Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROCESSO-TC-02480/07
Administração Direta Municipal. Prefeitura de Olho d'Água. Prestação
de Contas Anual relativa ao exercício de 2006 - Emissão de
PARECER CONTRÁRIO. Através de Acórdão em separado,
?ublicado no D. O. E atendimento integral às exigências essenciais da LRF, aplicação de
Em, ~I i,_' -1/! multa, imputação de débito. Cópia ao MPC. Recomendação.
o Tribunal P;ePD
RELATÓRIO
Tratam os autos do presente processo da análise da Prestação de Contas do Município de Olho
d'Água/PB, relativa ao exercício financeiro de 2006, de responsabilidade do Prefeito e Ordenador de
Despesas, Sr. Júlio Lopes Cavalcanti.
A Divisão de Acompanhamento da Gestão Municipal 1- DIAGM I, com base nos documentos insertos
nos autos, emitiu o relatório inicial de fls. 689-698, evidenciando os seguintes aspectos da gestão
municipal:
1. Sobre a gestão orçamentária, destaca-se:
a) o orçamento foi aprovado através da Lei Municipal n.? 005, de 28 de dezembro de 2005,
estimando a receita e fixando a despesa em R$ 5.387.177,00, como também autorizando
abertura de créditos adicionais em 50% da despesa fixada na LOA;
b) durante o exercício, foram abertos e utilizados créditos adicionais no montante de R$ 2.606.397,
sendo R$ 2.566.397,00 com créditos suplementares e R$ 40.000,00 na modalidade especial,
todos com as devidas fontes de recursos;
c) a receita orçamentária efetivamente arrecadada no exercício totalizou o valor de R$
5.507.648,88, superior em 2,24% do valor previsto no orçamento;
d) a despesa orçamentária realizada atingiu a soma de R$ 5.444.878,26;
e) o somatório da Receita de Impostos e das Transferências - RIT atingiu a soma de R$
3.543.589,09;
h) a Receita Corrente Líquida - RCL alcançou o montante de R$ 4.837.648,88.
Tendo em vista que o Órgão de Instrução apontou irregularidades em seu relatório inicial, e atendendo
aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, o Relator determinou a notificação do
Sr<>.Júlio Lopes Cavalcanti, atual gestor do município, tendo este vindo aos autos e apresentado
documentos e esclarecimentos às fls. 708-722, devidamente examinados pela Auditoria (fls. 724-729),
concluindo pela permanência das seguintes irregularidades:
1) Aplicação em ações e serviços públicos de saúde no valor de R$ 346.900,14, correspondendo a
9,79% da receita de impostos, inclusive transferências, não atendendo ao mínimo exigido
constitucionalmente;
2) Não repasse ao INSS das contribuições previdenciárias retidas dos servidores no valor de R$
198.627,50, e dos encargos referentes a obrigações patronais com a inclusão do referido débito
em acordo de parcelamento;
3) atraso no envio da documentação para Câmara Municipal de comprovação de receitas e
despesas dos balancetes dos meses de janeiro a agosto de 2006;
4) Despesas pagas sem a devida entrega (liquidação) dos equipamentos, no valor de R$
15.480,00, devendo o gestor devolver a referida importância aos cofres do município;
5) Falta de zelo com os bens públicos, em especial, na manutenção dos prédios da rede escolar.
Chamado a se manifestar, o Ministério Público emitiu o Parecer nO 1344/08 (fls. 727-733), da lavra do
Ilustre Procurador André Carlo Torres Pontes, acompanhando o posicionamento do Órgão de Instrução
e, ao final, pugnou no sentido de que esta Egrégia Corte decida pelo(a):
a) DECLARE o atendimento integral dos requisitos de gestão fiscal responsável;
b) EMITA PARECER sugerindo à Câmara Municipal de Olho d'Agua a REPROVAÇÃO das contas
de gestão geral relativas ao exercício de 2006, em razão dos itens 1, 2 das despesas danosas
ao erário;
c) JULGUE IRREGULAR a administração e uso dos recursos relacionados ao item 4, com
imputação de débito contra o gestor com valor atualizado;
d) APLICAÇÃO DE MULTA ao Prefeito por infração a normas constitucionais e legais e danos ao
erário, com fulcro na CF/88, art. 71, VIII, e LCE n° 18/93, arts. 55 e 56,11;
e) REPRESENTE à Procuradoria Geral de Justiça para as providências a seu cargo;
f) RECOMENDE diligências no sentido de prevenir a repetição das falhas acusadas no exercício
de 2006.
