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Publicado no D, O. E.

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PROCESSOTC N.o 02237/07

Objeto: Embargos de Declaração


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Impetrante: José Antônio Vasconcelos da Costa
Advogado: Dr. Rodrigo dos Santos Lima

EMENTA: PODER EXECUTIVO MUNICIPAL - ADMINISTRAÇÃO


DIRETA - PRESTAÇÃODE CONTAS ANUAIS - PREFEITO - AGENTE
POLÍTICO - CONTAS DE GOVERNO - PARECER CONTRÁRIO -
ORDENADOR DE DESPESAS - CONTAS DE GESTÃO
IRREGULARIDADE - IMPUTAÇÃO DE DÉBITO - ASSINAÇÃO DE
TERMO PARA RECOLHIMENTO - FIXAÇÃO DE PRAZO PARA
TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS - APLICAÇÃO DE MULTA -
ESTABELECIMENTO DE LAPSO TEMPORAL PARA PAGAMENTO -
CONCESSÃO DE PRAZO PARA LANÇAMENTO E COBRANÇA DE
TRIBUTO - RECOMENDAÇÕES- ENCAMINHAMENTO DE CÓPIA DA
DECISÃO PARA SUBSIDIAR INSTRUÇÃO DE OUTROS AUTOS -
FIXAÇÃO DE PRAZO PARA REGULARIZAÇÃO DE DÉBITO PERANTE O
INSTITUTO PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA - REPRESENTAÇÕES -
MANEJO DE RECURSODE RECONSIDERAÇÃO- INTEMPESTIVIDADE
DA APRESENTAÇÃO- NÃO CONHECIMENTO - INTERPOSIÇÃO DE
EMBARGOSDE DECLARAÇÃO- REMÉDIO JURÍDICO ESTABELECIDO
NO ART. 31, INCISO IH, C/C O ART. 34, AMBOS DA LEI
COMPLEMENTAR ESTADUAL N.o 18/93 - Alegação de omissão ante
o não conhecimento da reconsideração extemporânea anteriormente
interposta - Vício inexistente - Caráter meramente integrativo do
recurso - Decisão embargada devidamente fundamentada -
Ausência de obscuridade, omissão ou contradição. Conhecimento
dos embargos e rejeição. Remessa dos autos à Corregedoria da
Corte.

Vistos, relatados e discutidos os autos dos EMBARGOS DE DECLARAÇÃO interpostos pelo


Prefeito Municipal de Pedra Lavrada/PB, Sr. José Antônio Vasconcelos da Costa, em face da
decisão desta Corte de Contas, consubstanciada no ACÓRDÃO APL - TC - 238/09, de 08 de
abril de 2009, publicado no Diário Oficial do Estado - DOE datado de 17 de abril do mesmo
ano, acordam os Conselheiros integrantes do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA
PARAÍBA, por unanimidade, com a declaração de impedimento do Conselheiro Fábio Túlio
Filgueiras Nogueira, na conformidade da proposta de decisão do relator a seguir, em:

1) TOMAR CONHECIMENTO dos embargos, e, no mérito, rejeitá-los, à falta de qualquer


obscuridade, omissão ou contradição.

2) REMETER os autos do presente processo à Corregedoria deste Tribunal


providências que se fizerem necessárias.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02237/07

Presente ao julgamento o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


Publique-se, registre-se e intime-se.
TCE - Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, 06 de maio de 2009

Conselheiro A

Presente' , I'f-.:.:.··
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Representante do Ministério Público Especia _.
O
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02237/07

Trata-se de embargos de declaração interpostos em 27 de abril de 2009 pelo Prefeito


Municipal de Pedra Lavrada/PB, Sr. José Antônio Vasconcelos da Costa, fls. 2.040/2.045, em
face da deliberação desta Corte de Contas, consubstanciada no ACÓRDÃO
APL - TC - 238/09, de 08 de abril de 2009, fls. 2.033/2.038, publicado no Diário Oficial do
Estado - DOE datado de 17 de abril do mesmo ano, fI. 2.039.

In /imine, é importante destacar que este ego Tribunal, em sessão plenária realizada no dia
08 de abril do presente ano, mediante o supracitado aresto, ao analisar reconsideração
formulada pelo Chefe do Poder Executivo de Pedra Lavrada/PB em face das decisões desta
Corte de Contas, consubstanciadas no PARECER PPL - TC - 191/08 e no ACÓRDÃO
APL - TC - 988/08, ambos datados de 10 de dezembro de 2008 e publicados no Diário
Oficial do Estado - DOE de 08 de janeiro de 2009, decidiu não tomar conhecimento do
recurso haja vista a intempestividade da sua apresentação.

Desta feita, o embargante alega, em síntese, que: a) as publicações das decisões ocorreram
no dia 08 de janeiro de 2009 (quinta-feira); b) o prazo para interposição do recurso de
reconsideração encerrou em 23 de janeiro de 2009 (sexta-feira); c) o pedido de
reconsideração foi protocolado nesta Corte no dia 26 de janeiro de 2009 (segunda-feira);
d) o atraso na interposição do recurso foi de apenas 01 (um) dia; e) caso análogo aconteceu
na apreciação da reconsideração formulada nos autos do Processo TC n.o 02007/06; e f) o
expediente deste Sinédrio de Contas nas sextas-feiras se encerra às 13:00 horas, motivo
pelo qual os prazos que findam em tal dia devem ser estendidos ao 1° dia útil subsequente,
consoante entendimento adotado pelo Tribunal de Justiça da Paraíba, através da Resolução
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n. 06/2005.

