Você está na página 1de 2

TERRA

TERRA LIVRE
BOLETIM Nº3 DEZEMBRO DE 2008

WWW.TERRALIVREACORES.BLOGSPOT.COM

PARA A CRIAÇÃO DE UM COLECTIVO AÇORIANO DE ECOLOGIA SOCIAL

O Governo ão Gosta das Associações A “crise” do associativismo ambiental nos Açores

Há dois anos estivemos presentes, em Lisboa, num Encontro acional das O GAS, Nos Açores, o movimento ambientalista está a
promovido pela Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente, passar por uma fase de menor combatividade Com
onde, entre outras afirmações de um dirigente daquela organização, ouvi a seguinte: o efeito, embora nunca tenha sido um movimento
governo não gosta de associações de defesa do ambiente, não dá os apoios que elas forte, nos últimos anos, devido à contínua perda de
necessitam e prefere apoiar as empresas. capacidade de mobilização dos cidadãos e das
cidadãs e ao desgaste dos membros dos órgãos
Embora por razões contrárias, também acho que o Governo Regional dos Açores, dirigentes das principais associações, o seu peso,
também não gosta das associações dos Açores. Com efeito, através do apoio que lhes quer em termos de capacidade de
concede, sem que muitas vezes elas o mereçam, “afoga-as” em dinheiro. Se têm sensibilização/educação, quer em termos de protesto
dúvidas consultem o Jornal Oficial e ficarão esclarecidos. ambiental é muito reduzido.
Outro indicativo do que afirmo é a arrogância com que se responde a denúncias de Fazendo uma breve análise, ainda que superficial, à
uma associação. Aqui fica um excerto de um ofício dos Serviços de Ambiente de São actividade, nos últimos anos, das principais
Miguel: “Assim, face aos esclarecimentos agora prestados, espero que, de futuro, a associações, como os Amigos dos Açores, os
actuação de V. Exa. não se limite a escrever em blogs frases como “… vigilantes que não Montanheiros, a Azórica e Gê-Questa e a Quercus-
estejam a dormir para estas situações que infelizmente são o dia-a-dia.” e seja mais São Miguel, verifica-se o seguinte:
interventivo denunciando as situações das quais tenha conhecimento…”.(ver o texto
completo em http://amigoscalhau.blogspot.com/). Talvez haja alguma injustiça para 1- A Quercus- São Miguel esteve quase sempre
com os vigilantes, mas para com os seus superiores hierárquicos, temos sérias dúvidas. dependente da disponibilidade do seu principal
dirigente que faleceu recentemente.
Por último, queria reafirmar que ao contrário de muitos velhos do Restelo, ou
cristãos-novos, que asseguram que a evolução natural do associativismo é para a sua 2- A Azórica que mantém a mesma liderança há
institucionalização, e a consequente transformação das associações em simples longos anos, tem uma actividade bastante reduzida,
“guichets” dos vários governos, tal está longe de ser verdade. Com efeito, é possível a muito longe dos primeiros tempos áureos.
intervenção ambiental sem institucionalização e mesmo esta pode não significar a
cooptação e o abandono do protesto. Tenham os dirigentes das associações ambientais 3- A Gê- Questa, a associação onde tem havido
e os demais associados coluna vertebral. maior renovação dos seus principais dirigentes,
T.B. depois de uma fase inicial mediática, tem, hoje, uma
actividade irregular.

4- Os Montanheiros, associação onde não tem


havido renovação dos principais dirigentes, tem
maioritariamente a sua actividade centrada no
desporto de ar livre e na gestão turística de
cavidades vulcânicas.

5- A associação Amigos dos Açores, cujos órgãos


sociais foram recentemente renovados, tem tido uma
actividade relevante, não só em termos de
sensibilização/formação, mas também de denúncia
de atentados ambientais. A continuar assim, diria
mesmo que está mais activa do que nos últimos
anos.

É neste contexto, que surge o Blog Terra Livre cuja


finalidade é promover a criação de um Colectivo
Açoriano de Ecologistas que tenha por objectivo a
reflexão - acção sobre os problemas ambientais,
tendo presente que estes são problemas sociais e que
a sua resolução não é uma simples questão de
mudanças de comportamentos, mas sim uma
questão de modelo de sociedade.

