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1- Considero uma
medida de higiene
mental evitar
discussões sem
necessidade.
Algumas pessoas
arrumam confusão com
tanta facilidade que
mereciam o diploma de
encrenqueiros
profissionais. Discutem
besteiras como se
estivessem defendendo a
própria vida. Qualquer
assunto serve - futebol,
política, religião, por pura
vaidade, sabendo que no
final cada um continuará
com sua opinião. E citei
esses temas por serem
os "clássicos", mas
poderia mencionar
centenas de outros que
cercam o nosso dia-a-dia,
como qualidade de
programas de televisão,
moda, estilo de vida,
crianças, sexo de pato ou
ejaculação de minhoca. E
olha que estou falando de
gente arrumadinha, de
gramática redonda, berço
lustrado, mas que num
piscar de olhos, depois de
ter chegado de mãozinha
dada esquece o
Marcelino de Carvalho e o
casal passa a se digladiar
por nada, criam mal-estar
no grupo de amigos e
contribuem com esta
atitude para cavar ainda
mais fundo o fosso do
desentendimento.
Esses debates verbais
podem causar
ressentimentos e criar
hostilidades e antipatias
que não raro perturbam o
relacionamento.
Analise bem a
circunstância antes de
iniciar uma discussão.
Verifique se é mesmo
muito importante tentar
convencer as outras
pessoas do seu ponto de
vista e de maneira
consciente tome a
decisão que julgar mais
acertada. Vai descobrir
que quase sempre o lucro
será maior se ficar na
sua.
Se, no meio de uma
discussão, que iniciara
como uma conversa
natural para troca de
opiniões, perceber que,
tanto de um lado com de
outro, a voz passou a se
alterar e cada um se
fechou nas suas próprias
idéias e que em pouco
tempo alguém poderá
começar a rodar a baiana
- não hesite - deixe a
vaidade de lado,
concorde de maneira
genérica com a opinião
contrária e tire o time de
campo.
2- O sentimento de
inferioridade oratória
tem às vezes outro
inconveniente: que
determina em muitos
casos a irritação,
quando não os
arrebatamentos de
cólera. Perde-se então o
sangue frio e ao
antagonismo normal
somam-se
desnecessárias
animosidades.
3 - Os piores defeitos
físicos perdem muito do
seu caráter repulsivo
naqueles que falam de
maneira encantadora.
Por mais desagradável
que seja a aparência do
indivíduo, pode ser
procurado, admirado,
querido, se tiver uma
maneira agradável de
expor suas idéias, se
cultivar sua voz, sua
forma de articular as
palavras, seu
vocabulário e seu
talento.
Havia em Araraquara,
cidade do interior de São
Paulo, onde vivi por mais
de 20 anos, um rapaz
sem nenhum predicado
para ser galã - baixinho,
magrinho, cabelos lisos e
espetados, que mais
pareciam capim barba de
bode, de família de
condição remediada para
pobre, mas de conversa
tão cativante que ganhou
o apelido de Bico Doce.
Virava e mexia lá estava
o Bico Doce desfilando
com uma das meninas
mais cobiçadas da
cidade.
E a pergunta era sempre
essa - o que será que
essa gatinha linda viu no
Bico Doce?
Todas ficavam
encantadas com ele -
falava sobre todos os
assuntos, sem presunção,
mantinha um leve e
sincero sorriso no rosto,
ouvia com atenção,
apresentava-se de
maneira bem-humorada,
construía as frases com
vocabulário apropriado,
gramática correta,
pronunciando bem as
palavras e sempre de
forma natural,
descontraída e
interessante. Sua
aparência sem atributos
de beleza era
compensada com
vantagem pela eficiência
da comunicação.
Esse resultado da boa
comunicação poderá ser
sentido em todas as
nossas atividades, no
trabalho, com os amigos
e com as pessoas da
família. Falar bem e com
simpatia só poderá trazer
vantagens e abrir as
portas para as nossas
conquistas.
5 - Com um mínimo de
conhecimento sobre o
tema e se mantiver a
calma, falará com
facilidade para milhares
de pessoas como se
estivesse falando para
meia dúzia de ouvintes.
É comum ouvir de
algumas pessoas que
procuram o nosso curso
que sentem tanto pavor
de falar em público que
mais de cinco ouvintes
para elas já é multidão.
Por isso, agora sou eu
que aplaudo de pé os
autores. Se você leu
meus textos anteriores
deve ter observado que
esta é uma bandeira que
tenho levantado desde o
princípio da minha
carreira como professor
de expressão verbal - fale
diante de uma grande
platéia como se estivesse
se expressando para um
grupo de amigos na sala
de visitas da sua casa.
