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Assuntos Tratados

1º Horário
 Ação Penal Pública (continuação): Incondicionada; Condicionada

2º Horário
 Ação Penal Pública Condicionada (continuação)
 Ação Penal Privada
 Modalidades de Ação Penal Privada

1º HORÁRIO

AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

Parte da premissa básica de ser exercida ex officio pelo Ministério Público. É regida pelo princípio
da oficiosidade.

Obs.: como se identifica se um crime é ou não de Ação Penal Pública? Quando a lei se faz
omissa, presume-se que a ação é pública incondicionada (art. 100 do CP). Quando o legislador
deseja condicionar ação penal, ele o faz de forma expressa.

AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA

Conceito → é aquela titularizada pelo Ministério Público, que depende, contudo da manifestação
de vontade do legítimo interessado, para que ele possa exercitá-la. Não se aplica o princípio da
oficiosidade, pois o ministério Público não atua ex-officio.

Hipótese de Condicionamento

Representação

Conceito
É uma condição de procedibilidade, ou seja, é um requisito objetivo sem o qual não há nada da
persecução Penal (inquérito, ação Penal). Cabe à vítima autorizar. Obs.: no momento da agressão
de um crime de ação pública condicionada, deve-se fazê-la cessar, ou seja, fazer o flagrante, mas
para continuar a persecução penal (o inquérito) a vítima terá que representar.

Legitimidade
- Dos destinatários da representação: a autoridade policial (deflagrar o inquérito); o promotor; o
juiz.
- Ativa: pela vítima; seu representante legal (da vítima menor de 18 anos).

Obs. 1: os efeitos da emancipação civil não incidem sobre a esfera penal. O menor emancipado
não está autorizado a representar, devendo-se nomear um curador especial para ele.
Obs. 2: a Pessoa Jurídica deve ser representada pelas pessoas designadas no Estatuto, em caso
de omissão deste, os diretores ou sócios administrativos devem representá-la.

Obs: 3. se a vítima morrer ou for declarada ausente, o direito de representação passa para o rol
taxativo e preferencial do art. 31 do CPP, que é o C. A. D. I., nesta ordem, cônjuge ou
companheira; ascendente; descendente; irmão.

Prazo
A vítima tem um prazo para representar de 6 meses, contados a partir do conhecimento da autoria.
Esse prazo tem natureza decadencial, ou seja, é fatal, não se interrompe, não se suspende e não
se prorroga. É contado na forma do art. 10 do CP; é híbrido, tem natureza penal e processual. Ex.:
vítima toma conhecimento de quem é o autor no dia 9/03/2008; o prazo para representação acaba
no dia 08/09/2008, à 0h.

O prazo decadencial da representação só se inicia para as pessoas que possuem plena


capacidade para exercê-la.

Retratação
A vítima tem prazo para a retratação, que dura até o promotor oferecer a denúncia. Essa
retratação pode ser feita quantas vezes se quiser, respeitando o prazo decadencial de 6 meses.

Obs.: na lei Maria da Penha, a retratação é possível, em uma audiência específica para essa
finalidade, com a presença obrigatória do Juiz e do Promotor. Além disso, o marco para a retração
foi alterado e passa a ser o do recebimento da denúncia.

Rigor Formal
A representação tem forma livre (não é estabelecida na lei), pode ser oral ou escrita destinada a
autoridade policial, promotor, juiz→ Esse é o entendimento do STF.

Eficácia objetiva
Caso a vítima indique apenas parte dos infratores, nada impede que o promotor denuncie outras
pessoas. Afinal, cabe ao titular da ação penal dizer quem irá figurar no pólo passivo da relação
processual.

Vinculação
O promotor não está vinculado ao artigo da lei sugerido pela vítima. Além disso, se entender que
não há infração ser apurada, pode requerer o arquivamento. A opinião delitiva é do Ministério
Público.

Requisição do Ministério da Justiça

Conceito
É um pedido e ao mesmo tempo uma autorização de natureza eminentemente política, que
condiciona o início da persecução penal − condição de procedibilidade.

Legitimidade
Destinatário: Procurador Geral da República.
Ativa: Ministro da Justiça.

Prazo
Não há prazo decadencial para que o Ministro apresente sua representação. Enquanto o crime,
não estiver prescrito pode requisitar.

Retratação
O ato do Ministro é irretratável, pois, se não o fosse, comprometeria a imagem do País. Não há
precedente legal, o STF e o STJ nunca julgaram matéria dessa questão.

Eficácia Objetiva
Cabe ao Ministério Público dizer quem irá figurar no pólo passivo da relação processual.

Vinculação
Apesar do termo requisição (ordem), não se pode entendê-la como uma ordem, pois, à luz da CF,
o Ministério Público não está subordinado ao Ministro da Justiça. Portanto, não há vinculação a
artigo ou vinculação quanto à existência ou não de infração penal. A opinião delitiva é do MP.

