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Aula 05

TJDFT (Analista Judiciário - Sem


Especialidade) Direito Processual Penal -
2022 (Pós-Edital)

Autor:
Renan Araujo

10 de Fevereiro de 2022
Renan Araujo
Aula 05

Índice
1) Questões Prejudiciais
..............................................................................................................................................................................................3

2) Exceções
..............................................................................................................................................................................................7

3) Conflito de Jurisdição
..............................................................................................................................................................................................
14

4) Restituição de Coisas Apreendidas


..............................................................................................................................................................................................
17

5) Medidas Assecuratórias
..............................................................................................................................................................................................
21

6) Incidente de Falsidade Documental


..............................................................................................................................................................................................
29

7) Incidente de Insanidade Mental


..............................................................................................................................................................................................
31

8) Nulidades
..............................................................................................................................................................................................
34

9) Atos Processuais
..............................................................................................................................................................................................
42

10) Citações
..............................................................................................................................................................................................
68

11) Intimações
..............................................................................................................................................................................................
79

12) Conceitos Iniciais sobre Sentença


..............................................................................................................................................................................................
83

13) Sentença Penal Absolutória


..............................................................................................................................................................................................
90

14) Sentença Penal Condenatória


..............................................................................................................................................................................................
93

15) Intimação da Sentença


..............................................................................................................................................................................................
99

16) Emendatio Libelli e Mutatio Libelli


..............................................................................................................................................................................................
102

17) Questões Comentadas - Questões e Processos Incidentes - Multibancas


..............................................................................................................................................................................................
108

18) Questões Comentadas - Nulidades - Multibancas


..............................................................................................................................................................................................
110

19) Questões Comentadas - Comunicação dos Atos - FGV


..............................................................................................................................................................................................
113

20) Questões Comentadas - Sentença - FGV


..............................................................................................................................................................................................
127

21) Lista de Questões - Questões e Processos Incidentes - Multibancas


..............................................................................................................................................................................................
137

22) Lista de Questões - Comunicação dos Atos - FGV


..............................................................................................................................................................................................
139

23) Lista de Questões - Sentença - FGV


..............................................................................................................................................................................................
147

24) Lista de Questões - Nulidades - Multibancas


..............................................................................................................................................................................................
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Questões prejudiciais

As questões prejudiciais exigem, necessariamente, análise antes do mérito. Estão


regulamentadas nos arts. 92 a 94 do CPP. Vejamos:

Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de


controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas,
o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia
dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da
inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente.
Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando
necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com
a citação dos interessados.
Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de
decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do
juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal
poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito
cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das
testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente.
§ 1º O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente
prorrogado, se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o
juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o processo,
retomando sua competência para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da
acusação ou da defesa.
§ 2º Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso.
§ 3º Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao
Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o fim de
promover-lhe o rápido andamento.
Art. 94. A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos anteriores,
será decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes.

Para que uma questão seja considerada PREJUDICIAL em relação à matéria de fundo
(mérito) discutida no processo penal, deve ter as seguintes características:

⇒ Anterioridade lógica – A questão prejudicial é uma condição prévia à análise do


mérito.
⇒ Necessariedade – A análise da questão deve ser necessária, indispensável para que
se possa analisar a TIPICIDADE da conduta que é o mérito do processo penal.
⇒ Autonomia – A questão prejudicial pode ser discutida em outro processo, ou seja,
fora do processo criminal.

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CUIDADO! Não podemos confundir questões prejudiciais com questões PRELIMINARES. As


prejudiciais interferem no mérito da causa, pois o seu reconhecimento, ou não, terá
consequências diretas na análise do mérito. As questões preliminares interferem apenas na
esfera processual, ou seja, o seu reconhecimento leva à prolação de uma sentença de extinção
sem análise do mérito. No entanto, AMBAS devem ser analisadas antes do mérito.

As questões prejudiciais podem ser classificadas em:

⇒ Totais ou parciais – De acordo com a interferência na análise da tipicidade do crime.


Se influenciar no reconhecimento do tipo penal básico, será TOTAL. Se influenciar
apenas no reconhecimento de alguma circunstância que se agrega ao tipo penal
básico (uma qualificadora, por exemplo), será PARCIAL.
⇒ Penais ou extrapenais – Serão penais caso se refiram ao mesmo ramo do Direito, e
extrapenais caso se refiram a outros ramos do Direito. São também chamadas de
homogêneas e heterogêneas. Nesse último caso poderão ser OBRIGATÓRIAS
(devolutiva absoluta) ou FACULTATIVAS (devolutivas relativas). As obrigatórias
OBRIGAM a suspensão do processo até que seja resolvida a questão. As relativas
não obrigam a suspensão do processo, sendo uma mera faculdade do Juiz.

Podemos esquematizar da seguinte forma:

QUESTÕES PREJUDICIAIS
HETEROGÊNEAS (EXTRAPENAIS) HOMOGÊNEAS (PENAIS)
OBRIGATÓRIAS FACULTATIVAS
(Devolutivas absolutas) (Devolutivas relativas)
Obrigam a suspensão do NÃO obrigam a suspensão do
processo processo (suspensão facultativa)
Da decisão que ordenar a suspensão do processo (seja na hipótese obrigatória seja na
facultativa) caberá RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (RESE), nos termos do art. 581, XVI do CPP.

Em se tratando de INDEFERIMENTO DA SUSPENSÃO, duas hipóteses:

⇒ Se for caso de suspensão obrigatória – Caberá HABEAS CORPUS caso o processo possa
resultar em pena privativa de liberdade ou MANDADO DE SEGURANÇA, quando a pena
privativa de liberdade não for aplicável (súmula 693 do STF);
⇒ Se for caso de suspensão facultativa – Não cabe recurso nem qualquer outra forma de
impugnação, pois se trata de faculdade do Juiz.

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​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

⮲ Arts. 92 a 154 do CPP - Regulamentam as questões e processos incidentes

QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES


DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES
CAPÍTULO I
DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS
Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de
controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas,
o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia
dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da
inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente.
Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando
necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com
a citação dos interessados.
Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de
decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do
juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal
poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito
cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das
testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente.
§ 1º O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente
prorrogado, se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o
juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o processo,
retomando sua competência para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da
acusação ou da defesa.
§ 2º Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso.
§ 3º Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao
Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o fim de
promover-lhe o rápido andamento.

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Art. 94. A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos anteriores,
será decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes.

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Exceções

As exceções são, nada mais, nada menos, que MEIOS DE DEFESA INDIRETA. Indiretas
porque não buscam impugnar o mérito da causa, mas sobre algum ponto periférico, sendo
autuadas em apartado do processo principal.

As exceções não possuem, em regra, efeito suspensivo, nos termos do art. 111 do CPP:

Art. 111. As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão,


em regra, o andamento da ação penal.

As exceções previstas no CPP são cinco:

⇒ Suspeição
⇒ Impedimento
⇒ Litispendência
⇒ Ilegitimidade da parte
⇒ Coisa julgada

A exceção de impedimento não está prevista EXPLICITAMENTE, mas ela existe, e tem o
mesmo procedimento da exceção de suspeição, nos termos do art. 112 do CPP:

Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários


de justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando
houver incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se
não se der a abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser argüido
pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção de suspeição.

As exceções podem ser:

⇒ Peremptórias – Se julgadas procedente, extinguem o processo (Ex.: Coisa julgada e


litispendência);
⇒ Dilatórias – Se julgadas procedentes, apenas retardam o curso do processo (Ex.:
Exceção de suspeição e incompetência)

Há divergências na Doutrina quanto à natureza da exceção da ilegitimidade da parte.


Alguns (a meu ver, acertadamente), defendem ser peremptória, pois, se aceita, acarreta a
extinção do processo. Outros (maioria) entendem que se trata de mera exceção dilatória, pois
seu acolhimento extingue o processo, mas não impede nova propositura da ação em face da
pessoa legítima.

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Exceção de suspeição

Busca afastar do processo o Juiz cuja imparcialidade aparenta estar sob ameaça. Deve ser
apresentada assim que a parte tenha conhecimento do fato que gera a suspeição, podendo
ocorrer, inclusive, na fase do Inquérito Policial.

A suspeição só pode ser arguida até a sentença. Após esse momento, caso a parte
descubra que o Juiz era suspeito, deverá buscar a ANULAÇÃO dos atos praticados pelo Juiz.

Oposta a exceção, o Juiz pode acolhê-la ou não. Se acolher, deverá se afastar do processo,
remetendo os autos ao Juiz que o deva substituir, de acordo com a escala do Tribunal. Caso não
reconheça sua suspeição, deverá determinar a autuação em apartado e ele mesmo, o próprio
Juiz, apresentar RESPOSTA ESCRITA em 03 dias, remetendo os autos em 24h ao Tribunal, para
julgamento. Vejamos:

Art. 100. Não aceitando a suspeição, o juiz mandará autuar em apartado a


petição, dará sua resposta dentro em três dias, podendo instruí-la e oferecer
testemunhas, e, em seguida, determinará sejam os autos da exceção remetidos,
dentro em 24 vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o
julgamento.

O art. 101 determina que, sendo julgada procedente a exceção, serão considerados
NULOS todos os atos do processo principal, pagando o Juiz as custas:

Art. 101. Julgada procedente a suspeição, ficarão nulos os atos do processo


principal, pagando o juiz as custas, no caso de erro inescusável; rejeitada,
evidenciando-se a malícia do excipiente, a este será imposta a multa de duzentos
mil-réis a dois contos de réis.

Mas e se o Juiz aceitar a exceção de suspeição, ao invés de remetê-la ao Tribunal? Nesse caso,
não são considerados nulos os atos praticados pelo Juiz, pois se presume sua boa-fé ao ter
aceitado a exceção de suspeição.

A exceção de impedimento segue o mesmo procedimento da exceção de suspeição. Além


disso, não é só o Juiz que está sujeito à exceção de suspeição, podendo ser alvos da exceção,
ainda, os membros do MP, os serventuários, os auxiliares da Justiça e os Jurados. Vejamos:

Art. 104. Se for argüida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz, depois
de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de provas
no prazo de três dias.
Art. 105. As partes poderão também argüir de suspeitos os peritos, os intérpretes
e os serventuários ou funcionários de justiça, decidindo o juiz de plano e sem
recurso, à vista da matéria alegada e prova imediata.
Art. 106. A suspeição dos jurados deverá ser argüida oralmente, decidindo de
plano do presidente do Tribunal do Júri, que a rejeitará se, negada pelo
recusado, não for imediatamente comprovada, o que tudo constará da ata.

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Por fim, a autoridade policial não está sujeita à exceção de suspeição, mas podem e devem
se declarar suspeitas quando ocorrerem as hipóteses legais:

Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do
inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.

Exceção de Incompetência

Esta exceção se aplica apenas à incompetência territorial, por ser relativa. As


incompetências absolutas dispensam a arguição por exceção, podendo ser arguidas por mera
preliminar na defesa.

Pode ser oposta verbalmente ou por escrito, no prazo da defesa (art. 108 do CPP). Em
regra, será arguida pela defesa, podendo ainda ser arguida pelo MP, quando atuar como fiscal da
lei.

Pode acontecer, ainda, de o próprio Juiz, de ofício, reconhecer a incompetência relativa,


prosseguindo-se na forma do art. 108 e seus §§, ou seja, o Juiz deverá remeter os autos ao Juízo
competente. Vejamos o art. 109:

Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne
incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte,
prosseguindo-se na forma do artigo anterior.

Exceções de litispendência e coisa julgada

Estas exceções se referem à DUPLICIDADE de demandas idênticas.

A litispendência é a existência de duas ou mais demandas idênticas tramitando


simultaneamente. Já a coisa julgada é a existência de demanda idêntica já transitada em julgado.

A identidade de demandas se verifica através dos seguintes fatores:

⇒ Igualdade de partes
⇒ Igualdade de fatos imputados
⇒ Igualdade de pedidos

Não há prazo para que a exceção de litispendência ou coisa julgada seja suscitada, na
medida em que se trata de questão de ordem pública, ou seja, pode ser alegada a qualquer
momento e em qualquer grau de jurisdição.

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CUIDADO! Na fase policial NÃO EXISTE LITISPENDÊNCIA NEM COISA JULGADA. Se estiverem
tramitando dois inquéritos policiais em face da mesma pessoa, pelo mesmo fato, o indiciado
deve requerer o arquivamento de um deles não em razão de litispendência, mas pelo
constrangimento ilegal de estar sendo investigado duplamente. Da mesma forma ocorre se já
houve inquérito policial arquivado por falta de base para a denúncia. Sendo aberto novo
inquérito ainda sem elementos suficientes, não há violação à “coisa julgada”, mas há, apenas
constrangimento ilegal, a ser resolvido pela via do Habeas Corpus.

Exceção de ilegitimidade da parte

A exceção de ilegitimidade da parte é, em regra, referente à divergência entre a pessoa


que deveria figurar no polo (ativo ou passivo) da demanda e a que efetivamente figura. É a
denominada ilegitimidade ad causam.

Assim, se MP oferece denúncia em crime de ação penal privada, temos hipótese de


ilegitimidade ativa ad causam, pois quem deveria ajuizar a ação, neste caso, é a vítima, e não o
MP.

Embora essa seja a regra, majoritariamente a Doutrina admite a exceção de ilegitimidade


nos casos de ilegitimidade ad processum, ou seja, a ausência de algum requisito para a validade
da atuação daquela parte no processo (ex.: Ofendido que oferece queixa em crime de ação
penal privada, mas sem estar representado por advogado).

No caso de ilegitimidade ad causam, a exceção será sempre peremptória, e o processo


deverá ser extinto, pois é nulidade insanável (art. 564, II do CPP). No caso da ilegitimidade ad
processum, a exceção poderá ser peremptória ou dilatória, caso a parte não consiga sanar a
nulidade, hipótese na qual o processo é extinto, ou caso a parte consiga sanar a nulidade,
hipótese na qual o processo seguirá.

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CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

⮲ Arts. 92 a 154 do CPP - Regulamentam as questões e processos incidentes

CAPÍTULO II
DAS EXCEÇÕES
Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de:
I - suspeição;
II - incompetência de juízo;
III - litispendência;
IV - ilegitimidade de parte;
V - coisa julgada.
Art. 96. A argüição de suspeição precederá a qualquer outra, salvo quando
fundada em motivo superveniente.
Art. 97. O juiz que espontaneamente afirmar suspeição deverá fazê-lo por
escrito, declarando o motivo legal, e remeterá imediatamente o processo ao seu
substituto, intimadas as partes.
Art. 98. Quando qualquer das partes pretender recusar o juiz, deverá fazê-lo em
petição assinada por ela própria ou por procurador com poderes especiais,
aduzindo as suas razões acompanhadas de prova documental ou do rol de
testemunhas.
Art. 99. Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a marcha do processo, mandará
juntar aos autos a petição do recusante com os documentos que a instruam, e
por despacho se declarará suspeito, ordenando a remessa dos autos ao
substituto.
Art. 100. Não aceitando a suspeição, o juiz mandará autuar em apartado a
petição, dará sua resposta dentro em três dias, podendo instrui-la e oferecer
testemunhas, e, em seguida, determinará sejam os autos da exceção remetidos,
dentro em vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o
julgamento.
§ 1º Reconhecida, preliminarmente, a relevância da argüição, o juiz ou tribunal,
com citação das partes, marcará dia e hora para a inquirição das testemunhas,
seguindo-se o julgamento, independentemente de mais alegações.
§ 2º Se a suspeição for de manifesta improcedência, o juiz ou relator a rejeitará
liminarmente.
Art. 101. Julgada procedente a suspeição, ficarão nulos os atos do processo
principal, pagando o juiz as custas, no caso de erro inescusável; rejeitada,
evidenciando-se a malícia do excipiente, a este será imposta a multa de duzentos
mil-réis a dois contos de réis.

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Art. 102. Quando a parte contrária reconhecer a procedência da argüição,


poderá ser sustado, a seu requerimento, o processo principal, até que se julgue o
incidente da suspeição.
Art. 103. No Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o juiz que se
julgar suspeito deverá declará-lo nos autos e, se for revisor, passar o feito ao seu
substituto na ordem da precedência, ou, se for relator, apresentar os autos em
mesa para nova distribuição.
§ 1º Se não for relator nem revisor, o juiz que houver de dar-se por suspeito,
deverá fazê-lo verbalmente, na sessão de julgamento, registrando-se na ata a
declaração.
§ 2º Se o presidente do tribunal se der por suspeito, competirá ao seu substituto
designar dia para o julgamento e presidi-lo.
§ 3º Observar-se-á, quanto à argüição de suspeição pela parte, o disposto nos
arts. 98 a 101, no que Ihe for aplicável, atendido, se o juiz a reconhecer, o que
estabelece este artigo.
§ 4º A suspeição, não sendo reconhecida, será julgada pelo tribunal pleno,
funcionando como relator o presidente.
§ 5º Se o recusado for o presidente do tribunal, o relator será o vice-presidente.
Art. 104. Se for argüida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz,
depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de
provas no prazo de três dias.
Art. 105. As partes poderão também argüir de suspeitos os peritos, os
intérpretes e os serventuários ou funcionários de justiça, decidindo o juiz de
plano e sem recurso, à vista da matéria alegada e prova imediata.
Art. 106. A suspeição dos jurados deverá ser argüida oralmente, decidindo de
plano do presidente do Tribunal do Júri, que a rejeitará se, negada pelo
recusado, não for imediatamente comprovada, o que tudo constará da ata.
Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do
inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.
Art. 108. A exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta, verbalmente
ou por escrito, no prazo de defesa.
§ 1º Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito será
remetido ao juízo competente, onde, ratificados os atos anteriores, o processo
prosseguirá.
§ 2º Recusada a incompetência, o juiz continuará no feito, fazendo tomar por
termo a declinatória, se formulada verbalmente.
Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne
incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte,
prosseguindo-se na forma do artigo anterior.

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Art. 110. Nas exceções de litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada,


será observado, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre a exceção de
incompetência do juízo.
§ 1º Se a parte houver de opor mais de uma dessas exceções, deverá fazê-lo
numa só petição ou articulado.
§ 2º A exceção de coisa julgada somente poderá ser oposta em relação ao fato
principal, que tiver sido objeto da sentença.
Art. 111. As exceções serão processadas em autos apartados e não
suspenderão, em regra, o andamento da ação penal.

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Conflito de jurisdição

Esse conflito surge quando dois ou mais Juízes pretendem ou se recusam a atuar em
determinado processo. No primeiro caso, teremos um conflito POSITIVO, no segundo caso,
teremos um conflito NEGATIVO.

O conflito de Jurisdição é um termo mais abrangente que conflito de competência. O


termo conflito de Jurisdição refere-se ao conflito que se estabelece entre órgãos jurisdicionais de
jurisdições distintas (ex.: Justiça Comum e Justiça Federal). Já o conflito de competência se
estabelece quando os órgãos jurisdicionais em conflito pertencem à mesma jurisdição (ex.: Dois
Juízes da Justiça do estado de São Paulo, um de cada comarca).

Nos termos do art. 115, temos a legitimidade para suscitar o conflito:

Art. 115. O conflito poderá ser suscitado:


I - pela parte interessada;
II - pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer dos juízos em dissídio;
III - por qualquer dos juízes ou tribunais em causa.

Uma vez instaurado o conflito, caso seja NEGATIVO, o processo ficará necessariamente
SUSPENSO e será analisado nos próprios autos do processo principal. Caso seja um conflito
POSITIVO, o processo não necessariamente ficará suspenso, embora o relator possa
suspendê-lo, e correrá em AUTOS PRÓPRIOS. Vejamos:

Art. 116. Os juízes e tribunais, sob a forma de representação, e a parte


interessada, sob a de requerimento, darão parte escrita e circunstanciada do
conflito, perante o tribunal competente, expondo os fundamentos e juntando os
documentos comprobatórios.
§ 1º Quando negativo o conflito, os juízes e tribunais poderão suscitá-lo nos
próprios autos do processo.
§ 2º Distribuído o feito, se o conflito for positivo, o relator poderá determinar
imediatamente que se suspenda o andamento do processo.

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CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

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CAPÍTULO IV
DO CONFLITO DE JURISDIÇÃO
Art. 113. As questões atinentes à competência resolver-se-ão não só pela
exceção própria, como também pelo conflito positivo ou negativo de jurisdição.
Art. 114. Haverá conflito de jurisdição:
I - quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes, ou
incompetentes, para conhecer do mesmo fato criminoso;
II - quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou
separação de processos.
Art. 115. O conflito poderá ser suscitado:
I - pela parte interessada;
II - pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer dos juízos em dissídio;
III - por qualquer dos juízes ou tribunais em causa.
Art. 116. Os juízes e tribunais, sob a forma de representação, e a parte
interessada, sob a de requerimento, darão parte escrita e circunstanciada do
conflito, perante o tribunal competente, expondo os fundamentos e juntando os
documentos comprobatórios.
§ 1º Quando negativo o conflito, os juízes e tribunais poderão suscitá-lo nos
próprios autos do processo.
§ 2º Distribuído o feito, se o conflito for positivo, o relator poderá determinar
imediatamente que se suspenda o andamento do processo.
§ 3º Expedida ou não a ordem de suspensão, o relator requisitará informações às
autoridades em conflito, remetendo-lhes cópia do requerimento ou
representação.
§ 4º As informações serão prestadas no prazo marcado pelo relator.

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§ 5º Recebidas as informações, e depois de ouvido o procurador-geral, o conflito


será decidido na primeira sessão, salvo se a instrução do feito depender de
diligência.
§ 6º Proferida a decisão, as cópias necessárias serão remetidas, para a sua
execução, às autoridades contra as quais tiver sido levantado o conflito ou que o
houverem suscitado.
Art. 117. O Supremo Tribunal Federal, mediante avocatória, restabelecerá a sua
jurisdição, sempre que exercida por qualquer dos juízes ou tribunais inferiores.

