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1 INTRODUÇÃO______________________________________________________

Este estudo refere-se à identificação dos fatores de risco para câncer de

mama em um território área de uma Unidade de Saúde da cidade de Aracaju, dentre

eles, fatores demográficos, fatores ginecológicos e obstétricos, uso de

carcinogênicos químicos, predisposições genéticas e hábitos de vida. A escolha

deste tema reside no fato de o câncer de mama apresentar uma alta taxa de

morbimortalidade e constituir-se num grande problema de saúde pública. Todavia, o

que mais motivou a realização deste estudo, foi à possibilidade de identificar

mulheres com alto risco para o câncer de mama.

Segundo Brasil (2003), a través do Instituto Nacional do Câncer, INCA, o

número de óbitos e incidências esperados para o ano de 2003 no Brasil, na

população de mulheres, foi de respectivamente, de 9.355 e 41.610, sendo que o

câncer de mama é a segunda neoplasia mais incidente no mundo.

O Registro de Câncer de Base Populacional de Aracaju, RCBPA, (2004),

evidencia que em 1996 a segunda causa de localização de câncer primário em

Aracaju foi o câncer de mama, correspondendo a 90 casos, ou seja, 16,54% de

todos os cânceres, sendo que a taxa específica para incidência de câncer de mama

na faixa etária de 40 a 44 anos, foi de 44,017% e de 45 a 49 anos, de 85,421% . Em

valor absoluto corresponde a 15 casos entre a idade de 40 e 49 anos.

Os dados em Aracaju não estavam consolidados para 2003, entretanto de

acordo com Brasil (2003), estimam-se 110 novos casos de câncer de mama. E,

segundo a Secretaria Estadual de Saúde de Sergipe (2004), houve, em 2003, 41

óbitos.
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A importância de delinear um grupo de mulheres que tem um risco

elevado para apresentar o carcinoma mamário é enfatizada pelas significativas taxas

de sobrevida nas mulheres em que o câncer foi detectado precocemente (Leir Júnior

citado por MONTORO, 1984).

Segundo Parkin apud Brasil (2003), na Europa a taxa de sobrevida

cumulativa é de 91% após o primeiro ano e 65% após 5 anos. Nos Estados Unidos a

taxa de sobrevida é de 96,8% no primeiro ano.

No Brasil segundo o mesmo Instituto, o câncer é descoberto em estádio

mais avançado e com base nos Registros Hospitalares, 66% são diagnosticados em

estádio III e IV, demonstrando, dessa forma, a necessidade de investimentos em

tecnologias e recursos humanos para a descoberta precoce do câncer bem como, a

necessidade de planos para realizar a educação da população em geral e de um

sistema nacional de informações.

A identificação de fatores de risco possibilita desenvolver uma orientação

educativa e o planejamento de estratégias que visem à retirada do fator externo,

uma vez que, cerca de 80 a 90% dos cânceres são desenvolvidos por causas

ambientais, físicas ou químicas (MONTORO, 1983; BASEGIO, 1998).

Destarte, são várias as contribuições desta pesquisa, uma vez que, a

identificação dos fatores de risco, possibilita ao profissional de saúde, por em

práticas estratégias para redução do risco do câncer de mama, através de planos

que motivem as mulheres a realizar mudanças comportamentais na alimentação, no

estilo de vida e no afastamento dos agentes carcinogênicos químicos (CLARK,

1997). Bem como, permite saber a correlação entre as principais variáveis

pesquisadas.
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Além das estratégias de prevenção primária, ou seja, de prevenção à

exposição aos fatores que levam ao desenvolvimento do câncer, este estudo mostra

também, a situação do território-área em relação às mulheres que têm maiores

chances de apresentar a doença, possibilitando intervenções precoces através do

rastreamento, e o exame das pessoas assintomáticas.


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2 OBJETIVOS________________________________________________________

2.1 OBJETIVO GERAL

Identificar fatores de risco para o câncer de mama em uma população de

mulheres no município de Aracaju-Se.

2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar os fatores demográficos relacionados ao câncer de mama;

• identificar os fatores genéticos para o câncer de mama;

• verificar os fatores ginecológicos e obstétricos relacionados ao câncer

de mama;

• verificar o uso de carcinogênicos químicos ligados ao câncer de mama;

• averiguar hábitos de vida que ponham em risco as mulheres

entrevistadas para câncer de mama.


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3 REVISÃO DA LITERATURA___________________________________________

3.1 INCIDÊNCIA DO CÂNCER DE MAMA

O câncer de mama é o tumor mais incidente nas mulheres nos Estados

Unidos, Canadá, Noruega, Cuba, Índia, Suécia, Austrália e Brasil e, o segundo no

Equador, Argélia e Japão (LOPES et al. 1996).

A incidência do câncer de mama evidencia uma alta taxa de câncer nos

países desenvolvidos, o que pode estar relacionado a hábitos alimentares,

sedentarismo, reduzido número de filhos, gravidez tardia, uso de contraceptivos

orais, sendo estes, identificados como fatores de risco. Porém, a taxa de incidência

é baixa mesmo em países desenvolvidos como o Japão (THULER, 2003).

Estudos epidemiológicos mostraram diferença de cinco vezes na taxa de

câncer de mama entre as mulheres japonesas e norte-americanas (BRUNNER;

SUDDART 2002).

Segundo Lopes (1996), na América Central a taxa de incidência de câncer

de mama por 100.000 mulheres foi de 35.1 no ano de 1986, correspondendo a

20.6% do total dos cânceres.

Na América do Norte, nos Estados Unidos, 1983-1987, a incidência foi de

104.2 por 100.000 na população branca e 81.6 na população negra. E no Canadá

76.1 (BASEGIO, 1998).

No continente europeu, na Itália na região da Lombardia de 1983-1987, o

câncer de mama apresenta 28,2% entre todos os cânceres malignos, com uma taxa
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de incidência de 104.3 por 100.000. Na Suécia, o câncer de mama correspondeu a

25% de todos os cânceres, com uma taxa de incidência de 107.1, por 100.000

(LOPES, 1996).

No continente asiático, observou-se na Índia no período de 1983-1987,

uma taxa de 24.6 por 100.0000 e, na China 21.2 (BASEGIO, 1998). No Japão, em

Hiroshima, nos anos de 1981-1987, o câncer de mama feminino correspondeu a

13.7% do total dos cânceres e apresentando uma taxa de incidência de 30.1 por

100.000 (LOPES, 1996).

Lopes (1996) afirma que na África, na Argélia no período de 1986-1989,

verificou-se uma taxa de incidência de 4 por 100.000.

O mesmo autor afirma que na Oceania-Austrália o câncer teve uma taxa

de 53.3 por 100.000, o que correspondeu a 25.1 de todos os cânceres.

Na América do Sul, em Quito no período de 1985-1990 a taxa foi de 14.3

por 100.000. No BRASIL, a taxa de incidência por região/cidade corresponde a:

Região Norte-Belém, 1989, taxa de 20.3; Região Nordeste-Fortaleza, 1985,

incidência de 31.7; Região Centro-oeste-Goiânia, 1991, a taxa foi de 21.7; Região

Sudeste-São Paulo, 1978 a taxa correspondeu a 53.8 e por último a Região Sul-

Porto Alegre, 1991, taxa de 70.2 por 100.000 (LOPES, 1996).

3.2 TAXA DE MORTALIDADE

O câncer de mama foi a primeira causa morte evidenciado no Canadá no

ano de 1992 (THULER, 2003). Basegio (1998), afirma que o câncer de mama é
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responsável por 60.000 óbitos anuais nos países da Comunidade Européia e 46.000

nos Estados Unidos.

No Brasil, a incidência de mortalidade, segundo o Instituto Nacional de

Câncer-INCA (2003), no período de 1979-1983 significou uma percentagem de

13,73% e, entre os anos de 1995-1999 apresentou uma taxa de mortalidade de

15,55%, representando a primeira causa morte entre todos os cânceres femininos.

Em Sergipe, segundo o mesmo instituto, no período de 1979-1983, o

câncer de mama figurava como segunda causa morte entre os cânceres

representando uma taxa de 13,98% , já no período de 1995-1999 o câncer de mama

torna-se a primeira causa morte entre todos os cânceres femininos com uma taxa

de mortalidade de 16,64%.

