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Introdução
1 Os dados completos sobre os títulos das obras e autores citados estão em Referências bibliográficas .
informação, que vem alterando e remodelando as bases de nossa sociedade, o
autor propõe a criação de um quarto espaço antropológico: o da inteligência e
do saber coletivos. Um espaço que, quando definitivamente consolidado, estará
apto a comandar os espaços anteriores, uma vez que “é das capacidades de
aprendizado rápido e da imaginação coletiva dos seres humanos que os habitam
que dependem tanto as redes econômicas como as potências territoriais”. [Op. Cit.:
24].
Lévy define este novo espaço como “Espaço do saber” por três razões: a
velocidade da evolução dos saberes: “jamais a evolução das ciências e das
técnicas foi tão rápida, com tantas conseqüências diretas sobre a vida cotidiana, o
trabalho, os modos de comunicação, a relação com o corpo, com o espaço, etc.”;
à massa de pessoas convocadas a aprender e produzir novos
conhecimentos, visto ser impossível reservar o conhecimento, até mesmo seu
movimento, a classes de especialistas; e, por fim, o surgimento das novas
ferramentas disponíveis e disponibilizadas no ciberespaço, que são os
instrumentos institucionais, técnicos e conceituais que permitem que cada um
possa orientar-se e reconhecer os outros em função dos interesses,
competências, projetos, meios, identidades recíprocos neste novo espaço.
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Para mais de uma geração é impossível imaginar que exista alguém que
nunca tenha assistido a um programa de televisão, lido um jornal ou revista,
ouvido notícias ou músicas no rádio, ido ao cinema ou assistido a um vídeo, assim
como é quase inimaginável uma pessoa que não tenha ouvido falar ou tenha
usado computadores ou a Internet. Obviamente, como todos nós sabemos,
existem milhares, senão milhões, de pessoas em várias partes do mundo que
nunca tiveram acesso a esses meios de comunicação, mas, mesmo assim, para
nós que vivemos em grandes e médios centros urbanos, é muito difícil conceber
tal situação.
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contrário do que pregam os apocalípticos, uma nova tecnologia não determina a
morte da que a antecedeu, ela faz com que esta se aperfeiçoe. Dessa forma, a
fotografia não matou a pintura, assim como o cinema não matou o teatro ou a
televisão e a Internet não mataram o livro ou a mídia impressa.
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bípede, libertando os membros, principalmente as mãos, para novas atividades
locomotoras, como a coleta de alimentos e confecção de objetos e a exploração
mais ampla do ambiente que os circundava.
Outro fator que apóia tal proposição é o processo migratório iniciado talvez
pelo Homo erectus, da África para a Ásia e Europa. Os arqueólogos descobriram
inúmeros artefatos fabricados por estes ancestrais, em distintos sítios
arqueológicos dos três continentes, apresentando bastante semelhança entre si.
Para Fabri Ferreira, a presença de uma indústria de armas, ferramentas e outros
utensílios de uso cotidiano, obedecendo a características comuns nos três
continentes e mantendo-se por centenas de milhares de anos, indica um padrão
artesanal estável e comprova a presença de uma linguagem transmissora de tais
conhecimentos.
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os que defendem que o Homo sapiens teria surgido na África, há cerca de 1
milhão de anos, e de lá, movido pela necessidade de abrigo e comida, teria
migrado para outros continentes, sendo o antecessor direto do homem moderno.
Do outro lado, estão os que, baseados em pesquisas genéticas mais recentes,
são favoráveis à hipótese de que o Homo sapiens passou por uma mudança
genética brusca e teria se transformado no Homo sapiens sapiens, isso entre 300
mil e 50 mil anos, sendo este o nosso antepassado, já que, melhores preparados,
haviam provocado a extinção do Homo sapiens.
Em relação à migração da África para os demais continentes, também não há um
consenso. Enquanto alguns estudiosos defendem a hipótese da radiação, da
África para o mundo, outros defendem a evolução multiregional, ou seja, várias
populações regionais foram evoluindo lentamente e se espalharam por
miscigenação, ou fluxo gênico, que significa a transferência de genes de uma
população para outra).
Artísticamente
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espalhados pelas várias regiões do globo. De caçadores nômades e coletores,
começaram a construir habitações de junco, peles de animais, madeira e barro e
dedicar-se ao cultivo de cereais, tubérculos, frutas e hortaliças, à domesticação de
animais e ao pastoreio, que lhes propiciava leite e carne, vestuário e a
possibilidade de puxar objetos pesados e arar a terra. Esse período é
historicamente designado como revolução neolítica.
Para Fiorin,
“As línguas e a linguagem inscrevem-se num espaço real, num tempo
histórico e são faladas por seres situados nesse espaço e nesse tempo. No
entanto suas origens se dão num tempo mítico, num mundo desaparecido
e os protagonistas de seu aparecimento são os heróis fundadores”.