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Restituição de coisas apreendidas

A regulamentação da restituição das coisas apreendidas está prevista nos arts. 118 a 124-A
do CPP. Vejamos:

Art. 118. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas


não poderão ser restituídas enquanto interessarem ao processo.
Art. 119. As coisas a que se referem os arts. 74 e 100 do Código Penal não
poderão ser restituídas, mesmo depois de transitar em julgado a sentença final,
salvo se pertencerem ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade
policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto
ao direito do reclamante.
§ 1º Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-se-á em apartado,
assinando-se ao requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal caso, só
o juiz criminal poderá decidir o incidente.
§ 2º O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade judicial o
resolverá, se as coisas forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que
será intimado para alegar e provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do
reclamante, tendo um e outro dois dias para arrazoar.
§ 3º Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o Ministério Público.
§ 4º Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as
partes para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de
depositário ou do próprio terceiro que as detinha, se for pessoa idônea.
§ 5º Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão avaliadas e levadas a
leilão público, depositando-se o dinheiro apurado, ou entregues ao terceiro que
as detinha, se este for pessoa idônea e assinar termo de responsabilidade.
Art. 121. No caso de apreensão de coisa adquirida com os proventos da infração,
aplica-se o disposto no art. 133 e seu parágrafo.
Art. 122. Sem prejuízo do disposto no art. 120, as coisas apreendidas serão
alienadas nos termos do disposto no art. 133 deste Código. (Redação dada pela
Lei 13.964/19)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei 13.964/19)
Art. 123. Fora dos casos previstos nos artigos anteriores, se dentro no prazo de
90 dias, a contar da data em que transitar em julgado a sentença final,
condenatória ou absolutória, os objetos apreendidos não forem reclamados ou
não pertencerem ao réu, serão vendidos em leilão, depositando-se o saldo à
disposição do juízo de ausentes.
Art. 124. Os instrumentos do crime, cuja perda em favor da União for decretada,
e as coisas confiscadas, de acordo com o disposto no art. 100 do Código Penal,

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serão inutilizados ou recolhidos a museu criminal, se houver interesse na sua


conservação.
Art. 124-A. Na hipótese de decretação de perdimento de obras de arte ou de
outros bens de relevante valor cultural ou artístico, se o crime não tiver vítima
determinada, poderá haver destinação dos bens a museus públicos. (Incluído
pela Lei 13.964/19)

Depois de cumprida a finalidade da apreensão, a coisa apreendida deve ser devolvida a


quem de direito. Entretanto, há casos em que a coisa apreendida só poderá ser devolvida se
cumpridas algumas condições ou, em alguns casos, a restituição é vedada.

É vedada a restituição das seguintes coisas apreendidas:

⇒ Quando o processo ainda interessar ao processo ou à investigação policial.


⇒ Quando se tratar de instrumentos do crime, cujo fabrico, uso, porte, alienação ou
detenção constitua fato ilícito.
⇒ Quando se tratar de produto ou proveito do crime (obviamente, não será devolvido ao
infrator, mas deverá ser devolvido ao dono, caso seja pessoa conhecida).
⇒ Quando houver dúvida sobre o legítimo direito daquele que reclama a restituição da
coisa apreendida (Ver art. 120 do CPP).

Quando não for cabível a restituição, as coisas apreendidas serão alienadas nos termos do
disposto no art. 133 do CPP, ou seja, o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado ou do
Ministério Público, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público cujo
perdimento tenha sido decretado. Do dinheiro obtido com a venda, será recolhido aos cofres
públicos o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé. O valor destinado aos cofres
públicos deverá ser recolhido ao Fundo Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão
específica em lei especial.

Essa destinação ao FUNDO PENITENCIÁRIO NACIONAL é importante, na medida em que


é inovação trazida pela Lei 13.964/19, já que antes o valor era destinado ao TESOURO
NACIONAL.

A Lei 13.964/19 (chamado “pacote anticrime”) também incluiu o art. 124-A, como vimos.
Segundo o referido dispositivo legal, se for decretado o perdimento de obras de arte ou de
outros bens de relevante valor cultural ou artístico (quadros, esculturas, livros raros, etc.), poderá
haver destinação dos bens a museus públicos, desde que o crime não tenha vítima determinada.

A Doutrina diferencia, ainda, o PEDIDO DE RESTITUIÇÃO do INCIDENTE DE


RESTITUIÇÃO. O primeiro é um procedimento bastante simples, que consiste no mero pedido
(uma simples petição nos autos do processo criminal) de restituição da coisa apreendida.

O segundo, por sua vez, é um PROCEDIMENTO instaurado nas hipóteses previstas na Lei,
quando a restituição depender de instrução probatória para se analisar o direito do reclamante.
Será determinado pelo Juiz, após provocação da autoridade policial (no Inquérito) ou da parte

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interessada (no inquérito ou no processo penal), sendo autuado em apartado. É cabível em duas
hipóteses:

❖ Dúvida quanto ao direito do reclamante.


❖ Quando os bens reclamados tiverem sido apreendidos em poder de terceiro de boa-fé.

Caso persista a dúvida quanto à legitimidade do reclamante, o Juiz deverá remeter as


partes ao Juízo Cível (art. 120, §4º do CPP).

Da decisão que deferir ou indeferir o pedido no INCIDENTE DE RESTITUIÇÃO, caberá


APELAÇÃO, nos termos do art. 593, II do CPP (decisão interlocutória mista).

Com relação à decisão no PEDIDO DE RESTITUIÇÃO (aquela petição simples no curso do


processo), a Doutrina entende que não cabe apelação, podendo se falar em correição parcial e
HC ou MS (a depender do caso).

​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

⮲ Arts. 92 a 154 do CPP - Regulamentam as questões e processos incidentes

CAPÍTULO V
DA RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS
Art. 118. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas
não poderão ser restituídas enquanto interessarem ao processo.
Art. 119. As coisas a que se referem os arts. 74 e 100 do Código Penal não
poderão ser restituídas, mesmo depois de transitar em julgado a sentença final,
salvo se pertencerem ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade
policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto
ao direito do reclamante.
§ 1º Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-se-á em apartado,
assinando-se ao requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal caso, só
o juiz criminal poderá decidir o incidente.

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§ 2º O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade judicial o


resolverá, se as coisas forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que
será intimado para alegar e provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do
reclamante, tendo um e outro dois dias para arrazoar.
§ 3º Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o Ministério Público.
§ 4º Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as
partes para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de
depositário ou do próprio terceiro que as detinha, se for pessoa idônea.
§ 5º Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão avaliadas e levadas a
leilão público, depositando-se o dinheiro apurado, ou entregues ao terceiro que
as detinha, se este for pessoa idônea e assinar termo de responsabilidade.
Art. 121. No caso de apreensão de coisa adquirida com os proventos da
infração, aplica-se o disposto no art. 133 e seu parágrafo.
Art. 122. Sem prejuízo do disposto no art. 120, as coisas apreendidas serão
alienadas nos termos do disposto no art. 133 deste Código. (Redação dada pela
Lei 13.964/19)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei 13.964/19)
Art. 123. Fora dos casos previstos nos artigos anteriores, se dentro no prazo de
90 dias, a contar da data em que transitar em julgado a sentença final,
condenatória ou absolutória, os objetos apreendidos não forem reclamados ou
não pertencerem ao réu, serão vendidos em leilão, depositando-se o saldo à
disposição do juízo de ausentes.
Art. 124. Os instrumentos do crime, cuja perda em favor da União for decretada,
e as coisas confiscadas, de acordo com o disposto no art. 100 do Código Penal,
serão inutilizados ou recolhidos a museu criminal, se houver interesse na sua
conservação.
Art. 124-A. Na hipótese de decretação de perdimento de obras de arte ou de
outros bens de relevante valor cultural ou artístico, se o crime não tiver vítima
determinada, poderá haver destinação dos bens a museus públicos. (Incluído
pela Lei 13.964/19)

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Medidas assecuratórias

O crime, além de repercutir na esfera criminal, pode possuir reflexos civis, gerando o dever
de indenizar. Para garantir a satisfação do crédito que a vítima possui frente ao ofensor, algumas
medidas podem ser tomadas, são as chamadas medidas assecuratórias.

Vejamos:

Sequestro de bens imóveis

Está previsto nos arts. 125 a 133-A do CPP.

Deve ser ajuizado perante o juízo criminal, com vistas à INDISPONIBILIDADE dos bens
imóveis do investigado ou acusado, ou que estejam em nome de terceiros, mas tenham sido
adquiridos com o proveito da infração penal (laranja).

Se o terceiro não estava de má-fé, ou seja, não estava em conluio com o infrator, deverá
requerer a liberação do bem mediante embargos.

Pode ser determinado ex officio pelo Juiz ou ser requerido pelo MP e pelo ofendido.
Durante a fase investigatória, pode a autoridade policial representar ao Juiz pela necessidade da
decretação da medida.

A Lei prevê que a insurgência contra a decretação do sequestro se dê através de


EMBARGOS, mas a Doutrina admite ainda o MS e a APELAÇÃO nestes casos.

O levantamento do sequestro significa a perda da eficácia da medida assecuratória e se


dará nas quatro hipóteses do art. 131 do CPP, bem como no caso de PROCEDÊNCIA DOS
EMBARGOS.

Hipoteca legal

Está disciplinada nos arts. 134 a 144 do CPP.

É uma medida assecuratória que se constitui em DIREITO REAL DE GARANTIA, incidindo


sobre o patrimônio do próprio réu, não podendo atingir terceiros. Recairá sobre bens imóveis e
poderá atingir tanto o patrimônio obtido de forma lícita quanto o obtido de forma ilícita.

Tem por finalidade evitar que o réu deteriore seu patrimônio para não saldar a dívida com a
vítima. Embora o art. 134 do CPP fale em indiciado, o requerimento de HIPOTECA LEGAL só é
cabível na fase JUDICIAL.

Só poderá ser decretada a medida se houver o chamado periculum in mora, ou seja, o


interessado deve demonstrar que o réu está deteriorando ou prestes a deteriorar seu patrimônio,

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de forma que deve o Juiz agir para evitar que isso ocorra e seja prejudicada a satisfação do
crédito da vítima.

O MP, em regra, NÃO TEM LEGITIMIDADE para fazer este requerimento, mas, nos termos
do art. 142 do CPP, terá legitimidade para tal caso se trate de vítima pobre ou caso haja
interesse da Fazenda Pública.

Da decisão acerca da hipoteca legal caberá APELAÇÃO.

Nos termos do art. 141, a hipoteca será cancelada no caso de extinção da punibilidade ou
absolvição criminal, ambas transitadas em julgado. No entanto, a Doutrina entende que a
hipoteca pode ser cancelada numa terceira hipótese, que se dá no caso de o réu oferecer
caução, nos termos do art. 135, §6º do CPP.

Arresto preventivo

Trata-se de uma medida prévia à hipoteca legal, tendo natureza pré-cautelar, cuja finalidade
é tornar os bens do indiciado INDISPONÍVEIS enquanto tramita o requerimento de hipoteca
legal (que é demorado), nos termos do art. 136 do CPP.

Uma vez efetivado, será revogado se o interessado não promover o processo de hipoteca
legal no prazo máximo de 15 dias a contar da efetivação da medida.

Caso seja promovido o processo de hipoteca legal no prazo correto, o arresto preventivo
continua a produzir efeitos durante todo o curso do processo de hipoteca legal. Chegando ao fim
o processo de hipoteca legal, cessarão os efeitos do arresto preventivo.

Caso o processo criminal transite em julgado antes do processo da hipoteca legal, teremos
duas situações:

⇒ Sendo absolutória a sentença, o processo de hipoteca será extinto e o arresto


perderá a eficácia.
⇒ Sendo condenatória a sentença, fica prejudicado o pedido de hipoteca (que só pode
tramitar enquanto não transita em julgado o processo criminal), remetendo os autos
ao Juízo cível, de forma a aguardar que a vítima adote as providências necessárias à
satisfação do seu crédito.

Arresto

O arresto não tem relação com o arresto preventivo, e se parece com a hipoteca legal, mas
refere-se a bens MÓVEIS, de origem lícita, pertencentes ao réu.

Aplicam-se ao arresto as normas referentes à hipoteca legal, no que couber. A Doutrina se


divide quanto à possibilidade de utilização do arresto preventivo como medida prévia ao arresto.
Embora a lei determine sua aplicação somente em relação à hipoteca legal, a Doutrina
majoritária entende que é possível sua utilização prévia ao arresto.

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Da Alienação

A alienação é a venda em leilão público dos bens que foram alvo de medidas assecuratórias
(sequestro, arresto, etc.).

Nos termos do art. 133 e seus §§, uma vez transitada em julgado a sentença condenatória,
o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado ou do Ministério Público, determinará a
avaliação e a venda dos bens em leilão público cujo perdimento tenha sido decretado.

O dinheiro obtido com a venda será, primeiramente, destinado à indenização da vítima ou


do terceiro de boa-fé. O que não couber a eles será recolhido aos cofres públicos, mais
precisamente ao Fundo Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão específica em lei
especial estabelecendo destinação diversa.

Essa destinação ao FUNDO PENITENCIÁRIO NACIONAL é importante, na medida em que


é inovação trazida pela Lei 13.964/19, já que antes o valor era destinado ao TESOURO
NACIONAL.

Importante destacar que a Lei 13.964/19, chamado “pacote anticrime”, trouxe a


possibilidade (art. 133-A do CPP) de o Juiz autorizar a utilização, de bens que foram
sequestrados, apreendidos ou alvos de qualquer medida assecuratória, pelos órgãos de
segurança pública, do sistema prisional, do sistema socioeducativo, da Força Nacional de
Segurança Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas atividades (Ex.:
coletes à prova de balas, armas, munições, computadores, etc.).

Se o bem for veículo, embarcação ou aeronave, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou


ao órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório de registro e licenciamento
em favor do órgão público beneficiário. O órgão público ficará isento do pagamento de multas,
encargos e tributos anteriores à disponibilização do bem para a sua utilização (estes devem ser
cobrados do responsável pelo bem antes da utilização pelo órgão público).

Duas observações importantes:

⇒ O órgão de segurança pública participante das ações de investigação ou repressão


da infração penal que ensejou a constrição do bem terá prioridade na sua utilização
(ex.: Polícia Federal apreendeu e atuou na investigação – terá prioridade para utilizar
os bens)
⇒ Juiz poderá autorizar o uso do bem por outros órgãos públicos – Desde que não seja
o caso de utilização pelos órgãos de segurança pública e seja demonstrado o
interesse público.

O art. 133-A, §4º estabelece ainda que, uma vez transitada em julgado a sentença penal
condenatória com a decretação de perdimento dos bens, o juiz poderá determinar a
transferência definitiva da propriedade ao órgão público que foi beneficiado com a custódia
provisória (utilização) do bem apreendido.

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Da alienação antecipada

A alienação antecipada é aplicável a todas as hipóteses de medidas assecuratórias, e tem


por finalidade a PRESERVAÇÃO DO VALOR DOS BENS, sempre que:

⇒ Estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação;


⇒ Houver dificuldade para sua manutenção.

O leilão será preferencialmente realizado por meio eletrônico, e terá como valor mínimo
aquele fixado na avaliação judicial dos bens. Caso não seja alcançado tal valor, será realizado um
segundo leilão, em até 10 dias da realização do primeiro, no qual o lance mínimo será de 80% do
valor da avaliação judicial1.

O produto da alienação ficará à disposição do Juízo até o final do processo. Ao final, será
convertido em renda em favor do ente federado respectivo, no caso de condenação. No caso de
absolvição, será devolvido ao acusado.

Se a medida recair sobre dinheiro, inclusive moeda estrangeira, títulos, valores mobiliários
ou cheques emitidos como ordem de pagamento, o juízo determinará a conversão do numerário
apreendido em moeda nacional corrente e o depósito das correspondentes quantias em conta
judicial.

Em se tratando de veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de


trânsito (ou órgão equivalente) a expedição de certificado de registro e licenciamento em favor
do arrematante, ficando este livre do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, sem
prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário.

​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

⮲ Arts. 92 a 154 do CPP - Regulamentam as questões e processos incidentes

CAPÍTULO VI
DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS

1
O valor dos títulos da dívida pública, das ações das sociedades e dos títulos de crédito negociáveis em bolsa será o
da cotação oficial do dia, provada por certidão ou publicação no órgão oficial (art. 144-A, §6º do CPP).

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Art. 125. Caberá o sequestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com
os proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.
Art. 126. Para a decretação do sequestro, bastará a existência de indícios
veementes da proveniência ilícita dos bens.
Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido,
ou mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro,
em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.
Art. 128. Realizado o sequestro, o juiz ordenará a sua inscrição no Registro de
Imóveis.
Art. 129. O sequestro autuar-se-á em apartado e admitirá embargos de terceiro.
Art. 130. O sequestro poderá ainda ser embargado:
I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens sido adquiridos com os
proventos da infração;
II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso,
sob o fundamento de tê-los adquirido de boa-fé.
Parágrafo único. Não poderá ser pronunciada decisão nesses embargos antes de
passar em julgado a sentença condenatória.
Art. 131. O sequestro será levantado:
I - se a ação penal não for intentada no prazo de sessenta dias, contado da data
em que ficar concluída a diligência;
II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar caução que
assegure a aplicação do disposto no art. 74, II, b, segunda parte, do Código
Penal;
III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença
transitada em julgado.
Art. 132. Proceder-se-á ao sequestro dos bens móveis se, verificadas as
condições previstas no art. 126, não for cabível a medida regulada no Capítulo Xl
do Título Vll deste Livro.
Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a
requerimento do interessado ou do Ministério Público, determinará a avaliação e
a venda dos bens em leilão público cujo perdimento tenha sido decretado.
(Redação dada pela Lei 13.964/19)
§ 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres públicos o que não couber
ao lesado ou a terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei 13.964/19)
§ 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo Penitenciário Nacional,
exceto se houver previsão diversa em lei especial. (Redação dada pela Lei
13.964/19)
Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o interesse público, a utilização de
bem sequestrado, apreendido ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos

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órgãos de segurança pública previstos no art. 144 da Constituição Federal, do


sistema prisional, do sistema socioeducativo, da Força Nacional de Segurança
Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas atividades.
(Incluído pela Lei 13.964/19)
§ 1º O órgão de segurança pública participante das ações de investigação ou
repressão da infração penal que ensejou a constrição do bem terá prioridade na
sua utilização. (Incluído pela Lei 13.964/19)
§ 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o interesse público, o juiz
poderá autorizar o uso do bem pelos demais órgãos públicos. (Incluído pela Lei
13.964/19)
§ 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for veículo, embarcação ou
aeronave, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao órgão de registro e
controle a expedição de certificado provisório de registro e licenciamento em
favor do órgão público beneficiário, o qual estará isento do pagamento de
multas, encargos e tributos anteriores à disponibilização do bem para a sua
utilização, que deverão ser cobrados de seu responsável. (Incluído pela Lei
13.964/19)
§ 4º Transitada em julgado a sentença penal condenatória com a decretação de
perdimento dos bens, ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, o juiz
poderá determinar a transferência definitiva da propriedade ao órgão público
beneficiário ao qual foi custodiado o bem. (Incluído pela Lei 13.964/19)
Art. 134. A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida
pelo ofendido em qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração
e indícios suficientes da autoria.
Art. 135. Pedida a especialização mediante requerimento, em que a parte
estimará o valor da responsabilidade civil, e designará e estimará o imóvel ou
imóveis que terão de ficar especialmente hipotecados, o juiz mandará logo
proceder ao arbitramento do valor da responsabilidade e à avaliação do imóvel
ou imóveis.
§ 1º A petição será instruída com as provas ou indicação das provas em que se
fundar a estimação da responsabilidade, com a relação dos imóveis que o
responsável possuir, se outros tiver, além dos indicados no requerimento, e com
os documentos comprobatórios do domínio.
§ 2º O arbitramento do valor da responsabilidade e a avaliação dos imóveis
designados far-se-ão por perito nomeado pelo juiz, onde não houver avaliador
judicial, sendo-lhe facultada a consulta dos autos do processo respectivo.
§ 3º O juiz, ouvidas as partes no prazo de dois dias, que correrá em cartório,
poderá corrigir o arbitramento do valor da responsabilidade, se Ihe parecer
excessivo ou deficiente.
§ 4º O juiz autorizará somente a inscrição da hipoteca do imóvel ou imóveis
necessários à garantia da responsabilidade.

