Você está na página 1de 6

Assuntos Tratados

1º Horário
 Intervenção Federal: procedimentos (continuação)
 Poder Legislativo: funções; composição; funcionamento

2º Horário
 Poder Legislativo: funcionamento (continuação); estrutura; mesas; comissões
(inclusive CPI)

1º HORÁRIO

INTERVENÇÃO FEDERAL (continuação)

Procedimentos (continuação)

Art. 34, VII, CF – Princípios Sensíveis:

- Descumprimento ou inobservância: provimento do STF em representação do Procurador da


República acarreta o ajuizamento de ADI Interventiva. Após o provimento da ADI pelo STF
caberá ao Presidente da República decretar a intervenção. Ele é obrigado a cumprir a decisão;
está vinculado, ou seja, tem obrigatoriamente que decretar a intervenção.

Observações sobre Decreto Presidencial


(em qualquer um dos casos de decretação)

- Sempre irá fixar a amplitude, as condições, os termos e o prazo da intervenção.

- Esse Decreto é submetido a um controle político pelo Congresso Nacional (art. 49, § 4º e art.
36, § 1º, ambos da CF) – primeiro, o Presidente decreta e, depois, há o controle pelo CN
(prazo de 24 horas para apreciar o Decreto).

- Se couber, haverá a nomeação de um interventor (não é obrigatória).

- Existem exceções no que tange à realização do controle político por parte do CN: art. 34,
incisos VI e VII da CF não serão submetidos ao controle. Isso ocorre em virtude da
Independência dos Poderes – esses casos envolvem decisão judicial do STF (não cabe
controle político sobre decisões judiciais).

- art. 34, I a V da CF – são os casos de controle político. Se o CN não aprovar o Decreto e o


Presidente insistir na intervenção, haverá crime de responsabilidade do Presidente (art. 85, II,
CF).

- há controle de constitucionalidade na intervenção, desde que haja descumprimento dos


procedimentos previstos na CF. Ex.: Presidente decreta intervenção ex officio, pela simples
verificação dos motivos, fundamentado no fato do Poder Legislativo estadual estar coagindo o
Poder Executivo estadual. Essa intervenção é inconstitucional por desrespeitar os
procedimentos da CF, pois esse caso dependeria de provocação por solicitação ou requisição
via STF (art. 34, IV, CF).

1
O Presidente Lula decretou intervenção, em 2005, em hospitais públicos do Rio de Janeiro.

Erros cometidos pelo Presidente:


a) União não pode intervir em Município;
b) O Decreto de intervenção foi com base no grave comprometimento da ordem pública (art. 34,
II, CF). O decreto não foi submetido ao CN, como deveria ter sido;
c) O Decreto não fixou prazo.

O STF concedeu por unanimidade um Mandado de Segurança ao município do Rio de Janeiro


anulando a intervenção.

PODER LEGISLATIVO

FUNÇÕES

1) típicas: são suas funções tradicionais, primordiais, primárias: legislar e fiscalizar (ex.: art. 58,
§ 3º − CPI, art. 49, IX e X).

2) atípicas: são, em tese, as funções típicas de outros Poderes, que a CF delegou a um Poder
para exercê-las atipicamente.

São funções atípicas do Poder Legislativo:


a) Função Administrativa (típica do Poder Executivo): art. 51, IV e art. 52, III da CF.
b) Função Judicial (típica do Poder Judiciário): art. 52, I e II da CF.

COMPOSIÇÃO

Composto pelo Congresso Nacional, que é bicameral: Câmara dos Deputados (representantes do
povo, sistema eleitoral proporcional, mandato de 4 anos) e Senado Federal (representantes dos
Estados e DF, sistema eleitoral majoritário simples, mandato de 8 anos alternados – um terço ou
dois terços).

Obs.: em março/2007 o TSE decidiu em uma consulta que o mandato é dos partidos. O STF via
Mandado de Segurança (nº 26.604) referendou a posição do TSE. Para o STF, a decisão só vale
para aqueles que mudaram de partido após a decisão vinculante do TSE. A perda do mandato
será procedimentada pelo próprio TSE (e não pelo STF), respeitada a ampla defesa.

FUNCIONAMENTO

LEGISLATURA – período de 4 anos que indica o início e o fim dos trabalhos. Equivale ao
mandato do deputado federal. Os senadores têm duas legislaturas de mandato.

SESSÃO LEGISLATIVA – período anual de trabalho das Casas. De 1988 até fevereiro de 2006 o
período de regra obedecia ao seguinte intervalo: de 11/02 a 30/06 e de 01/08 a 15/12. Após
fevereiro de 2006 a EC 50 mudou-o para: de 02/02 a 17/07 e de 01/08 a 22/12.

2
Exceções:
a) No primeiro e no terceiro ano da legislatura os trabalhos começam no dia 01/02 (para a posse
e escolha das Mesas).
b) Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias – não se encerra sessão legislativa enquanto não
for aprovada.

