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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DO xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

Agravante: ________________________
Agravado: ___________________________________

Processo n.º: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Origem: Segunda Vara Cível da Comarca de xxxxxxxxxxxxxxx

XXXXXXXXXXXXXXXX, brasileiro, casado,


portador da cédula de identidade de numero XXXXXXX,
inscrito no CPF sob o numero XXXXXXXXXXXXXX, residente e
domiciliado a Rua XXXXXXXXXXX, numero XXX, bairro
XXXXXXXXX, na cidade de XXXXX por sua advogada que ao
final assina, com escritório profissional na XXXXXXXXXXXX,
bairro XXXXXXXXXXX, XXXXXXXX, onde recebe intimações e
notificações, vem, respeitosamente na presença de Vossa
Excelência, com amparo no Art. 522 e ss. Do Código de Processo Civil,
INTERPOR O PRESENTE

AGRAVO DE INSTRUMENTO

Com pedido de efeito de antecipação de tutela recursal

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Nos termos dos razões anexas, contra a respeitosa Decisão de folhas .........,
proferida pela Excelentíssima Senhora Juíza da Segunda Vara Cível da Comarca
de XXXXXXXXXXXXXX em Ação que move em desfavor de XXXXXXXXXXXXXX., com sede
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX centro, XXXXXXXXX, requerendo desde já, o seu
recebimento e conhecimento por este Egrégio Tribunal de Justiça Do Rio Grande
do Sul.

Informa, outrossim, que os documentos que integram o


presente agravo são, conforme determinação do artigo 525 do CPC:

1. Cópia da decisão agravada,


2. Cópia da certidão de intimação,
3. Cópia da procuração outorgada ao advogado da
agravante (agravado ainda não citado).

4. Lista dos documentos facultativos que você


pretende juntar, conforme inciso II do artigo 525
(sugiro juntar cópia da inicial, bem como
eventuais faturas que comprovem a discrepância do
valor cobrado com o valor efetivamente devido).

Termos em que,
P. Deferimento,

XXXXXXXXX, ........ de janeiro de 2009.


XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

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RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

1. Breve relato da inicial


O agravante interpôs ACAO REVISIONAL DE ENCARGOS
FINANCEIROS CUMULADA COM REPETICAO DE INDEBITO, segundo inicial que
segue em anexo, cujo feito foi distribuído à MM. Juíza da Segunda Vara Cível.

Segundo inicial, o agravante firmou dois contratos


de Cartão de crédito, de nº XXXXXXXXXXXX, utilizando os
referidos cartões por determinado período, sendo que estes
estão vinculados à sua conta corrente de número XXXXXXXXda
agência XXXX do Banco XXXXXXX, sito nesta capital.
O agravante manteve os pagamentos das
faturas sempre em dia, quando a partir de novembro de 2008
verificou que os pagamentos realizados não abatiam de
forma alguma o seu saldo devedor. Ao contrário,
independentemente do número de faturas pagas, o valor do
saldo devedor aumentava consideravelmente, conforme
comprovam os documentos ora juntados, que também
acompanharam a exordial.
Pelos recibos juntados à peça inicial, o
agravante comprovou a discrepância entre o valor cobrado
com encargos, juros e mora e o total devido sem os

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acréscimos, sendo os cálculos feitos a partir das faturas
com vencimentos em XX/XX/XX em relação ao cartão
XXXXXXXXXXXXXXXXX, e XX/XX/0X em relação ao cartão
XXXXXXXXXXXXXXXX.(doc. Anexo).
Como pode se verificar das faturas
apresentadas, em nenhum momento foi informado a data de
assinatura do contrato bem como os valores especificados
cobrados a título de juros, encargos, multa, discriminados
mês a mês, como determina o Código de Defesa do Consumidor
e legislação aplicável.
O agravante alegou abusividade dos juros
cobrados, que podem ser considerados absolutamente ilegais
ante o seu valor excessivo, capitalização de juros, bem
como abusividade de cláusulas presentes no contrato de
adesão.