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§ 5º O valor da responsabilidade será liquidado definitivamente após a


condenação, podendo ser requerido novo arbitramento se qualquer das partes
não se conformar com o arbitramento anterior à sentença condenatória.
§ 6º Se o réu oferecer caução suficiente, em dinheiro ou em títulos de dívida
pública, pelo valor de sua cotação em Bolsa, o juiz poderá deixar de mandar
proceder à inscrição da hipoteca legal.
Art. 136. O arresto do imóvel poderá ser decretado de início, revogando-se,
porém, se no prazo de 15 (quinze) dias não for promovido o processo de
inscrição da hipoteca legal. (Redação dada pela Lei nº 11.435, de 2006).
Art. 137. Se o responsável não possuir bens imóveis ou os possuir de valor
insuficiente, poderão ser arrestados bens móveis suscetíveis de penhora, nos
termos em que é facultada a hipoteca legal dos imóveis. (Redação dada pela Lei
nº 11.435, de 2006).
§ 1º Se esses bens forem coisas fungíveis e facilmente deterioráveis,
proceder-se-á na forma do § 5º do art. 120.
§ 2º Das rendas dos bens móveis poderão ser fornecidos recursos arbitrados pelo
juiz, para a manutenção do indiciado e de sua família.
Art. 138. O processo de especialização da hipoteca e do arresto correrão em
auto apartado. (Redação dada pela Lei nº 11.435, de 2006).
Art. 139. O depósito e a administração dos bens arrestados ficarão sujeitos ao
regime do processo civil. (Redação dada pela Lei nº 11.435, de 2006).
Art. 140. As garantias do ressarcimento do dano alcançarão também as despesas
processuais e as penas pecuniárias, tendo preferência sobre estas a reparação do
dano ao ofendido.
Art. 141. O arresto será levantado ou cancelada a hipoteca, se, por sentença
irrecorrível, o réu for absolvido ou julgada extinta a punibilidade. (Redação dada
pela Lei nº 11.435, de 2006).
Art. 142. Caberá ao Ministério Público promover as medidas estabelecidas nos
arts. 134 e 137, se houver interesse da Fazenda Pública, ou se o ofendido for
pobre e o requerer.
Art. 143. Passando em julgado a sentença condenatória, serão os autos de
hipoteca ou arresto remetidos ao juiz do cível (art. 63). (Redação dada pela Lei nº
11.435, de 2006).
Art. 144. Os interessados ou, nos casos do art. 142, o Ministério Público poderão
requerer no juízo cível, contra o responsável civil, as medidas previstas nos arts.
134, 136 e 137.
Art. 144-A. O juiz determinará a alienação antecipada para preservação do valor
dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou
depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção. (Incluído pela
Lei nº 12.694, de 2012)

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§ 1º O leilão far-se-á preferencialmente por meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº


12.694, de 2012)
§ 2º Os bens deverão ser vendidos pelo valor fixado na avaliação judicial ou por
valor maior. Não alcançado o valor estipulado pela administração judicial, será
realizado novo leilão, em até 10 (dez) dias contados da realização do primeiro,
podendo os bens ser alienados por valor não inferior a 80% (oitenta por cento)
do estipulado na avaliação judicial. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 3º O produto da alienação ficará depositado em conta vinculada ao juízo até a
decisão final do processo, procedendo-se à sua conversão em renda para a
União, Estado ou Distrito Federal, no caso de condenação, ou, no caso de
absolvição, à sua devolução ao acusado. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 4º Quando a indisponibilidade recair sobre dinheiro, inclusive moeda
estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques emitidos como ordem de
pagamento, o juízo determinará a conversão do numerário apreendido em
moeda nacional corrente e o depósito das correspondentes quantias em conta
judicial. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 5º No caso da alienação de veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz
ordenará à autoridade de trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle
a expedição de certificado de registro e licenciamento em favor do arrematante,
ficando este livre do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, sem
prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário. (Incluído pela Lei
nº 12.694, de 2012)
§ 6º O valor dos títulos da dívida pública, das ações das sociedades e dos títulos
de crédito negociáveis em bolsa será o da cotação oficial do dia, provada por
certidão ou publicação no órgão oficial. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 7º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)

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Incidente de falsidade documental

Tem por finalidade verificar se um documento inserido nos autos do processo criminal é, de
fato, autêntico.

Embora em regra o incidente de falsidade documental se dê para verificação da existência


de falsidade material (relativa à própria existência ou forma do documento), a jurisprudência vem
admitindo a instauração do procedimento para apurar a existência de FALSIDADE IDEOLÓGICA
(relativa ao conteúdo, às informações contidas no documento).

ATENÇÃO! Só é cabível o incidente de falsidade documental na fase do processo penal, não


sendo possível durante o inquérito policial.

Não possui efeito suspensivo, motivo pelo qual o processo criminal continua tramitando
normalmente.

Poderá ser suscitado pela parte interessada (inclusive o MP) ou instaurado de ofício pelo
Juiz. Em qualquer caso, será autuado em apartado, sendo aberto prazo de 48 horas para que a
parte contrária se manifeste. Após, retornarão os autos ao Juiz, que poderá requerer a realização
de diligências e, logo após, decidirá o caso.

Mas, quais são as consequências da decisão no incidente de falsidade? Depende da


natureza da decisão:

⇒ Se improcedente o incidente, o documento permanece nos autos.


⇒ Se procedente, o documento será desentranhado dos autos e serão encaminhadas
cópias ao Ministério Público, para que seja analisada eventual prática de crime.
Qualquer que seja a decisão, será cabível RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (RESE), nos termos
do art. 581, XVIII do CPP.

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​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

⮲ Arts. 92 a 154 do CPP - Regulamentam as questões e processos incidentes

CAPÍTULO VII
DO INCIDENTE DE FALSIDADE
Art. 145. Argüida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos, o
juiz observará o seguinte processo:
I - mandará autuar em apartado a impugnação, e em seguida ouvirá a parte
contrária, que, no prazo de 48 horas, oferecerá resposta;
II - assinará o prazo de 3 dias, sucessivamente, a cada uma das partes, para prova
de suas alegações;
III - conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que entender necessárias;
IV - se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará desentranhar o
documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério
Público.
Art. 146. A argüição de falsidade, feita por procurador, exige poderes especiais.
Art. 147. O juiz poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade.
Art. 148. Qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada em prejuízo de
ulterior processo penal ou civil.

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Incidente de insanidade mental

O incidente de insanidade mental tem cabimento sempre que, em razão das características
do delito ou do comportamento do agente, o Juiz tiver dúvidas quanto à sua capacidade mental.
Poderá ser instaurado de ofício ou mediante representação da autoridade policial, requerimento
do MP, do defensor, do réu, seu curador ou parentes.

O indeferimento do pedido pode ser atacado via HABEAS CORPUS, e o deferimento


poderá ser questionado mediante CORREIÇÃO PARCIAL.

Será autuado em apartado e será SUSPENSO O ANDAMENTO DO PROCESSO, caso já


iniciado.

Aí está uma diferença em relação ao incidente de falsidade documental: O incidente de


insanidade mental pode ser instaurado no curso do inquérito. No entanto, somente se instaurado
no curso do processo é que este ficará suspenso. Caso instaurado no curso do Inquérito, o IP não
ficará suspenso.

Embora o querelante e o assistente de acusação não tenham legitimidade para requerer a


instauração deste incidente, terão legitimidade para apresentar quesitos, nos termos do art. 159,
§ 3º do CPP.

A perícia realizada no acusado/investigado deverá apontar as condições mentais do


indivíduo em dois momentos:

⇒ Na época do fato criminoso


⇒ Atualmente (no momento da perícia)

Sendo instaurado no curso do processo, três conclusões podem existir:

⇒ Normalidade na época do fato e normalidade atual – O incidente é apensado ao


processo principal, que segue seu curso normal (“vida que segue”).
⇒ Normalidade na época do fato e incapacidade mental atual – Nos termos do art. 152
do CPP, o processo deve permanecer suspenso até que o acusado se restabeleça ou
ocorra a extinção da punibilidade (já que o prazo prescricional não fica suspenso).
⇒ Incapacidade mental à época do fato – O incidente é apensado ao processo
principal, que prosseguirá sendo o réu assistido por um curador. Na sentença, duas

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possibilidades existem: a) réu era inimputável: nesse caso, não havendo nenhuma
hipótese de absolvição própria (ex.: ausência de autoria, exclusão da ilicitude, etc.), o
réu será absolvido impropriamente, ou seja, apesar de ter praticado um fato típico e
ilícito, será absolvido por ausência de imputabilidade em razão de doença mental,
sendo aplicada ao indivíduo uma medida de segurança (tratamento ambulatorial ou
internação); b) réu era semi-imputável: o réu pode ser absolvido ou condenado.
Sendo absolvido, não será imposta medida de segurança. No caso de condenação, a
pena deverá ser reduzida de 1/3 a 2/3, podendo ser substituída por medida de
segurança.

Sendo instaurado no curso do Inquérito Policial, temos duas hipóteses de desfecho:

⇒ O IP finaliza antes do término do incidente – Caso o MP ofereça a denúncia, o Juiz,


caso a receba, determinará a suspensão do processo até o término do incidente.
⇒ O incidente finaliza antes do término do IP – O incidente será remetido a Juízo,
aguardando eventual ajuizamento da inicial acusatória. Uma vez ajuizada e recebida
pelo Juiz, este determinará as providências necessárias, de acordo com a conclusão
obtida no incidente.

Sobrevindo incapacidade durante a execução penal, aplica-se o art. 41 do CP e o art. 183 da LEP
(prejudicado o art. 154 do CPP). Assim, o Juiz pode determinar a transferência para
estabelecimento adequado, de forma que, recuperado, o condenado voltará a cumprir a pena
pelo período que falta (computando-se o período em que ficou internado), nos termos do art. 41
do CPP. Ou, caso o Juiz aplique o art. 183 da LEP, converte-se o saldo da pena (quanto tempo
resta) em medida de segurança. Caso o condenado se recupere antes do término da pena, no
entanto, não voltará ao presídio.

​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

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⮲ Arts. 92 a 154 do CPP - Regulamentam as questões e processos incidentes

CAPÍTULO VIII
DA INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz
ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do
curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este
submetido a exame médico-legal.
§ 1º O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante
representação da autoridade policial ao juiz competente.
§ 2º O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame, ficando
suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que
possam ser prejudicadas pelo adiamento.
Art. 150. Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso, será internado em
manicômio judiciário, onde houver, ou, se estiver solto, e o requererem os
peritos, em estabelecimento adequado que o juiz designar.
§ 1º O exame não durará mais de quarenta e cinco dias, salvo se os peritos
demonstrarem a necessidade de maior prazo.
§ 2º Se não houver prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá autorizar
sejam os autos entregues aos peritos, para facilitar o exame.
Art. 151. Se os peritos concluírem que o acusado era, ao tempo da infração,
irresponsável nos termos do art. 22 do Código Penal, o processo prosseguirá,
com a presença do curador.
Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo
continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o § 2º do art.
149.
§ 1º O juiz poderá, nesse caso, ordenar a internação do acusado em manicômio
judiciário ou em outro estabelecimento adequado.
§ 2º O processo retomará o seu curso, desde que se restabeleça o acusado,
ficando-lhe assegurada a faculdade de reinquirir as testemunhas que houverem
prestado depoimento sem a sua presença.
Art. 153. O incidente da insanidade mental processar-se-á em auto apartado,
que só depois da apresentação do laudo, será apenso ao processo principal.
Art. 154. Se a insanidade mental sobrevier no curso da execução da pena,
observar-se-á o disposto no art. 682.

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Nulidades

Princípios que regem o sistema de nulidades


Princípio do prejuízo

Em alguns casos, mesmo diante do descumprimento da forma estabelecida em lei, alguns


atos processuais podem não ter sua nulidade decretada. Isso ocorrerá quando, mesmo diante da
inobservância da forma, o ato atingir sua finalidade sem causar prejuízo às partes. Trata-se do
princípio do “prejuízo”, ou do “pas de nullité sans grief” (Não há nulidade sem prejuízo).1

Vejamos:

Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo
para a acusação ou para a defesa.

Assim, percebam que não basta que o ato tenha sido praticado com inobservância da forma
prescrita em lei para que seja declarado nulo. É necessário que dessa inobservância de forma
tenha derivado algum prejuízo às partes.2 Desta forma, busca-se conservar o ato que alcançou
sua finalidade sem causar prejuízo.

O art. 566 do CPP ressalta a necessidade de que a irregularidade tenha gerado prejuízo:

Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver
influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.

Princípio da lealdade processual (ou boa-fé processual) – O “venire contra factum


proprium”

Um outro princípio aplicável ao sistema das nulidades é o de que a própria parte que deu
causa à nulidade não pode invocá-la, ainda que lhe tenha causado prejuízo3. Trata-se do princípio
do “venire contra factum proprium”4:

Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou
para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à
parte contrária interesse.

1
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 12.º edição. Ed. Forense. Rio de
Janeiro, 2015, p. 769
2
Tal previsão consagra o princípio da INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS, em detrimento de outros sistemas,
como o sistema formalista (todo vício deve gerar nulidade processual) e o sistema formalista mitigado (todo ato
viciado deve ser considerado nulo se houver previsão legal nesse sentido).
3
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 770
4
Ou “nemo potest venire contra factum proprium” (ninguém pode vir contra seus próprios atos).

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A Doutrina, contudo, sustenta que tal princípio não se aplica quando se tratar de nulidade
absoluta.

Princípio da eficácia dos atos processuais

Tal princípio estabelece que um ato processual só é considerado nulo quando há decisão
judicial neste sentido. Isto posto, o ato processual, mesmo eivado de nulidade, permanece
produzindo seus regulares efeitos até que haja decisão judicial reconhecendo sua nulidade.

Princípio da causalidade e princípio da conservação

O princípio da causalidade5 estabelece que a nulidade de um ato provoca a invalidação,


também, dos atos que dele forem decorrência ou consequência6.

Assim, exemplificativamente, se foi declarada nula a citação por edital do réu, serão nulos
também todos os atos processuais seguintes, vez que o réu não teve oportunidade de nomear
patrono de sua confiança, indicar testemunhas para oitiva em audiência, etc.

O Juiz deve, ao declarar a nulidade, deve determinar a quais atos ela se estende:

Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos
anteriores, serão renovados ou retificados.
§ 1º A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele
diretamente dependam ou sejam consequência.
§ 2º O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende.

Por outro lado, há o princípio da conservação, que estabelece que deve ser preservada a
eficácia dos demais atos processuais se entre eles e o ato anulado não houver qualquer relação
de causalidade.

Desta forma, exemplificativamente, se foi anulado o interrogatório do réu, por conta de


determinado vício, a princípio, isso não gera a nulidade dos demais atos do processo que dele
não dependam (depoimentos das testemunhas, colhidos anteriormente, prova pericial
anteriormente realizada, etc.).

Este princípio se aplica, inclusive, quando se tratar de nulidade de parte do ato processual.
Ou seja: a declaração de nulidade de parte de um ato processual não contamina as outras partes.

Imaginemos, por exemplo, que o Tribunal reconheça que o Juízo, na sentença, não
fundamentou a escolha do regime inicial de cumprimento de pena. Naturalmente, deve ser
reconhecida a nulidade desta parte do ato. Todavia, isso não gera, automaticamente, a nulidade
do restante da sentença.

5
Também chamado de princípio da extensão, da sequencialidade, da consequencialidade ou da contaminação.
6
Trata-se, aqui, do que se chama de NULIDADE DERIVADA. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 771

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Princípio do interesse

Este princípio estabelece que nenhuma parte pode arguir nulidade relativa ao
descumprimento de uma formalidade processual cuja observância seja de interesse exclusivo da
parte contrária. O art. 565 do CPP, parte final, nos traz tal previsão:

Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou
para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à
parte contrária interesse.

Vejam que a primeira parte se refere ao princípio da lealdade processual, enquanto a parte
final cuida do princípio do interesse.

A Doutrina, todavia, chama a atenção para o fato de que tal princípio só tem cabimento
quando se trata de nulidade relativa. No caso das nulidades absolutas, há interesse público na
observância da forma prescrita em lei, motivo pelo qual mesmo a parte contrária pode arguir a
nulidade (ex.: MP pode arguir nulidade do processo pela ausência de defesa do réu).

Há quem defenda, ainda, que o MP sempre pode arguir nulidades, ainda que relativas,
mesmo que só beneficiem a parte contrária, por conta de sua atuação como fiscal da lei.

Princípio da convalidação

Convalidar é o mesmo que tornar válido, remover o defeito. No caso do processo penal, tal
princípio significa que um ato imperfeito, viciado, pode vir a produzir os seus regulares efeitos,
como se fosse um ato processual perfeito.

A convalidação7 pode se dar:

⇒ Pelo suprimento e pela retificação – No suprimento a omissão é sanada,


procedendo-se à inclusão do que faltava8. Na retificação o defeito é corrigido.
⇒ Pela ratificação – Na ratificação o ato viciado pode ser convalidado pela confirmação
daquele que deveria ter inicialmente praticado o ato (ex.: queixa-crime oferecida por
menor de 17 anos. Pode ser convalidada pela ratificação de seu representante legal).
O art. 568 trata desta hipótese9.
⇒ Preclusão temporal – A preclusão temporal ocorre quando a nulidade não é arguida
no momento oportuno, tornando-se não mais arguível, motivo pelo qual o ato é
convalidado (mesmo defeituoso, irá produzir seus regulares efeitos).
⇒ Preclusão lógica – Na preclusão lógica o ato é convalidado porque a parte aceitou,
ainda que tacitamente, os seus efeitos.

7
Também chamada de “sanação” ou saneamento.
8
É o que ocorre, por exemplo, nas hipóteses previstas no art. 569 do CPP: “Art. 569. As omissões da denúncia ou
da queixa, da representação, ou, nos processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em
flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final.”
9
Art. 568. A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante
ratificação dos atos processuais.

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⇒ Ocorrência de trânsito em julgado – Com a superveniência da coisa julgada


(chamada de preclusão máxima), a decisão se torna imutável, motivo pelo qual as
eventuais nulidades processuais não poderão mais ser arguidas. Importante frisar que
tal hipótese não se aplica às nulidades absolutas favoráveis à defesa, que podem ser
arguidas mesmo após o trânsito em julgado (por exemplo, por meio de revisão
criminal).

Nulidades em espécie

A nulidade pode ocorrer nos seguintes casos:

Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:


I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
II - por ilegitimidade de parte;
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções
penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante;
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o
disposto no Art. 167;
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de
curador ao menor de 21 anos;
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele
intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de
ação pública;
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e
os prazos concedidos à acusação e à defesa;
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de
testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri;
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando
a lei não permitir o julgamento à revelia;
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos
termos estabelecidos pela lei;
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri;
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua
incomunicabilidade;
k) os quesitos e as respectivas respostas;
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
m) a sentença;

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n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;


o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e
despachos de que caiba recurso;
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal para
o julgamento;
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.
V - em decorrência de decisão carente de fundamentação. (Incluído pela Lei
13.964/19)
Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das
suas respostas, e contradição entre estas. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

A ocorrência de algum destes vícios de forma gera a nulidade do ato. Contudo, vocês
devem se lembrar sempre da regra: não há nulidade sem prejuízo.

Entretanto, aí fica a dica: vocês devem marcar como “CORRETA” a alternativa que citar
algum destes incisos como causa de nulidade, mesmo sem fazer a ressalva de que haja
necessidade de prejuízo, pois deve-se estar atento à LITERALIDADE DA LEI. Só se deve marcar o
item como errado se houver expressa menção à necessidade de prejuízo.

Importante destacar o inciso V do art. 564, que foi incluído pela Lei 13.964/19 (chamado
“pacote anticrime”), estabelecendo que se considera haver nulidade quando se tratar de decisão
carente de fundamentação.

Mas o que se considera uma decisão carente de fundamentação? É apenas aquela em que o Juiz
decide sem dar nenhuma explicação? Não só esta. Esta seria uma hipótese de EVIDENTE
ausência de fundamentação. Todavia, existem situações nas quais o Juiz FAZ PARECER que
fundamentou sua decisão, mas, na prática, não há fundamentação. O art. 315, §2º do CPP
(Incluído pela Lei 13.964/19) traz uma série de situações nas quais se considera NÃO
FUNDAMENTADA a decisão:

Art. 315 (...) § 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja
ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: (Incluído pela Lei 13.964/19)
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem
explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto
de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em
tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se
ajusta àqueles fundamentos;

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VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente


invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.

EXEMPLO: José foi denunciado pelo MP pela prática do crime de roubo simples, tendo sido
requerida a decretação de sua prisão preventiva. O Juiz, ao decidir, disse: “De fato, há prova da
materialidade e indícios de autoria, bem como o periculum libertatis. Assim, presentes os
requisitos, decreto a prisão preventiva”. Veja, PARECE que o Juiz fundamentou, mas na verdade
não fundamentou coisa nenhuma. Onde está a prova da materialidade? Qual é o elemento que
conduz a esta conclusão? Quais são e onde estão os indícios de autoria? E a liberdade do
acusado representa o risco por qual razão? Ele está ameaçando fugir? Está destruindo provas??

Perceba que a decisão acima, a despeito de aparentemente fundamentada, traz mais


dúvidas que respostas. Uma decisão como esta tem que ser considerada eivada do vício de
nulidade, na medida em que a ausência de fundamentação material, dentre outras situações,
dificulta o próprio exercício da ampla defesa, na medida em que a defesa terá dificuldades para
apontar, na hora de recorrer, os motivos pelos quais entende que o Juiz está errado (afinal, ele
não deixou claros os motivos para decretar a prisão preventiva). Se eu sei que foi decretada a
prisão porque o réu estaria ameaçando fugir, eu posso tentar provar (em recurso) que não há tal
fato, etc.

Dando seguimento, o art. 572 trata da convalidação de algumas nulidades. Vejamos:

Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV,
considerar-se-ão sanadas:
I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no
artigo anterior;
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.

Como se vê, no inciso I temos convalidação por preclusão temporal, no inciso II a ausência
de prejuízo e no inciso III a convalidação pela preclusão lógica.

Consideram-se sanadas, caso não arguidas no prazo correto, as seguintes nulidades:

⇒ A intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação da intentada pela


parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública (ação penal privada
subsidiária da pública);
⇒ Os prazos concedidos à acusação e à defesa;
⇒ A intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei
não permitir o julgamento à revelia;
⇒ A intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos
estabelecidos pela lei;

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Nestes casos, estas nulidades só geraram a anulação do ato se:

⇒ A parte não tiver aceitado, ainda que tacitamente, os seus efeitos


⇒ O ato, praticado por outra forma, NÃO tiver alcançado sua finalidade.
⇒ Tiverem sido arguidas no prazo oportuno.

