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Quase
NADA A VER COM A LUA
Poemas, 1989-1996
c.
http://creativecommons.org/licenses/by-nc/2.5/
2006
Edições Quem Mandou?
q uemmando u@g mail. co m
CARRO ALEGÓRICO
O astronauta tropeçou na pedra lunar:
hã?
(palavras em preto-e-branco
vistas pela TV).
7
E–
Mas –
Porém –
8
Adeus, areia parada
(ampulheta suspensa):
vitória de humanas hélices.
Foi quando –
acompanhamos a queda,
cada um com três pedidos,
para depois esquecer.
Contudo –
conforme
o cálculo –
9
segundo
o horário –
lá dentro
do prazo –
tal qual
previsto –
10
Pôs o pé na lua.
Deu adeus para as câmeras.
Atirou faíscas.
Pesquisou ao redor.
Colheu pedras.
11
E pó:
óxidos de titânio
para endoidar o nosso crânio,
óxidos de ferro
que paralisem nossos corações,
nossas belas ações...
12
Monumento
A eternidade já foi
– o passo,
o marco,
na dobra molhada
de um giro de pálpebra.
13
DERIVA
Deriva
17
Caravela
Escola de fugir;
nela se aprende
a singrar
a fingir
a sangrar.
18
Nave
São Geraldo
Santa Teresa
N. Sra. da Conceição
N. Sra. da Consolação
São Bartolomeu
Santa Bárbara
Morada de passarinhos
(aos santos alheios).
19
Naveta
20
Nau
Usa-se para
os descobrimentos.
21
MAR DA TRANQÜILIDADE
Convite
Vamos à lua –
25
VRUMMM!
BUZZZ!
A cantora espanta o mosquitinho com candura –
penso na lua,
o CLANG das patas de Apolo
rompendo o Silêncio,
movendo a areia
26
PSIIT!
Penso em Silêncio –
é vão buscar o ideal,
é vão abandonar o ideal,
a vida é vão,
e a morte, no
fundo, também:
é vão e é vau.
27
Cavaleiro
sem espada
olhar vazado de
nada
solidão / dragão
28
O Quelônio
29
Vôo
Viajo
na ave
que fura
o cinza
do tédio
que nubla.
O esforço
que faço
desterra
em face
de esfera
a terra.
30
O Bicho Verde
31
Mar da Tranqüilidade (Bom Jesus)
O marinheiro impossível
atrai as águas
– inspira os navegantes.
32
NAVEGADORES
O Monge (Straight No Chaser)
‘!!!’
Th. Monk
Sem gelo,
direto, sem
anestesia.
Desça puro,
nada o dilua.
35
O Bispo (Registros de Sua Passagem Pela Terra)
FICHA
Um machado mumificado, um
cetro de miss, um
museu deste mundo.
36
QUARTO-FORTE
Sem janelas.
Com infiltrações.
O ocupante
abria vitrines para dentro.
Umedeceu-se por dentro.
As paredes enrijeceram,
sorando.
37
O Profeta
Oráculo viário:
O que se passa nesta cidade.
38
EVERYDAYS
Sta. Teresa
As quatro venezianas
abertas como quatro velas.
41
Nem Gagárin
Nem Gagárin,
nem uma cadela cosmonauta.
42
Área de Serviço
Parecem morcegos,
os pregadores no varal vazio.
perdera-se.
43
Acidente
44
Susto
A cortina japonesa
caiu à francesa.
/ pequena platéia /
45
Motorista 67
Vai vestido
de automóvel.
Toma as dores
de seus amortecedores
e acelera.
Cavaleiro
de setecentos cavalos.
46
O Fusca 77 desse Motorista
sem antena,
sem carteira,
sem farol,
tudo azul.
Mágico,
veloz
ás
OZ 0005.
47
DESLOCAMENTO
Alento
(sopro na lama).
51
Deslocamento
(Terêncio)
Sou homem;
a nada do que é humano
sou estranho.
/ Eu /
Sou homem
a nada do que é humano;
sou estranho.
52
Sonda
53
O Metal de uma Sonda
Eu: perfurado.
54
Sir Henry Moore
Como a cabeça
que é capacete,
utilizável.
Como a cabeça
aberta no jardim bem tratado
de um museu.
55
Pouca terra
Vão-se os anéis,
mas não os de Saturno.
56
Lição de Anatomia
inextirpável.
Subjaz, suja, sutil.
Silêncio!
Pensa-se ali, por vezes,
no chiaroscuro.
Da mesma forma,
cérebro também é víscera.
57
Fragmentos de Clausura
creio nela
desacredito de / mim /
e o narrador sua
emperrado em / mim /
a pele de / mica /
do meu pensamento
que esfarela.
58
Teste
59
O ASTRONAUTA
O Astronauta
63
Câmbio
ejete-se.
Câmbio, desligo.
64
envio
Poema Lupiscínio
‘Saudade...’
Nunca, de L. Rodrigues
O uivo
(o uuivo)
inventa
uma lua cheia.
O envoi
inventa
uma direção.
Vai, canção,
dizer a ela:
eu uivo – VIVO.
67
ÍNDICE
CARRO ALEGÓRICO
DERIVA
Deriva 17
Caravela 18
Nave 19
Naveta 20
Nau 21
MAR DA TRANQÜILIDADE
Convite 25
VRUMMM! 26
Cavaleiro 28
O Quelônio 29
69
Vôo 30
O Bicho Verde 31
Mar da Tranqüilidade 32
NAVEGADORES
O Monge 35
O Bispo 36
O Profeta 38
EVERYDAYS
Sta. Teresa 41
Nem Gagárin 42
Área de Serviço 43
Acidente 44
Susto 45
Motorista 67 46
O Fusca 77 desse Motorista 47
DESLOCAMENTO
Alento 51
Deslocamento 52
Sonda 53
O Metal de Uma Sonda 54
Sir Henry Moore 55
Pouca Terra 56
Lição de Anatomia 57
Fragmentos de Clausura 58
70
Teste 59
O ASTRONAUTA
O Astronauta 63
Câmbio 64
envio
Poema Lupiscínio 67
71
Edição eletrônica livre.
Terminou-se de gerar
em outubro de 2006,
na oficina da Rua Bocaina,
em São Paulo.
Em comemoração
aos 10 anos das
Edições Quem Mandou?