(Extractos de um texto colectivo)

Contacto: terralivreacores@gmail.com
Liga dos Amigos da Lagoa do Fogo MEMÓRIA ECOLÓGICA

Azorina ou Amigos dos Açores


A Reserva Natural da Lagoa do Fogo, localizada na Ilha de São Miguel, foi instituída em
1974. Ao longo dos últimos 15 anos a paisagem observada no miradouro de acesso à Lagoa No início da década de 80 do século passado
tem-se alterado. De facto, embora seja actualmente classificada como Sítio de Importância funcionou, em Vila Franca do Campo, uma
Comunitária, a Reserva Natural já não corresponde à visão idílica do passado. delegação do Núcleo Português de Estudo e
A quantidade e variedade de plantas invasoras têm aumentado de modo contínuo. Numa Protecção da Vida Selvagem. Como já referimos
breve descida à lagoa é possível encontrar uma espécie de margarida (Erigeron no número anterior deste boletim, foram seus
karwinskianus), dezenas de criptomérias (Cryptomeria japonica), dispersas e de variados principais dinamizadores, o investigador
tamanhos, formações de conteira (Hedychium gardneranum) com diferentes dimensões, um universitário francês Gerald Le Grand e o Eng.
elevado número de fetos arbóreos (Sphaeropteris cooperi), várias árvores jovens de verdenaz
Técnico Agrário Duarte Soares Furtado, em casa
(Clethra arborea), que já não é uma invasora apenas localizada na zona leste da ilha, acácia
de cujos pais funcionou a sede daquela associação.
(Acacia melanoxylon), um arbusto semelhante aos brincos-de-princeza (Leycesteria formosa),
com as suas bagas vermelhas com numerosas sementes, disponíveis para as aves
Mais ou menos por esta altura, foi decidida a
transportarem, e até o incenso (Pittosporum undulatum). Existem também várias espécies
criação de uma associação de defesa da natureza de
nitidamente introduzidas acidentalmente pelos visitantes, nomeadamente nespereira,
araçazeiro e macieira. Para além disso, existe também uma espécie invasora aquática (Egeria carácter regional cuja denominação seria
densa) muito conhecida na Lagoa das Sete Cidades. Existem ainda plantas ruderais, comuns “Azorina”, tendo, inclusive, sido criados e editados
em zonas sob forte influência humana, como a avoadeira (Conyza bonariensis) e a erva mole alguns autocolantes.
(Holcus lanatus), a invadir vários habitats, incluindo zonas húmidas.
Nestas condições, a Lagoa do Fogo está a tornar-se, gradualmente, numa reserva de
espécies invasoras. É necessário travar este processo de um modo célere e sem hesitações.
Todos temos obrigação de participar, e ninguém deve esperar que os outros resolvam este
problema, em especial as comunidades mais próximas. Surgiu, assim, a ideia de organizar um
movimento cívico, com o único e, a nosso ver, importante objectivo de travar este processo
degenerativo.
Este movimento iniciará as suas actividades com a realização de uma acção simbólica, no
próximo mês de Novembro.
Ponta Delgada, 29 de Outubro de 2008,
Luís Silva, Diogo Caetano, José Pedro Medeiros, Luís Noronha Botelho, Maria Manuela
Livro, Lúcia Ventura, Eva Lima, Teófilo Braga

http://amigosdalagoadofogo.blogspot.com/

mail: azalien.silva @ gmail.com

Quando, em 1989, a direcção dos Amigos da Terra


- Associação Portuguesa de Ecologistas, presidida
por António Eloy “exigiu” que alterássemos o
nome da associação a que, então, presidíamos e
que se denominava Amigos da Terra/Açores, um
dos nomes que foi sugerido foi o de Azorina. Na
altura, foi contactado o Eng. Duarte Furtado que
nos informou que uma docente universitária estava
a tratar do processo de legalização da associação.
Contactada esta, foi-nos dito que o processo estava
em curso, pelo que não poderíamos usar aquela
designação. Assim, a opção foi por Amigos dos
Açores - Associação Ecológica.
TB

Você também pode gostar