⇒ Mas, quando devem ser arguidas as nulidades? O que se entende por arguição no prazo
correto? O art. 571 nos traz a resposta:
Art. 571. As nulidades deverão ser argüidas:
I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a
que se refere o art. 406;
II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos
processos especiais, salvo os dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos
prazos a que se refere o art. 500;
III - as do processo sumário, no prazo a que se refere o art. 537, ou, se verificadas
depois desse prazo, logo depois de aberta a audiência e apregoadas as partes;
IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo depois
de aberta a audiência;
V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o
julgamento e apregoadas as partes (art. 447);
VI - as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tribunal
Federal e dos Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500;
VII - se verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso ou
logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes;
VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo
depois de ocorrerem.

Lembrando que as nulidades absolutas podem ser arguidas a qualquer tempo. No caso das
nulidades absolutas em favor da defesa, podem ser arguidas inclusive após a ocorrência de coisa
julgada.

CUIDADO! No que tange à nulidade por incompetência do Juízo, esta anulará somente os atos
decisórios:

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Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o


processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.

Sobre a nulidade decorrente de inobservância da competência por prevenção, o STF editou o


verbete de súmula nº 706, no sentido de se tratar de nulidade RELATIVA:

Súmula 706
É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por
prevenção.

Caso não tenha sido sanada a nulidade, os atos serão renovados ou retificados.

Importante destacar, ainda, que a falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação


estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de da consumação do ato, ainda que
declare que o faz para o único fim de arguir a nulidade, mas o Juiz ordenará a suspensão ou o
adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte.
Vejamos o art. 570 do CPP:

Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará


sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se,
embora declare que o faz para o único fim de argüi-la. O juiz ordenará, todavia, a
suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade
poderá prejudicar direito da parte.

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​ ATOS PROCESSUAIS

Introdução

Sabemos que o processo não é estático, ou seja, é dinâmico, de forma que é necessário
que haja algum meio através do qual as partes e o Juiz impulsionem o processo. Isso se dá
através da prática de ATOS PROCESSUAIS.

Os atos processuais podem ser:

Os segundos (atos do Juiz) são chamados, ainda, de ATOS JURISDICIONAIS, pois através
dos atos do Juiz o Estado exerce a Jurisdição.

Tipicidade processual e defeitos dos atos processuais

Quando falamos em tipicidade penal, falamos na subsunção da conduta ao fato descrito na


norma penal incriminadora. Quando o fato praticado pelo agente for exatamente aquele descrito
pelo tipo penal, teremos um fato típico.

Na seara processual também podemos falar em tipicidade, mas tipicidade processual. A


tipicidade processual é a exigência de que os atos processuais sejam praticados em
conformidade com o que a CF/88 e as leis processuais estabelecem. Se o ato processual é
praticado da exata forma como previsto na lei processual, temos tipicidade processual. O ato
processual é típico.

A atipicidade do ato processual, portanto, é a imperfeição do ato. O ato não é perfeito


porque, obviamente, possui algum defeito (alguma incongruência entre a forma prescrita em lei e
a forma pela qual foi realizado).

Os defeitos podem ser1:

1
Essa é a principal classificação (trazida por Ada Pellegrini Grinover, Antônio Scarance Fernandes e Antônio
Magalhães Gomes Filho), embora existam DIVERSAS OUTRAS classificações. Na verdade, a existência de uma
infinidade de classificações tem, inclusive, prejudicado o estudo deste tema.

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⇒ Inexistência do ato processual – Ocorre quando o defeito é tão grave, tão inaceitável,
que se considera o ato como inexistente (Ex.: Sentença proferida por pessoa que não é
dotada de jurisdição, como um Juiz aposentado, por exemplo. Essa sentença não é
nula. É mais que isso: é INEXISTENTE, pois não se pode considerar ter havido uma
manifestação do Poder Judiciário neste caso). Falta, aqui, um elemento considerado
indispensável pelo Direito para a própria existência do ato. No exemplo dado, é
indispensável, para que haja sentença judicial, que se trate de uma manifestação do
Judiciário. Se foi “proferida” por alguém não dotado de jurisdição, pode-se dizer que a
sentença não existe.
⇒ Defeitos que podem gerar a invalidação do ato (nulidades) – São desvios de forma
que, por atentarem contra o interesse das partes ou contra o interesse público, são
capazes de conduzir o ato a uma situação de inaptidão para a produção de efeitos no
mundo jurídico (declaração de nulidade). As nulidades podem ser: (a) absolutas,
quando o vício processual é tão grande que afeta o próprio interesse público no devido
processo legal (ex.: interrogatório realizado no bojo do processo criminal, sem a
presença do defensor do acusado) ; (b) relativas, quando o defeito atenta apenas
contra normas infraconstitucionais e afeta preponderantemente os interesses das partes
(ex.: ausência de intimação das partes para ciência da expedição de carta precatória
para oitiva de testemunha).
⇒ Defeitos que são meras irregularidades – São desvios de forma mínimos, incapazes de
prejudicar a validade do ato, pois o descumprimento da forma não é capaz de
prejudicar a finalidade para a qual foi estabelecida, de maneira que um ato meramente
irregular não pode ser considerado nulo. Podem não gerar consequência processual
alguma (ex.: um dos peritos se esquece de rubricar uma das folhas do laudo pericial,
que deve ser rubricado em todas as folhas, por todos os peritos) ou podem gerar
apenas reflexos extraprocessuais (ex.: multa aplicada ao perito que entrega o laudo fora
do prazo, sem motivo justo).

Assim, podemos concluir que os atos processuais podem ser:

⇒ Atos inexistentes
⇒ Atos nulos
⇒ Atos meramente irregulares
⇒ Atos perfeitos

Todavia, de nada adiantaria o Estado estabelecer uma forma para a prática do ato sem
estabelecer uma sanção pelo eventual descumprimento dessa forma. Desta forma, as sanções
pelos defeitos processuais podem ser:

⇒ Reconhecimento da inexistência do ato – Considera-se que o ato sequer foi


praticado, sequer existiu.
⇒ Reconhecimento da nulidade (absoluta ou relativa) do ato – Aqui o Judiciário
reconhece que o ato existiu, mas está eivado de vício que conduz à sua invalidade,
de forma que se reconhece sua inaptidão para produzir efeitos.

Lembrando que, como já dissemos, os atos meramente irregulares não geram


consequências processuais, e os atos perfeitos, bem, os atos perfeitos são perfeitos, oras! ☺

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Nulidades

Princípios que regem o sistema de nulidades


Princípio do prejuízo

Em alguns casos, mesmo diante do descumprimento da forma estabelecida em lei, alguns


atos processuais podem não ter sua nulidade decretada. Isso ocorrerá quando, mesmo diante da
inobservância da forma, o ato atingir sua finalidade sem causar prejuízo às partes. Trata-se do
princípio do “prejuízo”, ou do “pas de nullité sans grief” (Não há nulidade sem prejuízo).2

Vejamos:

Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo
para a acusação ou para a defesa.

Assim, percebam que não basta que o ato tenha sido praticado com inobservância da forma
prescrita em lei para que seja declarado nulo. É necessário que dessa inobservância de forma
tenha derivado algum prejuízo às partes.3 Desta forma, busca-se conservar o ato que alcançou
sua finalidade sem causar prejuízo.

O art. 566 do CPP ressalta a necessidade de que a irregularidade tenha gerado prejuízo:

Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver
influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.

Princípio da lealdade processual (ou boa-fé processual) – O “venire contra factum


proprium”

Um outro princípio aplicável ao sistema das nulidades é o de que a própria parte que deu
causa à nulidade não pode invocá-la, ainda que lhe tenha causado prejuízo4. Trata-se do princípio
do “venire contra factum proprium”5:

Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou
para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à
parte contrária interesse.

2
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 12.º edição. Ed. Forense. Rio de
Janeiro, 2015, p. 769
3
Tal previsão consagra o princípio da INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS, em detrimento de outros sistemas,
como o sistema formalista (todo vício deve gerar nulidade processual) e o sistema formalista mitigado (todo ato
viciado deve ser considerado nulo se houver previsão legal nesse sentido).
4
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 770
5
Ou “nemo potest venire contra factum proprium” (ninguém pode vir contra seus próprios atos).

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A Doutrina, contudo, sustenta que tal princípio não se aplica quando se tratar de nulidade
absoluta.

Princípio da eficácia dos atos processuais

Tal princípio estabelece que um ato processual só é considerado nulo quando há decisão
judicial neste sentido. Isto posto, o ato processual, mesmo eivado de nulidade, permanece
produzindo seus regulares efeitos até que haja decisão judicial reconhecendo sua nulidade.

Princípio da causalidade e princípio da conservação

O princípio da causalidade6 estabelece que a nulidade de um ato provoca a invalidação,


também, dos atos que dele forem decorrência ou consequência7.

Assim, exemplificativamente, se foi declarada nula a citação por edital do réu, serão nulos
também todos os atos processuais seguintes, vez que o réu não teve oportunidade de nomear
patrono de sua confiança, indicar testemunhas para oitiva em audiência, etc.

O Juiz deve, ao declarar a nulidade, deve determinar a quais atos ela se estende:

Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos
anteriores, serão renovados ou retificados.
§ 1º A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele
diretamente dependam ou sejam consequência.
§ 2º O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende.

Por outro lado, há o princípio da conservação, que estabelece que deve ser preservada a
eficácia dos demais atos processuais se entre eles e o ato anulado não houver qualquer relação
de causalidade.

Desta forma, exemplificativamente, se foi anulado o interrogatório do réu, por conta de


determinado vício, a princípio, isso não gera a nulidade dos demais atos do processo que dele
não dependam (depoimentos das testemunhas, colhidos anteriormente, prova pericial
anteriormente realizada, etc.).

Este princípio se aplica, inclusive, quando se tratar de nulidade de parte do ato processual.
Ou seja: a declaração de nulidade de parte de um ato processual não contamina as outras partes.

Imaginemos, por exemplo, que o Tribunal reconheça que o Juízo, na sentença, não
fundamentou a escolha do regime inicial de cumprimento de pena. Naturalmente, deve ser
reconhecida a nulidade desta parte do ato. Todavia, isso não gera, automaticamente, a nulidade
do restante da sentença.

6
Também chamado de princípio da extensão, da sequencialidade, da consequencialidade ou da contaminação.
7
Trata-se, aqui, do que se chama de NULIDADE DERIVADA. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 771

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Princípio do interesse

Este princípio estabelece que nenhuma parte pode arguir nulidade relativa ao
descumprimento de uma formalidade processual cuja observância seja de interesse exclusivo da
parte contrária. O art. 565 do CPP, parte final, nos traz tal previsão:

Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou
para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à
parte contrária interesse.

Vejam que a primeira parte se refere ao princípio da lealdade processual, enquanto a parte
final cuida do princípio do interesse.

A Doutrina, todavia, chama a atenção para o fato de que tal princípio só tem cabimento
quando se trata de nulidade relativa. No caso das nulidades absolutas, há interesse público na
observância da forma prescrita em lei, motivo pelo qual mesmo a parte contrária pode arguir a
nulidade (ex.: MP pode arguir nulidade do processo pela ausência de defesa do réu).

Há quem defenda, ainda, que o MP sempre pode arguir nulidades, ainda que relativas,
mesmo que só beneficiem a parte contrária, por conta de sua atuação como fiscal da lei.

Princípio da convalidação

Convalidar é o mesmo que tornar válido, remover o defeito. No caso do processo penal, tal
princípio significa que um ato imperfeito, viciado, pode vir a produzir os seus regulares efeitos,
como se fosse um ato processual perfeito.

A convalidação8 pode se dar:

⇒ Pelo suprimento e pela retificação – No suprimento a omissão é sanada,


procedendo-se à inclusão do que faltava9. Na retificação o defeito é corrigido.
⇒ Pela ratificação – Na ratificação o ato viciado pode ser convalidado pela confirmação
daquele que deveria ter inicialmente praticado o ato (ex.: queixa-crime oferecida por
menor de 17 anos. Pode ser convalidada pela ratificação de seu representante legal).
O art. 568 trata desta hipótese10.
⇒ Preclusão temporal – A preclusão temporal ocorre quando a nulidade não é arguida
no momento oportuno, tornando-se não mais arguível, motivo pelo qual o ato é
convalidado (mesmo defeituoso, irá produzir seus regulares efeitos).
⇒ Preclusão lógica – Na preclusão lógica o ato é convalidado porque a parte aceitou,
ainda que tacitamente, os seus efeitos.

8
Também chamada de “sanação” ou saneamento.
9
É o que ocorre, por exemplo, nas hipóteses previstas no art. 569 do CPP: “Art. 569. As omissões da denúncia ou
da queixa, da representação, ou, nos processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em
flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final.”
10
Art. 568. A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante
ratificação dos atos processuais.

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⇒ Ocorrência de trânsito em julgado – Com a superveniência da coisa julgada


(chamada de preclusão máxima), a decisão se torna imutável, motivo pelo qual as
eventuais nulidades processuais não poderão mais ser arguidas. Importante frisar que
tal hipótese não se aplica às nulidades absolutas favoráveis à defesa, que podem ser
arguidas mesmo após o trânsito em julgado (por exemplo, por meio de revisão
criminal).

Nulidades em espécie

A nulidade pode ocorrer nos seguintes casos:

Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:


I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
II - por ilegitimidade de parte;
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções
penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante;
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o
disposto no Art. 167;
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de
curador ao menor de 21 anos;
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele
intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de
ação pública;
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e
os prazos concedidos à acusação e à defesa;
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de
testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri;
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando
a lei não permitir o julgamento à revelia;
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos
termos estabelecidos pela lei;
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri;
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua
incomunicabilidade;
k) os quesitos e as respectivas respostas;
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
m) a sentença;

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n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;


o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e
despachos de que caiba recurso;
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal para
o julgamento;
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.
V - em decorrência de decisão carente de fundamentação. (Incluído pela Lei
13.964/19)
Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das
suas respostas, e contradição entre estas. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

A ocorrência de algum destes vícios de forma gera a nulidade do ato. Contudo, vocês
devem se lembrar sempre da regra: não há nulidade sem prejuízo.

Entretanto, aí fica a dica: vocês devem marcar como “CORRETA” a alternativa que citar
algum destes incisos como causa de nulidade, mesmo sem fazer a ressalva de que haja
necessidade de prejuízo, pois deve-se estar atento à LITERALIDADE DA LEI. Só se deve marcar o
item como errado se houver expressa menção à necessidade de prejuízo.

Importante destacar o inciso V do art. 564, que foi incluído pela Lei 13.964/19 (chamado
“pacote anticrime”), estabelecendo que se considera haver nulidade quando se tratar de decisão
carente de fundamentação.

Mas o que se considera uma decisão carente de fundamentação? É apenas aquela em que o Juiz
decide sem dar nenhuma explicação? Não só esta. Esta seria uma hipótese de EVIDENTE
ausência de fundamentação. Todavia, existem situações nas quais o Juiz FAZ PARECER que
fundamentou sua decisão, mas, na prática, não há fundamentação. O art. 315, §2º do CPP
(Incluído pela Lei 13.964/19) traz uma série de situações nas quais se considera NÃO
FUNDAMENTADA a decisão:

Art. 315 (...) § 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja
ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: (Incluído pela Lei 13.964/19)
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem
explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto
de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em
tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se
ajusta àqueles fundamentos;

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VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente


invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.

EXEMPLO: José foi denunciado pelo MP pela prática do crime de roubo simples, tendo sido
requerida a decretação de sua prisão preventiva. O Juiz, ao decidir, disse: “De fato, há prova da
materialidade e indícios de autoria, bem como o periculum libertatis. Assim, presentes os
requisitos, decreto a prisão preventiva”. Veja, PARECE que o Juiz fundamentou, mas na verdade
não fundamentou coisa nenhuma. Onde está a prova da materialidade? Qual é o elemento que
conduz a esta conclusão? Quais são e onde estão os indícios de autoria? E a liberdade do
acusado representa o risco por qual razão? Ele está ameaçando fugir? Está destruindo provas??

Perceba que a decisão acima, a despeito de aparentemente fundamentada, traz mais


dúvidas que respostas. Uma decisão como esta tem que ser considerada eivada do vício de
nulidade, na medida em que a ausência de fundamentação material, dentre outras situações,
dificulta o próprio exercício da ampla defesa, na medida em que a defesa terá dificuldades para
apontar, na hora de recorrer, os motivos pelos quais entende que o Juiz está errado (afinal, ele
não deixou claros os motivos para decretar a prisão preventiva). Se eu sei que foi decretada a
prisão porque o réu estaria ameaçando fugir, eu posso tentar provar (em recurso) que não há tal
fato, etc.

Dando seguimento, o art. 572 trata da convalidação de algumas nulidades. Vejamos:

Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV,
considerar-se-ão sanadas:
I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no
artigo anterior;
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.

Como se vê, no inciso I temos convalidação por preclusão temporal, no inciso II a ausência
de prejuízo e no inciso III a convalidação pela preclusão lógica.

Consideram-se sanadas, caso não arguidas no prazo correto, as seguintes nulidades:

⇒ A intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação da intentada pela


parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública (ação penal privada
subsidiária da pública);
⇒ Os prazos concedidos à acusação e à defesa;
⇒ A intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei
não permitir o julgamento à revelia;
⇒ A intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos
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Nestes casos, estas nulidades só geraram a anulação do ato se:

⇒ A parte não tiver aceitado, ainda que tacitamente, os seus efeitos


⇒ O ato, praticado por outra forma, NÃO tiver alcançado sua finalidade.
⇒ Tiverem sido arguidas no prazo oportuno.

⇒ Mas, quando devem ser arguidas as nulidades? O que se entende por arguição no prazo
correto? O art. 571 nos traz a resposta:
Art. 571. As nulidades deverão ser argüidas:
I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a
que se refere o art. 406;
II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos
processos especiais, salvo os dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos
prazos a que se refere o art. 500;
III - as do processo sumário, no prazo a que se refere o art. 537, ou, se verificadas
depois desse prazo, logo depois de aberta a audiência e apregoadas as partes;
IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo depois
de aberta a audiência;
V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o
julgamento e apregoadas as partes (art. 447);
VI - as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tribunal
Federal e dos Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500;
VII - se verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso ou
logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes;
VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo
depois de ocorrerem.

Lembrando que as nulidades absolutas podem ser arguidas a qualquer tempo. No caso das
nulidades absolutas em favor da defesa, podem ser arguidas inclusive após a ocorrência de coisa
julgada.

CUIDADO! No que tange à nulidade por incompetência do Juízo, esta anulará somente os atos
decisórios:

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Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o


processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.

Sobre a nulidade decorrente de inobservância da competência por prevenção, o STF editou o


verbete de súmula nº 706, no sentido de se tratar de nulidade RELATIVA:

Súmula 706
É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por
prevenção.

Caso não tenha sido sanada a nulidade, os atos serão renovados ou retificados.

Importante destacar, ainda, que a falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação


estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de da consumação do ato, ainda que
declare que o faz para o único fim de arguir a nulidade, mas o Juiz ordenará a suspensão ou o
adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte.
Vejamos o art. 570 do CPP:

Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará


sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se,
embora declare que o faz para o único fim de argüi-la. O juiz ordenará, todavia, a
suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade
poderá prejudicar direito da parte.

Lugar dos atos processuais

Os atos processuais são praticados, em regra, na sede do Juízo:

Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e


se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do
secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou
previamente designados.

No entanto, nada impede que sejam realizados em outros locais, a critério do Juiz:

Art. 792 (...)


§ 2º As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de necessidade,
poderão realizar-se na residência do juiz, ou em outra casa por ele especialmente
designada.

É muito comum, por exemplo, a oitiva de testemunhas em local diverso da sede do Juízo,
nos casos em que esta possua prerrogativa de ser ouvida no local que indicar. Vejamos:

Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e


deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e

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Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos


Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do
Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos
Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos
em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. (Redação dada
pela Lei nº 3.653, de 4.11.1959)

Também não serão realizados na sede do Juízo os atos que devam ser praticados em outra
comarca, país ou perante o Juiz singular, caso esteja tramitando o processo no Tribunal.

Nesse caso será expedida carta para cumprimento do ato, podendo se tratar de carta
precatória (a ser cumprida em outra comarca), rogatória (em outro país) ou de ordem (por Juiz
subordinado).

​ COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

Citações

Conceito

A citação é o ato pelo qual se chama o réu para participar do processo que em face dele foi
movido.11 Trata-se da materialização suprema do princípio do contraditório e da ampla defesa. O
processo só completa sua formação com a efetivação da citação.

Citação pessoal

A citação pessoal, em regra, se faz mediante MANDADO DE CITAÇÃO, que é um


documento expedido pelo Juiz da causa, dando ciência ao réu do processo existente contra ele,
e abrindo prazo para que se manifeste. Nos termos do art. 351 do CPP:

Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território
sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.

O MANDADO DE CITAÇÃO deverá conter algumas informações básicas, que são


necessárias para que o réu seja perfeitamente cientificado da natureza do processo contra ele
movido, bem como deverá cumprir algumas formalidades. Nos termos do art. 352 do CPP:

Art. 352. O mandado de citação indicará:


I - o nome do juiz;
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;

11
PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 16º edição. Ed. Atlas. São Paulo, 2012, p. 601

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IV - a residência do réu, se for conhecida;


V - o fim para que é feita a citação;
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer12;
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.

Estes são os chamados requisitos INTRÍNSECOS do mandado de citação. Há, ainda, os


requisitos EXTRÍNSECOS do mandado de citação, previstos no art. 357 do CPP:

Art. 357. São requisitos da citação por mandado:


I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se
mencionarão dia e hora da citação;
II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou
recusa.

Perceba, caro aluno, que é necessário que o citando (o acusado) resida em local sob a
Jurisdição do Juiz que está julgando a causa. Caso ele resida em outro lugar, o mandado deverá
ser cumprido mediante carta precatória.13 Vejamos:

Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante,
será citado mediante precatória.

