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A evolução histórica das relações obrigacionais.

As relações obrigacionais durante um grande decurso de tempo


evoluíram, percorrendo estágios, dos quais se podem destacar três períodos
fundamentais.

Num primeiro momento encontraremos a obrigação numa fase pré-


romana, logo após teremos o conceito romano e por ultimo a noção moderna.
Essa divisão não tem como objetivo mostrar três significados distintos de
obrigação, não que esse significado não tenha se alterado durante esse tempo,
mas em cada momento adquiriu uma idéia e influencia que permitiu distinguir
esse direito obrigacional antigo do moderno.

Na fase primitiva da civilização, não existia um direito obrigacional, pois


como se vivia num mundo onde reinava a desconfiança e hostilidade entre as
pessoas e grupos, era quase impossível existir relações recíprocas que não
dominassem a violência. Internamente nos grupos, pela falta de compreensão
dos direitos individuais, era impossível ter a idéia de que era necessária a
construção de regras para formalizar relações obrigacionais entre os membros.
Não se sabe bem, mas com caráter coletivo, acredita-se que houve o
surgimento da idéia de obrigações, que serviam para estabelecer formas
rudimentares de comercio e negociações.

No direito romano o conceito de obrigação já se torna bastante


apurado, sendo nitidamente formulada a distinção entre direito de credito e
direitos reais. No principio do direito romano, prevalecia o caráter individual da
obrigação e em razão da personalidade do vinculo jurídico, o devedor
respondia com o corpo pelo o cumprimento da obrigação. O credor tinha o
direito de escravizar o devedor até que extinguisse a divida. E o devedor que
não pagava suas obrigações era sacrificado, e o seu corpo dividido entre os
credores. Outro ponto importante no direito romano era a formalização, que
predominava sobre a manifestação da vontade das partes
Em 428 a.C., Com o surgimento Lex Poetelia Papiria foi proibida a
execução sobre a pessoa do devedor, passando a responsabilidade para o
patrimônio que este possuía. A partir desse período a personalização da dívida
passou para um sistema de patrimonialização. O formalismo foi enfraquecendo
deixando sobressair à declaração da vontade das partes. Quando se chega ao
século VI d.C, o Corpus Iuris Civilis mostra uma definição de obrigação que
esta vinculada a vontade e que sujeita o devedor a uma prestação.

Na idade média não se vê muitas transformações nas obrigações.


Conservava a mesma definição do período clássico romano, embora estivesse
inserida nessa concepção a idéia do espiritual. A falta da obrigação era
comparada a mentira, sendo condenada toda a fé que era quebrada do pacto.
Os teólogos e os canonistas instituíram o compromisso de cumprir as palavras
ditas, dando a estas um maior conteúdo moral.

O direito moderno retoma a noção romana de obrigações. Porém há


uma grande diferença da definição romana da moderna, no que diz respeito à
impessoalidade do vinculo. Na definição moderna, a força que gera o vinculo
esta na vontade. Muitos autores, de tanto rejeitarem a personalização da
obrigação, acabaram aceitando-a, como a relação que irá se estabelecer entre
o credor e o patrimônio do devedor, e de forma mais extremada definiram a
obrigação como relação entre dois patrimônios. Na realidade há uma
discordância entre esse ponto, muitos dizem que esse modo de ver a
obrigação é muito excessivo, pois a relação se estabelecerá entre pessoas e
não entre, pessoas e bens ou bens e bens. Os defensores dessa moderna
concepção têm como preceito, a idéia de que a obrigação se cria entre os
indivíduos e é somente na execução que o patrimônio é atingido, como
garantia do cumprimento da obrigação. O objeto dessa obrigação é a
prestação, que tanto poderá ser a entrega de algo como a realização de uma
ação. Em alguns casos somente o devedor poderá executar a prestação, como
em outros casos pode ser executado por terceiros, porém quando houver o
descumprimento o patrimônio que responderá ou suportará os efeitos.

O direito obrigacional moderno, em meados do século XXI e início do


século XXI, sofre uma inovação na concepção dominante, havendo um
aumento na intervenção do estado na liberdade de ação do individuo. Esse
fenômeno é algo marcante no direito dos contratos.

Se o conceito moderno de obrigações for comparado às várias outras


concepções ao decorrer da historia, encontraremos modificações uteis nas
idéias primitivas, porém nem tão extensas e profundas ao ponto de transformar
o conceito em algo totalmente diverso das primeiras idéias. E a partir dessas
definições, dizemos que “a obrigação é um vínculo jurídico em virtude do
qual uma pessoa pode exigir de outra uma prestação economicamente
apreciável.” Nessa definição esta inserida todos elementos essenciais da
obrigação: A existência do vinculo jurídico; a relação ligando uma pessoa
a outra e o objeto da obrigação (prestação).

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