bastante
Para a utilização do ábaco de dosagem apre- muito próximo do traço 1:9 (Figura 8). Em função exatidão, através da moldagem de corpos-de-pro-
sentado na Figura 7, foi feita uma avaliação do po- disso foi adotada a referida proporção para em- va de 5 cm x 10 cm, a resistência dos blocos de
tencial de compacidade dos blocos de concreto, prego em escala real de produção. concreto, independentemente do porte do equipa-
quando produzidos no próprio equipamento de vi- Dos blocos produzidos em escala real, cole- mento de vibro-compressão disponível.
bro-compressão. Para tal, foi confeccionada uma tou-se uma amostra formada por 8 blocos, após
mistura com proporção de 1:9 (cimento:agrega- a cura térmica dos mesmos, para avaliação da
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
dos) no equipamento de vibro-compressão em real resistência à compressão aos 28 dias. Na
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas,
escala real, empregando-se as proporções entre Tabela 6 são apresentadas as resistências à NBR 6136 – Blocos Vazados de Concreto Simples
para Alvenaria Estrutural - Especificação. Rio de
agregados apresentada anteriormente. Vale res- compressão dos referidos blocos e a resistência Janeiro, 1994.
saltar que o equipamento de vibro-compressão característica estimada através das preconiza-
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas,
era uma máquina vibro-prensa da Montana, mo- ções da NBR 6136 (1994). NBR-7215 – Cimento Portland - Determinação da
resistência à compressão. Rio de Janeiro (1996)
delo MBX 975.
FRASSON Jr., A. Proposta de metodologia de
Com esse traço médio e com a umidade de 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS dosagem e controle do processo produtivo de blocos
de concreto para alvenaria estrutural. Florianópolis,
produção ajustada para valores próximos da umi- O método de dosagem proposto por Frasson 2000. 145p. Dissertação (Mestrado em engenharia
dade ótima, foram produzidos blocos, ajustando- (2000), e apresentado no presente trabalho, traz civil) – Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil
da Universidade Federal de Santa Catarina.
se o tempo de alimentação para que o tempo de grandes contribuições para a tecnologia e pro-
AUTORES
Luiz Roberto Prudêncio Jr., Dr. Alexandre Lima de Oliveira Artêmio Frasson Jr.
Doutor, pofessor titular da Universidade Doutor, professor efetivo do Centro Federal de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em
Federal de Santa Catarina Educação Tecnológica de Santa Catarina Engenharia Civil da Universidade Federal de
ecv1lrp@ecv.ufsc.br alexandre@cefetsc.edu.br Santa Catarina
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