A Carta precatória também deverá preencher alguns requisitos:

Art. 354. A precatória indicará:


I - o juiz deprecado e o juiz deprecante;
II - a sede da jurisdição de um e de outro;
III - o fim para que é feita a citação, com todas as especificações;
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer.
Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independentemente de
traslado, depois de lançado o "cumpra-se" e de feita a citação por mandado do
juiz deprecado.
§ 1º Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro
juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência,
desde que haja tempo para fazer-se a citação.

12
Atualmente, o réu não é mais citado para comparecer à audiência, mas para apresentar resposta à acusação.
Assim, estas informações passaram a ser dispensáveis no procedimento comum. Existem procedimentos especiais,
contudo, que estabelecem o interrogatório do acusado como primeiro ato da instrução (ex.: Lei de Drogas). Neste
caso, em já tendo sido designada audiência quando da expedição do mandado, devem constar as informações
necessárias para viabilizar o comparecimento do réu.
13
PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 602/603

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Vejam que, expedida a precatória, se o Juízo deprecado (o que recebeu a carta) verificar
que o réu não reside na sua localidade, ELE NÃO DEVE DEVOLVER OS AUTOS AO JUIZ
DEPRECANTE (o que enviou a carta), mas deve REMETER A CARTA PRECATÓRIA AO JUÍZO
DO LOCAL ONDE O RÉU RESIDE, desde que haja tempo para se realizar a citação. Assim:

Em razão disso, ou seja, em razão do fato de a carta precatória “acompanhar o citando”


onde ele estiver, diz-se que a carta precatória possui caráter itinerante.

A precatória, no caso de urgência, pode ser expedida por via telegráfica (Hoje quase não se
aplica esta regra). Com o advento da Lei 11.419/06, passou a ser possível a realização da
comunicação dos atos processuais por meio eletrônico.

Modalidades especiais de citação pessoal

A citação do militar deve ser feita por intermédio do respectivo chefe do serviço14, nos
termos do art. 358 do CPP. Se se tratar de funcionário público, será citado pessoalmente, mas o
dia e hora designados para que compareça em Juízo deverão ser comunicados (mediante
notificação) ao seu chefe (art. 359 do CPP). Isso só se aplica, porém, ao militar e ao funcionário
público que estejam em ATIVIDADE. Se já estão reformados ou aposentados, por exemplo, a
citação seguirá a regra geral.

O réu preso, entretanto, será citado PESSOALMENTE, por força do art. 360 do CPP.

14
O que significa, na prática, que será feita uma requisição ao superior hierárquico do citando. PACELLI, Eugênio.
Op. cit., p. 608

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ATENÇÃO! O comparecimento espontâneo do acusado sana eventual nulidade ou falta da


citação, desde que não tenha havido prejuízo para a defesa, nos termos do art. 570 do CPP e do
entendimento consolidado do STJ.15

Citação do acusado no estrangeiro

Por fim, caso o acusado esteja no estrangeiro, sabendo-se seu endereço16, será citado
mediante CARTA ROGATÓRIA, suspendendo-se o curso do prazo prescricional até seu
cumprimento, art. 368 do CPP. Uma vez realizada a citação, o prazo prescricional voltará a fluir.

É importante destacar o que consta no art. 222-A do CPP:

Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada previamente


a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de
envio. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)

Este artigo NÃO se aplica à citação. A expedição de carta rogatória para fins de citação
independe de demonstração de imprescindibilidade, ou seja, não é necessário que se demonstre
a necessidade de expedição da carta rogatória, eis que a citação do acusado é, por si só, prova
da indispensabilidade.

Tal dispositivo só se aplica à expedição de carta rogatória para a oitiva de testemunhas


(neste caso a parte que arrolar a testemunha deverá comprovar a imprescindibilidade da
testemunha e arcar com os custos do envio).

Por fim, não cabe expedição de carta rogatória no rito dos Juizados Especiais (rito
sumaríssimo, da Lei 9.099/95).17

Citações em embaixadas e consulados

Tais localidades, também conhecidas como “legações estrangeiras”, são protegidas por
inviolabilidade. Não são consideradas como território estrangeiro, mas gozam de inviolabilidade,
ou seja, não estão submetidas às mesmas regras de livre trânsito previstas para os demais pontos
do território nacional.

Assim, e se for necessária a citação de alguém que resida em alguma legação estrangeira?
Como fazer? Neste caso, o art. 369 do CPP expressamente determina que a citação será feita
por carta rogatória.

Citação ficta: por hora certa e por edital

Pode ocorrer, no entanto, de o réu não ser encontrado para ser citado. Quando o réu é
citado pessoalmente, diz-se que há CITAÇÃO REAL. No entanto, caso ele não seja encontrado,

15
STJ - RHC n. 39.105/SC, Ministro Rogerio Schietti Cruz, DJe 3/6/2014
16
Importante esta ressalva, pois se o acusado está no estrangeiro, mas NÃO SE SABE AO CERTO o seu endereço,
deverá ser citado por edital. PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 609
17
STJ, RHC 10.476-SP

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será procedida à sua CITAÇÃO FICTA. A citação ficta pode ser POR HORA CERTA ou POR
EDITAL.

A CITAÇÃO POR HORA CERTA ocorrerá sempre que, a despeito de residir no local, o réu
estiver “fugindo” do oficial de Justiça, ou seja, se escondendo para não ser citado e procrastinar
o processo, nos termos do art. 362 do CPP:

Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma
estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 -
Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

A citação por hora certa segue a regulamentação prevista para a citação no processo civil.18
Em termos objetivos, assim se desenvolve a citação por hora certa:

● Oficial de Justiça comparece por duas vezes no local indicado, sem encontrar o
citando, e verifica que há suspeita de ocultação
● Diante disso, intima qualquer pessoa da família ou vizinho de que, no dia útil
SEGUINTE, voltará para realizar a citação, na hora que designar (em condomínios é
possível que esta intimação seja feita ao porteiro)
● No dia e hora agendados, o Oficial de Justiça retorna e, se o citando não estiver no
local, dará por realizada a citação (a menos que haja motivo justificado para a ausência
do citando)
● Uma vez dada por realizada a citação, o Oficial de Justiça deixará contrafé (cópia da
inicial) com a pessoa da família, vizinho, porteiro, etc.

18
Embora o art. 362 se refira aos arts. 227 a 229, atualmente, com a vigência do NOVO CPC, tal regulamentação se
encontra nos arts. 252 a 254:
Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência
sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta,
qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar.
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a
que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência.
Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao
domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência.
§ 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por
feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias.
§ 2º A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido intimado
esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o mandado.
§ 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho,
conforme o caso, declarando-lhe o nome.
§ 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver
revelia.
Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado,
no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência
eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.

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● Nos 10 dias seguintes à juntada aos autos do mandado, o Escrivão (ou Chefe de
Secretaria) enviará ao citado carta, telegrama ou correspondência eletrônica,
dando-lhe de tudo ciência.

Entretanto, pode ocorrer de o réu não estar se escondendo, mas simplesmente NÃO
RESIDIR NO LOCAL, E NÃO SER CONHECIDO SEU PARADEIRO. Neste caso, será procedida à
citação ficta, na modalidade CITAÇÃO POR EDITAL. Nos termos do art. 361 e 363, §1° do CPP:

Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15
(quinze) dias.
(...) § 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital.
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

O edital de citação é um documento, com informações similares às do mandado de citação,


e é afixado na SEDE DO JUÍZO PROCESSANTE, pelo período fixado na Lei (no caso, 15 dias).
Vejamos:

Art. 365. O edital de citação indicará:


I - o nome do juiz que a determinar;
II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem
como sua residência e profissão, se constarem do processo;
III - o fim para que é feita a citação;
IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer;
V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se
houver, ou da sua afixação.
Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e
será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada
pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou
certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da
publicação.

ATENÇÃO! Com relação à citação por edital, temos duas regrinhas jurisprudenciais muito
importantes, materializadas nos verbetes de súmula nº 351 e 366 do STF:

SÚMULA 351

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É NULA A CITAÇÃO POR EDITAL DE RÉU PRESO NA MESMA UNIDADE DA


FEDERAÇÃO EM QUE O JUIZ EXERCE A SUA JURISDIÇÃO.
Súmula 366
NÃO É NULA A CITAÇÃO POR EDITAL QUE INDICA O DISPOSITIVO DA LEI
PENAL, EMBORA NÃO TRANSCREVA A DENÚNCIA OU QUEIXA, OU NÃO
RESUMA OS FATOS EM QUE SE BASEIA.

Contudo, em relação à súmula 351, firmou-se o entendimento no sentido de que se o réu está
preso em local conhecido nos autos do processo, ainda que em unidade da federação diversa
daquela em que corre o processo, a citação por edital não pode ser realizada19.

Resumidamente:

1 – Réu preso em estabelecimento prisional na mesma UF – Não pode haver citação por edital.

2 – Réu preso em estabelecimento prisional em UF diversa da do Juízo em que tramita o


processo – Pode ser citado por edital, DESDE QUE não se saiba seu paradeiro e tenham sido
esgotados os meios para obtê-lo20. Se o Juízo conhece o local em que se encontra preso o
acusado, deverá ser citado pessoalmente, por carta precatória.21

⇒ Mas e se o acusado citado por hora certa ou por edital (CITAÇÕES FICTAS) não
comparecer para se defender? As consequências são distintas. Se citado por hora certa,
lhe será nomeado defensor dativo (art. 362, § único do CPP). Caso seja citado por edital e
não apareça para se defender, o processo ficará suspenso, suspendendo-se, também, o
curso do prazo prescricional (art. 366 do CPP).
⇒ Mas o prazo prescricional ficará suspenso por tempo indeterminado? A Lei nada diz a
respeito. O STF possui julgados antigos no sentido de que não há prazo, ou seja, poderia
ficar suspenso por prazo indeterminado. Contudo, este entendimento provavelmente irá
mudar, até mesmo em razão da súmula 415 do STJ:
Súmula 415 do STJ
O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada.

Verifica-se, portanto, que o STJ entende que o prazo prescricional pode ficar suspenso, no
máximo, pelo mesmo período previsto como prazo prescricional.

EXEMPLO: José está sendo processado pela prática do crime de estelionato, cuja
pena máxima é de cinco anos, logo, o prazo prescricional é de 12 anos. Neste

19
HC 256.981/MG
20
Há quem sustente que a citação do réu preso, hoje, não mais pode se dar por edital, ainda que se trate de réu
preso em outra Unidade da Federação, em razão da plena possibilidade de se obter o paradeiro do réu (através do
Banco Nacional de Mandados de Prisão). Nesse sentido: LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 3º
edição. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p.1246/1247
21
PACELLI, Eugênio. Op. cit., p 610

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caso, o prazo prescricional só poderia ficar suspenso por 12 anos. Após este
lapso temporal, o prazo prescricional voltaria a correr normalmente.

Quando da aplicação do art. 366, o Juiz poderá:

▪ Determinar a produção antecipada de provas – Com relação a este ponto, é


importante ressaltar que prevalece o entendimento de que a decisão que determina
a produção antecipada de provas deve ser devida e concretamente fundamentada,
não podendo se basear apenas na alegação de que o decurso do tempo é prejudicial
(súmula 455 do STJ22).
▪ Decretar a prisão preventiva – Isso não significa que teremos, aqui, uma hipótese de
decretação automática da prisão preventiva. Devem estar presentes os pressupostos
do art. 312 e as regras do art. 313 do CPP.

Por fim, o art. 366 não se aplica aos crimes de lavagem de capitais, nos termos do art. 2º,
§2º da Lei 9.613/98.23

Intimações

Diferentemente da citação, que é o ato único mediante o qual o réu é integrado ao


processo, as intimações são várias durante o processo, e ocorrerão sempre que for necessário
dar ciência a alguém da prática de um ato processual.24

Nos termos do art. 370 do CPP:

Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que
devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for
aplicável, o disposto no Capítulo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de
17.4.1996)

O §1° dispõe que a intimação do defensor do acusado, do advogado do querelante e do


assistente será feita mediante publicação no órgão oficial (Diária oficial), fazendo-se menção ao
nome do acusado. Ressalvo a vocês que se o acusado estiver sendo defendido pela Defensoria
Pública, a intimação deverá ser feita, necessariamente, mediante entrega dos autos com vista,
nos termos do que dispõe a LC 80/94 (Lei Orgânica Nacional da Defensoria Pública).

Caso não haja órgão de publicação oficial (quase raro atualmente), a intimação será feita por
mandado, por via postal com aviso de recebimento OU OUTRO MEIO IDÔNEO. Perceba, caro

22
Súmula 455 do STJ: “A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no artigo 366 do CPP
deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo”.
23
Há fortes críticas doutrinárias a esta exceção.
24
Boa parte da Doutrina (Ver, por todos, Guilherme Nucci) entende que não há diferença entre os termos
NOTIFICAÇÃO e INTIMAÇÃO. Para estes autores, o próprio CPP não faz uma distinção clara, de forma que
poderiam ser consideradas como sinônimos. Aqueles que sustentam que há diferença afirmam que a intimação se dá
para mera ciência de algo, enquanto a notificação se dá para convocar alguém a fazer algo. Contudo, como dito, o
CPP não faz essa distinção. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 600

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aluno, portanto, que nada impede que sejam utilizadas outras formas de INTIMAÇÃO. Não
podem ser usadas, entretanto, outras formas de CITAÇÃO. Somente aquelas!

Nos casos de sujeitos processuais que sejam intimados pessoalmente (caso da Defensoria
Pública, do defensor nomeado e do MP, por exemplo), a intimação pessoal DISPENSA A
NECESSIDADE DE PUBLICAÇÃO NO ÓRGÃO OFICIAL, nos termos do art. 370, §3° do CPP:

§ 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a que alude


o § 1º. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

Lembrando que a intimação também pode ser feita por carta precatória, notadamente
quando houver necessidade de oitiva de alguma testemunha que more fora da Comarca.

A precatória, uma vez expedida, NÃO SUSPENDE a instrução criminal. Além disso, uma vez
intimada a defesa acerca da expedição da carta precatória, é DESNECESSÁRIA nova intimação
2
da defesa para ciência da data designada para a audiência no Juízo deprecado (súmula 273 do
STJ).

CUIDADO! Muito embora este seja o teor do enunciado nº 273 da súmula de jurisprudência do
STJ, o STF firmou entendimento no sentido de que este enunciado não se aplica quando se trata
de acusado defendido pela Defensoria Pública e há sede da Defensoria Pública no local em que
se encontra o Juízo deprecado. Neste caso, considerando a enorme quantidade de assistidos da
Defensoria Pública, bem como os problemas organizacionais, deve o Juízo proceder à intimação
da Unidade da DP que funcione na sede do Juízo deprecado, para ciência da data da audiência25
.

É cabível a INTIMAÇÃO por hora certa? Sim, já que o art. 370 do CPP determina a aplicação
subsidiária das normas relativas às citações.

ATENÇÃO! Caso o acusado, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de
comparecer a ele sem motivo justo, ou mudar de residência sem comunicar ao Juízo, o processo
seguirá sem que seja intimado dos atos processuais seguintes (norma muito criticada pela
Doutrina).

25
RHC 106394

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Notificações

O CPP e as leis processuais penais especiais utilizam as expressões “intimação” e


“notificação” de maneira indiscriminada, ou seja, não há um rigor técnico na utilização de uma ou
de outra.

Do ponto de vista estritamente doutrinário, porém, existe a seguinte distinção:

▪ Notificação – Ciência que se dá a alguém a respeito de uma providência que por ela
deve ser tomada (Ex.: notificação da testemunha para que compareça à audiência).
▪ Intimação – Ciência que se dá a alguém a respeito de um ato já realizado (Ex.:
Intimação para ciência da sentença).

Esta divisão, porém, é meramente doutrinária, porque a legislação processual não adota
esse rigor técnico, ou seja, utiliza um termo no 2lugar de outro sem qualquer pudor.

​ ATOS JURISDICIONAIS NO PROCESSO PENAL


Os atos jurisdicionais podem ser classificados em dois grandes grupos:

✔ Despachos de mero expediente – Aqueles que não possuem carga decisória,


servindo apenas para impulsionar o processo;
✔ Decisões ou sentenças em sentido amplo – Possuem carga decisória e se destinam a
resolver alguma questão incidental no processo ou o próprio mérito da ação penal.

O primeiro grupo não traz grandes dificuldades. O problema reside mesmo é no segundo
grupo, no qual existem várias subdivisões, de forma que devemos conhecer cada uma das
espécies, pois o conhecimento da natureza de uma decisão influencia em diversos aspectos,
dentre eles, na caracterização do RECURSO CABÍVEL.

A Doutrina possui inúmeras classificações (cada autor cria uma, para vender livro ☺).
Entretanto, podemos sintetizá-las da seguinte forma:

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Vamos, adiante, adentrar um pouco mais no estudo das SENTENÇAS.

​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO
8 PENAL

⮲ Art. 792 do CPP - Trata da publicidade dos atos processuais:

PUBLICIDADE
Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e
se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do
secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou
previamente designados.
§ 1º Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder
resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o
juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da
parte ou do Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas
fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar presentes.

⮲ Arts. 797 e 798 do CPP - Tratam do tempo dos atos processuais e dos prazos processuais:

Art. 797. Excetuadas as sessões de julgamento, que não serão marcadas para
domingo ou dia feriado, os demais atos do processo poderão ser praticados em
período de férias, em domingos e dias feriados. Todavia, os julgamentos
iniciados em dia útil não se interromperão pela superveniência de feriado ou
domingo.
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios,
não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.

⮲ Art. 792 e seu §2º do CPP - Tratam do lugar dos atos processuais:

Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e


se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do

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secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou


previamente designados.
Art. 792 (...)
§ 2º As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de necessidade,
poderão realizar-se na residência do juiz, ou em outra casa por ele especialmente
designada.

⮲ Arts. 351 a 372 do CPP - Tratam das citações e intimações:

CITAÇÕES E INTIMAÇÕES
DAS CITAÇÕES
Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no
território sujeito à jurisdição do juiz que1 a houver ordenado.
Art. 352. O mandado de citação indicará:
I - o nome do juiz;
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;
IV - a residência do réu, se for conhecida;
V - o fim para que é feita a citação;
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer;
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.
Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz
processante, será citado mediante precatória.
Art. 354. A precatória indicará:
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante;
II - a sede da jurisdição de um e de outro;
Ill - o fim para que é feita a citação, com todas as especificações;
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer.
Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independentemente de
traslado, depois de lançado o "cumpra-se" e de feita a citação por mandado do
juiz deprecado.
§ 1º Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro
juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência,
desde que haja tempo para fazer-se a citação.
§ 2º Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser citado, a
precatória será imediatamente devolvida, para o fim previsto no art. 362.

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Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que conterá em resumo os requisitos


enumerados no art. 354, poderá ser expedida por via telegráfica, depois de
reconhecida a firma do juiz, o que a estação expedidora mencionará.
Art. 357. São requisitos da citação por mandado:
I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se
mencionarão dia e hora da citação;
II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou
recusa.
Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo
serviço.
Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como
acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição.
b
Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. (Redação dada pela
Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15
(quinze) dias.
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma
estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 -
Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não
comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. (Incluído pela Lei nº 11.719, de
2008).
Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação
do acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital.
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 3º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4º Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, o processo
observará o disposto nos arts. 394 e seguintes deste Código. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).
Art. 364. No caso do artigo anterior, no I, o prazo será fixado pelo juiz entre 15
(quinze) e 90 (noventa) dias, de acordo com as circunstâncias, e, no caso de no II,
o prazo será de trinta dias.
Art. 365. O edital de citação indicará:

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I - o nome do juiz que a determinar;


II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem
como sua residência e profissão, se constarem do processo;
III - o fim para que é feita a citação;
IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer;
V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se
houver, ou da sua afixação.
Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo
e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada
pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou
certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da
publicação.
1
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,
podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas
urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no
art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) (Vide Lei nº 11.719, de
2008)
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado
pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado,
ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo.
(Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado
mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o
seu cumprimento. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações estrangeiras serão
efetuadas mediante carta rogatória. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de
17.4.1996)
CAPÍTULO II
DAS INTIMAÇÕES
Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que
devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for
aplicável, o disposto no Capítulo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de
17.4.1996)
§ 1º A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do
assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos

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judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado.


(Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
§ 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, a
intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com
comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. (Redação
dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
§ 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a que alude
o § 1º. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
§ 4º A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal.
(Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na petição em que for
requerida, observado o disposto no art. 357.
Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz marcará desde
logo, na presença das partes e testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento,
do que se lavrará termo nos autos.

​ SÚMULAS PERTINENTES
Súmulas do STF
⮲ Súmula 351 do STF - O STF sumulou entendimento no sentido de que não é cabível a
realização de citação por edital quando o réu se encontra preso na mesma Unidade da Federação
em que o Juiz exercer sua Jurisdição:

SÚMULA 351
É NULA A CITAÇÃO POR EDITAL DE RÉU PRESO NA MESMA UNIDADE DA
FEDERAÇÃO EM QUE O JUIZ EXERCE A SUA JURISDIÇÃO.

⮲ Súmula 366 do STF - O STF sumulou entendimento no sentido de que o edital de citação deve
indicar o dispositivo da lei penal no qual o acusado está incurso, sob pena de nulidade. Por outro
lado, não é necessário que o edital de citação transcreva a denúncia ou queixa ou traga resumo
dos fatos, de maneira que a ausência de tais elementos não enseja nulidade:

Súmula 366
NÃO É NULA A CITAÇÃO POR EDITAL QUE INDICA O DISPOSITIVO DA LEI
PENAL, EMBORA NÃO TRANSCREVA A DENÚNCIA OU QUEIXA, OU NÃO
RESUMA OS FATOS EM QUE SE BASEIA.

