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Ely A. Oliveira 1
16 de junho de 2012 2
INTRODUÇÃO
1
O autor é economista e CFO na PS Sistemas, empresa de consultoria e gestão empresarial. Contato:
ely@pssistemas.com.
2
O trabalho Da cúpula da terra ao futuro que queremos de Ely Antonio de Oliveira foi
licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - CompartilhaIgual 3.0 Não
Adaptada.
3
O autor, convicto da necessidade de novos paradigmas de governança social – que inclui o livre acesso
ao conhecimento –, considera por bem tomar como base para esta pesquisa, exclusivamente, os
materiais disponibilizados por seus autores em seus sites oficiais.
4
Disponível em http://www.outraspalavras.net/2012/05/17/rio20-e-cupula-dos-povos-o-roteiro-de-ladislau-
dowbor/.
2
escopo deste artigo não abrange inovações de soluções e menos ainda esgota o
assunto, e sim, apenas entroniza o leitor nos caminhos dos problemas, idéias e
soluções já elaboradas e que irão percorrer a conferência.
PROBLEMAS AMBIENTAIS
tendência dos preços agrícolas (commodities) é de alta. Nações com capacidade menor
de produção agrícola (normalmente as nações mais pobres e, em geral, situadas no
continente africano, mas não só nele) iniciam a sua falência pela insegurança alimentar
na falta de capacidade de gerar outros excedentes para a troca com paises produtores
de excedentes agrícolas. Essas nações empobrecidas pela fome são desestabilizadas
com disputas políticas (falência institucional) que levam, geralmente, à guerra civil. Sua
população, na tentativa de escapar desses conflitos, se encaminham (por todos os
meios possíveis) para paises vizinhos tornando-se refugiados, e assim, incapacitam o já
combalido problema de escassez do país anfitrião, levando-o, em efeito cascata, a
entrar também em um processo falimentar. Ajudas internacionais acabam por desviar
recursos de projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) que poderiam auxiliar esses
países mas que, dialeticamente, o expõem a uma condição de dependência externa –
além de fomentar e ampliar o comércio de armas mundial através do tráfico
internacional de drogas. 5
Por fim, mas sem estabelecer uma hierarquia, dado que todos os problemas se
interpõem, se sobrepõem, se combinam e se ampliam mutuamente, tem-se a questão
do esgotamento dos chamados “recursos naturais críticos” como a água, as energias
não renováveis (petróleo, dentre outros), matérias-primas industriais (cobre, ferro, ouro,
etc), bem como alguns outros componentes do problema ambiental.
A modificação planetária perpetrada pela ação humana é de grau tão intenso,
profundo e complexo que, para alguns pesquisadores, o homem inaugurou uma nova
era geológica do planeta terra – o Antropoceno 6 .
5
Para um plano esquemático ver o apêndice A deste artigo. Para uma melhor compreensão e maior
aprofundamento nas questões levantadas pelo “Plano B”, recomenda-se o livro de origem da matéria do
Policy Earth Policy Institute do apêndice A, de Lester Brown, que pode ser encontrado em
http://www.wwiuma.org.br/plano_b.pdf.
6
Ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropoceno, http://cienciahoje.uol.com.br/blogues/bussola/2012/04/bem-
vindo-ao-antropoceno, o artigo de Bruno Martini em
http://ufpr.academia.edu/BrunoMartini/Papers/970751/Antropoceno_A_epoca_da_humanidade e o artigo
de Fábio Feldman em http://www.brasileconomico.com.br/noticias/antropoceno-a-nova-era_108440.html.
5
7
Ver excelente gráfico interativo elaborado pela BBC, em português. Nele, o leitor poderá verificar a
evolução populacional desde o ano de 1500 e estabelecer o “seu número” pessoal a partir da data de seu
nascimento: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/10/111027_guia_populacao.shtml.
6
suporte à vida. Evidente lembrar que estes cálculos são superficiais e que não foram
computados aqui os custos com investimentos para a manutenção de tal patamar de
distribuição da renda no longo prazo. Mas, terminantemente frente aos números, é
evidente de que nada justifica a carência das condições de uma vida saudável, plena e
produtiva, de larga faixa da população mundial. O que se constata, na verdade e em
sentido oposto, é que, de fato, existe um movimento intenso, e mesmo, brutal, de
concentração da renda mundial.