Foram registrados em Sergipe, no ano 2000, 48 óbitos por câncer de

mama. Em 2001, ocorreram 62 óbitos. Em 2002 e 2003 foram registrados,

respectivamente, 53 e 69 óbitos por Câncer de mama. Dessa forma, em 4 anos, foi

registrado, em Sergipe, um total de 232 óbitos por câncer de mama, em uma

população de um pouco mais de um milhão e meio de habitantes. (Secretaria do

Estado da Saúde de Sergipe-SES/Se, 2004).

3.3 FATORES DE RISCO

O termo risco refere-se à probabilidade de um evento que não se deseja

ocorrer. Do ponto de vista epidemiológico, o termo é utilizado para definir a

probabilidade de indivíduos sem uma certa doença, mas expostos a determinados


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fatores, adquiram esta moléstia. Os fatores associados ao aumento de risco de se

contrair uma doença, são chamados fatores de riscos (BRASIL, 1993).

A medida do risco é feita por meio de cálculos de riscos relativos ou

razões de riscos. O risco relativo (RR) igual a 1 significa que a probabilidade de

desenvolver a doença é a mesma que a população não exposta ao fator em

questão. Risco relativo maior que um, o indivíduo tem uma probabilidade

aumentada. E o risco relativo menor que um indica um fator de proteção ou ausência

de risco (THULER, 2003).

Basegio (1998), afirma que risco levemente aumentado encontra-se ente

RR= 1,6 a 2,0. Risco moderadamente aumentado entre RR= 4 a 5 e alto risco RR>7.

Os fatores de riscos para o câncer podem ser resultantes das células

normais -RNAm e DNA- e determinados por fatores etiológicos físicos, químicos e

biológicos (RAMOS JÚNIOR, 1984, p.3).

Para isto, é preciso considerar o conceito de período de latência, isto é, o

período compreendido entre a exposição ao fator de risco e o aparecimento da

doença clinicamente diagnosticável (BRASIL, 1993, p.37).

Segundo o Ministério da Saúde, Brasil (1993, p.38), os agentes

cancerígenos podem ser classificados como iniciadores e promotores, se causam

danos diretamente na célula ou estimulam a taxa de crescimento.

A etiopatogênese do câncer de mama tem vários fatores de risco, entre eles

o uso de carcinogênico químico como a reserpina, medicamento anti-hipertensivo,

entretanto, a mutagênese se acentua se a exposição ocorrer pouco antes ou durante

a síntese de DNA no ciclo celular (PAOLA 1981; MONTORO, 1984).


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Outras drogas usadas comumente têm sido atribuídas como possíveis

promotoras de câncer mamário incluindo a metildopa, a fenotiazina, a d-anfetamina,

alguns antidepressivos e algumas anti-histaminas (MONTORO, 1984, p.84).

Outros exemplos de carcinogênicos químicos que causam câncer de

mama segundo Ramos (1984, p.211), são:... uretano , dimetilbenzoantraceno e

metilcolatreno.

Minton apud Montoro,(1984); Basegio,(1998), incluem como

carcinogênicos, e ou como causador de doença fibrocística as metilxantinas (café,

refrigerantes, chá e chocolate).

Outra questão ainda apresentada é relativa aos corantes de cabelos

atuarem como cancerígenos da mama.Tais corantes testados em animais de

laboratório são: 2,4 sulfato de diamino-anizole, 4 amino-2 nitrofenol, nitro-1,4-

fenilenediamino e tolueno-diamino acetado de chumbo. Todos essas substâncias

são encontradas em alguns corantes permanentes de cabelos, alguns

semipermanentes, alguns rinses e alguns produtos para tornar os cabelos cinzentos.

Este fato, porém, não quer dizer que essas substâncias são realmente

cancerígenas. Entretanto, serve de alerta (MONTORO, 1984).

Segundo Piato (1995), o uso prolongado por mais de quatro anos de

contraceptivos orais nas mulheres no período da pré-menopausa aumenta o risco de

desenvolvimento de câncer mamário e este risco é inalterado nas demais que

usaram por pouco tempo.

Para Miller et al citado por Basegio (1998), o risco para as mulheres que

utilizaram contraceptivos orais por mais de dez anos apresentou-se quatro vezes

maior que àquelas que não utilizaram. Em outros estudos, os mesmos autores

encontraram risco baixo ou nenhum risco, deixando em contradição se o uso de


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contraceptivos orais tem realmente uma associação positiva para o câncer de

mama. Em suas conclusões os referidos autores afirmam que não existe associação

entre o uso de contraceptivos orais e câncer de mama.

Porém, Brunner; Suddart (1998), referem que há um aumento de risco

para quem usa contraceptivos, diminuindo bruscamente após a interrupção do

medicamento.

Black e cols. referidos por Montoro (1984), fizeram um estudo em

subgrupos de mulheres em que o risco é elevado, ou seja com antecedentes

familiares de neoplasia mamária, aliado à nuliparidade, evidenciando um risco duas

vezes maior pelo uso de contraceptivos.

Conforme Speroff (1995), os anticoncepcionais orais não aumentam o

risco de câncer de mama em mulheres com história familiar de câncer ou de

mulheres com doenças mamárias benignas. O mesmo autor afirma que o uso por

mais de dois anos há uma proteção contra as doenças benignas da mama.

Entretanto, para as mulheres na pré-menopausa com menos de 40 anos ou

naquelas entre 40 e 54 anos e sem história familiar, ele afirma que pode haver um

impedimento do desenvolvimento do câncer mamário.

Outro fator que pode influenciar é o consumo de gordura animal, ou seja,

dieta rica em gordura animal aumenta o risco relativo para o câncer de mama, bem

como dieta rica em carboidrato, amido e carne vermelha (BASEGIO, 1998).

Piato (1995), mostra que o consumo alimentar de gordura não ocasiona

diminuição na incidência de câncer mamário e, por isso, não há um fator positivo.

Segundo Halbe (1998), as dietas ricas em gorduras levariam a um aumento na

conversão de andrógenos em estrógenos, estas dietas promoveriam o crescimento


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de bactérias no intestino grosso, bactérias estas capazes de converter o colesterol

em estrógenos os quais estariam envolvidos na etiologia do câncer de mama.

Lopes (1996), evidencia que o papel da dieta concerne um aumento de

1,5 a 2 vezes a incidência de câncer de mama, verificado apenas em mulheres pós-

menopausa.

O consumo de carne vermelha tem sido considerado um fator de risco

importante para câncer de mama, com um risco relativo de 4,2. Estudos têm

demonstrado que o efeito carcinogênico tem sido mediado pelas aminas

heterocíclicas (BASEGIO, 1998).

O consumo de álcool é considerado um fator controvertido, não podendo

distinguir se há ou não risco para câncer de mama (LOPES, 1996; BRUNNER;

SUDDART, 1998; HALBE 1998). Piato (1995) citando Willet e Cols (1987) refere que

baseando no estudo prospectivo de 8953 usuários de bebidas alcoólicas com idades

entre 34 e 59 anos apontou que o câncer mamário esteve 50% mais elevado

naquelas mulheres que consumiram uma quantidade moderada de cerveja, vinho e

de licor em comparação com aqueles que tiveram consumido pouca ou se tornaram

abstêmias.

Basegio (1998), encontrou também associação positiva entre o câncer

mamário e a ingestão de álcool, e, verificou que quanto maior a ingestão de álcool,

maior seria o risco relativo encontrado, sendo que foi considerada uma alta ingestão

a partir de três drinques por semana.

O fumo segundo Basegio(1998); Lopes et al.(1996), apresenta resultados

contrastantes, não podendo discernir se há realmente um fator protetor ou

carcinogênico.
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A predisposição genética é um fator bem conhecido. Estudos

demonstraram que existe a síndrome familial do câncer (RAMOS JÚNIOR, 1984,

p.211).

Tokuata (1969) citado por Piato (1995, p.125): analisando 620 filhas de

mulheres afetadas (com câncer) e grupo controle, verificou que a incidência do

carcinoma mamário foi 4,6 vezes mais elevada no grupo com antecedente da

doença.