Com esse
comportamento sua
comunicação será mais
natural e você se sentirá
muito mais confiante.
Ao se sentir seguro o
pouco conhecimento que
tiver sobre o assunto
poderá ser suficiente para
que faça uma ótima
apresentação.
Se estiver preparado e
confiante terá condições
de associar o assunto da
sua exposição com outras
informações que conheça
muito bem, usará sua
presença de espírito e se
valerá das circunstâncias
que cercam o ambiente
da apresentação. O
conteúdo será
enriquecido e se tornará
muito mais atraente.
Passará a ver a multidão
como se fosse um
pequeno grupo de
amigos.
8 - Ao acabar de ler o
capítulo de um livro
resuma o conteúdo, o
significado da
mensagem da mesma
maneira como se
precisasse expô-lo
diante de uma centena
de pessoas.
10 - Na fase de
aprendizado não
convém ainda se
preocupar com a
elegância e a beleza da
comunicação. Agora só
interessa adquirir
segurança e clareza.
Por isso, é preciso
repudiar as formas
presunçosas, o purismo
gramatical, as palavras
incomuns e todas as
expressões das quais
ainda não tenha
entendido perfeitamente
o sentido.
Eu complementaria
dizendo que não só na
fase de aprendizado, mas
sim em todos os
momentos e fases da
nossa vida como
oradores devemos nos
afastar da fala rebuscada,
dos termos incomuns e
do excesso de
preocupação com a
forma.
Não complique sua
comunicação - seja
simples, direto, objetivo,
natural e simpático - essa
é a formula para o
sucesso.
Luís Colombini
O professor Reinaldo
Polito, um dos maiores
especialistas brasileiros
em comunicação verbal,
ensina como vencer o
medo e conseguir uma
comunicação eficiente
com qualquer platéia
O medo de falar em
público
Um dos maiores
problemas da
humanidade é o medo de
falar em público. Se você
tem esse medo, não se
preocupe, pois não está
sozinho. A maioria das
pessoas tem o mesmo
medo. Num estudo
realizado nos Estados
Unidos, alguns psicólogos
pesquisaram quais são os
maiores medos do
homem. O resultado
apontou que as pessoas
têm medo de altura, de
insetos, de águas
profundas, da morte. Mas,
dentre os medos, o
grande campeão é o
medo de falar em público.
Antes de discorrer sobre
as causas que provocam
esse medo, convém falar
um pouco sobre o medo
em si. Ele é encarado
como um inimigo, e nos
esquecemos de que é um
mecanismo de defesa
extraordinário à nossa
disposição.
Quando nossos
antepassados se viam
ameaçados por um
animal feroz, as glândulas
supra-renais entravam em
atividade e liberavam
adrenalina no corpo. Com
isso, fortaleciam-se os
músculos, a pressão
sanguínea aumentava e o
homem podia se
movimentar com mais
velocidade e força
enquanto a adrenalina
não era metabolizada.
Com essa energia extra,
o homem podia enfrentar
o animal ou tentar sumir
da frente dele. Hoje ainda
é assim, embora não
tenhamos mais de
enfrentar tigres dente-de-
sabre.
Quando temos medo, o
organismo libera
adrenalina para que
possamos fugir rápido.
Em conseqüência, na
hora de falar em público -
um momento em que até
queremos, mas não
podemos fugir -, ficamos
com medo e também
recebemos uma descarga
de adrenalina em nossas
veias. Mas, como não
podemos correr e, assim,
metabolizá-la, a
adrenalina começa a
provocar uma confusão
enorme no organismo. A
espinha gela, pernas
tremem, as mãos suam, o
coração bate mais forte,
borboletas voam no
estômago. Tudo isso por
causa da adrenalina.
Agora que entendemos o
mecanismo de medo, vou
falar das causas do medo
de falar em público.
Primeiro motivo: a pessoa
não conhece em
profundidade o assunto
que vai expor. Se você
não domina a matéria, de
certa forma se sente
frente ao desconhecido,
que todos temem.
Começam a aparecer
dúvidas na cabeça: "e se
eu esquecer uma
informação importante?".
"E se não encontrar a
idéia certa que una dois
temas?". "E se não
chegar ao final da
apresentação?". "E se
houver alguém na platéia
que entenda do assunto
mais do que eu?". Antes
mesmo que aconteça, fica
com receio de que, se
tropeçar em alguma
dessas perguntas, pode
ter a imagem prejudicada
diante do grupo. E, com
receio de ter a imagem
prejudicada, entra em
ação o mecanismo do
medo, que culmina com a
injeção de adrenalina na
hora de falar.