Em um estudo inédito 8 , elaborado pelo Instituto Federal de Tecnologia de
Lausanne, na Suíça (ETH 9 na sigla em alemão), demonstrou a concentração do
controle corporativo – e, por consequência inevitável, do controle econômico, político e
social – por parte de 737 grupos corporativos, sendo que 75% deles são de
intermediação financeira (bancos, corretoras, fundos, etc). Esses rarefeitos grupos são
controladores de 80% do sistema corporativo mundial. Todos, evidentemente,
perseguindo a premissa neoclássica da maximização dos lucros e minimização dos
custos (lembrando-se de que “salário” é considerado um dos componentes dos custos
de produção), nem que isso enverede para uma crise econômica global (financeira e
produtiva) com custos sociais que chegam às raias da terrível desumanidade total com
populações de países inteiros (Islândia, Grécia, Irlanda, etc) ou que represente a
desestabilização completa das estruturas institucionais (Haiti, Somália, Congo, Uganda,
Ruanda, etc).
A conclusão inevitável e mais óbvia que se apresenta é a de que o sistema de
governança sócio-econômico atual sinaliza a depredação sistemática, planejada e
inconseqüente do sistema econômico, social, ambiental e institucional mundial e que,
deixado à sua própria governança levará a humanidade a seu termo para o benefício
estratégico de apenas 1% da população global.
Nas palavras do prof. Ladislau Dowbor (2012), vive-se hoje a “convergência de
processos críticos: o ambiental, o social e o econômico. E o denominador comum é o
problema da governança, de gestão da sociedade no sentido mais amplo”. Traduzindo-
8
Ver um resumo em português em
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=rede-capitalista-domina-
mundo&id=010150111022&mid=50. A pesquisa original pode ser acessada em
http://arxiv.org/abs/1107.5728.
9
Instituto onde Albert Einstein obteve sua graduação.
7
10
http://jornal.ceiri.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2862:rio-20-servira-como-
vitrine-para-apresentar-uma-nova-china&catid=94:notas-analiticas&Itemid=656.
11
http://www.agrovalor.com.br/2011/edicoes-anteriores/3837-china-discutira-energia-renovavel-na-rio20.
8
12
O documento base pode ser acessado em
http://www.uncsd2012.org/content/documents/370The%20Future%20We%20Want%2010Jan%20clean%
20_no%20brackets.pdf.
13
O documento RFP, em português, pode ser acessado em
http://www.pnuma.org.br/admin/publicacoes/texto/GEO5_RESUMO_FORMULADORES_POLITICAS.pdf.
14
O relatório completo GEO-5, em inglês, pode ser acessado em
http://www.unep.org/geo/pdfs/Keeping_Track.pdf.
9
Reconhece-se (RFT, 2012, p. 9), ainda, que existem deficiências nas metas
acordadas até aqui e que
são necessárias metas acordadas no plano internacional mais claras e
praticáveis para o uso do solo, já que a maioria das metas existentes é
imprecisa e não quantificável.
15
http://www.fbes.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=6947&Itemid=62. É útil destacar
aqui, que o leitor interessado, pode acompanhar as notícias sobre Economia Solidária através do Fórum
Brasileiro de Economia Solidária no endereço http://www.fbes.org.br/, e no portal do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE) http://portal.mte.gov.br/portal-mte/ acessando o link “Economia Solidária”.
16
http://www.portugues.rfi.fr/brasil/20120613-g. Outro artigo interessante para análise é
http://www.fpabramo.org.br/artigos-e-boletins/artigos/rio20-positividades-e-negatividades-da-economia-
verde.
17
Accessível em www.rio20.gov.br/documentos/contribuicao-brasileira-a-conferencia-rio-
20/at_download/file.
14
18
Ver em http://www.un.org/gsp/sites/default/files/attachments/Overview%20-%20Spanish.pdf.
19
Ver o documento em http://www.world-
governance.org/IMG/pdf_801_Proposta_para_uma_Carta_das_Responsabilidades_Universais-2.pdf.
16
20
http://www.ethica-respons.net/rubrique108.html?lang=fr.
21
Acesso à declaração em http://www.naturalcapitaldeclaration.org/wp-content/uploads/2012/05/NCD_leaflet.pdf.
17
22
Acessar em http://pt.calameo.com/read/000958877ec38bd88e2d7.
18
23
A taxa Tobin foi idealizada pelo economista James Tobin, ganhador do prêmio Nobel de 1981. Ela é
uma taxa (ou imposto) cobrada por movimentos de capitais financeiros de carater especulativos.