Ao final, o insurgente requer que sejam conhecidos e recebidos os presentes embargos


declaratórios com efeitos modificativos, sanando a omissão acima apontada, para que o
referido recurso de reconsideração seja recebido e provido por esta ego Corte.

É o relatório.

Os embargos de declaração ou embargos declaratórios intentados em face de deliberações


do Tribunal de Contas são remédios jurídicos que encontram guarida no art. 31, inciso IH,
c/c o art. 34, da Lei Orgânica do TCE/PB (Lei Complementar n.O 18, de 13 de julho de 1993),
e são aqueles que se interpõem com a finalidade de esclarecer obscuridades, omissões ou
contradições nelas apontadas, sendo, portanto, seus objetivos aclarar ou integrar as
decisões impugnadas.

Podem ser opostos por escrito pelos responsáveis ou interessados, ou pelo Ministério Público
junto ao Tribunal, dentro do prazo de 10 (dez) dias. São recursos que não se preparam, nã
comportam sustentação oral e, em regra, não ensejam o contraditório. Entretant,
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suspendem os prazos para cumprimento das sentenças embargadas e devem ser julgados,
se possível, pelo mesmo relator.

Todos e quaisquer pronunciamentos da Corte podem ser objeto de embargos de declaração,


sejam eles colegiados (acórdãos ou pareceres) ou monocráticos (decisões interlocutórias),
tendo alguns doutrinadores sustentado a tese de que são cabíveis nos despachos.
A obscuridade e a omissão podem estar tanto no fundamento quanto no decisório, enquanto
a contradição pode estar nos fundamentos ou na decisão, bem como existir entre esta e
aqueles, ou, ainda, entre a ementa e o corpo do acórdão.

Os embargos de declaração têm, como dito, o objetivo de esclarecer o real sentido do


decisum, não sendo útil, ab initio, para corrigir uma decisão errada, consoante nos ensina o
festejado Moacyr Amaral Santos, em seu livro Primeiras Linhas de Direito Processual Civil,
11 ed., vol. 3, São Paulo: Saraiva, 1990, p. 148, in verbis.

(...) dá-se o nome de embargos de declaração ao recurso destinado a pedir


ao juiz ou juízes prolatores da sentença ou do acórdão que esclareçam
obscuridade ou dúvida, eliminem contradição ou supram omissão existente
no julgado. Porquetais embargos não visam à reforma do julgado. pois este,
ainda que provido, se manterá intangível na sua substância, uma parte da
doutrina (...) não lhes reconhecea natureza de recurso. (grifamos)

Nesta linha de entendimento, também merece destaque o posicionamento de Emane Fidélis


dos Santos, em seu livro Manual de Direito Processual Civil, 4 ed., vol. 1, São Paulo: Saraiva,
1996, p. 546, verbatim:

(...) os embargos declaratórios não são aptos a alterar a sentenca ou o


acórdão. Diz a lei que são cabíveis quando houver, na sentença ou no
acórdão, obscuridade ou contradição (art. 535, l, com nova redação).
(grifo nosso)

Entrementes, pode ocorrer, como produto paralelo e inferior, o efeito modificador, chamado
pela doutrina de efeito infringente. Outra suposição em que pode haver efeito modificativo é
o de uso dos embargos declaratórios como veículo fortuito para a correção de erro
material (enganos perceptíveis a olho nu). Vicente Greco Filho em seu livro Direito
Processual Civil Brasileiro, 12 ed., vol. 2, São Paulo: Saraiva, 1997, p. 323, nos ensina:

(...) A dúvida é o estado de incerteza que resulta da obscuridade. A sentença


claramente redigida não pode gerar dúvida. Contradição é a afirmação
conflitante, quer na fundamentação, quer entre a fundamentação e a
conclusão. Nessescasos, a correção da sentença em princípio não le\làAd\-.cI
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uma verdadeira modificação da sentença, mas apenas a um esclarecimento


de seu conteúdo. Todavia, a conta de esclarecer, eliminar uma dúvida,
obscuridade ou contradição, já tem havido casos de serem proferidas novas
sentenças. De fato, se a contradição é essencial, ao se eliminar a
contradição praticamente se está proferindo uma nova decisão. No caso de
omissão, de fato, a sentença é complementada, passando a resolver questão
não resolvida, ganhado substância, portanto. (grifos ausentes no original)

In casu, constata-se, inicialmente, que os embargos interpostos pelo Chefe do Poder


Executivo de Pedra Lavrada/PB, Sr. José Antônio Vasconcelos da Costa, fls. 2.040/2.045,
atende aos pressupostos processuais de legitimidade e tempestividade, sendo, portanto,
passível de conhecimento por este ego Tribunal.

Contudo, no que tange ao seu aspecto material, verifica-se que os argumentos em que se
funda a tese apresentada pelo postulante, qual seja, omissão do relator, não se sustenta,
haja vista que o acórdão embargado não contém tal vício, pois foi claro e preciso ao
fundamentar sua decisão em dispositivos da Lei Orgânica do TCE/PB (Lei Complementar
Estadual n.o 18/93) e do Regimento Interno desta Corte - RITCE/PB, notadamente no
art. 178 do RITCE/PB, verbo ad verbum:

Art. 178. Não se conhecerá de recurso interposto fora do prazo.

Ante o exposto, proponho que o TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA:

1) TOME CONHECIMENTO dos embargos, e, no mérito, rejeite-os, à falta de qualquer


obscuridade, omissão ou contradição.

processo à Corregedoria deste Tribunal para as


necessárias.

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