2. Do Despacho agravado – Decisão Interlocutória


Segundo se constata na cópia em anexo, este
o teor da decisão interlocutória ora agravada:

“Não tendo como avaliar, em primeiro


momento, se há cobrança de taxas abusivas,
assim como o autor não apresenta nenhuma
proposta para pagamento de valores
incontroversos da dívida, INDEFIRO A LIMINAR

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pleiteada para o cancelamento dos cartões de
crédito, bem como para a retirada do nome do
autor dos órgãos de restrição de crédito por
entender ausente o requisito do fumus boni
iuris.

Intime-se a parte autora.

Cite-se, devendo o requerido apresentar, no


prazo contestacional, cópia do contrato
firmado.”
Assim, como se constata, a MM. Juíza a quo
indeferiu o pedido para que o nome do agravante seja
excluído dos serviços de proteção ao crédito, por não
entender estar presente o requisito fumu boni iuris, uma
vez que segundo ela não haveria como avaliar se existe ou
não cobrança de juros abusivos.

3. Da antecipação da tutela efetivamente indeferida


A decisão guerreada indefere o pedido
liminar, que deve ser entendido e recebido como
antecipação de tutela, que consistia na exclusão do nome
do agravante dos registros do SPC e SERASA, uma vez
estando o montante do débito em discussão judicial.
Tal decisão fere de morte a legislação
consumerista e o posicionamento majoritário da jurisprudência,
inclusive TJRS e STJ, que estabelecem expressamente que enquanto
o débito estiver sub judice, o nome do consumidor não poderá ser

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negativado, sob pena de se permitir a coação para pagamento, o
que é absolutamente vedado pela legislação.

4. Do risco lesão grave e de difícil reparação

Uma vez que a decisão interlocutória


impediu que o nome do agravante fosse retirado dos
registros do SPC e SERASA, fácil concluir-se que esta lhe
causa lesão grave e de difícil reparação, nos termos do
artigo 255 do Código de Processo Civil.
Destarte, requer o recebimento do presente
agravo de instrumento, uma vez preenchendo todos os
pressupostos recursais de admissibilidade.

5. Do fumus boni iuris


Segundo inicial acostada ao presente recurso,
observa-se a antecipação de tutela requerida limita-se ao pedido
de exclusão do nome do agravante dos órgãos de proteção ao
crédito, até final decisão do mérito.

Sabemos que a simples cobrança de juros acima


de 12% e a capitalização de juros por si só não poderão ser
consideradas como abusivas. Certamente dependerá de exame
detalhado dos contratos, faturas e outros elementos processuais,
dentre elas a prova pericial já pleiteada.

Dados como montante devido a título de juros e


encargos detalhados mês a mês são indispensáveis para um exame
da matéria e tais elementos somente a agravada, que ainda sequer

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foi citada no processo em primeira instância, poderá apresentar.
Tais detalhes não podem ser extraídos das faturas mensais
recebidas pelo agravante, que não trazem em seu bojo os
requisitos obrigatórios de clareza e especificidade que impõe o
Código de Defesa do Consumidor.

O que é claro para o consumidor, que assinou um


contrato de adesão, é que apesar de ter pago .... faturas no
valor de ........ o seu débito continua crescendo de maneira
exponencial, o que fez com que iniciasse a presente revisional.

Como se pode constatar, não foi dado ao


agravante cópia do contrato de cartão de crédito motivo pelo
qual é impossível a demonstração cabal da abusividade dos juros
cobrados ab initio, o que certamente será feito em momento
oportuno, quando da apresentação de extrato detalhado pela
instituição financeira, o que até agora não foi feito.

Vamos ao posicionamento acerca da

possibilidade ou não da declaração de


abusividade no contrato de mútuo em questão:

CONTRATO BANCÁRIO. CARTÃO DE CRÉDITO.


APLICABILIDADE DA SÚMULA N.283/STF.
IMPOSSIBILIDADE. JUROS REMUNERATÓRIOS.
ABUSIVIDADE.DEMONSTRAÇÃO CABAL.

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1. A alteração da taxa de juros
remuneratórios pactuada em mútuo
bancário depende da demonstração
cabal de sua abusividade em relação à
taxa média do mercado.
2. Agravo Regimental desprovido. (AgRg no Ag
864998 / RJ
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE
INSTRUMENTO
2007/0030922-6, T4 - QUARTA TURMA, DJe
03/11/2008)

***

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


REVISIONAL. CONTRATO DE CARTÃO DE
CRÉDITO. JUROS REMUNERATÓRIOS. INSCRIÇÃO
EM CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO.