⮲ Súmula 155 do STF - O STF sumulou entendimento no sentido de que, embora seja necessária
a intimação acerca da expedição de precatória para oitiva de testemunha, sua ausência é causa
de nulidade relativa:

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Súmula 155 do STF - “É relativa a nulidade do processo criminal por falta de


intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha.”

⮲ Súmula 310 do STF – Regulamenta o início da contagem do prazo processual quando tiver a
intimação recair em véspera de dia não útil:

Súmula 310 do STF - “Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a


publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início
na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que
começará no primeiro dia útil que se seguir.”

⮲ Súmula 710 do STF – O STF sumulou entendimento no sentido de que, no processo penal, a
contagem do prazo se dá a partir da intimação, e não da juntada aos autos do mandado (ou da
carta):

Súmula 710 do STF - “No Processo Penal, contam-se os prazos da data da


intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou de carta precatória ou de
ordem.”

Súmulas do STJ

⮲ Súmula 415 do STJ: O STJ sumulou entendimento no sentido de que a suspensão do prazo
prescricional deve ser regulada pelo máximo da pena cominada ao delito, não podendo ficar
suspenso por tempo indeterminado:

Súmula 415 do STJ


O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada.

⮲ Súmula 273 do STJ: O STJ sumulou entendimento no sentido de que, uma vez intimada a
defesa acerca da expedição da carta precatória, é DESNECESSÁRIA nova intimação da defesa
para ciência da data designada para a audiência no Juízo deprecado:

Súmula 273 do STJ - Intimada a defesa da expedição da carta precatória,


torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado.

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Citações

Conceito

A citação é o ato pelo qual se chama o réu para participar do processo que em face dele foi
movido.1 Trata-se da materialização suprema do princípio do contraditório e da ampla defesa. O
processo só completa sua formação com a efetivação da citação.

Citação pessoal

A citação pessoal, em regra, se faz mediante MANDADO DE CITAÇÃO, que é um


documento expedido pelo Juiz da causa, dando ciência ao réu do processo existente contra ele,
e abrindo prazo para que se manifeste. Nos termos do art. 351 do CPP:

Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território
sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.

O MANDADO DE CITAÇÃO deverá conter algumas informações básicas, que são


necessárias para que o réu seja perfeitamente cientificado da natureza do processo contra ele
movido, bem como deverá cumprir algumas formalidades. Nos termos do art. 352 do CPP:

Art. 352. O mandado de citação indicará:


I - o nome do juiz;
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;
IV - a residência do réu, se for conhecida;
V - o fim para que é feita a citação;
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer2;
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.

Estes são os chamados requisitos INTRÍNSECOS do mandado de citação. Há, ainda, os


requisitos EXTRÍNSECOS do mandado de citação, previstos no art. 357 do CPP:

Art. 357. São requisitos da citação por mandado:

1
PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 16º edição. Ed. Atlas. São Paulo, 2012, p. 601
2
Atualmente, o réu não é mais citado para comparecer à audiência, mas para apresentar resposta à acusação. Assim,
estas informações passaram a ser dispensáveis no procedimento comum. Existem procedimentos especiais, contudo,
que estabelecem o interrogatório do acusado como primeiro ato da instrução (ex.: Lei de Drogas). Neste caso, em já
tendo sido designada audiência quando da expedição do mandado, devem constar as informações necessárias para
viabilizar o comparecimento do réu.

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I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se


mencionarão dia e hora da citação;
II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou
recusa.

Perceba, caro aluno, que é necessário que o citando (o acusado) resida em local sob a
Jurisdição do Juiz que está julgando a causa. Caso ele resida em outro lugar, o mandado deverá
ser cumprido mediante carta precatória.3 Vejamos:

Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante,
será citado mediante precatória.

A Carta precatória também deverá preencher alguns requisitos:

Art. 354. A precatória indicará:


I - o juiz deprecado e o juiz deprecante;
II - a sede da jurisdição de um e de outro;
III - o fim para que é feita a citação, com todas as especificações;
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer.
Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independentemente de
traslado, depois de lançado o "cumpra-se" e de feita a citação por mandado do
juiz deprecado.
§ 1º Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro
juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência,
desde que haja tempo para fazer-se a citação.

Vejam que, expedida a precatória, se o Juízo deprecado (o que recebeu a carta) verificar
que o réu não reside na sua localidade, ELE NÃO DEVE DEVOLVER OS AUTOS AO JUIZ
DEPRECANTE (o que enviou a carta), mas deve REMETER A CARTA PRECATÓRIA AO JUÍZO
DO LOCAL ONDE O RÉU RESIDE, desde que haja tempo para se realizar a citação. Assim:

3
PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 602/603

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Em razão disso, ou seja, em razão do fato de a carta precatória “acompanhar o citando”


onde ele estiver, diz-se que a carta precatória possui caráter itinerante.

A precatória, no caso de urgência, pode ser expedida por via telegráfica (Hoje quase não se
aplica esta regra). Com o advento da Lei 11.419/06, passou a ser possível a realização da
comunicação dos atos processuais por meio eletrônico.

Modalidades especiais de citação pessoal

A citação do militar deve ser feita por intermédio do respectivo chefe do serviço4, nos
termos do art. 358 do CPP. Se se tratar de funcionário público, será citado pessoalmente, mas o
dia e hora designados para que compareça em Juízo deverão ser comunicados (mediante
notificação) ao seu chefe (art. 359 do CPP). Isso só se aplica, porém, ao militar e ao funcionário
público que estejam em ATIVIDADE. Se já estão reformados ou aposentados, por exemplo, a
citação seguirá a regra geral.

O réu preso, entretanto, será citado PESSOALMENTE, por força do art. 360 do CPP.

ATENÇÃO! O comparecimento espontâneo do acusado sana eventual nulidade ou falta da


citação, desde que não tenha havido prejuízo para a defesa, nos termos do art. 570 do CPP e do
entendimento consolidado do STJ.5

4
O que significa, na prática, que será feita uma requisição ao superior hierárquico do citando. PACELLI, Eugênio. Op.
cit., p. 608
5
STJ - RHC n. 39.105/SC, Ministro Rogerio Schietti Cruz, DJe 3/6/2014

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Citação do acusado no estrangeiro

Por fim, caso o acusado esteja no estrangeiro, sabendo-se seu endereço6, será citado
mediante CARTA ROGATÓRIA, suspendendo-se o curso do prazo prescricional até seu
cumprimento, art. 368 do CPP. Uma vez realizada a citação, o prazo prescricional voltará a fluir.

É importante destacar o que consta no art. 222-A do CPP:

Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada previamente


a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de
envio. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)

Este artigo NÃO se aplica à citação. A expedição de carta rogatória para fins de citação
independe de demonstração de imprescindibilidade, ou seja, não é necessário que se demonstre
a necessidade de expedição da carta rogatória, eis que a citação do acusado é, por si só, prova
da indispensabilidade.

Tal dispositivo só se aplica à expedição de carta rogatória para a oitiva de testemunhas


(neste caso a parte que arrolar a testemunha deverá comprovar a imprescindibilidade da
testemunha e arcar com os custos do envio).

Por fim, não cabe expedição de carta rogatória no rito dos Juizados Especiais (rito
sumaríssimo, da Lei 9.099/95).7

Citações em embaixadas e consulados

Tais localidades, também conhecidas como “legações estrangeiras”, são protegidas por
inviolabilidade. Não são consideradas como território estrangeiro, mas gozam de inviolabilidade,
ou seja, não estão submetidas às mesmas regras de livre trânsito previstas para os demais pontos
do território nacional.

Assim, e se for necessária a citação de alguém que resida em alguma legação estrangeira?
Como fazer? Neste caso, o art. 369 do CPP expressamente determina que a citação será feita
por carta rogatória.

Citação ficta: por hora certa e por edital

Pode ocorrer, no entanto, de o réu não ser encontrado para ser citado. Quando o réu é
citado pessoalmente, diz-se que há CITAÇÃO REAL. No entanto, caso ele não seja encontrado,
será procedida à sua CITAÇÃO FICTA. A citação ficta pode ser POR HORA CERTA ou POR
EDITAL.

6
Importante esta ressalva, pois se o acusado está no estrangeiro, mas NÃO SE SABE AO CERTO o seu endereço,
deverá ser citado por edital. PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 609
7
STJ, RHC 10.476-SP

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A CITAÇÃO POR HORA CERTA ocorrerá sempre que, a despeito de residir no local, o réu
estiver “fugindo” do oficial de Justiça, ou seja, se escondendo para não ser citado e procrastinar
o processo, nos termos do art. 362 do CPP:

Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma
estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 -
Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

A citação por hora certa segue a regulamentação prevista para a citação no processo civil.8
Em termos objetivos, assim se desenvolve a citação por hora certa:

● Oficial de Justiça comparece por duas vezes no local indicado, sem encontrar o
citando, e verifica que há suspeita de ocultação
● Diante disso, intima qualquer pessoa da família ou vizinho de que, no dia útil
SEGUINTE, voltará para realizar a citação, na hora que designar (em condomínios é
possível que esta intimação seja feita ao porteiro)
● No dia e hora agendados, o Oficial de Justiça retorna e, se o citando não estiver no
local, dará por realizada a citação (a menos que haja motivo justificado para a ausência
do citando)
● Uma vez dada por realizada a citação, o Oficial de Justiça deixará contrafé (cópia da
inicial) com a pessoa da família, vizinho, porteiro, etc.
● Nos 10 dias seguintes à juntada aos autos do mandado, o Escrivão (ou Chefe de
Secretaria) enviará ao citado carta, telegrama ou correspondência eletrônica,
dando-lhe de tudo ciência.

8
Embora o art. 362 se refira aos arts. 227 a 229, atualmente, com a vigência do NOVO CPC, tal regulamentação se
encontra nos arts. 252 a 254:
Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência
sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta,
qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar.
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a
que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência.
Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao
domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência.
§ 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por
feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias.
§ 2º A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido intimado
esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o mandado.
§ 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho,
conforme o caso, declarando-lhe o nome.
§ 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver
revelia.
Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado,
no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência
eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.

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Entretanto, pode ocorrer de o réu não estar se escondendo, mas simplesmente NÃO
RESIDIR NO LOCAL, E NÃO SER CONHECIDO SEU PARADEIRO. Neste caso, será procedida à
citação ficta, na modalidade CITAÇÃO POR EDITAL. Nos termos do art. 361 e 363, §1° do CPP:

Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15
(quinze) dias.
(...) § 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital.
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

O edital de citação é um documento, com informações similares às do mandado de citação,


e é afixado na SEDE DO JUÍZO PROCESSANTE, pelo período fixado na Lei (no caso, 15 dias).
Vejamos:

Art. 365. O edital de citação indicará:


I - o nome do juiz que a determinar;
II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem
como sua residência e profissão, se constarem do processo;
III - o fim para que é feita a citação;
IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer;
V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se
houver, ou da sua afixação.
Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e
será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada
pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou
certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da
publicação.

ATENÇÃO! Com relação à citação por edital, temos duas regrinhas jurisprudenciais muito
importantes, materializadas nos verbetes de súmula nº 351 e 366 do STF:

SÚMULA 351
É NULA A CITAÇÃO POR EDITAL DE RÉU PRESO NA MESMA UNIDADE DA
FEDERAÇÃO EM QUE O JUIZ EXERCE A SUA JURISDIÇÃO.
Súmula 366

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NÃO É NULA A CITAÇÃO POR EDITAL QUE INDICA O DISPOSITIVO DA LEI


PENAL, EMBORA NÃO TRANSCREVA A DENÚNCIA OU QUEIXA, OU NÃO
RESUMA OS FATOS EM QUE SE BASEIA.

Contudo, em relação à súmula 351, firmou-se o entendimento no sentido de que se o réu está
preso em local conhecido nos autos do processo, ainda que em unidade da federação diversa
daquela em que corre o processo, a citação por edital não pode ser realizada9.

Resumidamente:

1 – Réu preso em estabelecimento prisional na mesma UF – Não pode haver citação por edital.

2 – Réu preso em estabelecimento prisional em UF diversa da do Juízo em que tramita o


processo – Pode ser citado por edital, DESDE QUE não se saiba seu paradeiro e tenham sido
esgotados os meios para obtê-lo10. Se o Juízo conhece o local em que se encontra preso o
acusado, deverá ser citado pessoalmente, por carta precatória.11

⇒ Mas e se o acusado citado por hora certa ou por edital (CITAÇÕES FICTAS) não
comparecer para se defender? As consequências são distintas. Se citado por hora certa,
lhe será nomeado defensor dativo (art. 362, § único do CPP). Caso seja citado por edital e
não apareça para se defender, o processo ficará suspenso, suspendendo-se, também, o
curso do prazo prescricional (art. 366 do CPP).
⇒ Mas o prazo prescricional ficará suspenso por tempo indeterminado? A Lei nada diz a
respeito. O STF possui julgados antigos no sentido de que não há prazo, ou seja, poderia
ficar suspenso por prazo indeterminado. Contudo, este entendimento provavelmente irá
mudar, até mesmo em razão da súmula 415 do STJ:
Súmula 415 do STJ
O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada.

Verifica-se, portanto, que o STJ entende que o prazo prescricional pode ficar suspenso, no
máximo, pelo mesmo período previsto como prazo prescricional.

EXEMPLO: José está sendo processado pela prática do crime de estelionato, cuja
pena máxima é de cinco anos, logo, o prazo prescricional é de 12 anos. Neste
caso, o prazo prescricional só poderia ficar suspenso por 12 anos. Após este
lapso temporal, o prazo prescricional voltaria a correr normalmente.

Quando da aplicação do art. 366, o Juiz poderá:

9
HC 256.981/MG
10
Há quem sustente que a citação do réu preso, hoje, não mais pode se dar por edital, ainda que se trate de réu
preso em outra Unidade da Federação, em razão da plena possibilidade de se obter o paradeiro do réu (através do
Banco Nacional de Mandados de Prisão). Nesse sentido: LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 3º
edição. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p.1246/1247
11
PACELLI, Eugênio. Op. cit., p 610

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▪ Determinar a produção antecipada de provas – Com relação a este ponto, é


importante ressaltar que prevalece o entendimento de que a decisão que determina
a produção antecipada de provas deve ser devida e concretamente fundamentada,
não podendo se basear apenas na alegação de que o decurso do tempo é prejudicial
(súmula 455 do STJ12).
▪ Decretar a prisão preventiva – Isso não significa que teremos, aqui, uma hipótese de
decretação automática da prisão preventiva. Devem estar presentes os pressupostos
do art. 312 e as regras do art. 313 do CPP.

Por fim, o art. 366 não se aplica aos crimes de lavagem de capitais, nos termos do art. 2º,
§2º da Lei 9.613/98.13

​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

⮲ Arts. 351 a 369 do CPP - Tratam das citações:

DAS CITAÇÕES
Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no
território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.
Art. 352. O mandado de citação indicará:
I - o nome do juiz;
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;
IV - a residência do réu, se for conhecida;
V - o fim para que é feita a citação;
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer;

12
Súmula 455 do STJ: “A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no artigo 366 do CPP
deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo”.
13
Há fortes críticas doutrinárias a esta exceção.

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VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.


Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz
processante, será citado mediante precatória.
Art. 354. A precatória indicará:
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante;
II - a sede da jurisdição de um e de outro;
Ill - o fim para que é feita a citação, com todas as especificações;
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer.
Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independentemente de
traslado, depois de lançado o "cumpra-se" e de feita a citação por mandado do
juiz deprecado.
§ 1º Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro
juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência,
desde que haja tempo para fazer-se a citação.
§ 2º Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser citado, a
precatória será imediatamente devolvida, para o fim previsto no art. 362.
Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que conterá em resumo os requisitos
enumerados no art. 354, poderá ser expedida por via telegráfica, depois de
reconhecida a firma do juiz, o que a estação expedidora mencionará.
Art. 357. São requisitos da citação por mandado:
I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se
mencionarão dia e hora da citação;
II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou
recusa.
Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo
serviço.
Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como
acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição.
Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. (Redação dada pela
Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15
(quinze) dias.
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma
estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 -
Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

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Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não


comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. (Incluído pela Lei nº 11.719, de
2008).
Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação
do acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital.
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 3º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4º Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, o processo
observará o disposto nos arts. 394 e seguintes deste Código. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).
Art. 364. No caso do artigo anterior, no I, o prazo será fixado pelo juiz entre 15
(quinze) e 90 (noventa) dias, de acordo com as circunstâncias, e, no caso de no II,
o prazo será de trinta dias.
Art. 365. O edital de citação indicará:
I - o nome do juiz que a determinar;
II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem
como sua residência e profissão, se constarem do processo;
III - o fim para que é feita a citação;
IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer;
V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se
houver, ou da sua afixação.
Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo
e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada
pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou
certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da
publicação.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,
podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas
urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no
art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) (Vide Lei nº 11.719, de
2008)
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).

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Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado
pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado,
ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo.
(Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado
mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o
seu cumprimento. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações estrangeiras serão
efetuadas mediante carta rogatória. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de
17.4.1996)

​ SÚMULAS PERTINENTES

Súmulas do STF

Súmula 351 do STF - O STF sumulou entendimento no sentido de que não é cabível a realização
de citação por edital quando o réu se encontra preso na mesma Unidade da Federação em que o
Juiz exercer sua Jurisdição:

SÚMULA 351
É NULA A CITAÇÃO POR EDITAL DE RÉU PRESO NA MESMA UNIDADE DA
FEDERAÇÃO EM QUE O JUIZ EXERCE A SUA JURISDIÇÃO.

⮲ Súmula 366 do STF - O STF sumulou entendimento no sentido de que o edital de citação deve
indicar o dispositivo da lei penal no qual o acusado está incurso, sob pena de nulidade. Por outro
lado, não é necessário que o edital de citação transcreva a denúncia ou queixa ou traga resumo
dos fatos, de maneira que a ausência de tais elementos não enseja nulidade:

Súmula 366
NÃO É NULA A CITAÇÃO POR EDITAL QUE INDICA O DISPOSITIVO DA LEI
PENAL, EMBORA NÃO TRANSCREVA A DENÚNCIA OU QUEIXA, OU NÃO
RESUMA OS FATOS EM QUE SE BASEIA.

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Intimações

Diferentemente da citação, que é o ato único mediante o qual o réu é integrado ao


processo, as intimações são várias durante o processo, e ocorrerão sempre que for necessário
dar ciência a alguém da prática de um ato processual.1

Nos termos do art. 370 do CPP:

Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que
devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for
aplicável, o disposto no Capítulo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de
17.4.1996)

O §1° dispõe que a intimação do defensor do acusado, do advogado do querelante e do


assistente será feita mediante publicação no órgão oficial (Diária oficial), fazendo-se menção ao
nome do acusado. Ressalvo a vocês que se o acusado estiver sendo defendido pela Defensoria
Pública, a intimação deverá ser feita, necessariamente, mediante entrega dos autos com vista,
nos termos do que dispõe a LC 80/94 (Lei Orgânica Nacional da Defensoria Pública).

Caso não haja órgão de publicação oficial (quase raro atualmente), a intimação será feita por
mandado, por via postal com aviso de recebimento OU OUTRO MEIO IDÔNEO. Perceba, caro
aluno, portanto, que nada impede que sejam utilizadas outras formas de INTIMAÇÃO. Não
podem ser usadas, entretanto, outras formas de CITAÇÃO. Somente aquelas!

Nos casos de sujeitos processuais que sejam intimados pessoalmente (caso da Defensoria
Pública, do defensor nomeado e do MP, por exemplo), a intimação pessoal DISPENSA A
NECESSIDADE DE PUBLICAÇÃO NO ÓRGÃO OFICIAL, nos termos do art. 370, §3° do CPP:

§ 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a que alude


o § 1º. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

Lembrando que a intimação também pode ser feita por carta precatória, notadamente
quando houver necessidade de oitiva de alguma testemunha que more fora da Comarca.

A precatória, uma vez expedida, NÃO SUSPENDE a instrução criminal. Além disso, uma vez
intimada a defesa acerca da expedição da carta precatória, é DESNECESSÁRIA nova intimação
da defesa para ciência da data designada para a audiência no Juízo deprecado (súmula 273 do
STJ).

1
Boa parte da Doutrina (Ver, por todos, Guilherme Nucci) entende que não há diferença entre os termos
NOTIFICAÇÃO e INTIMAÇÃO. Para estes autores, o próprio CPP não faz uma distinção clara, de forma que
poderiam ser consideradas como sinônimos. Aqueles que sustentam que há diferença afirmam que a intimação se dá
para mera ciência de algo, enquanto a notificação se dá para convocar alguém a fazer algo. Contudo, como dito, o
CPP não faz essa distinção. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 600

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CUIDADO! Muito embora este seja o teor do enunciado nº 273 da súmula de jurisprudência do
STJ, o STF firmou entendimento no sentido de que este enunciado não se aplica quando se trata
de acusado defendido pela Defensoria Pública e há sede da Defensoria Pública no local em que
se encontra o Juízo deprecado. Neste caso, considerando a enorme quantidade de assistidos da
Defensoria Pública, bem como os problemas organizacionais, deve o Juízo proceder à intimação
da Unidade da DP que funcione na sede do Juízo deprecado, para ciência da data da audiência2.

É cabível a INTIMAÇÃO por hora certa? Sim, já que o art. 370 do CPP determina a aplicação
subsidiária das normas relativas às citações.

ATENÇÃO! Caso o acusado, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de
comparecer a ele sem motivo justo, ou mudar de residência sem comunicar ao Juízo, o processo
seguirá sem que seja intimado dos atos processuais seguintes (norma muito criticada pela
Doutrina).