Demonstrando, dessa forma, que existe um risco relativo maior para o

desenvolvimento do câncer mamário nas mulheres com histórias de câncer em

familiares. Lipnick e cols (1984), Floders (1990) apud Piato (1995) evidenciaram que

o risco relativo para aquelas que têm antecedentes familiares é maior que o dobro

na população em geral. Para Halbe (1998), o risco relativo aumenta de acordo com

a história de câncer familiar bilateral ou apenas em uma das mamas na pré-

menopausa. Se tiver câncer bilateral, o risco encontra-se entre dois e quatro.

Segundo Lipnick e cols (1984) apud Piato (1995), numa pesquisa

realizada em mulheres irmãs de afetadas na pré-menopausa encontram risco

relativo 3. Sendo que, à medida que o parentesco fosse se afastando, o risco

relativo ia diminuindo.

Ainda sobre risco hereditário, deve-se observar e ou avaliar a história

familiar paterna, na qual o homem é quem vai transmitir as síndromes de tumores

hereditários (BASEGIO, 1998).

Segundo Piato (1995, p. 125), alguns estudos têm evidenciado que

mulheres cuja menarca ocorreu antes dos doze anos de idade apresentaram maior

risco para desenvolver carcinoma mamário. Para Halbe (2000), o risco relativo

encontra-se entre 1.1 e 1.9. Brunner; Suddart (1998), afirmam que o risco é alto.
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A idade da menopausa é outro fator que pode aumentar o risco, Piato

(1995), afirma que mulheres que tiveram a menopausa após os cinqüenta e cinco

anos de idade, o risco é o dobro em relação àquelas que tiveram a menopausa

antes dos quarenta e cinco anos. Brunner; Suddart (1998), referem que a

menopausa após os cinqüenta anos aumenta o risco em relação àquelas que

fizeram ooferectomia antes dos trinta e cinco anos de idade. Para Halbe (1998), o

risco para quem não fez ooferectomia situa-se entre 2 ou 4. Segundo Health Canada

apud Thuler (2003), se a realização da ooferectomia for após os 40 anos, o risco

relativo encontra-se entre 1,1-2,0.

A nuliparidade é um fator bastante relatado na literatura. Para Montoro

(1984. p.82), a importância de ter dado à luz a uma criança é ressaltada pela alta

incidência de câncer de mama entre as freiras. As nulíparas apresentaram risco

relativo 3 vezes maior do que aquelas que tiveram pelo menos um filho. Entretanto,

a magnitude do risco varia entre as pesquisas, por exemplo, para Abrão (1995) e

Basegio (1998), o risco é baixo. Para Helth Canada apud Thuler (2003), as nuliparas

têm risco relativo de 1,1-2,0 em relação as que tiveram filhos.

A primiparidade tardia apresenta, também, risco relativo variado entre as

pesquisas realizadas por diversos autores, encontrando-se um risco de médio a alto.

Para Abrão (1995); Brunner; Suddart (1998) e Basegio (1998), há um risco médio.

Halbe (1998), salienta que o risco encontra-se entre 2 e 4 em relação às mulheres

que tiveram filhos com menos de 20 anos de idade.

Brinton e cols (1983) apud Piato (1995), encontraram risco relativo de 4 a

5 vezes em relação às mulheres que tiveram seu primeiro filho com menos de 18

anos de idade. Montoro (1984), apontou risco 4 em suas pesquisas e afirmou que há

um risco decrescente até 28 anos para o primeiro parto. E, após esta época, e até
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cerca de 34 anos o primeiro parto acarreta risco 4, sendo superior o risco em relação

às nulíparas.

Segundo Lopes (1996), as mulheres solteiras e casadas sem filhos

tinham os mesmos riscos aumentados em 1,4 vezes em relação às mulheres

casadas e com filhos. O mesmo autor afirma que em uma pesquisa realizada em

Shangai foi observado um fator protetor para as mulheres que tiveram mais de cinco

filhos, entretanto o fator protetor resulta de uma gestação a termo em mulheres com

idade precoce.

O papel da amamentação na proteção do câncer de mama ainda não está

totalmente esclarecido. Em uma pesquisa realizada na China, em uma população

em que havia uma longa duração no período de amamentação, foi observada uma

redução do risco em 30% para cada cinco anos de amamentação (Handerson apud

LOPES, 1996).

A lactação para Montoro (1984), não tem nenhuma influência no

desenvolvimento de câncer de mama.

A atividade física tem sido considerada como fator de proteção, por

permitir a redução dos níveis de estrogênio e progesterona, e conseqüentemente, a

baixa atividade física entre as mulheres aumenta o risco relativo para o câncer.

(Handerson apud THULER, 2003).

A obesidade pode ser definida como mais de 27% de gordura na

constituição corpórea em mulheres e que de acordo com Wajehenberg (1992), está

relacionada a um aumento na incidência de câncer de mama.

A obesidade segundo Brunner; Suddarth (1998), é um fator de risco fraco

após a menopausa. Para Basegio (1998); Lopes (1996) a obesidade após a

menopausa é um fator positivo associado ao câncer. Em se tratando da fase adulta


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a relação aumento de peso e altura são fatores determinantes para o câncer de

mama.

As mulheres que apresentam massa corpórea acentuada possuem maior

risco de desenvolver o câncer de mama, sendo que, a correção da obesidade é

medida capaz de diminuir o risco (PIATO, 1995). Montoro (1984), afirma que há um

aumento do risco de 2 vezes para as obesas.

Através dos valores do peso (Kg) e altura (M) pode-se chegar a índices

que expressam a obesidade, sendo que o índice mais difundido é o Índice de Massa

Corporal (IMC), conceituando-se como pesado IMC >25 e <30 e como obeso >30 e

<40 e obesidade mórbida índice superior a 40 (WAJEHENBERG, 1992; ANJOS,

1992).

O IMC pode ser calculado através da relação peso e altura, onde o IMC=

P/M2, sendo o peso (P) expresso em quilogramas e a altura em metros (M).

Os fatores demográficos incluem a idade, local de residência, nível

socioeconômico, grau de escolaridade, estado civil, raça (ABRÃO, 1995; BASEGIO,

1998). Os fatores demográficos para os autores supra citados, com exceção de

Basegio (1998), que considera um risco moderado, são considerados leves,

especialmente, as mulheres que vivem na zona urbana, que têm um alto grau de

escolaridade, nunca se casaram e têm cor branca.

Para Montoro (1984); Abrão (1995); Halbe (1998); Brunner; Suddart

(1998); Basegio (1998), Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia de Minas Gerais-

SOGIMIG (2000) a idade é um importante fator de risco, porque o câncer de mama

manifesta-se em pessoas idosas, principalmente, a partir da menopausa.

Para Basegio (1998), o câncer ocorre mais em mulheres de alta renda

familiar e elevada escolaridade. O mesmo autor afirma que em um estudo realizado


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em Pelotas-Rio Grande do Sul (RS), mostrou que as mulheres que tiveram oito ou

mais anos de escolaridade apresentarem risco relativo para o câncer de mama de

2,3, comparadas as que não tiveram educação.


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4 METODOLOGIA____________________________________________________

4.1 TIPO DE ESTUDO

O método utilizado neste estudo foi o quantitativo, por expressar através de

números, segundo Galileu apud Koche (2001, p.53) respostas concretas e

mensuráveis, quantitativamente, de uma amostra da população com possíveis

fatores de riscos.

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo foi o Território-área da Unidade de Saúde da Família

Ministro Costa Cavalcante. Segundo a Organização Pan-americana de Saúde

(OPAS, 2004), a área de abrangência de uma unidade de saúde é a área que se

delimita em função do fluxo e contra-fluxo de trabalhadores de saúde e da

população num determinado território. Esta unidade está situada na cidade de

Aracaju, na Avenida Tancredo Neves, sem número. Tem uma área assistencial que

atinge o Conjunto Inácio Barbosa, conjunto Jardim-Esperança, Loteamento Poxim,

Invasão Pantanal.