PERÍODO LEGISLATIVO – é o lapso temporal semestral.

SESSÃO ORDINÁRIA – é o dia legislativo, de segunda a sexta-feira. Na Câmara dos deputados é


de 5 horas (pequeno expediente: 60 minutos; grande expediente: 50 minutos, e ordem do dia: 3
horas) e no Senado é de 4 horas e meia (período do expediente: 120 minutos, e ordem do dia:
150 minutos).

Obs.: quorum para instalação da sessão: na Câmara é de um décimo (aferido no pequeno


expediente) e no Senado é de um vigésimo (aferido no período do expediente). O quorum para
deliberação é de maioria absoluta (em ambas as Casas), art. 47, CF, (aferido na ordem do dia),
mesmo que para a aprovação do projeto seja exigida apenas maioria relativa.

SESSÃO EXTRAORDINÁRIA – ocorre dentro do período legislativo (trabalhos regulares da


Casa), em dia ou hora diferenciada da sessão ordinária.

SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA – é aquela que ocorre no período de recesso das


Casas, mediantes convocações extraordinárias.

Convocação extraordinária pelo presidente do Senado Federal:


- para aprovação do Estado de Defesa ou de intervenção federal;
- para autorização para o Estado de Sítio;
- para o compromisso e posse do Presidente da República.

2º HORÁRIO

PODER LEGISLATIVO (continuação)

FUNCIONAMENTO (continuação)

Convocação extraordinária por solicitação do Presidente da Republica ou do Presidente da


Câmara dos Deputados, e do Presidente do Senado Federal ou pela maioria absoluta dos
membros de ambas as Casas, sob fundamento de urgência ou de interesse público relevante.

EC 50 de 2006: além da solicitação há a necessidade da aprovação por maioria absoluta dos


membros de ambas as casas. No último caso, a maioria absoluta vai solicitar, e essa mesma
maioria absoluta terá que aprovar.

Só pode haver deliberação para as matérias que foram objeto da pauta de convocação. Com uma
exceção: art. 57, § 8º da CF (Medidas Provisórias): se houver Medida Provisória elas serão
automaticamente incluídas na pauta da convocação.

Até a EC 50 de 2006, era vedado o pagamento de parcela indenizatória superior ao subsídio


mensal dos Deputados e Senadores. Após a EC 50, vedou-se o pagamento de qualquer parcela
indenizatória.

3
ESTRUTURA

MESAS

São os órgãos máximos das Casas – administrativamente e na condução dos trabalhos


legislativos.

Existem três Mesas: da Câmara, do Senado e do CN. A Mesa do CN é a única que não tem
existência cotidiana; só aparece em situações especiais de junção das duas Casas. Exemplos: 1)
art. 57, § 3º, para elaboração do RI comum das casas; compromisso e posse do Presidente da
Republica; posse dos deputados e senadores; conhecer do veto e sobre ele deliberar; 2) art. 140,
CF – comissão com 5 de seus membros para acompanhar as medidas dos estados de sitio ou de
defesa.

Composição das Mesas (Câmara, Senado ou CN): um presidente, 2 vice-presidentes e 4


secretários.

Os cargos da Mesa do CN são ocupados de forma alternada entre os membros da Mesa da


Câmara e da Mesa do Senado. O Presidente da Mesa do CN é o Presidente da Mesa do Senado
(primeiro vice é da Câmara, segundo vice é do Senado, e assim sucessiva e alternadamente).

O mandato dos membros das Mesas é de dois anos, vedada a recondução (reeleição) para o
mesmo cargo na eleição imediatamente subseqüente. Pode haver reeleição para a Mesa desde
que não seja para o mesmo cargo.

Obs.: existe uma interpretação tanto na Câmara quanto no Senado no sentido de essa vedação
dever ficar circunscrita à legislatura. A vedação de reeleição para o mesmo cargo no período
imediatamente subseqüente não se aplica entre uma legislatura e outra, pois a legislatura é um
reinício, um “divisor de águas”.

A norma do art. 57, § 4º é uma norma de pré-ordenação para os Estados? Nas ADIs 792 e 793 o
STF decidiu que não é norma de pré-ordenação (repetição obrigatória) para os estados. É apenas
norma de imitação (também para os municípios).

COMISSÕES

COMISSÕES PERMANENTES − são aquelas comissões que em regra são temáticas e que
subsistem às legislaturas. Independente do início ou do término de legislatura, elas sempre irão
existir. Ex.: CCJ – Comissões de Constituição e Justiça.

COMISSÕES TEMPORÁRIAS − são comissões que não subsistem às legislaturas, ou seja,


nascem com um objetivo definido; uma vez alcançado esse objetivo, elas finalizam seus trabalhos
com apresentação de um relatório final. Ex.: CPI, algumas comissões especiais.

