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Aula 004 24.02.

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Escorço (resumo) histórico:

1. Propriedade coletiva nos tempos primitivos: do período paleolítico em torno


de 50 mil anos a.C. os seres humanos eram nômades e desconheciam a
agricultura, logo sobreviviam através do extrativismo e da caça. O
economista e filosofo Friedrich Engels escreveu um livro “a origem da
família, do estado, e da propriedade privada”, obra na qual Engels sustenta
que a essa época que existiam eram as chamadas hordas primitivas, não
existindo famílias e, muito menos nenhum gérmen do que poderia vir a ser
o estado às relações sociais eram promiscuas e não havia vínculos entre
os homens e as mulheres, inclusive, havia muito mais homens do que
mulheres e para muitos antropólogos, os homens desconheceriam os
deuses dos tempos primitivos eram todos figuras femininas. A partir do
neolítico (aproximadamente 10.000 a.C) os seres humanos descobriram a
agricultura e passaram a viver sedentariamente formando os primeiros
grupos sociais que viriam a ser as tribos. Nessa época os casamentos
eram coletivos, ou seja, todos os homens da tribo eram casados com todas
as mulheres da tribo. Todos os filhos eram criados em conjunto por todas
as mulheres e todos os homens eram encarregados de proteger todas as
mulheres e crianças. Logo tudo era comunitário, sendo a propriedade de
todos, ou seja, propriedade coletiva. Karl Marx era a favor da propriedade
coletiva e não da propriedade privada. A partir do momento que o homem
mais forte passou a ter uma mulher ou varias mulheres só para si e
demarcou pela força o espaço onde a abrigariam essas mulheres e os seus
filhos desenvolvendo ai a caça e a agricultura surgiram a família e a
propriedade privada. Esse homem mais forte também exercia poder de
mando sobre a tribo e disciplinava as suas regras, assim como julgava os
transgressores das regras, sendo ai lançada a semente do que viria a ser o
estado governado e dominado pelos homens, foi assim que surgiu o
patriarcado e os deuses superiores deixaram de ser femininos e passaram
a ser masculinos.
2. Propriedade privada romana patriarcal: a sociedade romana da antiguidade
foi aquela na qual se consolidou de forma definitiva a propriedade privada.
A família romana era o núcleo da organização social e jurídica do estado
romano sendo que o chefe da família que era denominado de pater familias
era o grande detentor da propriedade privada dentro da organização social
romana, exercendo o mesmo direito de propriedade também sobre a sua
esposa, sobre os seus filhos e os seus escravos, tendo o direito de vida e
morte sobre todos eles. No direito romano a propriedade privada estava no
auge de sua plenitude, sofrendo poucas limitações, sendo a mesma
absolutista, exclusivíssima e perpetualíssima. Toda a teoria da propriedade
e da posse que são bases para o direito atual provém do direito romano.
3. Propriedade feudal na idade média: durante a idade média a propriedade
privada organizou-se em feudos sendo os grandes proprietários a nobreza
e a igreja católica que eram as maiores senhoras feudais. Os vassalos e os
cegos mesmo que ocupassem permanentemente a terra, não exerciam
quaisquer direitos de propriedade sobre a mesma. Tendo que inclusive
pagar o suserano (o rei) pela utilização da terra, logo o sistema de direito
real mais utilizado era a chamada enfiteuse.
4. Propriedade no estado absolutista moderno: durante a idade moderna que
vai do século XV ao século XVIII a propriedade privada estava sobre as
mãos dos detentores do poder dos novos estados nacionais que estavam
surgindo . a nobreza exercia o poder absoluto e junto com a igreja católica
era os grandes detentores da propriedade privada. Logo o estado não era
laico tanto que os reis imperadores eram todos coroados pelo papa o não
acesso da maior parte da população a propriedade privada foi um dos
fatores que levaram as revoluções iluministas cuja maior expressão é a
revolução francesa de 1789.
5. Propriedade privada a partir do código civil de Napoleão (1804): em 1804 o
imperador Francês Napoleão Bonaparte promulgou o primeiro código civil
da modernidade, apesar de já estar as vésperas da idade contemporânea
que historicamente iniciou-se com a revolução industrial. Napoleão
Bonaparte era cabo do exercito francês vindo de uma família humilde e
tendo nascido na Córsega que hoje é território italiano que na época já era
território italiano, no entanto era uma colônia francesa, tanto que o
sobrenome Bonaparte é de origem italiana buona parte. A grande intenção
de Napoleão era que através de seu código civil os burgueses e o povo
pudessem também serem assegurados de seu direito de propriedade, já
que vimos que durante o absolutismo, assim como na idade média os bens
estavam sobre a propriedade dos nobres e da igreja daí porque os
caracteres da propriedade do direito romano voltaram a ser firmemente
contemplados no código civil de Napoleão como forma de proteger a
propriedade dos burgueses contra assanha e a ganância dos nobres e da
igreja.
6. Propriedade no Brasil: ordenações afonsinas, manuelinas, filipinas. Código
civil de 1916, constituição federal de 1988 e código civil de 2002: durante o
Brasil colônia a lei civil que vigorava no território brasileiro era a lei
portuguesa. As leis portuguesas estavam consolidadas nas chamadas
ordenações portuguesas que recebiam o nome dos reis que reinavam
durante a época de sua vigência, daí porque elas terem sido chamadas de
ordenações afonsinas (D. Afonso), ordenações manuelinas (D. Manuel) e
ordenações filipinas (D. Filipe). As ordenações filipinas foram francamente
influenciadas pelo código civil de Napoleão, portanto protegiam
sobremaneira o direito de propriedade, só que não a propriedade do
burguês, mas sim a propriedade dos nobres e do clero. As ordenações
filipinas foram revogadas em Portugal no século XIX, no entanto o Brasil
mesmo que já independente de Portugal continuou a ter como lei civil, as
ordenações filipinas. Em inícios do século XX passou a ver uma grande
pressão para que o Brasil elaborasse o seu código civil, essa pressão foi
capitaneada por Rui Barbosa e ficou a cargo do pernambucano Clóvis
Beviláqua a elaboração do primeiro código civil brasileiro. O tão esperado
código foi promulgado em 1916 e entrou em vigor em 1917. Nele a
propriedade privada é fortemente protegida, no caso a propriedade privada
das oligárquicas e da igreja, lembrando-nos que a economia brasileira era
quase que unicamente agrícola sendo que o vasto território do país
pertencia a pouquíssimas famílias, sendo a grande maioria da população
destituída do direito de propriedade, mais ainda o que tange a propriedade
rural. Logo o código civil de 1916, dificultava sobremaneira a
implementação de institutos tais como a usucapião e a reforma agrária. O
prazo para que se adquirissem um bem por usucapião era de 30 anos,
sendo que a expectativa de vida no inicio do século chegava ao máximo a
40 anos.