​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

⮲ Arts. 370 a 372 do CPP - Tratam das intimações:

CAPÍTULO II
DAS INTIMAÇÕES
Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que
devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for
aplicável, o disposto no Capítulo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de
17.4.1996)

2
RHC 106394

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§ 1º A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do


assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos
judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado.
(Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
§ 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, a
intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com
comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. (Redação
dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
§ 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a que alude
o § 1º. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
§ 4º A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal.
(Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na petição em que for
requerida, observado o disposto no art. 357.
Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz marcará desde
logo, na presença das partes e testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento,
do que se lavrará termo nos autos.

​ SÚMULAS PERTINENTES
Súmulas do STF

⮲ Súmula 310 do STF – Regulamenta o início da contagem do prazo processual quando tiver a
intimação recair em véspera de dia não útil:

Súmula 310 do STF - “Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a


publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início
na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que
começará no primeiro dia útil que se seguir.”

⮲ Súmula 710 do STF – O STF sumulou entendimento no sentido de que, no processo penal, a
contagem do prazo se dá a partir da intimação, e não da juntada aos autos do mandado (ou da
carta):

Súmula 710 do STF - “No Processo Penal, contam-se os prazos da data da


intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou de carta precatória ou de
ordem.”

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Súmulas do STJ

⮲ Súmula 273 do STJ: O STJ sumulou entendimento no sentido de que, uma vez intimada a
defesa acerca da expedição da carta precatória, é DESNECESSÁRIA nova intimação da defesa
para ciência da data designada para a audiência no Juízo deprecado:

Súmula 273 do STJ - Intimada a defesa da expedição da carta precatória,


torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado.

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​ SENTENÇA

Requisitos formais

Os requisitos formais das sentenças definitivas estão previstos no art. 381 do CPP. Vejamos:

Art. 381. A sentença conterá:


I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para
identificá-las;
II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;
V - o dispositivo;
VI - a data e a assinatura do juiz.

A ausência de qualquer destes elementos torna viciada a sentença, sendo passível de


anulação. Vamos ver um pouco sobre cada um deles:

(i) Relatório – O relatório compreende os incisos I e II do art. 381 do CPP. Consiste, grosso
modo, num resumo do que foi o processo até então;

(ii) Fundamentação – A fundamentação é o segundo requisito, e está previsto nos incisos III e IV
do art. 381. A fundamentação é mais que obrigatória1, pois permite às partes (e a todos, pois o
processo é público) saberem os motivos que levaram o Juiz a tomar esta ou aquela decisão. A
ausência de fundamentação, inclusive, atenta contra o contraditório e a ampla defesa, pois
dificulta a vida da parte prejudicada quando esta for recorrer, pois como irá fundamentar seu
recurso se não souber o que fundamentou a decisão? A fundamentação é tão importante que
está prevista, inclusive, na Constituição. Vejamos o que diz o art. 93, IX da Constituição:

Art. 93 (...) IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão


públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a
lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

1
Inclusive, a ausência de fundamentação é causa de nulidade.

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A única sentença que é proferida sem fundamentação é aquela proferida nos julgamentos do
Tribunal do Júri, eis que os Jurados não fundamentam suas decisões, pois julgam de acordo com
sua íntima convicção.2

Existe uma forma de fundamentação que a Jurisprudência vem aceitando, chamada “motivação
ad relationem”, que é aquela na qual um órgão do Judiciário se remete à decisão proferida por
outro para fundamentar a sua. Explico: Imaginem que o MP, inconformado com a sentença,
apela. No Tribunal, o órgão colegiado que vai julgar o processo, ao proferir o acórdão, ao invés
de gastar páginas e mais páginas fundamentando o acórdão (sentença proferida pelos Tribunais),
apenas faz remição aos fundamentos da sentença, caso a mantenha. Isso é muito comum e aceito
na Jurisprudência.

(iii) Dispositivo – É a parte da sentença na qual o Juiz expressa sua decisão, condenando ou
absolvendo o réu com base na fundamentação anteriormente exposta. Este requisito está
previsto no inciso V do art. 381. É a parte da sentença em que há, propriamente, A DECISÃO.

(iv) Autenticação – É a parte da sentença consistente na data e assinatura do Juiz (previsto no


inciso VI do art. 381 do CPP). Para a Doutrina e Jurisprudência majoritária, a ausência de
ASSINATURA torna a sentença inexistente. Há entendimentos em contrário, no sentido de que
seria MERA IRREGULARIDADE, podendo o Juiz, posteriormente, colocar sua assinatura. A regra
de que o Juiz deve rubricar todas as folhas da sentença constitui mera irregularidade, caso não
observada, nos termos do entendimento do STJ. Esta regrinha está prevista no art. 388 do CPP:

Art. 388. A sentença poderá ser datilografada e neste caso o juiz a rubricará em
todas as folhas.

Toda e qualquer sentença (condenatória ou absolutória) possui um efeito inexorável, que é


o de colocar um ponto final no trâmite processual NAQUELA INSTÂNCIA. Assim, podemos dizer
que um efeito de toda e qualquer sentença é o ESGOTAMENTO DA INSTÂNCIA. Quando Juiz
profere uma sentença ele termina sua participação no processo, não podendo modificá-la, nem
mesmo para sanar nulidade absoluta (que poderia ter sido declarada ex officio).

Entretanto, pode ser que o Juiz tenha trocado uma palavra, a sentença tenha um erro de
digitação...esses pequenos erros, que não são relacionados ao conteúdo, à ideia da sentença,
são chamados de erros materiais, e podem ser sanados pelo Juiz.

O Juiz poderá, ainda, modificar a sentença após sua prolação quando da apreciação do
recurso de embargos de declaração (que é dirigido ao próprio Juiz prolator da sentença e não a
um órgão superior). Vejamos:

Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que
declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade,
contradição ou omissão.

2
Frise-se que as decisões tomadas pelo Juiz-presidente (inclusive a dosimetria da pena) devem ser fundamentadas.

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ATENÇÃO! Vigora no processo penal o princípio da identidade física do Juiz, que significa,
basicamente, que o Juiz que presidir a instrução deverá proferir a sentença.

Contudo, existem algumas ressalvas a esta regra. Segundo o STJ3, algumas situações afastam a
obrigatoriedade de que o Juiz que presidiu a instrução esteja obrigado a proferir sentença,
devendo ser relativizada a regra do art. 399, §2º do CPP. Isso ocorrerá nas hipóteses de Juiz:

● Promovido
● Licenciado
● Afastado
● Convocado
● Aposentado

Regra da PLACA (P.L.A.C.A.)!

Além disso, se o Juiz não mais integrar os quadros do Poder Judiciário (pediu exoneração, por
exemplo), obviamente que a sentença não será proferida por ele.

3
Informativo 483 do STJ:

“Assim, diante da ausência de outras normas específicas que regulamentem o mencionado dispositivo legal, o STJ
entende dever ser admitida a mitigação do aludido princípio nos casos de convocação, licença, promoção,
aposentadoria ou afastamento por qualquer motivo que impeça o juiz que presidiu a instrução a sentenciar o feito,
por aplicação analógica, devidamente autorizada pelo art. 3º do CPP, da regra contida no art. 132 do CPC. Ao
prosseguir o julgamento, a Turma concedeu a ordem para anular a sentença proferida contra o paciente. HC
185.859-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/9/2011. “

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​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

⮲ Arts. 381 a 393 do CPP - Tratam da sentença no processo penal:

DA SENTENÇA
Art. 381. A sentença conterá:
I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para
identificá-las;
II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;
V - o dispositivo;
VI - a data e a assinatura do juiz.
Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que
declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade,
contradição ou omissão.
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou ,
poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha
de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de
proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com
o disposto na lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2º Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão
encaminhados os autos. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição
jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude
desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se

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a termo o aditamento, quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº


11.719, de 2008).
§ 1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o
art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o
aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora
para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo
interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. (Incluído pela Lei
nº 11.719, de 2008).
§ 3º Aplicam-se as disposições dos §§ 1º e 2º do art. 383 ao caput deste artigo.
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no
prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do
aditamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 5º Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição,
bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva,
desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração penal;
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; (Redação dada
pela Lei nº 11.690, de 2008)
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; (Redação dada
pela Lei nº 11.690, de 2008)
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts.
20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver
fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
VII – não existir prova suficiente para a condenação. (Incluído pela Lei nº 11.690,
de 2008)
Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz:
I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade;
II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas;
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
III - aplicará medida de segurança, se cabível.

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Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de 2008)
I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código
Penal, e cuja existência reconhecer;
II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser
levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e
60 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões; (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).
V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas
de segurança, ao disposto no Título Xl deste Livro;
VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e
designará o jornal em que será feita a publicação (art. 73, § 1º, do Código Penal).
§ 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso,
a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do
conhecimento de apelação que vier a ser interposta. (Incluído pela Lei nº 12.736,
de 2012)
§ 2º O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no
Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime
inicial de pena privativa de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012)
Art. 388. A sentença poderá ser datilografada e neste caso o juiz a rubricará em
todas as folhas.
Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o
respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim.
Art. 390. O escrivão, dentro de três dias após a publicação, e sob pena de
suspensão de cinco dias, dará conhecimento da sentença ao órgão do Ministério
Público.
Art. 391. O querelante ou o assistente será intimado da sentença, pessoalmente
ou na pessoa de seu advogado. Se nenhum deles for encontrado no lugar da
sede do juízo, a intimação será feita mediante edital com o prazo de 10 dias,
afixado no lugar de costume.
Art. 392. A intimação da sentença será feita:
I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar
solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança;

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III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração,


expedido o mandado de prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o
oficial de justiça;
IV - mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o defensor que houver
constituído não forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça;
V - mediante edital, nos casos do no III, se o defensor que o réu houver
constituído também não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for
encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça.
§ 1º O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta pena privativa de
liberdade por tempo igual ou superior a um ano, e de 60 dias, nos outros casos.
§ 2º O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se,
no curso deste, for feita a intimação por qualquer das outras formas
estabelecidas neste artigo.
Art. 393. (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

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Sentença penal absolutória

É a sentença que julga improcedente a acusação, absolvendo o réu, por algum dos motivos
do art. 386 do CPP. Vejamos:

Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde
que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração penal;
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; (Redação dada
pela Lei nº 11.690, de 2008)
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; (Redação dada
pela Lei nº 11.690, de 2008)
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts.
20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver
fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
VII – não existir prova suficiente para a condenação. (Incluído pela Lei nº 11.690,
de 2008)

No primeiro caso (estar provada a inexistência do fato), o Juiz entende ter ficado
evidenciado que o fato não ocorreu. No segundo caso é diferente, o Juiz verifica que NÃO
FICOU PROVADA A EXISTÊNCIA DO FATO, ou seja, ele não diz que o fato não ocorreu, diz
apenas que não houve prova de sua existência, de forma que não se pode condenar o réu.

No terceiro caso, o fato pode ter ou não ocorrido, isso não importa. O que importa é que,
em abstrato, ainda que tivesse ocorrido, ELE SERIA ATÍPICO (não tem previsão legal como
crime). No quarto caso, ficou CABALMENTE PROVADO que o réu não participou da infração
penal, embora esta tenha ocorrido. No quinto caso, simplesmente não ficou provada a
participação do réu na infração, ou seja, ele até pode ter participado, mas o acusador NÃO
CONSEGUIU PROVAR ISTO.

No sexto caso que leva à absolvição, o Juiz reconhece que o fato ocorreu, o réu dele
participou, mas está presente uma causa de exclusão do crime ou de isenção de pena
(excludente de ilicitude, erro de tipo, erro de proibição, excludente de culpabilidade, etc.).
Importante frisar que o Juiz deverá absolver o réu se estiver provada a existência de qualquer
destas circunstâncias ou, pelo menos, houver fundada dúvida sobre sua existência.

No sétimo e último caso, temos uma fundamentação “residual” para a sentença absolutória,
eis que será o réu absolvido SEMPRE QUE NÃO HOUVER PROVA SUFICIENTE PARA A SUA
CONDENAÇÃO. Trata-se da materialização do princípio do in dubio pro reo.

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Efeitos da Sentença Penal Absolutória

Os efeitos da sentença penal condenatória podem ser principais ou secundários.

Como efeito principal, temos a IMEDIATA COLOCAÇÃO do réu em liberdade, caso esteja
preso. Esta previsão está contida no art. 386, § único, I do CPP. Vejamos:

Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz:


I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade;

Este artigo deve ser analisado com muito cuidado. Porque motivos o réu poderia estar
preso quando proferida a sentença penal? Ora, ele só poderia estar preso provisoriamente
(prisão preventiva). Ora, o simples fato de sobrevir sentença absolutória (recorrível) não faz com
que desapareçam os requisitos que autorizam a prisão preventiva, de forma que o réu preso só
será colocado em liberdade se o Juiz entender que o fim do processo em primeiro grau extingue
o requisito que autorizava sua prisão (exemplo: réu foi preso para não coagir testemunhas, logo,
já tendo sido estas ouvidas, não se justifica sua prisão).

Existe a figura da sentença absolutória IMPRÓPRIA.

A sentença que absolve o réu tem como consequência a ausência de reflexos penais negativos. A
essa sentença (normal) se dá o nome de sentença absolutória própria. Pode ocorrer, no entanto,
de o réu ser absolvido, mas lhe ser imposta medida de segurança, em razão de sua
periculosidade. Essa medida de segurança é aplicada quando o réu é absolvido por ser
inimputável à época do fato, em razão de doença mental ou desenvolvimento mental retardado
ou incompleto.

Havendo a absolvição do réu em razão de sua inimputabilidade, e sendo-lhe aplicada medida de


segurança, estaremos diante de uma sentença absolutória imprópria.1

Os efeitos secundários, por sua vez, estão espalhados pelo CPP. Vejamos:

● Levantamento do sequestro incidente sobre bens do acusado – Está previsto no art.


131, III do CPP.
● Cancelamento da hipoteca legal e do arresto determinados sobre o patrimônio ilícito
do acusado – Está previsto no art. 141 do CPP.
● Restituição integral da fiança eventualmente paga – Previsão contida no art. 337 do
CPP.

1
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 616

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● Impede a propositura de ação civil de indenização pelo fato (ação civil ex delicto)
quando a absolvição: a) for fundada na presença de excludente de ilicitude; b) Ficar
COMPROVADO que o réu NÃO CONCORREU PARA A PRÁTICA DO FATO ou que
o FATO NÃO EXISTIU.

​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

⮲ Arts. 386 do CPP - Tratam da sentença absolutória no processo penal:

Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva,


desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração penal;
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; (Redação dada
pela Lei nº 11.690, de 2008)
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; (Redação dada
pela Lei nº 11.690, de 2008)
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts.
20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver
fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
VII – não existir prova suficiente para a condenação. (Incluído pela Lei nº 11.690,
de 2008)
Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz:
I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade;
II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas;
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
III - aplicará medida de segurança, se cabível.

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Sentença penal condenatória

É a sentença que reconhece a responsabilidade do réu em decorrência da infração penal,


condenando-o. Exige prova CABAL (irrefutável) de que o réu tenha participado do crime, pois na
dúvida o réu deve ser absolvido (in dubio pro reo).

O Juiz pode CONDENAR o réu mesmo que o MP, nos crimes de ação penal pública,
requeira sua absolvição. Vejamos o que dispõe o art. 385 do CPP:

Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição,
bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.

Quando o Juiz profere uma sentença penal condenatória, ele deve, ao mesmo tempo:

Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de 2008)
I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código
Penal, e cuja existência reconhecer;
II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser
levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e
60 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões; (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).
V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas
de segurança, ao disposto no Título Xl deste Livro;
VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e
designará o jornal em que será feita a publicação (art. 73, § 1º, do Código Penal).
§ 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso,
a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do
conhecimento de apelação que vier a ser interposta. (Incluído pela Lei nº 12.736,
de 2012)
§ 2º O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no
Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime
inicial de pena privativa de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012)

Devo chamar a atenção de vocês para dois pontos:

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⇒ A lei 11.719/08 alterou a redação do inciso IV do art. 387, de forma que o Juiz, ao
condenar o réu, fixará na sentença um VALOR MÍNIMO para a reparação do dano na
esfera civil – Isso significa que a sentença condenatória PENAL pode ser EXECUTADA
diretamente no Juízo Cível. Entretanto, ela só poderá ser executada no Juízo civil após
o seu trânsito em julgado, pois antes disso ela não possui um dos requisitos do título
executivo cível, que é a “CERTEZA”. Além disso, ela estipula um valor mínimo. Nada
impede que a parte promova a ação de reparação no Juízo cível, visando à condenação
do acusado a um valor maior.
⇒ A lei 11.719/08 incluiu o § único ao art. 387, estabelecendo que quando o Juiz proferir
sentença condenatória, deverá decidir acerca da prisão do réu – Ou seja, quando o
Juiz profere sentença condenatória, o RÉU NÃO É AUTOMATICAMENTE PRESO. A
prisão antes do trânsito em julgado é EXCEÇÃO, de forma que o Juiz, para decretar a
prisão do réu, deve avaliar se estão presentes os requisitos que autorizam a decretação
da prisão preventiva. Não há, portanto, um efeito automático da sentença condenatória
consistente na prisão do réu. Ela será decretada somente se estiverem presentes os
requisitos dos arts. 312 e 313 do CPP.

O STJ, no entanto, entende que o Juiz somente poderá fixar este valor mínimo para a
reparação do dano se houver pedido do interessado e se o fato for discutido no processo1, para
possibilitar que o réu se defenda deste ponto específico, em homenagem ao contraditório.2

Efeitos da sentença penal condenatória

A sentença penal condenatória possui efeitos penais e extrapenais.

Os efeitos penais são aqueles que produzem efeitos na esfera penal (óbvio, não?). Os
efeitos penais podem ser primários ou secundários.

O efeito penal primário é a PENA, ou seja, a imposição de pena criminal, eis que este é o
objetivo básico e principal da condenação.

Os efeitos penais podem ser, ainda, secundários. São efeitos penais secundários aqueles
que, embora produzam efeitos na esfera jurídico-PENAL do indivíduo condenado, esses efeitos
refletem em OUTRA RELAÇÃO JURÍDICO-PENAL.

EXEMPLO: Reincidência. A sentença penal condenatória possui como efeito


penal SECUNDÁRIO, gerar reincidência (e todas as suas consequências) caso o
condenado seja novamente condenado dentro de um prazo previsto em lei.
Trata-se de um efeito que, sem dúvida, atinge a esfera penal do indivíduo, mas

1
Com relação a este ponto, existem muitas discussões doutrinárias. PACELLI, por exemplo, defende que não há
necessidade de que haja pedido de fixação do valor mínimo a título de reparação dos danos, bastando que os danos
tenham sido objeto de discussão no processo (PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 657/658). NUCCI, por sua vez, defende
que o MP não poderia, de fato, pleitear a fixação de valor mínimo para reparação dos danos, pois não teria
legitimidade para tal. Contudo, para o autor, a vítima deveria ser intimada para manifestar-se quanto a este ponto
(NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 617).
2
(AgRg no REsp 1383261/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 17/10/2013, DJe
14/11/2013)

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NÃO NO PROCESSO EM QUE FOI PROFERIDA A SENTENÇA, mas em outro


processo.

Outro efeito penal secundário é a inscrição do nome do réu no rol dos culpados (após o
trânsito em julgado, sempre).

Os efeitos extrapenais, por sua vez, são assim chamados por afetarem diversas outras áreas
do Direito (civil, administrativo, etc.). Por sua vez, dividem-se em genéricos e específicos.

Os efeitos genéricos são aqueles que incidem sobre toda e qualquer condenação, estando
previstos no art. 91 do CP, sendo apenas dois: Obrigação de reparar o dano e confisco:

Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de


11.7.1984)
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de
boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico,
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito
auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
§ 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto
ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se
localizarem no exterior. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 2º Na hipótese do § 1º, as medidas assecuratórias previstas na legislação
processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou
acusado para posterior decretação de perda. (Incluído pela Lei nº 12.694, de
2012)

Os efeitos genéricos são automáticos, ou seja, independem de ser expressamente


declarados pelo Juiz na sentença.

EXEMPLO: Se o Juiz condena alguém por roubo, o dever de reparar o dano


causado ocorrerá independentemente de constar na sentença esse efeito, pois é
decorrência natural e automática da sentença.

Já os efeitos específicos são aqueles que recaem apenas sobre condenações relativas a
determinados crimes, e não a todos os crimes em geral. Estão previstos no art. 92 do CP, sendo:

Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de


11.7.1984)

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I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei
nº 9.268, de 1º.4.1996)
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um
ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a
Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4
(quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes
dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou
curatelado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática
de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Tais efeitos, por sua vez, NÃO SÃO AUTOMÁTICOS, devendo constar na sentença
condenatória, sob pena de não ocorrerem. Isto está previsto no § único do art. 92 do CP:

Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos,
devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Vale ressaltar que a lei 13.964/19 trouxe outro efeito da condenação, incluindo o art. 91-A
ao CP:

Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena
máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como
produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o
valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu
rendimento lícito. (Incluído pela Lei 13.964/19)
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por
patrimônio do condenado todos os bens: (Incluído pela Lei 13.964/19)
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício
direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e
(Incluído pela Lei 13.964/19)
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória,
a partir do início da atividade criminal. (Incluído pela Lei 13.964/19)
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a
procedência lícita do patrimônio. (Incluído pela Lei 13.964/19)
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo
Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da
diferença apurada. (Incluído pela Lei 13.964/19)
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada
e especificar os bens cuja perda for decretada. (Incluído pela Lei 13.964/19)

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Aula 05

§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações


criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do
Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não
ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem
ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes.
(Incluído pela Lei 13.964/19)

Este efeito é, basicamente, a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens
correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja
compatível com o seu rendimento lícito. Ou seja, a perda dos bens em valor correspondente ao
que se presuma ser o enriquecimento ilícito do agente. Tal efeito também não é automático,
devendo estar expresso na sentença.