COMISSÕES MISTAS − são aquelas compostas por Deputados e Senadores. Elas podem ser
permanentes ou temporárias. Exemplo de comissão mista temporária: CPMI (comissão
parlamentar mista de inquérito). Exemplo de comissão mista permanente: art. 166, §1º da CF
(comissão mista orçamentária – CMO).

4
COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO (art. 58, §3º da CF)

Podem ser da Câmara, do Senado ou mistas.

a) CONCEITO

São comissões fiscalizatórias que exercem uma função típica do poder legislativo, com objetivo de
investigar fato determinado com prazo certo, devendo encaminhar seus relatórios ao MP para
possíveis responsabilizações cíveis e penais dos envolvidos.

b) REQUISITOS:
- Quórum de requisição: 1/3 de deputados, 1/3 de senadores ou 1/3 dos membros do CN.
- Apuração de fato determinado.
- Prazo certo.

O STF já decidiu que as CPIs são um direito público subjetivo das minorias (MS 24831/05 e
24845/05). Não há necessidade de indicar os representantes para compor a CPI, pois a CPI é
direito das minorias. Bastam as assinaturas. Caso não haja indicação dos nomes pelos líderes, o
presidente da casa suprirá essa omissão.

Art. 35, §4º do RI da Câmara: só podem funcionar cinco CPIs por vez. Se eventualmente existirem
assinaturas para uma sexta CPI, ela deverá aguardar o encerramento de uma das cinco, salvo se
ocorrer a autorização de 1/3 dos membros da Casa. O STF entendeu que esse art. 35, § 4º é
constitucional, por dois motivos: não opõe obstáculos à atuação das CPIs, mas apenas organiza o
funcionamento das Casas. Ademais, se a questão for urgente, 1/3 dos membros da Casa podem
aprovar, por Resolução, a instauração da CPI.

A ADI 3619 declarou a inconstitucionalidade de uma norma do RI da Assembléia Legislativa do


Estado de SP, que dizia que a CPI necessitava de 1/3 das assinaturas; o problema é que, após as
assinaturas, a deflagração da CPI ficaria condicionada à aprovação da maioria absoluta dos
deputados. O STF entendeu que o artigo fere o direito das minorias.

A CPI visa investigar fato determinado. Mas novos fatos conexos com o fato principal podem ser
investigados e analisados desde que haja um aditamento do objeto inicial da CPI.

A CPI tem prazo certo, mas, segundo o STF, esse prazo poderá ser prorrogado, porém não
poderá ultrapassar o prazo da legislatura.

c) PODERES DE INVETIGAÇÃO PRÓPRIOS DE AUTORIDADE JUDICIAL

Segundo o STF, esses poderes são os poderes que o juiz tem na fase de instrução processual
penal.

d) LIMITES

As CPIs devem fundamentar suas decisões com base no art. 93, IX, CF, sob pena de nulidade. Se
as decisões não forem fundamentadas, caberá MS ou HC.

Respeito ao Princípio da Colegialidade: as decisões devem ser tomadas por maioria de votos, sob
pena de nulidade. Caberá MS ou HC.

As CPIs devem guardar nexo causal com a gestão da coisa pública.

5
Respeito ao Princípio Federativo: CPI nacional deverá investigar questões nacionais. Quem
investiga questões estudais é CPI estadual. Da mesma forma, para questões municipais, CPI
municipal.

Amplitude – PODERES da CPI:


- determinar a quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados (incluindo dados telefônicos).
- determinar a realização de perícias.
- determinar a oitiva de testemunhas e de investigados – em ambos os casos deve ser
respeitado o direito constitucional ao silêncio, ou seja, o direito de não auto-incriminação, de
não-produção de provas contra si mesmo (inclusive a testemunha tem esse direito – foge à
lógica clássica do processo penal).
- determinar buscas e apreensões genéricas (aquelas que não são domiciliares).

IMPEDIMENTOS

Em alguns casos, aquilo que a CPI não pode fazer diretamente, deve pedir (recorrer) ao Poder
Judiciário. A CPI não tem o poder geral de cautela, que é o poder que só o juiz tem de garantir a
eficácia de uma eventual sentença condenatória.

Sendo assim, a CPI...


- não pode determinar prisão, salvo em caso de flagrante delito (como qualquer um do povo).
- não pode determinar arresto, seqüestro, hipoteca ou impedimento de bens.
- não pode impedir a saída de investigados do país.
- não pode realizar atividades que envolvam as cláusulas de reserva de jurisdicional (são as
reservadas constitucionalmente ao Poder Judiciário): busca e apreensão domiciliar e
interceptação telefônica – art. 5º, XI e XII, CF. Não confundir dado telefônico (que é a
descrição dos telefonemas dados) com interceptação telefônica (que é a captação de
conversas telefônicas).
- não pode obstaculizar o trabalho dos advogados. A Lei 10.679/03, que modificou a Lei
1.579/52, afirma que até de sessões secretas os advogados podem participar.

Obs.: ler Lei 1.001/01.

Você também pode gostar