Em meados do século XX, acentuou-se a mobilização de grupos sociais


que demandavam pelo direito de propriedade e principalmente pelo direito
de propriedade da terra. Esse movimento ocorreu não apenas no Brasil,
mas em todo o mundo ocidental. Em razão das pressões sociais em um
mundo cada vez globalizado foi introduzido ao direito civil o princípio da
função social da propriedade. No Brasil com a abertura política e o fim da
ditadura militar na década de oitenta foi promulgada uma nova Constituição
da República em 1988. No artigo 5º da C.F. de 88, a propriedade é
protegida e garantida com o direito fundamental individual, no entanto após
o inciso que a garante o direito de propriedade o legislador constitucional
elaborou outro inciso no qual ordena que a propriedade atenda a sua
função social. Em 2002, como forma de adequar à ordem civil brasileira a
nova ordem constitucional foi promulgado um novo código civil no Brasil.
Este código sofre forte influência da constituição da república de 1988 e de
seus princípios, tanto que se fala da existência de um fenômeno
denominado de publicização do direito privado, já que o código civil de
2002 a preocupação com a função social da propriedade é prevalecente
sobre os interesses individuais e institutos como a usucapião são bastante
facilitados na sua implementação.
*Art. 1.228 CC– o código não conceitua a propriedade, apenas diz seus
direitos, requisitos e garantias referentes ao proprietário. O proprietário tem
a faculdade, o direito subjetivo de exercer os poderes da propriedade. É
facultas agente. O direito de reaver a coisa diz respeito ao direito de
seqüela. Esse último é o próprio dos que sejam titulares de um direito real,
não havendo direito de seqüela no que tange os direitos pessoais. É
importante não confundir ações reivindicatórias cujo objeto é a discussão
acerca da posse do bem. Pode-se entrar com uma ação possessória contra
o próprio dono da coisa. As ações reivindicatórias integram ações petitórias
são: reivindicatórias, negatórias e declaratórias. As ações petitórias
decorrem do direito-poder do proprietário de reaver a coisa (direito de
seqüela). O proprietário tanto pode ingressar com ações petitórias quanto
com ações possessórias. Já o possuidor só pode se valer de ações
possessórias.
§1º - limites a propriedade no que diz respeito à função social e
sustentabilidade ambiental. O legislador do código civil de 2002 sofre
influencia da CF88. É o fenômeno da publicização do direito privado,
influência do art. 5º, XXIII, CF88.
§2º - também limita o direito de propriedade na sua característica de ser
absoluto. O limite será o direito de terceiros e a função social.
§3º função social da propriedade – adequação da lei civil a preceito
constitucional. Poder do Estado de desapropriar para atender à função
social da propriedade. Desapropriação e requisição.
§4º e §5º - extensa área/considerável número de pessoas/juiz considerará
a relevância social e arbitrará justa indenização. Esses §4º§5º trazem
insegurança jurídica uma vez que dá ao juiz o poder de legislar. Eles
também ocorrem na hipótese de em uma ação reivindicatória ajuizada pelo
proprietário, o juiz acolhe o argumento da defesa, ou seja, dos possuidores,
e por sentença registrada em cartório transfere a propriedade do ex-
proprietário para os possuidores, arbitrando uma justa indenização em
favor do proprietário.
Natureza jurídica
1. Não se trata de usucapião, porque na usucapião nunca caberá
indenização a ser paga ao ex-proprietário.
2. Não se trata de desapropriação, tal como foi tratada no §3º, já que
desapropriação é ato do Poder Público.
3. A doutrina entende que se trata de uma desapropriação judicial.

Artigo 1229, CC – proprietas: “usque ad sidera et usque ad inferos”. A


propriedade abrange o espaço aéreo e o subsolo correspondentes, em
altura e profundidades úteis ao seu exercício, no entanto, não poderá opor-
se a atividades que sejam realizadas por terceiros nessas áreas se não
tiver o interesse legítimo de impedi-los.

Artigo 1230, CC – a construção civil a que o § único se refere, é uma


construção para si mesmo.

Artigo 1231, CC – a presunção é relativa – “juris tantum”

Artigo 1232, CC – os frutos das suas plantações também são de sua


propriedade mesmo que separados (frutos naturais e industriais).

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