A falta de conhecimento
sobre um assunto, no
entanto, não explica por si
só a existência do medo.
Quantas pessoas você
conhece que é
especialista em um tema
e que fica com medo na
hora de se apresentar em
público? Ou gente que é
convidada para falar a
colegas de outras áreas
da empresa sobre um
trabalho que vem
desenvolvendo há 20
anos? Mesmo entre
amigos, para falar por
cinco minutos de algo que
conhece em detalhes, a
pessoa fica com medo. O
que explica isso? A falta
da prática, da experiência
no uso da palavra em
público. Se você não tem
prática para falar,
naturalmente se verá em
uma situação
desconfortável. Afinal,
nenhuma faculdade
ensina como se
posicionar na tribuna,
como ajeitar o microfone,
como ouvir sua própria
voz. Como não tem
experiência em falar para
uma platéia, como não
tem o amparo da prática,
a pessoa começa a
imaginar que está indo
mal, que sua imagem
pode ser comprometida.
De novo, o receio vem, o
mecanismo do medo é
acionado e lá vem a
adrenalina atrapalhar
tudo.
Mas veja: já ensinei
ministros, políticos,
artistas, professores. São
pessoas que dominam
sua especialidade e usam
a palavra como
ferramenta na sua
atividade, mas mesmo
assim confessam que têm
medo de falar em público.
Conheço professores que
discorrem para turmas e
turmas de alunos por
vários anos mas
engasgam na hora de
fazer uma homenagem
pública a um velho amigo
no aniversário dele - por
mais que sejam palavras
que deveriam nascer com
facilidade em seu
coração. De novo,
pergunto: por que isso
ocorre?
Depois de reduzir o
medo, vou dar algumas
orientações que você
poderá colocar em prática
imediatamente. São
orientações simples,
fáceis de serem
assimiladas e que
poderão aprimorar em
pouco tempo a sua
comunicação. Por que é
importante falar bem em
público? Quando se fala
bem em público, o ouvinte
não fica observando se
uma pessoa está
utilizando corretamente
uma técnica, se está
gesticulando de forma
eficiente, se está se
posicionando bem. O que
o ouvinte observa é o seu
desembaraço, a sua
desenvoltura, é a
personalidade forte e
confiante projetada no
momento da
apresentação. A
comunicação bem
desenvolvida serve como
uma espécie de
marketing pessoal.
Imagine alguém numa
empresa desenvolvendo
bem o seu trabalho e
querendo que as outras
pessoas descubram a sua
eficiência como
profissional. Ele não pode
chegar para cada um de
seus companheiros, para
seu superior hierárquico e
dizer: você viu como eu
sou competente? Viu
como eu faço bem esse
trabalho? Poderia até
angariar antipatia das
pessoas que trabalham
com ele. Mas, se fala
bem, constantemente
está se apresentando,
está sendo chamado,
está sendo convidado. E
de uma maneira sutil ele
vai fazendo a sua
promoção pessoal,
demonstrando, nas suas
apresentações o seu
conhecimento, a sua
experiência, a sua
eficiência.
Características dos
ouvintes
Vamos falar de um dos
pontos mais importantes
que temos na
comunicação: os
ouvintes. Só existe
comunicação porque
existe ouvinte. É
interessante como as
pessoas acabam
negligenciando esse
aspecto importantíssimo
da comunicação e falam
sempre da mesma
maneira para qualquer
tipo de auditório. Cada
auditório deve ter a sua
forma apropriada de ser
enfrentado. Se você for
falar, por exemplo, para
um grupo de pessoas
despreparadas, se essas
pessoas não conseguirem
se envolver com a sua
mensagem, a culpa não é
delas. A culpa é sua, que
não teve a habilidade e a
sensibilidade de adaptar a
sua mensagem de acordo
com as características
daquele grupo. Pessoas
despreparadas têm
dificuldade de
entendimento. Você não
poderá desenvolver um
raciocínio abstrato
sofisticado, pois elas não
vão entender. Você não
poderá fazer reflexões
complexas, pois elas não
foram preparadas para
chegar às conclusões
apenas a partir das
premissas levantadas.
Essas pessoas precisam
ser tratadas e conduzidas
com muito cuidado. É
necessário colocar
informações concretas e
objetivas na nossa
apresentação. Também
contar historinhas para
que elas possam
entender bem o
desenvolvimento do
raciocínio. Se, por acaso,
você resolver levantar
reflexões, precisa dar
também a conclusão para
facilitar o trabalho de
entendimento. Se for falar
para pessoas bem
instruídas porém leigas,
que não estão
familiarizadas com o tema
que vai abordar, não
adianta tratar do assunto
com profundidade, pois
elas não vão
compreender.
