Você está na página 1de 2

81

FRAUDE DE LEI SOBRE


ESTRANGEIROS

_____________________________

81.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO


CRIME

O art. 309 contém o seguinte tipo: “usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer
no território nacional, nome que não é o seu”. A pena é detenção, de um a três anos, e
multa. O parágrafo único contém outro tipo: “atribuir a estrangeiro falsa qualidade para
promover-lhe a entrada em território nacional”. A pena é de reclusão, de um a quatro
anos, e multa.

O bem jurídico protegido é a fé pública, desta feita no que diz respeito à identidade
de estrangeiro que ingressa ou permanece no país.

A conduta prevista no caput tem como sujeito ativo, necessariamente, pessoa


estrangeira. É crime próprio. O tipo do parágrafo único pode ser realizado por qualquer
pessoa, de qualquer nacionalidade.

Sujeito passivo é o Estado.

81.2 TIPICIDADE

O caput descreve a conduta do estrangeiro, que usa nome falso. O parágrafo único a
do agente que atribui, a estrangeiro, falsa qualidade.

81.2.1 Conduta e elementos do tipo

A conduta do estrangeiro é a de usar nome que não o seu. Usar nome alheio é
apresentar-se com nome outro, de outra pessoa ou fictício, através da emissão da palavra
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

ou por meio escrito.

Além de agir dolosamente, isto é, com consciência de que usa nome falso, o agente
deve fazê-lo com a finalidade de ingressar ou permanecer no território nacional. Busca,
portanto, ludibriar as autoridades brasileiras incumbidas da fiscalização do ingresso e
permanência de estrangeiros no país, ocultando sua verdadeira identidade por meio do uso
de nome falso.

O tipo do parágrafo único descreve a conduta do agente que atribui ao estrangeiro


falsa qualidade, para promover-lhe a entrada no território nacional. Atribuir é conferir, é
imputar, ao estrangeiro uma qualidade ou um atributo que ele não tem, por meio oral ou
escrito. Tal qualidade, por exemplo de cientista, professor universitário ou médico etc.,
deve ser uma condição necessária para que possa ser promovido seu ingresso no território
nacional.

Deve o agente agir com dolo, consciente da falsidade da qualidade que atribui ao
estrangeiro e vontade livre de atribuí-la com a finalidade de promover sua entrada no país.
Ou seja, é necessário esse outro elemento subjetivo, que é o fim de possibilitar seu ingresso
no território brasileiro.

81.2.2 Consumação e tentativa

O crime do estrangeiro consuma-se no instante em que ele usa o nome falso,


quando afirma ou escreve nome que não é seu, não sendo possível a tentativa. O crime do
parágrafo único consuma-se no momento em que o agente atribui, ao estrangeiro,
qualidade falsa, não sendo necessário que, em razão da conduta, consiga ele ingressar,
efetivamente, no território nacional. A tentativa não é possível.

81.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa pública incondicionada, possível a suspensão


condicional do processo penal.

Você também pode gostar