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No capítulo 11 Moisés narra que até então a terra tinha uma só língua e um
só idioma e que os descendentes de Sem haviam se deslocado para a região de
Sinar, no extremo sul da Mesopotâmia, nome dado pela Bíblia à Suméria. Ali eles
começaram a edificar uma cidade e uma torre “cujo cume toque no céu, e façamo-
nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra”.
Falamos a pouco sobre a criação das famílias lingüísticas, mas, o que vem
a ser isso? Uma família lingüística é um grupo de línguas que derivam de um
ancestral comum, a proto-língua, como, por exemplo, a família indo-européia, a
sino-tibetana e a afro-asiática. Hoje em dia existem centenas de famílias
lingüísticas, sendo que os maiores grupos são os das famílias Níger-Congo,
Austronésia, Trans-Nova Guineense, Indo-européia, Sino-tibetana e Afro-asiática,
conforme dados coletados por Raymond Gordon Jr, editor do Ethnologue:
Languages of the World3, em 2005.
(SAIBA MAIS - Existem línguas que não possuem parentesco com nenhuma língua
conhecida, como, por exemplo, a língua basca e a língua suméria. Essas línguas são
denominadas como línguas isoladas. Existem também as línguas planejadas, como o
esperanto, e as línguas artificiais, conhecidas como conlangs, do inglês constructed
language, língua construída, como, por exemplo, as criadas por J.R.R. Tolkien, autor dos
livros da série O Senhor dos Anéis).
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significando ‘cristianismo’; a cor vermelha significando ‘pare’ (código de trânsito);
uma pegada indicando a ‘passagem’ de alguém, etc..
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aumentando em conformidade com o avanço social, econômico e cultural das
civilizações (calcula-se que existiam mais de 2000), e o volume e peso do suporte.
Para que você possa entender melhor a diferença entre essas duas formas
de escrita vamos imaginar que você viveu na Suméria naquela época e negociou
um camaleão com o seu vizinho. Na época da escrita pictográfica você
simplesmente pegaria uma tábua de argila e desenharia o camaleão exatamente
como você o via. No caso da escrita ideográfica, a palavra camaleão seria
designada por intermédio do desenho de uma cama e de um leão.
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composta por fonogramas – sinais gráficos que representam um ou mais sons,
num sistema semelhante ao rébus dos sumérios, e por signos determinativos,
signos usados para indicar qual categoria de objetos ou seres está em questão. A
criação desses sinais determinativos aconteceu porque, muitas vezes, um mesmo
som era utilizado em várias palavras, provocando interpretações confusas de um
determinado desenho. Para resolver tal problema, os egípcios introduziram mais
dois sinais, sendo um para indicar como elas deveriam ser lidas e outro para lhes
dar um sentido geral. Vamos dar um exemplo com a palavra ra, que significava sol
para os egípcios. Essa única palavra contém dois fonogramas, r e a, onde r
significava uma boca aberta e o a simbolizava um antebraço estendido. Então, a
união dos dois fonogramas não significava absolutamente que tinha alguém de
boca aberta com o antebraço estendido, expressava, como dito anteriormente, o
sol.
http://www.jimloy.com/hiero/yourname.htm]
A escrita hieroglífica era monumental e religiosa, uma vez que era utilizada
principalmente para inscrições formais nas paredes de templos e túmulos e para
registrar os acontecimentos mais importantes do império. Para o uso cotidiano, os
egípcios desenvolveram mais dois tipos de escrita: a hierática, por volta de 2400
a.C., escrita cursiva utilizada na maior parte dos textos literários, administrativos e
jurídicos, e o demótico, a escrita do povo, por volta de 500 anos antes de nossa
era. A escrita demótica era uma simplificação da escrita hierática, que, por sua
vez, era uma redução da hieroglífica.
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[Imagem 3 – A pedra de Roseta , no Museu Britânico. In http://i-cias.com/e.o/index.htm]
Por volta de 2500 a 2200 a.C. os egípcios descobriram que podiam utilizar
as películas da parte exterior da haste da planta aquática papiro como suporte
para seus registros. Primeiro eles cortavam as películas em lâminas muito finas e
as colavam formando uma espécie de compensado de folhas. Essas folhas eram
superpostas com as fibras cruzadas para aumentar a espessura e a resistência do
produto, eram polidas com óleo, colocadas para secar e comprimidas com uma
pedra lisa.
http://www.dia.org/collections/ancient/egypt/1988.10.13larger.html]
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materiais mais leves, como o papiro, podiam ser transportados rapidamente a
distâncias maiores, resultando em uma tendência relacionada a espaço e
organizações políticas [Apud BRIGGS, Asa & BURKE, Peter, 2004: 18].
[Imagem 4 – Tabela do alfabeto grego com os vários tipos de sinais usados pelas diferentes polis. In
http://victorian.fortunecity.com/vangogh/555/Spell/Gk-alph2.gif].
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grego. Depois da guerra do Peloponeso, tornou-se o alfabeto da antiga Atenas,
substituindo uma forma ática primitiva. O alfabeto grego ocidental é importante
para nós, porque entrou na Itália e ai se tornou o precursor do alfabeto que
utilizamos atualmente. A maior parte dos seus caracteres eram os mesmos do
alfabeto oriental, embora alguns tivessem mudado completamente de forma e
posição.