O território-área dessa Unidade de Saúde é subdividido em dez territórios

micro-área, ou seja, uma subdivisão do território-área, o qual é definido segundo a


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lógica da homogeneidade sócio-econômico sanitária, isto é, a identificação de

espaços onde se encontram grupos populacionais mais ou menos homogêneos de

acordo com suas condições objetivas de existência (OPAS, 2004). Esse território

está próximo ao conceito de “áreas homogêneas de risco”. Cada Território micro-

área é devidamente cadastrado pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS), através

das fichas de cadastro das famílias (Ficha “A”), a qual permite à equipe de saúde

conhecer as condições de vida das pessoas na sua área de abrangência e melhor

planejar suas ações. A ficha “A” contém dados sobre o número de pessoas que

compõe a família, a idade, o sexo, os perfis de alfabetização e outros (OPAS, 2004).

O território micro-área 01 corresponde às ruas: Marte, Júpiter, Vênus,

Plutão; micro-área 02 ruas: Saturno, L, N e Flamboyant; micro-área 03: Urano, M, O,

P, Tv. Urano, Tv . O, Avenida Universo; micro-área 04: Copérnico, Ptolomeu,

Netuno, Mercúrio, Tv. Mercúrio e Copérnico, Av. Universo; micro-área 05: Pantanal,

Ivan G. de Freitas, O e Santo Expedito; micro-área 06: Av. Pantanal e rua O; micro-

área 07: rua 19, 14, Ivan Gomes, Tv.14; micro-área 08: Av. Presidente Tancredo

Neves, Vidal de Negreiros, Carlos Gomes, Prof. Sebrão Sabino, Pe. Anchieta,

Castro Alves, Olavo Bilac, Gonçalves Valença, Gonçalves dias, Victor Meireles,

Cecinha Vieira, Alexandre Gusmão, José de Alencar, Adroaldo Campos, Pc.

Tiradentes, Tv. Casimiro de Abreu, Av. Cecília Meireles; micro-área 09: Carlos

Gomes, Euclides da Cunha, Cecília Meireles, Mário de Andrade, Machado de Assis,

Olavo Bilac, José Campos, Oswaldo Cruz, Rui Barbosa, Zumbi dos Palmares, Isaac

Shuster, Saldanha da Gama, Adroaldo Campos, Vidal de Negreiros, Pc. Tiradentes,

Tv. Casimiro de Abreu, Castro Alves e José de Alencar; micro-área 10: Rua H, Tv. H,

Rua Ministro Apolônio Sales, Eng. Antônio José A. de Souza, Av. Tancredo Neves,

Rua F, B, K e M.
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A Unidade de Saúde dispõe de 6 consultórios, sala para nebulização,

curativos, imunização, esterelização, depósito, almoxarifado, copa, farmácia, sala da

administração, arquivo, marcação de exame, sala de espera, área com bastante

espaço e 3 banheiros, sendo um para deficiente.

Possui duas equipes do Programa de Saúde da Família, e uma em

formação. A escolha desta Unidade de Saúde deveu-se à facilidade de coleta de

dados, e por ter constituído campo de estágio curricular.

4.3 UNIVERSO E POPULAÇÃO

O universo de estudo foi à área de abrangência da Unidade de Saúde da

Família Ministro Costa Cavalcante que segundo o Sistema de Informação de

Atenção Básica (SIAB) de 10/05/2004 tem uma população de 6745 habitantes

cadastrados. A população a ser pesquisada corresponde às mulheres entre 40 e 49

anos de idade, a qual segundo o mesmo sistema é composta de 692 mulheres.

A escolha de mulheres na faixa etária de 40 e 49 anos deu-se porque,

aproximadamente, 85% das mulheres com câncer de mama têm idade superior a 40

anos, demonstrando o grande risco nessa faixa etária.

4.4 AMOSTRAGEM
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Foi realizada uma amostragem probabilística equiprovável a qual segundo

Cruz (1978), permite a seleção ao acaso das unidades correspondente a fração do

universo do estudo (uma amostra dimensionada), o que confere igual probabilidade

do fenômeno pesquisado.

Aplicou-se uma equação de dimensionamento de amostra com base na

proporção de mulheres cadastradas entre 40 e 49 anos e o total de pessoas

cadastradas pelos agentes comunitários de saúde, de acordo com as informações

do SIAB. A equação de dimensionamento da amostra utilizada foi:

Onde n é diretamente proporcional ao quadrado do nível de confiança z,

coeficiente padronizado o qual corresponderá a 90%, coeficiente z=1,65;

diretamente proporcional a P (proporção de ocorrência da característica);

diretamente proporcional a Q (proporção de não ocorrência) e inversamente

proporcional ao erro relativo, nessa pesquisa foi utilizado um relativo igual a 5%

CRUZ (1978). A partir desta equação temos que z2 = 2,7556; P= 692/6745; Q=

6653/6745; Er2= 0,0025, portanto n= 2,7556 . 0,102. 0,897/ 0,0025. O que

correspondeu a 100 mulheres entrevistadas.

Para escolha da amostra entrevistada, primeiramente, separou-se todas as

fichas “A” de cada território micro-área referentes às mulheres com faixa etária de 40

e 49 anos. De cada território micro-área sorteou-se dez Fichas “A”, o que

correspondeu à proporção de 10 mulheres para cada micro-área, totalizando 100

mulheres, correspondente à amostra.


31

4.5 TÉCNICA E INSTRUMENTO DE COLETA

A técnica utilizada na coleta dos dados foi a entrevista estruturada ou

padronizada, ou seja, aquela em que o entrevistador segue um roteiro pré-

estabelecido (MARCONI, 1999).

O motivo pelo qual se escolheu a entrevista estruturada é que através

dela obtém respostas às mesmas perguntas, permitindo comparação entre o

conjunto de perguntas e que as diferenças entre as respostas devem refletir

diferenças entre os respondentes (Lody, 1974 apud MARCON, 1999).

O instrumento de coleta de dados foi o formulário porque segundo

Nogueira (1968) apud Marconi (1999), o preenchimento é feito pelo próprio

investigador e a coleta de dados poderá ser resultante de um interrogatório. O que

condiz com a pretensão da pesquisa.

Além disso, a presença do pesquisador permite explicar o objetivo da

pesquisa, bem como orientar o preenchimento do formulário, esclarecendo os

significados das perguntas (MARCONI, 1999).

Ainda como instrumentos de pesquisa foram utilizadas uma balança

previamente aferida e uma fita métrica. Estes instrumentos permitiram identificar

mulheres obesas, através dos valores de peso e altura do mesmo

(WAJEHENBERG, 1992; BRUNNER; SUDDART, 2002).

Para realizar a coleta de dados, os Agentes Comunitários de Saúde

(ACS) agiram como elo de ligação entre o pesquisador e o sujeito pesquisado, já


32

que eles são moradores e conhecedores de suas respectivas micro-áreas. Para

obtenção da pesquisa foi realizado visita domiciliar das mulheres sorteadas nas

fichas “A” e as visitas eram acompanhadas pelos ACS.


33

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS__________________________________


34

A epidemiologia do câncer de mama, em Aracaju, revelou que, em 1996,

houve 90 casos, sendo a segunda causa de incidência entre todos os cânceres. Em

2003, houve 41 mortes por câncer de mama. Estudos epidemiológicos demonstram

que há fortes evidências que esta neoplasia seja influenciada por fatores ambientais,

estilo de vida, práticas dietéticas, sociais e culturais especificas.

Neste estudo, foi realizada uma entrevista que permitisse identificar os

fatores de risco associados à neoplasia mamária em um grupo de mulheres. A

amostragem foi de caráter aleatório, não permitindo tendenciosidade na identificação

desses riscos na população escolhida.

Acredita-se que a identificação dos fatores de risco pode evidenciar uma

melhor compreensão dos mecanismos envolvidos no aparecimento dessa doença.

Desta maneira, a análise aponta certas considerações importantes a serem

destacadas sobre cada conjunto de fatores pesquisados. Porém, vale a pena

destacar que na maioria das mulheres existem variáveis que atuam em combinação

para determinar este risco.

5.1 FATORES DEMOGRÁFICOS

Por se tratar de uma população que reside em uma zona urbana

apresenta um risco de 1,1-2,0, em relação à população rural, o que se pode

considerar uma probabilidade aumentada para o desenvolvimento da doença

( Health Canada apud Thuler, 2003).