PRECEDENTES DO STJ. A abusividade da


pactuação dos juros remuneratórios
deve ser cabalmente demonstrada em
cada caso específico, com a
comprovação do desequilíbrio
contratual,conforme orientação firmada no
julgamento dos REsp's ns. 271.214/RS, 407.097/RS
e 420.111/RS. (AgRg no REsp 762322 / RS

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AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL
2005/0105144-1, T4 - QUARTA TURMA, DJ
06/03/2006 p. 410)

***

Agravo regimental. Recurso especial. Contrato de


uso de cartão de crédito. Taxa de juros
remuneratórios. Abusividade. Não-comprovação.
Matéria constitucional.

1. Conforme jurisprudência firmada na Segunda


Seção, não se pode dizer abusiva a taxa de juros
só com base na estabilidade econômica do país,
desconsiderando todos os demais aspectos que
compõem o sistema financeiro e os diversos
componentes do custo final do dinheiro
emprestado, tais como o custo de captação, a taxa
de risco, os custos administrativos (pessoal,
estabelecimento, material de consumo, etc.) e

tributários e, finalmente, o lucro do banco. Com

efeito, a limitação da taxa de juros em


face da suposta abusividade somente
se justificaria diante de uma
demonstração da excessividade do
lucro da intermediação financeira, o
que, no caso concreto, não é possível de ser

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apurado nesta instância especial, a teor da Súmula
nº 7/STJ.

2. Inviabilidade de exame de matéria


constitucional em sede de recurso especial.

3. Agravo regimental desprovido. AgRg no REsp


763394 / RS
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL
2005/0107310-2, Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES
DIREITO (1108), 3ª T, DJ 19/12/2005 p. 409)

Destarte, perfeitamente possível é a


revisão do contrato originário do cartão de crédito,
visando com isso comprovar ou mesmo se verificar a
abusividade de cláusulas ou de juros propostos pela
instituição financeira.
Claro que esta abusividade somente poderá
ser constatada ou não no bojo dos autos, uma vez que
necessária se faz prova pericial e apresentação dos
contratos e demais extratos que estão em poder da
instituição financeira.
A MM Juíza a quoentendeu não estar presente
um dos requisitos autorizadores da antecipação da tutela
por não ser possível avaliar se existe a abusividade ou
não dos juros cobrados. Ora, claro que a abusividade
não pode ser comprovada de plano. Aliás, segundo

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própria jurisprudência do STJ tal alegação deverá
ser comprovada cabalmente através de perícias,
apresentação de extratos, etc. Como poderia o
agravante comprovar tal abusividade na inicial, estando
todos os dados necessários para a averiguação em mãos da
agravada, que sequer foi citada para responder a
revisional em primeira instância?
Data maxima respecta, o fumus boni iuris
está plenamente comprovado através da disparidade entre o
valor cobrado com juros e encargos e o valor real da
dívida, que não se alterou em nada mesmo com o pagamento
de ........... faturas, totalizando um valor de R$
............ já pagos pelo agravante.

No caso em tela, a hipossuficiência do


agravante deriva de sua qualidade de cliente de
instituição financeira de grande porte, com muito mais
recursos materiais e técnico-jurídicos para amparar sua
posição contratual frente ao consumidor.

É de conhecimento geral que os bancos


dificilmente entregam aos seus clientes cópia dos
contratos firmados e uma vez que as abusividades das
cláusulas contratuais só podem ser averiguadas mediante a
análise do instrumento contratual no qual estão

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supostamente inseridas, basta verossimilhança nas
alegações do agravante e a disparidade gritante entre os
valores com e sem encargos e juros para que sua pretensão
seja acolhida.