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MAIS – Vamos nos lembrar aqui que até a pouco tempo, dentro do contexto de nosso
curso, todas as coisas existentes eram explicadas através do mito. Entretanto, entre o
final do século VII e início do século VI antes de Cristo, os gregos, com uma originalidade
excepcional, transformaram de forma surpreendente a sabedoria e a cultura das regiões
mais avançadas do Oriente, como a persa, a egípcia, a babilônica, a cretense e a
micênica, entre outras, e criaram um modo de pensar e exprimir os pensamentos sobre a
origem, causas e transformações da realidade natural e humana de maneira racional,
lógica e sistemática. A essa nova forma de pensar e de se expressar o filósofo grego
Pitágoras de Samos, que viveu no século V antes de Cristo, chamou filosofia. A Filosofia
grega conheceu quatro grandes períodos: o pré-socrático ou cosmológico, o socrático ou
antropológico, o período sistemático e, por fim, o período helenístico ou greco-romano.
Sua importância reside no fato de que, por razões históricas e políticas, tornou-se o modo
de pensar e de se exprimir predominante da cultura européia ocidental, da qual nós,
brasileiros, em decorrência da colonização portuguesa, também fazemos parte. Para
aqueles e aquelas que, como nós, são apaixonado(a)s pela filosofia sugerimos a leitura
do livro de Marilena Chauí, Convite à filosofia.], Corax, seu aluno, e Tísias, sendo de
autoria dos dois últimos o primeiro tratado de retórica, escrito em 465 a.C.. Esse
tratado defendia vítimas dos arbítrios de expropriação, deportação e transferência
de pessoas cometidos por dois dos tiranos de Siracusa, o que nos mostra que a
retórica nasceu em conseqüência de processos de propriedades.
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o historiador de arte francês Emile Mâle, os autores destacam o didatismo da arte
na Idade Média: as pessoas aprendiam com as imagens tudo o que era
necessário saber – a história do mundo desde a criação, os dogmas da religião, os
exemplos dos santos, a hierarquia das virtudes, o âmbito das ciências, artes e
ofícios: tudo era ensinado pelas janelas das igrejas ou estátuas dos pórticos.
Breton e Proulx [Op. Cit.: 30-38] defendem a idéia de que Roma, tanto na
República quanto no Império, foi, por excelência, uma sociedade de comunicação
e nela tudo se organizava em torno da vontade de fazer da comunicação social
uma das figuras centrais da vida cotidiana. Tanto assim que difundiram e
universalizaram, no tempo e no espaço, a cultura latina e foi o pragmatismo de
sua língua que permitiu o nascimento da idéia de informação, ou seja, de um
conhecimento que se pode elaborar, sustentar, e, sobretudo, de um conhecimento
transmissível, notadamente por meio do ensino.
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forma. De outro, significa, de acordo com o contexto, ensino e instrução, ou idéia,
noção, representação. A coexistência desses dois sentidos, segundo os autores,
indica que, ao contrário da cultura grega, a cultura romana não dissociava a
técnica do conhecimento, fazendo deste o objeto de uma construção, de uma
formação.
Por essa altura, o rolo de papiro já havia sido substituído pelo pergaminho,
produto feito geralmente com peles de gado, antílopes, cabras e ovelhas,
especialmente animais recém-nascidos, por este ser mais flexível possibilitando a
dobra de suas folhas para a montagem de cadernos, conhecidos como códices ou
manuscritos. Os primeiros livros foram escritos em pergaminho, como, por
exemplo, os livros do antigo testamento, a Ilíada e a Odisséia e as primeiras
tragédias gregas. Embora o papel tenha sido inventado na China, no ano 105, por
Ts'ai Lun, um alto funcionário da corte do imperador Chien-Ch'u, da dinastia Han
(206 a.C. a 202 da era cristã) contemporânea do reinado de Trajano em Roma, só
em 1150, através dos árabes, chegou à Espanha, onde foi criada a primeira
indústria de papel da Europa.
Segundo Thompson, ao longo dos séculos XV, XVI e XVII, essas redes de
comunicação foram submetidas a dois desenvolvimentos-chave. Em primeiro
lugar, alguns estados começaram a estabelecer serviços postais regulares que
rapidamente cresceram em disponibilidade para uso geral, e, em segundo, foi o
uso da imprensa na produção e disseminação de notícias.
[Imagem 6 - Book of hours, use of Paris. Paris: Phillippe Pigouchet for Simon Vostre, 25 April 1500. Printed on
vellum. In http://www.grolierclub.org/incunabula.htm]
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escritos à mão, daí serem denominados manuscritos, e sua confecção,
principalmente na Idade Média, entre os séculos VII a XIII, tornou-se uma
atividade essencialmente monástica, principalmente pelo alto custo do suporte e
da cópia, pela lentidão em sua confecção – um bom copista trabalhava em média
duas folhas e meia por dia – e para evitar a disseminação do conhecimento entre
os homens comuns.