35

5.1.1 IDADE

A idade das mulheres entrevistadas variou de 40 a 49 anos, com média

de 43,98 anos, sendo que 67% (67) tinha de 40 a 45 anos e trinta e três 33% (33) de

46 a 49 anos. Sabe-se que o câncer de mama apresenta maior risco em pessoas

idosas, e que a magnitude do risco aumenta, à medida que há um avanço na idade

(THULER, 2003; PAULINELLI 2003; HALBE,1998; BASEGIO,1998).

I d a d e d a s M u lh e r e s
16

14%
14

12%
12
11% 11%
10%
10
Freqüências

9% 9% 9%
8%
8
7%

0
40 41 42 43 44 45 46 47 48 49
Id a d e d a s M u lh e re s

Figura 1: Distribuição das Mulheres de Acordo com a Idade


Fonte: Dados da Pesquisa, Aracaju/2004

5.1.2 ESTADO CIVIL


36

Cerca de 18% (18) da amostra referiu ser solteiras (ver Figura 2), o que

para Halbe (1998); Basegio (1998), aumenta o risco em relação àquelas que

permaneceram casadas, 68% (68). Entretanto, para Lopes (1996), o papel da

gravidez no risco para câncer de mama explica que as mulheres solteiras e casadas

nulíparas tinham o risco aumentado em uma mesma magnitude, portanto, não

importando o estado civil, mas o aumento da paridade o qual é um fator protetor.

Estado Civil das 100


Mulheres entrevistadas

divorciada; 9%

viúva; 5%

O estado civil está representado na Tabela 2.


solteira; 18%

casada; 68%

Figura 2: Distribuição do Estado Civil


FONTE: Dados da Pesquisa, Aracaju/2004

5.1.3 Raça
37

Em relação à raça das mulheres entrevistadas, 27% (27) responderam

que era de raça branca, 10% (10) de raça negra, 62% (62) de raça parda e 1% (1)

respondeu que era indígena.

A raça branca em relação à raça negra apresenta aumento de risco

pequeno, porém esse risco não pode ser considerado desprezível (HALBE, 1998;

ABRÃO, 1995). Já para Basegio (1998), a raça branca tem um risco

moderadamente aumentado, portanto está entre o risco de 4,0-5,0.

Conclui-se que 27% (27) da população está em um risco que se pode

considerar de leve a moderadamente aumentado.

Raça das 100


Mulheres entrevistadas

indígena; 1%

branca; 27%

parda; 62%
negra; 10%

Figura 3: Distribuição segundo Raça das mulheres entrevistadas


FONTE: Dados da pesuqisa, Aracaju/2004.

5.1.4 ESCOLARIDADE
38

Em relação à escolaridade 83% (83) disseram ser alfabetizadas, 35% (35)

tem primeiro grau completo e 20% (20) tem segundo grau completo (ver Figura 4).

Um estudo, realizado em Pelotas-RS, mostrou que as mulheres que

tiveram oito ou mais anos de escolaridade apresentaram risco relativo para o câncer

de mama de 2,3, comparadas as que não tiveram educação (BASEGIO, 1998).

Nível Educacional das


100 Mulheres entrevistadas

mestrado; 1%
superior incompleto; 10% nenhum; 17%

FONTE: Dados da pesquisa/2004

segundo grau completo; 20%


Cerca de 58% (58) concluíram o primeiro grau, o que as colocam em

primeiro grau incompleto; 35%


primeiro grau completo; 13%

segundo grau incompleto; 4%

Figura 4: Distribuição do Nível educacional das mulheres


FONTE: Dados da Pesquisa, Aracaju/2004

Para Basegio (1998), o alto grau de escolaridade e alta renda familiar

podem resultar em idade tardia para o primeiro filho, aumentado o risco em duas
39

vezes se comparada com as mulheres que tiveram o primeiro filho antes dos 18

anos. Nota-se, contudo, assim como o estado civil, importa o papel da gravidez no

câncer.

Aplicando-se um teste de estatística não-paramétrica1 provou-se através

desta pesquisa que há relação entre as variáveis: grau de escolaridade e idade que

teve o primeiro filho (ver Quadro 1).

Quadro 1: Teste de Mediana, Nível Educacional

Saída do Statistica versão 6.0 – Teste da Mediana


superior
primeiro segundo primeiro segundo mestr
nenhum incomple Total
incompleto incompleto completo completo ado
to
<= da
12 20 3 9 7 4 1 56
Mediana
> da
5 15 1 4 13 6 0 44
Mediana
Total 17 35 4 13 20 10 1 100

Teste da Mediana, Overall Median = 20,0000; Idade que teve o Primeiro Filho
Variável dependente: Idade que teve o Primeiro Filho
Variável independente: Nível Educacional
Chi-Square = 8,400685, df = 6, p = ,2102 (P – valor), nível de significância: p = 0,05
(P – crítico).
Qui – Quadrado tabelado = 12,592 – calculado < tabelado ( não existe
diferença).

1
OBS: Este é um teste Não - Paramétrico denominado Teste da Mediana que é utilizado para indicar
se é provável se os dois grupos independentes provenham de populações com a mesma mediana,
provando se há ou não diferença entre as medianas (se há ou não relação entre as variáveis).
O Teste da Mediana foi calculado pelo Software STATISTICA versão 6.0 . Para chegar a conclusão
no Teste da Mediana foi comparado o P – valor com o P – critico (0,05) e também o Qui-Quadrado
(Chi-Square) calculado com o Qui-Quadrado tabelado. O nivel de significância considerado é o de 5%
(0,05).

HIPÓTESE:
H0: Não existe diferença entre o Nível Educacional e Idade que teve o Primeiro
Filho
H1: Existe diferença entre Nível Educacional e Idade que teve o Primeiro Filho
40

p = 0,2102

O p – valor é maior que o p – crítico

De acordo com o referido teste constatou-se que não há diferença entre

as medianas, então existe relação entre as variáveis.

De acordo com o referido teste constatou-se que não há diferença entre

as medianas, então existe relação entre as variáveis.

Prova-se também que há relação entre quantidade de filhos e nível

educacional.

Quadro 2: Teste de Mediana, Nível Educacional

Saída do Statistica versão 6.0 – Teste da Mediana


superior
primeiro segundo primeiro segundo mestrad
Nenhum incomple Total
incompleto incompleto completo completo o
to
<= da
10 20 4 10 17 8 1 70
Mediana
> da
7 15 0 3 3 2 0 30
Mediana
Total 17 35 4 13 20 10 1 100

Teste da Mediana, Overall Median = 3,00000; Quantidade de filhos


Variável dependente: Quantidade de Filhos
Variável independente: Nível Educacional
Chi-Square = 8,824915, df = 6, p = ,1837 (P – valor), nível de significância: p = 0,05
(P – crítico)
Qui – Quadrado tabelado = 12,592 -– calculado < tabelado ( não existe
diferença)
HIPÓTESE:
H0: Não existe diferença entre o Nível Educacional e Quantidade de Filhos
H1: Existe diferença entre Nível Educacional e Quantidade de Filhos

p = 0,1837

O p – valor é maior que o p – crítico


Concluindo-se que não há diferença entre as medianas, então existe

relação entre as variáveis.


41

O que pode sugerir que um alto nível educacional pode relacionar-se com

um número pequeno de filhos, o que poderia aumentar o risco.

5.2 FATORES GENÉTICOS

Em se tratando dos antecedentes familiares de câncer de mama, 10%

(10) das entrevistadas respondeu que teve parentesco em relação à pessoa afetada.

Dessas, 30% (3) responderam que a mãe foi à pessoa afetada, 10% (1) a irmã e

60% (6), responderam que tiveram outro parente (ver Figura 5).

A tendência familiar para quem tem parentes mulheres com câncer de

mama para Speroff (1995), é um aumento de duas a três vezes em relação à

população em geral, logo 10 mulheres encontram-se em uma probabilidade de risco

aumentada.