Na mesma linha está o posicionamento do


TJRS quanto à possibilidade de revisão dos contratos de
cartão de crédito quanto aos juros e encargos cobrados:

TIPO DE PROCESSO: Apelação Cível


NÚMERO: 70027404417 Decisão: Acórdão
RELATOR: Pedro Celso Dal Pra
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS
BANCÁRIOS. AÇÃO REVISIONAL. CONTRATOS DE
FINANCIAMENTO. PRELIMINAR. LIMITES DO RECURSO. Em
atendimento ao Princípio Tantum devolutum, quantum appellatum,
consubstanciado no caput do art. 514 do CPC, a análise recursal
está adstrita à matéria efetivamente impugnada pela parte
recorrente. POSSIBILIDADE DE REVISÃO DOS
CONTRATOS. Mostra-se possível a revisão judicial dos
contratos, com base na Constituição Federal e na
legislação infraconstitucional, visando adequá-los ao
ordenamento jurídico vigente e afastar eventuais
abusividades e onerosidades excessivas. APLICAÇÃO DO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Tratando-se de
relação jurídica mantida entre instituição financeira e cliente, em
que este se utiliza dos serviços prestados como destinatário final,
plenamente aplicáveis as normas do Código de Defesa do
Consumidor (art. 2º do CDC). CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS. A

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legislação vigente e a jurisprudência dominante permitem a
capitalização apenas em periodicidade anual, salvo legislação
específica, que não é o caso em tela. A capitalização na forma
disposta no art. 5º da Medida Provisória nº 2.170-36, de 23 de
agosto de 2001, não se aplica às operações financeiras comuns,
nas quais se enquadram os contratos bancários e de
administração de cartão de crédito, tendo em vista que o referido
dispositivo legal destinou-se, tão-somente, a fixar regras sobre
administração dos recursos do Tesouro Nacional. Vedada é,
portanto, a capitalização diária ou mensal dos juros.. RECURSO
PROVIDO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70027404417, Décima
Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Pedro
Celso Dal Pra, Julgado em 11/12/2008) DATA DE
JULGAMENTO: 11/12/2008
PUBLICAÇÃO: Diário de Justiça do dia 19/12/2008

Assim, possível é a revisão dos contratos


de cartão de crédito quanto aos juros impostos e cláusulas
abusivas, bem como é pacífico o entendimento dos Tribunais
de que o Código de Defesa do Consumidor deverá ser
aplicado à espécie.

6. Da exclusão do nome do agravante dos órgãos de proteção ao


crédito.
É razoável que enquanto a relação negocial
entretida pelas partes esteja no âmbito da apreciação
judicial, não permaneça o nome do consumidor inscrito em
cadastros de devedores, uma vez que tal medida encerra

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apenas natureza antecipatória e provisória não trazendo
qualquer prejuízo à instituição credora, nem tampouco
sendo irreversível.

Ademais, a circunstância, de regra, presta-


se a servir como coação ao pagamento, na medida em que
ninguém ignora a necessidade de crédito para o
enfrentamento ordinário da vida negocial.

A própria Portaria 03/2001 emitida pela


Secretaria de Direito Econômico da Secretaria de Justiça
(DOU 17.03.01) considerou abusiva e nula de pleno direito
cláusula que “Autorize o envio do nome do consumidor e/ou seus
garantes a cadastros de consumidores (SPC, SERASA, etc.) enquanto
houver discussão em juízo relativa à relação de consumo” (art.
7º).

O posicionamento majoritário do Tribunal de


Justiça do Rio Grande do Sul é no sentido de que não se
permita o registro do nome da parte devedora junto aos
cadastros de inadimplência (SPC e SERASA), enquanto houver
discussão do débito.

O denominado ‘cadastro dos consumidores’,


hoje positivado no artigo 43, § 4º, do CDC e assegurado

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pela Constituição Federal (artigo 5º, incisos XXXIII e
LXXII), busca, precipuamente, resguardar os associados dos
possíveis e futuros devedores.

Dessa maneira, fácil concluir que, enquanto


pendente ação revisional de débito, o registro do nome do
agravante nos cadastros de proteção ao crédito constitui
constrangimento e ameaça teor dos vetores do artigo 42 do
Código de Defesa do Consumidor, bem como em face da
Conclusão de número 11 do Centro de Estudos do próprio
TJRS:
“Não ofende direito do credor liminar obstativa da
inscrição do nome do devedor em banco de dados
de consumo, assim como impeditiva de que o
credor comunique a terceiros registro de
inadimplência que haja procedido em seu
cadastro interno, durante a pendência de
processos que tenham por objeto a definição da
existência do débito ou seu montante.”