O Relator fez incluir o feito na pauta desta sessão, com as notificações de praxe.
VOTO DO RELATOR
Tendo em vista as várias irregularidades apontadas pela Auditoria e ratificadas pelo MPjTCE, num total
de 5 eivas, gostaria de destacar irregularidades que me levam a concluir pela emissão de Parecer
Contrário, nos termos do Parecer Normativo PN TC n° 52/20042, Constituição Federal e a LRF:
2
2. Constituirá motivo de emissão, pelo Tribunal, de PARECER CONTRÁRIO à aprovação de contas de Prefeitos Municipais, independentemente de
imputação de débito ou multa, se couber, a ocorrência de uma ou mais das irregularidades a seguir enumeradas:
2.3. não aplicação dos percentuais mínimos de receita em MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO (art. 212, CF) e em AÇOES E
SERViÇOS PUBLlCOS DE SAUDE (art. 198, CF);
2.5. não retenção e/ou não recolhimento das contribuições previdenciárias aos órgãos competentes (INSS ou órgão do regime próprio de
previdência, conforme o caso), devidas por empregado e empregador, incidentes sobre remunerações pagas pelo Município;
2.10. não realização de procedimentos
2.11. no tocante à Lei de Responsabilidade
licitatórios quando legalmente exigidos;
Fiscal, não adoção das medidas necessárias ao retorno da despesa
,/1 "/J
totaj~!iSsoal e à recsndução'
.
t.i ,
dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites; / \.... \
PROCESSO- TC-02480/07 3
É digno de nota destacar que, na fase de análise de defesa, como afirmou o MPjTCE, o ônus
probatório fica a cargo do próprio defendente e não compete a esta Corte determinar nova
diligência para verificar os argumentos da defesa, quando há várias formas de comprovação da
existência física dos equipamentos nas dependências dos órgãos municipais.
5. Falta de zelo com os bens públicos, em especial, na manutenção dos prédios da rede
escolar.
Em visita a seis escolas do município, a Auditoria verificou que, quatro delas estavam funcionando
precariamente. É de se destacar que gestor público deve comportar-se adequadamente, zelando o
recursos e bens públicos, uma vez que estes advêm do próprio bolso do cidadão brasileir
merecedores de tratamento especial. Nesse sentido, a Lei n° 8.429/92, em seu art. 4°, impõe a
gestor público o dever de observância aos princípios constitucionais, pois tem o dever inarredável
de zelar pelo bem público, sob pena de ressarcimento. Assim, necessário se faz emitir
recomendação ao gestor para envidar esforços no sentido de zelar pelos bens públicos que a
sociedade delegou poderes para cumprir este mister.
Diante do exposto, em harmonia com Parecer Ministerial, entendo que as eivas apontadas têm o condão
de levar à rejeição das contas aqui apreciadas, motivos que me levam a votar no sentido de que esta ,
Corte emita e encaminhe ao julgamento da Egrégia Câmara Municipal de Olho d'Água, PARECER(
CONTRÁRIO à aprovação da Prestação de Contas do Prefeito Municipal de Olho d'Água, de'
responsabilidade do sra. Júlio Lopes Cavalcanti, relativa ao exercício de 2006, e em Acórdã~:eparado: ~...•.
1. declare atendimento integral às exigências essenciais da LRF; ~ /l/~7
~/ ~
PROCESSO- TC-02480/07 4
2. aplique a multa no valor de R$ 2.805,10 ao Sra. Júlio Lopes Cavalcanti, por infração grave à
norma legal, nos termos do art. 56, 11 da Lei Orgânica desta Corte (LC 18/93),;
3. impute o débito no valor de no valor de R$ 15.480,00, em virtude de despesas não
comprovadas, assinando-lhe o prazo de 60 dias para o recolhimento voluntário;
4. assine o prazo de 60(sessenta) dias ao responsável para o devido recolhimento dos valores
imputados acima;
5. recomende ao gestor municipal para adotar medidas administrativas no sentido de prevenir a
repetição das falhas acusadas no exercício de 2006, destacando a adequação dos
procedimentos quando da realização de despesas e conservação dos bens públicos, a fim de
atender aos preceitos legais em vigor.