O grau de parentesco para o mesmo autor demonstra que aquelas que

tiveram a mãe ou irmã como


Grau pessoa afetada com
de Parentesco 4% (4) têm mais risco em relação as
a pessoa
afetada com Câncer de Mama
que tiveram outro parente afetado, como, por exemplo, uma tia.
mãe; 3%
O câncer de mama bilateral
irmã; 1% foi citado por 4% (4) da população, o que
outro parente; 6%

para Halbe (1998), aumenta o risco em relação a quem teve parente com câncer e

que afetou apenas uma das mamas, e este risco encontra-se entre 2 e 4.

não teve parente com câncer; 90%


42

FIGURA 5: Distribuição do Grau de Parentesco com a Pessoa Afetada com


Câncer de Mama
FONTE: Dados da Pesquisa, Aracaju/2004

5.3 FATORES GINECOLÓGICOS E OBSTÉTRICOS

5.3.1 MENARCA PRECOCE


I d a d e d a P r im e ir a M e n a r c a
20

18%
18
17%

16
A idade média da menarca foi de 13,05 anos,
16% observou-se
16% que em 4% (4)
15%

das 1mulheres
4 a menarca ocorreu antes dos onze anos, 15% (15) com onze anos e
Freqüências

12
45% (45) a partir dos treze anos (ver Figura 6).
10

8
7%

4%
4
3%
2%
2
1% 1%
0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
P rim e ira M e n a rc a
43

Figura 6: Distribuição da Idade da Primeira Menarca


FONTE: Dados da Pesquisa, Aracaju/2004

O valor zero (0) quer dizer que entre as 100 Mulheres entrevistadas 2 ( duas – 2%)
não souberam responder a Idade que ocorreu a primeira Menarca.

Para Basegio (1998), as mulheres que tiveram menarca antes dos 12

anos, ou seja, 19% (19), têm cerca de 50% (50) a mais de chances de desenvolver o

câncer de mama em relação às mulheres que tiveram a menarca com 15 anos ou

mais. Para o mesmo autor, o aumento do risco se dá em virtude de as mulheres

ficarem mais tempo expostas ao estrogênio.

E para Paulinelli (2003), é postulado haja uma diminuição de risco para

câncer de mama em 5% para cada ano de atraso da menarca.

5.3.2 PARIDADE E AMAMENTAÇÃO


44

Entre as 96 mulheres que gestaram a média de filhos foi de 3,31.

Observou-se que 68% das mulheres tiveram 3 ou mais gestações, a idade média da

primeira gestação foi de 20,35. Verificou-se reduzida nuliparidade 4% (4) (ver Figura

7). Elevada prevalência de primiparidade entre 18 e 27 anos (66%) e 5% (5) das

mulheres tiveram filhos com idade superior a 31 anos.

Q u a n t id a d e d e f ilh o s e n t r e a s
1 0 0 M u lh e r e s e n t r e v is ta d a s
40
38%

35

30
Freqüências

25
22%

20
18%

15

10
6%
5 4% 4%
3%
1% 1% 1% 1% 1%
0% 0% 0%
0
0 2 4 6 8 10 12 14
Q u a n tid a d e d e filh o s n a s c id o s v iv o s

Figura 7: Distribuição da Quantidade de Filhos Nascidos Vivos


Fonte: Dados da Pesquisa/2004

O valor zero (0) quer dizer que entre as 100 Mulheres entrevistadas 4 ( quatro – 4%)
responderam que não tem filhos.

Na população pesquisada, 55% (55) teve filhos com mais de 20 anos o

que para Lopes (1996), aumenta o risco em cerca da metade em relação as que

tiveram filhos antes dos 20 anos. E 9% (9) teve filhos com mais de 28 anos o que

para Montoro (1984), aumenta o risco em até 4 vezes. Segundo Paulinelli (2003),
45

nos Estados Unidos 29,5% dos casos de câncer de mama, dar-se em virtude do

atraso da primeira gestação e a nuliparidade.

Se a paridade for comparada com os padrões reprodutivos das mulheres

da tribo indígena Teréna, população que não tem nenhum registro de câncer de

mama, do estado de Mato Grosso do Sul, Brasil, onde a distribuição da gestação a

termo foi de 3 ou mais gestações, representou (63%), nuliparidade de (14%),

primiparidade entre 18 e 27 anos (59%), e gestação em idade superior a 31 anos

(23%) LIMA (2001). A população estudada em Aracaju caracteriza por um perfil mais

protetora em relação à paridade que a população Teréna.

Das mulheres que não tiveram filhos, 3% (3) eram solteiras e 1% (1) era

casada o que segundo Lopes (1996) aumenta o risco em 1,4 vezes para essas

mulheres.

Sobre o aleitamento materno, foi perguntado: quantos filhos amamentou

por pelo menos seis meses, 11% (11) respondeu que amamentaram cinco (5) filhos

ou mais (ver Figura 8). Uma pesquisa realizada na China, em uma população que

havia longo período de amamentação, constatou redução de risco em até 30% (30)

para cada cinco anos de amamentação (Handerson apud LOPES 2003).

Entretanto, o costume da nossa população é de amamentar cada filho

por, em média, 6 meses, por conseqüência a média de amamentação da população

estudada foi de aproximadamente um ano e sete meses.

O que mostra uma disparidade muito grande em relação à população

Chinesa que amamenta segundo Lopes (1996), por um longo período. E se

comparada com a população Teréna, que tem segundo Lopes (2001), a média da

amamentação de sete anos, população estudada mostra-se, também, bem menos

protegida que a população indígena.


46

Q u a n t id a d e d e F ilh o s A m a m e n t a d o s
30
28 27%
26
24
22
20%
20
18%
Freqüências

18
16
14 13%
12 11%
10
8
6
4%
4 3%
2 1% 1% 1% 1%
0% 0%
0
0 2 4 6 8 10 12
Q u a n tid a d e d e filh o s a m a m e n ta d o s

Figura 8: Distribuição da Quantidade de Filhos Amamentados


FONTE: Dados da Pesquisa, Aracaju/2004

5.3.3 HISTERECTOMIA E MENOPAUSA

A histerectomia foi realizada em 15% (15) das mulheres entrevistadas,

destas 30% (3) realizaram histerectomia com ooferectomia total antes dos 40 anos,

o que confere um fator protetor. Para quem não fez ooferectomia total o risco para

Halbe (1998), situa-se entre 2 e 4.

Três (3%) tiveram menopausa com 40 anos e um (1%) com 42 e 49 anos.

Para Piato (1995), as mulheres que tiveram a menopausa antes dos 45 anos têm

risco duas vezes menor em relação àquelas que tiveram a menopausa antes dos

cinqüenta e cinco anos. Das 67 mulheres entrevistadas com idade entre 40 e 45


47

apenas 4 mulheres referiram menopausa precoce, fator de proteção para o câncer

de mama.

Portanto, em relação a ooferectomia total e menopausa precoce, 92%

(92) da amostra, segundo Halbe (1998), tem risco 2 ou 4.

5.4 USO DE CARCINOGENICOS QUIMICOS

5.4.1 ANTICONCEPCIONAL E METILDOPA

O uso de contracepção oral foi referido por 58% (58) das mulheres

entrevistadas, 12,06% (7) referiram ter usado por um ano, 51,72% (30) por mais de

quatro anos, 17,24% (10) por mais de dez anos e 6,89% (4) por quinze anos.

A metildopa foi referida por 2 (2%) da população, o que para Montoro

(1984), pode atribuir a essa droga como possível promotora de neoplasia mamária

acarretando risco para essas mulheres.

Para Piato (1995), o risco aumenta para as mulheres que usaram

contracepção no período da pré-menopausa e este risco é inalterado nas demais

que usaram por pouco tempo. Para Miller apud Basegio (1998), o risco para quem

usou anticoncepção por mais de dez anos apresentou-se quatro vezes maior em

relação àquelas que não utilizaram.


48

Entretanto, sabe-se que a associação positiva para o câncer e o uso de

contracepção oral não é uma unanimidade entre as pesquisas. Algumas pesquisas

até relatam que pode haver um impedimento do câncer mamário.

Se for comparada com os estudos realizados por Lima (2001), na

população da tribo Teréna, a qual houve relato de uso de anticoncepção por apenas

4% (4) entrevistadas, a população estudada tem um elevado número de mulheres

expostas a condições químicas que podem favorecer ao aparecimento do câncer

mamário.

Através do teste não paramétrico, prova-se que não existe relação entre

quantidade de filhos e uso de anticoncepcional.