Consoante a ‘Justificativa’ da referida


‘Conclusão’, “se está em debate a existência do débito ou o seu
montante, não se compreende seja o devedor tratado como
inadimplente e, via inscrição em banco de dados ou pela divulgação
do que constar no cadastro interno do credor, sofra restrição
creditícia”.

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Assim, a inscrição do nome do devedor ou


sua manutenção nos cadastros de restrição ao crédito é
inviável enquanto pendente ação revisional, onde se
discute a abusividade das cláusulas contratuais e a
onerosidade dos encargos, por constituir prática de
intuito coativo e constrangedor, consoante a mencionada
Conclusão e o artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor.

Neste sentido, colacionam-se precedentes do


TJRS:
:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO
REVISIONAL. CADASTROS NEGATIVOS.
CANCELAMENTO E ABSTENÇÃO GENÉRICA DE
PROTESTO. MULTA. 1. Cadastro de
inadimplentes. É cabível o deferimento liminar
que cancela e/ou obsta a inscrição do nome
do devedor junto aos órgãos de restrição ao
crédito, quando tramita ação revisional que
tem por fim a discussão do débito real. (...)
Parcial provimento liminar, nos termos do §1º-
A, do art. 557, do CPC. (AGRAVO DE
INSTRUMENTO Nº 70012661112, DÉCIMA
SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE

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JUSTIÇA DO RS, RELATOR: DES. ORLANDO
HEEMANN JÚNIOR, JULGADO EM 23/08/2005).”
***
TIPO DE PROCESSO: Agravo de Instrumento
NÚMERO: 70024291940 Decisão:
Monocrática
RELATOR: Dálvio Leite Dias Teixeira
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO
REVISIONAL. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO
PESSOAL. INSCRIÇÃO NOS CADASTROS DE

INADIMPLENTES. - Estando sub judice a

existência de débito ou de valor do


mesmo, bem como a discussão da
validade das cláusulas contratuais,
autorizado está o deferimento da tutela
antecipada no sentido de impedir a
inscrição do nome do devedor em
sistemas de proteção ao crédito (SPC,
SERASA), até o trânsito em julgado da
ação revisional.
DATA DE JULGAMENTO: 15/05/2008
PUBLICAÇÃO: Diário de Justiça do dia
23/05/2008
***
2. TIPO DE PROCESSO: Agravo de
Instrumento

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NÚMERO: 70019071380 Decisão:
Monocrática
RELATOR: Orlando Heemann Júnior
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO
REVISIONAL DE CONTRATO DE CARTÃO DE
CRÉDITO. CADASTROS DE INADIMPLENTES.

CADIN E SCI. MULTA. 1.É cabível o


deferimento de liminar que cancela
e/ou obsta a inscrição do nome do
devedor junto aos órgãos de
restrição ao crédito, quando
tramita ação revisional que tem
por fim a discussão do débito real.
2.Despicienda a discussão acerca do CADIN e
SCI, cadastros restritos às instituições
federais, pelo que não tem legitimidade a
agravada para prestar informações.
3.Desnecessária, em princípio, a cominação
de multa. Parcial provimento. Decisão liminar.
(Agravo de Instrumento Nº 70019071380,
Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Orlando Heemann
Júnior, Julgado em 27/03/2007)
DATA DE JULGAMENTO: 27/03/2007
PUBLICAÇÃO: Diário de Justiça do dia
04/04/2007

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TIPO DE PROCESSO: Agravo de Instrumento


NÚMERO: 70022344188 Decisão:
Monocrática
RELATOR: Dálvio Leite Dias Teixeira
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO.
NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. INSCRIÇÃO
NOS CADASTROS DE INADIMPLENTES. -