2º HORÁRIO

AÇÃO PENAL PRIVADA

Conceito
É aquela titularizada pela vítima ou pelo seu representante legal, que atua na condição de
substituo processual, pois pede em nome próprio direito alheio, qual seja o jus puniendi, que é do
Estado.

Querelante é o titular do direito.


Querelado é o réu.
Queixa-crime: petição inicial que deflagra a ação penal privada.

Princípios da Ação Penal Privada

1. Oportunidade: a vítima só exerce ação se lhe for conveniente; é uma faculdade.

São institutos que materializam o Princípio da Oportunidade:


a) Decadência: é a perda da possibilidade de exercer ação penal privada em razão do decurso
do prazo, ou seja, 6 meses, contados do conhecimento da autoria. A conseqüência da
decadência é a extinção da punibilidade (art.107 do CP).
b) Renúncia: ocorre pela declaração expressa da vítima que não deseja exercer a ação, ou pela
prática de um ato, na fase pré-processual, incompatível com a vontade de fazê-lo (renúncia tácita).
A conseqüência é a extinção da punibilidade. A renúncia é irretratável.

Obs.: não se fala em arquivamento do inquérito nos crimes de Ação Penal Privada. Contudo, se a
vítima por intermédio de seu advogado assim se manifestar, estará renunciando ao direito, dando
ensejo à extinção da punibilidade.
2. Disponibilidade: a ação penal privada é passível de desistência. A vítima pode desistir da
ação penal.

São institutos que materializam o princípio da disponibilidade:


a) Perdão: ele se opera pela declaração expressa ou pela prática de ato incompatível com a
vontade de continuar com a ação. O perdão da vítima é um ato bilateral, ou seja, só produz
efeitos jurídicos se for aceito pelo réu. Essa aceitação pode ser expressa ou tácita. Obs.: se a
vítima atravessa uma petição nos autos concedendo o perdão, o réu será intimado e terá 3
dias para manifestar se aceita o perdão; caso ele se omita, presume-se a aceitação. Obs. 2: o
perdão judicial tem cabimento em algumas infrações, notadamente, de ação pública, em que o
juiz está autorizado a declarar a extinção da punibilidade em ato unilateral, quando a pena não
se fará necessária, pois o réu já foi diretamente atingido por sua conduta.
b) Perempção (conceito técnico): sanção processual ocasionada pela desídia da vítima na
condução da ação penal. Conseqüência: extinção da punibilidade. As hipóteses de perempção
estão disciplinadas no art. 60, CPP.

3. Indivisibilidade: se a vítima desejar exercer a ação penal, deverá fazê-lo contra todos os réus.
Obs.: o Ministério Público atua como fiscal desse princípio. Obs. 2: as conseqüências do
desrespeito ao princípio da indivisibilidade são: caso a vítima renuncie ao seu direito em face
de alguns infratores, esse ato beneficiará a todos; por sua vez, o perdão apresentado a um
dos réus se estende a todos àqueles que queiram aceitar.

4. Intranscendência ou Pessoalidade: os efeitos da ação penal só atingem os réus.

Modalidades de Ação penal Privada

a) Exclusiva ou Propriamente dita: é aquela titularizada pela vítima ou seu representante legal
(vítima menor de 18 anos). O que a caracteriza é que essa ação admite sucessão por morte
ou ausência, o direito de ação passa para o C. A. D. I. Aplica-se tudo da legitimidade da ação
penal privada.

b) Personalíssima: é aquela exercida única e exclusivamente pela vítima. Não existe


representante legal e sucessão do direito de ação pela morte ou ausência (ex.: art. 236 CP).
Obs.: o prazo para o exercício da ação no crime de induzimento a erro (art. 236) é de seis
meses, contados do trânsito em julgado da sentença civil que anula o casamento.

c) Subsidiária da Pública: prevista expressamente na Constituição Federal, ela permite que a


vítima ofereça a ação em crime que originariamente é de ação pública, desde que o MP seja
omisso em atuar nos prazos que a lei lhe confere. É indispensável, não há perempção ou
perdão da vítima.

Obs.: poderes do MP na ação penal privada subsidiária da pública: o Promotor funciona como
interveniente adesivo obrigatório, tendo amplos poderes, seja para propor prova, apresentar
recursos, aditar a ação e até mesmo para lançar co-réu. E se a vítima fraquejar, irá afastá-la,
retomando ação como parte principal. Pode ainda, entendendo que não houve desídia, repudiar a
queixa-crime oferecida (substitutiva) e na seqüência oferecer denúncia (substitutiva).

Obs. 2: o prazo da ação penal subsidiária é de 6 meses, contados do esgotamento do prazo de


que o promotor dispunha para atuar.

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