Quadro 3: Teste de Mediana, Usa ou Usou Contraceptivos Orais

Teste da Mediana, Overall Median = 3,00000; Quantidade de filhos nascidos vivos


Variável dependente: Quantidade de Filhos
Variável independente: Usa Contraceptivos Orais
Chi-Square = 4,136367, df = 1, p = ,0420 ( P- valor), nível de significância: p = 0,05
(P- crítico)
Qui – Quadrado tabelado = 3,841 calculado > tabelado ( existe diferença)
HIPÓTESE:
H0: Não existe diferença entre o uso de Contraceptivos Orais e Quantidade de
Filhos
H1: Existe diferença entre o uso de Contraceptivos Orais e Quantidade de
Filhos

p - valor = 0,420

O p – valor é menor que o p - crítico

Conclui-se que há diferença entre as medianas, então não existe relação

entre as variáveis.

Este teste mostra que o uso de anticoncepcional não teve influencia na

quantidade filhos, o que pode concluir também que a anticoncepção não provoca

uma diminuição do número de filhos, e, portanto não provoca um aumento do risco

em relação à paridade.
49

Através de teste não paramétrico prova-se também que existe relação entre a

idade que teve o primeiro filho e uso de anticoncepção oral.

Quadro 4: Teste de Mediana, Usa ou Usou Contraceptivos Orais

Teste da Mediana, Overall Median = 20,0000; Idade que teve o Primeiro filho
(Monografia.sta)
Variável dependente: Idade que teve o Primeiro Filho
Variável independente: Usa ou Usou Contraceptivos Orais
Chi-Square = 2,064274, df = 1, p = ,1508 (P – valor), nível de significância: p = 0,05
(P – crítico)
Qui – Quadrado tabelado = 3,841 – calculado < tabelado ( não existe diferença)

HIPÓTESE:
H0: Não existe diferença o uso de Contraceptivos Orais e Idade que teve o
Primeiro Filho
H1: Existe diferença entre o uso de Contraceptivos Orais e Idade que teve o
Primeiro Filho

p - valor = 0,1508
O p – valor é maior que o p – crítico

Verificou –se que não há diferença entre as medianas, então existe

relação entre as variáveis.

Através deste teste, pode sugerir que o uso de anticoncepcional oral causa

um aumento na idade que a mulher teve o primeiro filho, o que pode aumentar o

risco de 2 a 4 vezes em relação à paridade.

5.4.2 USO DE ALCOOL E CIGARRO

O consumo de bebidas alcoólicas foi citado por 22% (22) das mulheres

entrevistadas e o uso de cigarros foi referido por 14% (14) das mulheres, sendo que

treze (13%) fumam dez ou mais cigarros por dia. Em uma análise comparativa com
50

a população Teréna Lima (2001), afirma que o consumo de álcool quase inexiste e

que o consumo de fumo representa 1,5% (1,5) das entrevistadas.

A pesar de o uso de álcool e cigarros apresentarem resultados

contrastantes em relação à ação carcinogênica do câncer de mama (LOPES, 1996).

O uso de álcool e fumo apresenta-se como cancerígenos para muitos outros tipos de

cânceres.

5.5 HÁBITOS DE VIDA

5.5.1 HÁBITOS ALIMENTARES

Entre os alimentos consumidos pelo menos uma vez por semana, 93%

(93) disse fazer uso de café, 82% (82) de carne vermelha, 80% (80) referiu usar

gordura vegetal ou manteiga.

O padrão alimentar demonstrou uso habitual de metilxantinas (café, chás

e refrigerante), carne vermelha, gordura vegetal e ou manteiga e bastante

carboidrato o que para Basegio (1998), aumenta o risco relativo para o câncer de
Alimentos Consumidos pelo menos
mama. O consumo da carne vermelha
umapara
vez o mesmo
por autor, por exemplo, confere
semana

Chocolate 10%
um risco relativo de 4,2, bastante elevado.
Chá 39%

O consumo de gorduras alimentares segundo


Refrigerante Robles et al apud Thuler
49%

Café 93%
(2003) aumentam o M
risco em 1,3.
andioca 62%

M ilho 76%

Leite 73%

Carne Vermelha 82%

Gordura vegetal e/ou manteiga 80%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100
%
Freqüências
51

Figura 9: Distribuição dos Hábitos alimentares


FONTE: Dados da Pesquisa, Aracaju/2004

5.5.2 REALIZAÇÃO DE ATIVIDADE FÍSICA

A Figura 10 mostra que 28% (28) das mulheres afirmaram realizar

atividade física.

A realização de atividade física tem sido considerada um fator protetor,

para Thuler (2003), a proteção se dá em virtude de a atividade física diminuir os

níveis de estrogênios e progesterona, sendo que a baixa atividade física aumenta o

risco para o câncer. Para NAPaulinelli


ú m e r o d e v e z e s q u e p r a t ic a
(2003), poucas horas de exercícios físicos
tiv id a d e F ís ic a p o r s e m a n a
80

rigorosos diminuem7 o2 % risco em até 30%.


70

Contudo, 72% (72) da população é sedentária, conferindo um risco


60

aumentado para estas mulheres.


Freqüências

50

40

30

20
12%
10 7% 6%
2% 1%
0% 0%
0
0 1 2 3 4 5 6 7
N ú m e ro d e v e z e s p o r se m a n a
52

Figura 10: Distribuição da Realização de atividade física


FONTE: Dados da Pesquisa, Aracaju/2004

5.5.3 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL

O Índice de Massa Corporal é um índice para a medição da Massa

Corporal que é calculado através desta fórmula:

Onde P é o Peso (kg) e M é a Altura (m).

O resultado do cálculo foi comparado com a seguinte quadro:

Quadro 5: índice de Massa Corporal


53

Quadro de IMC
Categoria IMC
Abaixo do Abaixo de 18,5
Peso
Peso Normal 18,5 - 24,9
Sobrepeso 25,0 - 29,9 Peso Saudável
Obesidade 30,0 - 34,9 eqüivale ao Peso
Grau I Normal
Obesidade 35,0 - 39,9
Grau II
Obesidade 40 e acima
Grau III
Fonte: http://www.abeso.org.br/calc_imc.htm

Abeso: Associação Brasileira para o Estudo da


Obesidade

Da população estudada, 35% (35) teve sobrepeso; 23% (23) é

considerada obesa. Observa-se que mais de 50% (50) da população teve excesso

de peso.

Índice de Massa Corporal (IMC)

Obesidade Grau II; 3%

Obesidade Grau I; 17%

Sobrepeso; 35%

Obesidade Grau III; 3%

Abaixo do Peso; 3%

Peso Normal; 39%

Figura 11: Distribuição do Índice de Massa Corporal


FONTE: Dados da Pesquisa, Aracaju/2004.
54

O padrão alimentar de alto consumo de carboidrato, gordura vegetal,

aliado à prevalência do sedentarismo, observado em 72% (72), acarreta de certa

forma, a prevalência de sobrepesos e obesos. O risco para pessoas obesas para

Montoro (1984), é aumentado em 2 vezes.

Para Piato (1995), a correção da obesidade é medida capaz de diminuir o

risco de câncer de mama.


55
56

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS____________________________________________

A incidência de câncer de mama vem crescendo em todo o mundo nas

últimas décadas, em todas idades, especialmente nas pessoas mais idosas. Vários

fatores estão envolvidos na aquisição desta doença, acredita-se que a identificação

dos fatores de risco evidencie a melhor compreensão nos mecanismo envolvidos

nesta neoplasia. Após análise dos dados desta pesquisa, corroborou-se a

importância dos fatores de risco, dentre os quais destacam-se:

Dentre os fatores demográficos, a média de idade encontrada foi de 43,98

anos; 33% (33) tinham idade entre 46 e 49 anos; 18% (18) das entrevistadas

referiram ser solteira e 27% (27) disse ter raça branca. Quanto à escolaridade 73%

(73) disseram ter concluído 8 séries ou mais. Os fatores de risco supracitados são

conhecidos como fatores risco aumentados para o câncer de mama, sabe-se que a

incidência de câncer aumenta à medida que cresce a idade; e que a cor branca tem

um risco moderadamente aumentado; a escolaridade elevada confere um aumento

de risco, e a elevação do risco pode estar relacionada à idade em que a mulher teve

o primeiro filho. Ficou provado que existe relação entre a idade que teve o primeiro

filho e o nível educacional; e que não existe nenhuma relação entre números de

filhos e nível educacional, e que provavelmente a redução do número de filhos não

se deve a um nível educacional elevado, mas a outras variáveis;

A respeito dos fatores genéticos destaca-se que 10% (10) da população

tiveram algum parente com câncer de mama; destas, 30% (3) responderam que a

mãe foi à pessoa afetada; 10% (1) a irmã e, as demais, responderam que tiveram

outro parente não identificado;


57

Em se tratando dos fatores ginecológicos e obstétricos é importante

salientar que: a idade média da menarca foi de 13,05 e que 19% (19) das

entrevistadas tiveram menarca antes dos doze anos, o que as colocam em risco

aumentado em relação às demais.