O primeiro ponto
importante é a dicção.
Pronunciar bem as
palavras que você quer
transmitir. Prestar atenção
aos detalhes. Pronunciar
bem um R final, um S
final, um I intermediário.
Dizer madeira, janeiro, e
não madêra, janêro.
Pronunciando bem uma
palavra, você atinge dois
objetivos importantes. O
primeiro é evidente: torna
a sua fala mais clara e
compreensível, de forma
que o público entenda
mais facilmente o que
você está transmitindo. O
segundo objetivo é
estético. Aquele que se
apresenta com boa
dicção demonstra que é
uma pessoa bem formada
e bem preparada. Se
você já tem essas
características, realçará
naturalmente a autoridade
de falar sobre o assunto
que se propôs. Note que
a boa dicção ajuda a dar
credibilidade à
mensagem.
Como é que você pode
melhorar a dicção? Tenho
observado que a maioria
dos problemas de dicção
ocorre por negligência.
Há um exercício bastante
simples que pode ajudá-lo
a melhorar sua dicção
imediatamente. Basta
pegar um texto, de jornal,
revista ou livro, e lê-lo
com um obstáculo na
boca, como o dedo ou um
lápis. Dessa forma, tente
pronunciar as palavras da
maneira mais correta
possível, realçando cada
letra. Vai sair um som
estranho e abafado, mas,
quando tirar o obstáculo,
vai perceber que as
palavras ficaram mais
claras e mais nítidas.
Faça a experiência.
Pegue o gravador e grave
a sua leitura de um texto.
Depois, grave o mesmo
texto com o obstáculo na
boca. Por fim, faça uma
terceira leitura sem esse
obstáculo. Compare a
primeira com a terceira.
Veja como melhora.
Depois da voz e do
vocabulário, vamos ver o
terceiro elemento que tem
a responsabilidade de
transmitir a mensagem
aos ouvintes: a expressão
corporal. Todo o nosso
corpo se comunica
quando nós falamos. Pés,
pernas, troncos, braços,
mãos, dedos, ombros, a
cabeça, o semblante,
tudo fala. É possível
transmitir uma mensagem
completa usando apenas
a nossa expressão
corporal. Nesse capítulo,
é preciso evitar dois erros
básicos. O primeiro é a
falta do gesto, porque o
corpo precisa se
movimentar para ajudar a
transportar a mensagem.
E o segundo, muito mais
grave, é o excesso de
gestos. É preferível não
gesticular do que
gesticular sem parar
porque, se a mensagem
for boa, as pessoas
prestam atenção no que
está sendo dito. Mas, se
não pára de fazer gestos,
fica muito difícil manter a
concentração nas
palavras.
Existem alguns
comportamentos que são
desaconselháveis -
embora isso não
signifique que você não
possa jamais recorrer a
eles. Depende muito da
sua naturalidade e das
circunstâncias. Por
exemplo: não falar muito
com as mãos atrás das
costas ou nos bolsos nem
de braços cruzados.
Outro: não se apoiar na
tribuna, na mesa, na
cadeira, na haste do
microfone. Tome muito
cuidado para não se
apresentar com uma
postura muito humilde,
pois isso pode ser
interpretado com a
postura de um perdedor.
Ninguém aceita liderança
de um fracassado.
Também não se comporte
de uma maneira
arrogante ou prepotente,
porque as pessoas vão se
colocar na defensiva.
Credibilidade na
comunicação
O grande objetivo da
comunicação é a
conquista da
credibilidade. Se as
pessoas acreditarem no
que você diz, se
confiarem nas suas
palavras, sua missão
estará cumprida. Alguns
pontos são determinantes
para conquistar essa
credibilidade:
naturalidade, emoção,
conhecimento e conduta
pessoal. Vejamos cada
um deles. Não existe
técnica em comunicação
que possa ser
considerada mais
importante do que a
naturalidade e a
espontaneidade. A cada
aluno que vem fazer meu
curso, o primeiro alerta
que faço é esse: se, para
adquirir a técnica da
comunicação você tiver
de perder a sua
naturalidade, é preferível
continuar com seus erros
e desacertos.
Qualquer tipo de
artificialismo na
comunicação faz as
pessoas duvidarem de
todas as suas palavras.
Portanto, seja sempre
natural e espontâneo.