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CONCLUSÃO
sentimento de injustiça que representa essa concentração. Sabendo-se ainda que, 75%
dessas corporações são de intermediação financeira, ou seja, que não produzem
valores concretos, mas especulação e, dada a sua estreita interconexão que leva a um
efeito dominó quando de crises, fica claro a tremenda força política e econômica
exercida, por parte desses conglomerados, sobre líderes mundiais, que foram eleitos,
tendo fundamentalmente como base de financiamento de campanhas eleitorais, os
fundos destinados por essas corporações.
Por isso é que se vê que, mesmo com todas as provas empíricas em contrário, a
“mentalidade” das lideranças mundiais se apresenta de acomodação decisória com os
desejos desses agentes econômico-financeiros que, como se sabe, tem por única
finalidade, a maximização dos lucros.
Nos países desenvolvidos, o pensamento que se apresenta é a tentativa do
pagamento das dívidas soberanas através das medidas de austeridade ditadas e
gestadas pelas mesmas corporações financeiras que criaram as condições que se
apresentam. Logo, as decisões público-privadas vão no sentido da ampliação, ou do
desemprego e da redução expressiva dos salários, ou de políticas que enfatizam o
crescimento produtivo – o que leva a mais consumo destrutivo dos recursos do planeta.
Nos países em desenvolvimento (pobres), marcadamente no continente africano,
a secundarização e o desleixo das políticas público-privadas nacionais e internacionais
continuam a enfatizar, fortemente, o discurso do crescimento a qualquer preço. Deve-se
esperar, inevitavelmente, a dilapidação dos recursos ambientais, sociais e econômicos
desses países, sem que nada de concreto se faça para mitigar a situação.
Já os países, dito, emergentes, estão fortemente imbuídos do crescimento,
mesmo que no discurso e, em certa maneira, apresentem-se na defesa dos itens
essenciais da conferência. Basta ver que as medidas anticíclicas no Brasil deram
prioridade à produção e consumo baseados em carbono (redução de IPI de
automóveis, por exemplo, sem qualquer contra-partida ambiental e social). Na China, o
compromisso é com a manutenção de seu crescimento insustentável, mesmo que seus
investimentos sejam para uma produção sustentável, porém, com efeitos sensíveis
somente de longo prazo. Já a África do Sul e Rússia, nem no discurso tendem a se
apresentarem à sociedade.
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REFERÊNCIAS
Anexo A
ESCASSEZ DE ALIMENTOS E
AMEAÇAS À CIVILIZAÇÃO
(Artigo do Earth Policy Institute – Scientific American, Jun/2009 – nº 85)
― Em 6 dos últimos 9 anos a produção de grãos declinou para níveis menores que o
consumo. Carryover soma de grãos nos silos no início da nova colheita: 62
dias.
• Conseqüência: Elevação dos preços internacionais pressão sobre
governos já instáveis (Somália, Haiti, Sudão, Bangladesh, Iraque, etc).
― Motivos da tendência
Aumento da população
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― A terra arável (camada de 15 cm nutrientes) está sendo erodida pela ação dos
ventos.
Ex: Haiti: era auto-suficiente em grãos a 40 anos atrás.
Hoje: Um Estado falimentar Importa 50% dos grãos.
Perda de quase todas as suas florestas.
― China x EUA: China busca alimentos nos EUA China investidor de destaque
do déficit fiscal americano EUA: impossível bloquear exportação para a China
Caos.
Plano B:
1. Cortar emissões de carbono 80% até 2020 (Parâmetro: 2006).
2. Estabilizar a pop. mundial 8 bilhões até 2040.
3. Erradicação da pobreza.
4. restauração das florestas, solos e aqüíferos.
Ponto 1:
• Investimentos em energias renováveis.
• Interrupção dos desmatamentos.
• Replantio de bilhões de arvores Captura do carbono.
• Taxação para emissão de carbono e IR para replantio.
Pontos 2 e 3:
• Educação fundamental para todos.
• Saúde básica nas pequenas cidades.
• Mulheres Saúde reprodutiva e planejamento familiar.
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Ponto 4:
• Aumento da produtividade da água: a + útil atividade que puder extrair o
máximo de uma gota d´agua.
Sistema de irrigação + eficiente
Culturas + eficientes no uso da água comer + trigo do que arroz.
Reciclar água continuamente.
• Criar terraços, plantar arvores, para a proteção do solo contra os ventos
(erosão).
• Plantio direto Solo sempre coberto.
Aceitação do plano
― US$ 200 bilhões anuais 1/6 dos gastos com guerras globais.