Estando sub judice a existência de


débito ou de valor do mesmo, bem
como a discussão da validade das
cláusulas contratuais, autorizado está o
deferimento da tutela antecipada no
sentido de impedir a inscrição do nome
do devedor em sistemas de proteção ao
crédito (SPC, SERASA), até o trânsito
em julgado da ação revisional. Este é o
entendimento predominante dos
tribunais e desta Colenda Câmara.
Decisão monocrática dando provimento ao
recurso. (Agravo de Instrumento Nº
70022344188, Décima Segunda Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Dálvio Leite
Dias Teixeira, Julgado em 28/11/2007)

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Esse entendimento também se encontra


presente no Egrégio Superior Tribunal de Justiça, conforme
se vê, por exemplo, na decisão proferida pela Quarta Turma
no REsp. nº 170281/SC, Relator Ministro CÉSAR ASFOR ROCHA:

“CONSUMIDOR. INSCRIÇÃO DE SEU NOME EM


CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.
MONTANTE DA DÍVIDA OBJETO DE
CONTROVÉRSIA EM JUÍZO.

INADMISSIBILIDADE. Constitui
constrangimento e ameaça
vedados pela lei n.º 8.078, de
11.09.90, o registro do nome do
consumidor em cadastros de
proteção ao crédito, quando o
montante da dívida é objeto de
discussão em juízo. Recurso
especial conhecido e provido.”

Desta feita, uma vez que se encontra o


débito em discussão judicial, pertinente a exclusão do
nome do agravado do cadastro de inadimplentes, por

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caracterizar típica coação não permitida pela legislação
consumerista em vigor.

7. Da dispensabilidade do depósito in casu.

A MM. Juíza a quo fundamentou a ausência do


fumus boni iuris pela ausência de depósito do montante
incontroverso. De certo que apenas o ajuizamento da ação
não obsta o direito do credor de inscrever o nome do
devedor nos cadastros restritivos de crédito. Mas, a
exigência de um eventual depósito da parte “incontroversa”
deverá ser estudada caso a caso, segundo os detalhes da
situação fática.

A exclusão do nome do agravante dos bancos


de dados é apenas um dos pedidos presentes na revisional.
Dentre eles está inclusive o cancelamento dos cartões que
não foi permitido pela agravada, até que o pagamento fosse
efetuado integralmente, contrariando claramente a
legislação consumerista.

Além da revisão dos juros, existe ainda


pedido de revisão da multa aplicada, muito superior aos 2%
previstos no artigo 52, §1º do Código de Defesa do
Consumidor.

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Assim, impossível saber a priori, qual o
valor realmente devido pelo agravante, mesmo porque várias
faturas já foram pagas, ainda que não resultando
abatimento em seu saldo devedor. Destarte, uma vez
versando a discussão sobre juros, multa e outros encargos
cobrados pela agravada, não se faz razoável a exigência do
depósito do valor “incontroverso”, pois este é de difícil
averiguação.

Se o Código de Defesa do Consumidor não


deve ser utilizado como escudo de inadimplentes, também
não deverá ser leniente em casos onde as instituições
financeiras aplicam as taxas de juros que bem lhe convêm
deixando desprotegido o consumidor hipossuficiente.

8. Do pedido alternativo

Ad argumentandum tantum, caso não seja do


entendimento desta E. Turma que o nome do agravante seja
excluído dos bancos de dados da SERASA/SPC/BC, requer
seja determinada a anotação no cadastro restritivo
de crédito a existência de controvérsia judicial
acerca do contratado nos termos dos artigos 4º, §
2º e 7º, inciso III, da Lei 9507/97.

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DIANTE DE EXPOSTO, requer o acolhimento e
conhecimento de agravo de Instrumento e, demonstrada a
flagrante ilegalidade da decisão agravada, seja
determinada sua reforma no sentido de determinar que se
proceda a exclusão do nome do agravante dos bancos de
dados do BACEN, SERASA e SPC.
Requer ainda a agravada (ainda não citada
na ação de conhecimento) para querendo arrazoar o presente
recurso e ainda sejam concedidos os benefícios da
gratuidade, consoante declaração de pobreza cuja cópia
segue em anexo, já deferido em primeiro grau, conforme
consta da decisão
Requer, ao final, após o processamento
regular do presente recurso, o PROVIMENTO, do agravo de
instrumento, com a reforma da decisão objurgado.

Termos em que,
Pede deferimento.

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