A idade média à primeira gestação foi de 20,35 anos, sendo que 55% (55)

tiveram filhos com mais de 20 anos e 9% com mais de 28 anos; a média de filhos foi

de 3,31. Sendo verificado que 4% (4) era nulípara. Das mulheres entrevistadas,

11% responderam que amamentou cinco ou mais filhos. 70% (70) da amostra

tiveram 3 ou menos filhos, e 89% (89) não amamentaram cinco ou mais filhos o que

demonstra reduzido número de gestações e amamentação para obtenção de um

fator protetor.

Observa-se, também, reduzida realização de histerectomia com

ooferectomia total 3% (3) e reduzido número de mulheres com menopausa precoce

5% (5). Assim fica evidenciado que 92% (92) da amostra encontra-se entre risco 2

ou 4.

Em se tratando do uso de carcinogênico químico, o uso de

anticoncepcional oral foi referido por 58% da população onde 75,86% (44)

entrevistadas usaram por 4 anos ou mais; 2% (2) referiram está em uso de

metildopa. Conferindo a estas mulheres um risco elevado para o câncer de mama.

O uso de álcool foi referido por 22% (22) das entrevistadas; e o uso de

cigarros por 14% (14) das mulheres. Através de teste não–paramétricos foi provado

que nesta população não existe relação entre uso de anticoncepção oral e

quantidades de filhos, o que se pode concluir que o uso da contracepção não

conferiu a estas mulheres um número reduzido de filhos com possível aumento de

risco em relação à paridade. Foi provado que existe relação entre o uso de
58

anticoncepção oral e idade que teve o primeiro filho, o que sugere uma idade tardia

para o primeiro filho para as mulheres que usaram anticoncepcionais, aumentando o

risco para o câncer de mama.

Em relação ao hábito de vida, um número muito alto de mulheres fez

referência ao uso de café (93%), carne vermelha (82%) e gordura vegetal ou

manteiga (80%), alimentos que são considerados cancerígenos, aliado ao número

alto de mulheres sedentárias, (72%) e com excesso de peso (58%).

Sabe-se que muitos fatores de risco para o câncer de mama não são

passíveis de intervenções e que baseado nos dados deste estudo que foi referido

acima a população estudada tem um risco considerado aumentado. Dentre os

fatores de risco que podem ser previníveis, destaca-se o sedentarismo, que a

realização de exercícios vigorosos por poucas horas semanais pode reduzir o risco

em até 30%; a introdução de hábitos alimentares saudáveis, como uso de frutas

cítricas e caroteno; a redução da obesidade; a prevenção secundária como

realização de mamografia nas mulheres com idade superior aos 35 anos e que tem

parente com câncer de mama e em todas as mulheres com idade superior a 40

anos, bem como realização de histerectomia com ooferectomia total nas mulheres

com maior risco.


59
60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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62

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INCA. Instituto Nacional de Câncer. Disponível em: www.inca.gov.br. Acesso em


23 de janeiro de 2003.
63
64

APÊNDICE A

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE


CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM E NUTRIÇÃO

PROJETO: FATORES DE RISCO PARA CÂNCER DE MAMA


Autor: GABRIEL RAMOS.
ORIENTADORA: Profª Ms. AMANDIA SANTOS TEIXEIRA DALTRO

FORMULÁRIO DE ENTREVISTA

Nome:
Localidade:

1.FATORES DEMOGRÁFICOS
1.01 - Qual a sua idade?

1.03 - Qual o seu estado civil?

Casada Solteira Divorciada Viúva

1.04 - Qual a sua Raça?


Branca Indígena Negra Parda Amarela

1.05 - Sabe ler ou escrever? Sim Não

1.06 - Qual o curso mais elevado que freqüentou?


1.Primeiro grau incompleto 5.Primeiro grau completo

2.Segundo grau incompleto 6.Segundo grau completo

3.Superior incompleto 7.Superior completo

4.Mestrado ou doutorado 8.Nenhum

2.Fatores Genéticos.
2.1Tem ou teve algum parente com câncer de mama?
Sim Não

2.2 Se teve, você sabe informar se afetou uma ou as duas mamas?


Uma duas não sei
65

2.3 Qual o seu grau de parentesco em relação a pessoa afetada?

Mãe Outro parente

Irmã

3-Fatores Ginecológicos e Obstétricos

3.1-Qual a idade da primeira menarca?

0.Não sei
3.2-Quantos(as) filhos(as) nascidos(as) vivos(as) você teve?

0.Não tive nenhum filho(a).

3.3-Se teve filhos(as), com quantos anos teve seu primeiro(a) filho(a)?

3.5- se teve filhos, você amamentou, quanto deles por 6 meses?

0.Não amamentei

3.6-Realizou histerectomia? Se realizou passe para o item 3.61-2.

3.61-Histerectomia :

Sem Ooferectomia Com Ooferectomia


(sem extração dos ovários) (com extração dos ovários)

3.62-Com qual idade?

3.7-Qual a idade de sua menopausa, se teve?

4-USO DE CARCINOGÊNICOS QUÍMICOS

4.01-Usa ou usou contraceptivos orais?


Sim Não

4.02-Se usa ou usou, por quanto tempo usou?


0.Não sei
4.03-Usa bebidas alcoólicas?

Sim Não
66

4.04-Fuma cigarro ou charuto?

Sim Não

0.Quantos por dia

4.05-Usa algum derivado da metildopa (medicamento para hipertensão)?

Sim Não

5- Hábitos de vida

5.1-Realiza alguma atividade física?

SIM NÃO

5.2-Quantas vezes por semana?

5.3-Utiliza algum desses alimentos em alguma de suas refeições pelo menos uma vez
por semana?

Gordura Vegetal e/ou manteiga Carne vermelha

Leite Milho

Mandioca Batata

Café Refrigerante Chá

Chocolate

5.4- Peso e altura?

Peso Altura

Apêndice B
67

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE


CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM E NUTRIÇÃO

PROJETO: FATORES DE RISCO PARA CÂNCER DE MAMA


NOME DO PESQUISADOR (A): GABRIEL RAMOS
ORIENTADORA: Profª Ms. AMANDIA SANTOS TEIXEIRA DALTRO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu,______________________________________________________,

RG________________, fui informada sobre a pesquisa intitulada “FATORES DE

RISCO PARA CÂNCER DE MAMA” e fui plenamente esclarecida de que ao

responder as questões que compõe esta pesquisa estarei participando de um estudo

de cunho acadêmico, que tem como objetivo identificar os riscos para o câncer de

mama em mulheres entre 40 e 49 anos. Embora eu venha a aceitar a participar

desta pesquisa, sei que estará garantido o meu direito de desistir a qualquer

momento, inclusive sem nenhum motivo, bastando para isso, informar minha

decisão de desistência. Fui esclarecida ainda que, por ser uma participação

voluntária e sem interesse financeiro, não terei nenhum direito a nenhuma

remuneração, e, que a participação na pesquisa não incorrerá em riscos ou

prejuízos de qualquer natureza. Os dados referentes a minha pessoa serão sigilosos

e privados, sendo que poderei solicitar informações durante toda fase da pesquisa,

inclusive após a publicação da mesma.

A coleta de dados será desenvolvida através de entrevista individual,

garantindo-se a privacidade e a confidencia das informações e, será realizada pelo

acadêmico de Enfermagem da UFS, Gabriel Ramos, sob supervisão da Profª Ms.

Amandia Santos Teixeira Daltro.


68

Após todos os esclarecimentos declaro consentir livremente esta

pesquisa.

Aracaju,______de ____________________de 2004

_________________________________________

SUJEITO DA PESQUISA

___________________________________________________

GABRIEL RAMOS

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