​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

⮲ Arts. 385 e 387 do CPP - Tratam da sentença condenatória no processo penal:

Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição,
bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de 2008)
I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código
Penal, e cuja existência reconhecer;
II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser
levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e
60 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões; (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).
V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas
de segurança, ao disposto no Título Xl deste Livro;

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VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e


designará o jornal em que será feita a publicação (art. 73, § 1º, do Código Penal).
§ 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso,
a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do
conhecimento de apelação que vier a ser interposta. (Incluído pela Lei nº 12.736,
de 2012)
§ 2º O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no
Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime
inicial de pena privativa de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012)

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Publicação e intimação da sentença

Segundo o CPP, a sentença é publicada (se torna pública), quando entregue nas mãos do
escrivão. Vejamos:

Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o
respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim.

Até a publicação não há, propriamente, sentença, mas apenas expectativa de sentença, pois
o ato jurisdicional só se perfectibiliza com a publicação.

Caso a sentença seja proferida em audiência, considera-se publicada com a sua mera
leitura.

As partes serão intimadas de formas distintas, conforme sua situação no processo, vejamos:

Art. 391. O querelante ou o assistente será intimado da sentença, pessoalmente


ou na pessoa de seu advogado. Se nenhum deles for encontrado no lugar da
sede do juízo, a intimação será feita mediante edital com o prazo de 10 dias,
afixado no lugar de costume.
Art. 392. A intimação da sentença será feita:
I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar
solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança;
III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração,
expedido o mandado de prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o
oficial de justiça;
IV - mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o defensor que houver
constituído não forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça;
V - mediante edital, nos casos do no III, se o defensor que o réu houver
constituído também não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for
encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça.
§ 1º O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta pena privativa de
liberdade por tempo igual ou superior a um ano, e de 60 dias, nos outros casos.
§ 2º O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se,
no curso deste, for feita a intimação por qualquer das outras formas
estabelecidas neste artigo.

Vemos, portanto, que só há obrigatoriedade de intimação pessoal do réu (para ciência da


sentença) quando se tratar de réu preso. Em se tratando de réu solto, basta a intimação de seu

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defensor constituído, tendo sido este o entendimento adotado pelo STJ, embora haja
divergência doutrinária.1 Caso tenha sido patrocinado por defensor nomeado (aquele que não foi
por ele constituído), deverá ser intimado pessoalmente (obrigatório)2.

ATENÇÃO! Essa obrigatoriedade de intimação pessoal do réu preso, segundo


entendimento do STJ, só se aplica à sentença de primeiro grau, não se aplicando
aos atos a ela posteriores (acórdão, etc.).3

Em caso de réu preso, portanto, devem ambos ser intimados (o defensor, seja ele de que
natureza for e o próprio réu, pessoalmente).

Neste caso e na hipótese de réu solto que teve sua defesa patrocinada por defensor
nomeado, nos quais é necessária a intimação de ambos (réu e seu defensor), será considerado
como prazo recursal da defesa aquele que terminar por último (considerando as datas de
intimação do acusado e de seu defensor).

O MP será intimado pessoalmente, sempre.

O querelante (ação penal privada) ou o assistente de acusação (ação penal pública) será
intimado pessoalmente OU por intermédio de seu advogado. Em não sendo encontrados, a
intimação será feita por edital.

Após a intimação, a parte que restar inconformada com a sentença poderá recorrer, e o
recurso cabível é a APELAÇÃO.

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CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

⮲ Arts. 388 a 393 do CPP - Tratam da publicação e intimação da sentença no processo penal:

Art. 388. A sentença poderá ser datilografada e neste caso o juiz a rubricará em
todas as folhas.

1
(RHC 63.757/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 01/03/2016, DJe 09/03/2016)
2
STJ - HC 281764/SP
3
(HC 330.783/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 10/11/2015, DJe 20/11/2015)

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Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o
respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim.
Art. 390. O escrivão, dentro de três dias após a publicação, e sob pena de
suspensão de cinco dias, dará conhecimento da sentença ao órgão do Ministério
Público.
Art. 391. O querelante ou o assistente será intimado da sentença, pessoalmente
ou na pessoa de seu advogado. Se nenhum deles for encontrado no lugar da
sede do juízo, a intimação será feita mediante edital com o prazo de 10 dias,
afixado no lugar de costume.
Art. 392. A intimação da sentença será feita:
I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar
solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança;
III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração,
expedido o mandado de prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o
oficial de justiça;
IV - mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o defensor que houver
constituído não forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça;
V - mediante edital, nos casos do no III, se o defensor que o réu houver
constituído também não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for
encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça.
§ 1º O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta pena privativa de
liberdade por tempo igual ou superior a um ano, e de 60 dias, nos outros casos.
§ 2º O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se,
no curso deste, for feita a intimação por qualquer das outras formas
estabelecidas neste artigo.
Art. 393. (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

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Princípio da correlação e princípio da consubstanciação

O princípio da correlação (ou da congruência)1 prega que a sentença deve se amoldar ao


FATO descrito na denúncia ou queixa, não podendo o Juiz decidir fora dos limites que lhe foram
colocados, pois isso importaria em violação a outro princípio, o PRINCÍPIO DA INÉRCIA.

Assim, é vedado ao Juiz proferir sentença ultra, citra e extra-petita. O que seriam essas
sentenças? Vejamos:

● Ultra-petita – É uma sentença na qual o Juiz vai além daquilo que lhe foi pedido,
julgando mais do que fora pedido (ex.: Indivíduo é acusado por um estupro e o Juiz
lhe condena, também, por um roubo, que não foi narrado na inicial acusatória).
● Extra-petita – É aquela na qual o Juiz julga fato diverso do que aquele que lhe foi
posto (ex.: O indivíduo é acusado por estupro e o Juiz lhe condena por roubo,
deixando de apreciar o pedido de condenação pelo estupro).
● Citra-petita – Aqui o Juiz não analisa, não julga todos os FATOS narrados na inicial
acusatória, deixando de apreciar algum deles (ex.: O indivíduo é acusado por um
estupro e por um homicídio. O Juiz lhe condena pelo estupro, ficando silente quanto
ao crime de homicídio).

O princípio da congruência retira seu fundamento de outro princípio, o princípio da


CONSUBSTANCIAÇÃO, segundo o qual o acusado se defende dos FATOS QUE LHE SÃO
IMPUTADOS, de forma que uma sentença que extrapole estes limites, além de violar o princípio
da INÉRCIA, viola, ainda, os princípios do contraditório e da ampla defesa.

Existem dois institutos de direito processual penal que buscam dar efetividade a estes
princípios. São eles os institutos da emendatio e da mutatio libelli.

Emendatio libelli

Este instituto está previsto no art. 383 do CPP, vejamos:

Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou


queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em
consequência, tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).

Este instituto (emendatio libelli) possibilita ao Juiz alterar a “capitulação legal” do fato
descrito na denúncia.

EXEMPLO: Imaginem que o Promotor descreva o seguinte fato: “José,


apontando uma arma para Maria, subtraiu-lhe seu relógio”. Este fato configura
1
Também chamado de princípio da adstrição da sentença à acusação. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 608

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um ROUBO (art. 157 do CP). Agora imaginem que o Promotor qualifique,


erradamente, este crime como crime de furto. A emendatio libelli permite que o
Juiz altere a capitulação dada ao fato, sem que o modifique, mesmo que a nova
capitulação preveja pena mais severa (como é o caso do exemplo).

Pode ocorrer de o Juiz verificar que, ao realizar a emendatio libelli, o fato passou a se
configurar como infração penal sujeita à suspensão condicional do processo (pena mínima não
superior a 01 ano). Nesse caso, procederá o Juiz nos termos do art. 383, §1° do CPP:

§ 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de


proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com
o disposto na lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

Da mesma forma, se o Juiz, em razão da alteração da capitulação do crime, verificar que


houve alteração na competência para julgar o processo, deverá reconhecer sua incompetência e
remeter os autos ao Juízo competente. Nos termos do art. 383, §2° do CPP:

§ 2º Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão


encaminhados os autos. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

Mutatio libelli

O instituto da mutatio libelli está previsto no art. 384 do CPP. Vejamos:

Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição


jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude
desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se
a termo o aditamento, quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).

Aqui não há mera alteração da definição jurídica do fato, mas alteração da definição jurídica
do fato em razão do surgimento de novas provas em relação a fatos que não estavam previstos
inicialmente na peça inicial acusatória.

EXEMPLO: Imaginem que o MP denuncia uma pessoa por homicídio em face de


uma criança. Posteriormente, após a instrução, fica provado que a homicida era a
mãe da criança e estava sob a influência do estado puerperal (estado que a mãe
fica após o parto). Nesse caso, o surgiu um fato até então desconhecido, que
leva à alteração da classificação do crime de homicídio para INFANTICÍDIO.
EXEMPLO 2: Imaginem que o MP denuncia o acusado por crime de homicídio
simples. Após toda a instrução criminal se descobre que o crime foi cometido
mediante tortura (meio cruel). Nesse caso, surgiu um fato que qualifica o crime,
passando a ser homicídio qualificado (art. 121, §2° do CP) e não mais homicídio
simples.

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Em ambos os casos teremos hipóteses de MUTATIO LIBELLI, devendo o membro do MP


ADITAR a denúncia, sendo possibilitado ao réu se defender destes novos fatos, sob pena de
prejuízo ao direito ao contraditório e à ampla defesa. Vejamos:

§ 2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o


aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora
para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo
interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. (Incluído pela Lei
nº 11.719, de 2008).
§ 4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no
prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do
aditamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 5º Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).

⇒ Mas e se o membro do MP se recusar a aditar a denúncia? Obviamente, não pode o Juiz


fazer isto no lugar do MP, pois essa não é a sua função (violaria o princípio da Inércia). Nesse
caso, a Doutrina entendia que cabia ao Juiz submeter o caso à apreciação do chefe do MP
(Procurador-Geral de Justiça), que decidiria o caso, até pela redação do art. 384, § 1° do CPP:
Art. 384 (...) § 1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento,
aplica-se o art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

ATENÇÃO! Com a nova redação do art. 28 do CPP (dada pela Lei 13.964/19), que agora prevê o
arquivamento do IP diretamente pelo Ministério Público (sem necessidade de homologação
judicial), cremos que isso irá repercutir também no âmbito da mutatio libelli. A jurisprudência
possivelmente irá se posicionar pela manutenção da aplicação do art. 28 ao caso de recusa de
aditamento por parte do membro, seguindo-se a NOVA sistemática do art. 28, de forma que
caberia ao próprio membro do MP, ao recusar realizar o aditamento, encaminhar o caso para
revisão pela instância superior do MP2.

CUIDADO! O STF entende (com entendimento sumulado) que a mutatio libelli somente pode ser
aplicada na primeira instância (o que não ocorre com a emendatio libelli, que pode ocorrer em
qualquer instância). Vejamos:

Súmula 453
NÃO SE APLICAM À SEGUNDA INSTÂNCIA O ART. 384 E PARÁGRAFO ÚNICO
DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, QUE POSSIBILITAM DAR NOVA
DEFINIÇÃO JURÍDICA AO FATO DELITUOSO, EM VIRTUDE DE
CIRCUNSTÂNCIA ELEMENTAR NÃO CONTIDA, EXPLÍCITA OU
IMPLICITAMENTE, NA DENÚNCIA OU QUEIXA.

2
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma
natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os
autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.

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Aplicam-se à MUTATIO LIBELLI as mesmas regras previstas para a EMENDATIO LIBELLI no


que se refere à desqualificação do crime para outro Juízo ou para crime em que haja
possibilidade de suspensão condicional do processo. Vejamos:

Art. 384 (...) § 3º Aplicam-se as disposições dos §§ 1º e 2º do art. 383 ao caput


deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

A Doutrina se divide quanto à possibilidade de aplicação da MUTATIO LIBELLI nos crimes de


ação penal privada. Parte da Doutrina entende que não é possível, visto que a Lei fala apenas em
“MP” e “Ação Penal Pública”, o que, em tese, exclui a possibilidade de aplicação do instituto nos
crimes de ação penal privada.

Outra parcela da Doutrina entende ser possível, por entender que a lei não veda, e que isto não
iria de encontro a nenhum princípio processual.3

⇒ No caso de mutatio libelli, o Juiz pode julgar de acordo com a imputação original? Em
havendo o aditamento, não pode o magistrado condenar com base na imputação
originária, já que o art. 384, §4º estabelece que, neste caso, ficará o juiz adstrito aos
termos do aditamento.
EXCEÇÃO: Tal vinculação do Juiz só ficará afastada quando se tratar de aditamento que
apenas acrescenta elemento especializante (ex.: MP adita a denúncia para acrescentar uma
majorante. O Juiz pode condenar apenas pelo crime em sua forma simples, e afastar a
majorante) ou quando se tratar de crime complexo (ex.: MP denuncia por furto. Depois,
adita a denúncia para acrescentar ter havido violência e, portanto, altera a imputação para
o crime de roubo. O Juiz pode condenar o réu apenas por furto, afastando a ocorrência de
violência).

3
PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 665. NUCCI sustenta que, em se tratando de queixa (ação penal privada), o
querelante até poderia proceder ao seu aditamento, desde que o fizesse dentro do prazo decadencial de seis meses,
contados a partir do momento em que o querelante toma conhecimento destes fatos novos. Contudo, seria vedado
ao Juiz tomar qualquer iniciativa (como acontece na mutatio libelli) de indicar ao querelante a possível necessidade
de aditamento da queixa.

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​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

⮲ Arts. 383 a 384 do CPP - Tratam da mutatio libelli e emendatio libelli:

Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou ,


poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha
de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de
proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com
o disposto na lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2º Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão
encaminhados os autos. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição
jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude
desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se
a termo o aditamento, quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).
§ 1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o
art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o
aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora
para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo
interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. (Incluído pela Lei
nº 11.719, de 2008).
§ 3º Aplicam-se as disposições dos §§ 1º e 2º do art. 383 ao caput deste artigo.
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no
prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do
aditamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

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§ 5º Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. (Incluído pela Lei nº


11.719, de 2008).

​ SÚMULAS PERTINENTES

Súmulas do STF

⮲ Súmula 453 do STF - O STF entende sumulou entendimento no sentido de que a mutatio libelli
somente pode ser aplicada na primeira instância (o que não ocorre com a emendatio libelli, que
pode ocorrer em qualquer instância):

Súmula 453
NÃO SE APLICAM À SEGUNDA INSTÂNCIA O ART. 384 E PARÁGRAFO ÚNICO
DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, QUE POSSIBILITAM DAR NOVA
DEFINIÇÃO JURÍDICA AO FATO DELITUOSO, EM VIRTUDE DE
CIRCUNSTÂNCIA ELEMENTAR NÃO CONTIDA, EXPLÍCITA OU
IMPLICITAMENTE, NA DENÚNCIA OU QUEIXA.

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EXERCÍCIOS COMENTADOS – QUESTÕES E


PROCESSOS INCIDENTES
01. (FUNCAB – 2013 – PC-ES – ESCRIVÃO) De acordo com o Código de Processo Penal, o
exame de sanidade mental:
I. Poderá ser realizado ainda na fase do inquérito, mediante determinação da autoridade policial.
II. Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso, será internado em manicômio judiciário,
onde houver, ou, se estiver solto, e o requererem os peritos, em estabelecimento adequado.
III. O exame não durará mais de quarenta e cinco dias, salvo se os peritos demonstrarem a
necessidade de maior prazo.
IV. O incidente da insanidade mental processar-se-á em auto apartado, que só depois da
apresentação do laudo, será apenso ao processo principal.
Assinale a opção que contempla a(s) assertiva(s) correta(s).
a) I, II, III e IV.
b) I, II e III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, apenas.

COMENTÁRIOS
I – ERRADA: O exame até pode ser realizado na fase do inquérito policial, mas mediante
representação da autoridade policial ao juiz competente, nos termos do art. 149, §1º do CP.
II – CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão do art. 150 do CPP:

Art. 150. Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso, será internado em
manicômio judiciário, onde houver, ou, se estiver solto, e o requererem os peritos,
em estabelecimento adequado que o juiz designar.

III - CORRETA: Item correto, pois é a previsão literal do art. 150, §1º do CPP:

Art. 150 (...)

§ 1º O exame não durará mais de quarenta e cinco dias, salvo se os peritos


demonstrarem a necessidade de maior prazo.

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IV – CORRETA: De fato, o incidente corre em autos apartados, somente sendo apensado aos
autos do processo principal (ação penal) depois da apresentação do laudo pericial, nos termos
do art. 153 do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

02. (FGV - 2015 - OAB - XVIII EXAME DE ORDEM) Bruna foi presa em flagrante e denunciada
pela prática de um crime de falsificação de documento público. Na ocasião da prisão, foi
apreendida uma mochila que estava dentro do veículo de Bruna, sendo que em seu interior
existiam algumas joias. Diante da natureza do crime apurado, não existe mais interesse na mochila
apreendida com as joias para o desenrolar do processo. Cláudia, colega de trabalho de Bruna,
requer a restituição desses bens, alegando ser proprietária. Existe, porém, dúvida quanto ao
direito da reclamante.
Considerando as informações narradas na hipótese, é correto afirmar que
A) a restituição poderá ser ordenada pela autoridade policial ou pelo juiz, sempre ouvido o
Ministério Público.
B) o pedido de restituição não deverá ser autuado em autos em apartado.
C) havendo dúvida sobre o verdadeiro dono, não superada no incidente, o juiz remeterá as partes
para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas.
D) não caberá produção de provas no incidente de restituição.
COMENTÁRIOS

Em havendo dúvida a respeito da propriedade dos bens a serem restituídos, é necessária a


instauração do incidente de restituição de coisas apreendidas, que será autuado em apartado,
nos termos do art. 120, §1º do CPP.
Em se tratando de incidente de restituição, somente o Juiz poderá decidi-lo, e o requerente tem
o prazo de cinco dias para provar seu direito sobrea coisa, nos termos do art. 120, §1º do CPP.
Caso persista a dúvida a espeito da propriedade dos bens, o Juiz deverá remeter as partes ao
Juízo cível, ordenando o depósito dos bens até que o caso seja resolvido, nos termos do art.
120, §4º do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

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EXERCÍCIOS COMENTADOS - NULIDADES


01. (FGV – 2013 – OAB – EXAME DE ORDEM) A Teoria Geral das Nulidades determina que
nulidade é a sanção aplicada pelo Poder Judiciário ao ato imperfeito, defeituoso. Tal teoria é
regida pelos princípios relacionados a seguir, à exceção de um. Assinale-o.
a) Princípio do Prejuízo.
b) Princípio da Causalidade.
c) Princípio do Interesse.
d) Princípio da Voluntariedade.
COMENTÁRIOS
Dentre as alternativas apresentadas, apenas a letra D não corresponde a um princípio que rege o
sistema de NULIDADES. Os três primeiros são princípios relacionados a esta específica seara do
processo penal.
O primeiro prega que não há nulidade sem prejuízo (art. 563 do CPP).
O segundo prevê que a nulidade de um ato importará a nulidade daqueles que diretamente dele
dependam ou sejam consequência (art. 573, §1º do CPP).
O princípio do interesse, por sua vez, estabelece que nenhuma nulidade poderá ser arguida pela
parte que não tenha interesse em seu reconhecimento, bem como não poderá ser arguida pela
parte que a ela deu causa (art. 565 do CPP).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

02. (FGV – 2012 – OAB – EXAME DE ORDEM) O advogado José, observando determinado
acontecimento no processo, entende por bem arguir a nulidade do processo, tendo em vista a
violação do devido processo legal, ocorrida durante a Audiência de Instrução e Julgamento.
Acerca da Teoria Geral das Nulidades, é correto afirmar que o princípio da causalidade significa
a) a possibilidade do defeito do ato se estender aos atos que lhes são subsequentes e que deles
dependam.
b) que não há como se declarar a nulidade de um ato se este não resultar prejuízo à acusação ou
à defesa.
c) que nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha
concorrido.
d) que as nulidades poderão ser sanadas.
COMENTÁRIOS
O princípio da causalidade significa que a nulidade de um ato importará a nulidade daqueles que
diretamente dele dependam ou sejam consequência, nos termos do art.573, §1º do CPP.

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Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.


03. (FGV – 2011 – OAB – EXAME DE ORDEM) Aristóteles, juiz de uma vara criminal da justiça
comum, profere sentença em processo-crime cuja competência era da justiça militar.
Com base em tal afirmativa, pode-se dizer que a não observância de Aristóteles à matriz legal
gerará a
a) inexistência do ato.
b) nulidade relativa do ato.
c) nulidade absoluta do ato.
d) irregularidade do ato.
COMENTÁRIOS
A sentença proferida por Aristóteles é considerada como absolutamente nula, devendo os autos
serem remetidos ao Juízo competente, anulando-se a sentença proferida, nos termos do art. 564,
I e 567 do CPP, já que se trata de violação às normas de competência em razão da matéria, que é
hipótese de competência absoluta.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

04. (FGV – 2012 – OAB – EXAME DE ORDEM) Trácio foi denunciado pela prática do delito
descrito no artigo 333 do Código Penal. A peça inaugural foi recebida pelo Juiz Titular da Vara
Única da Comarca X, que presidiu a Audiência de Instrução e Julgamento. Encerrada a instrução
do feito, o processo foi concluso ao juiz substituto, que proferiu sentença condenatória, tendo em
vista que o juiz titular havia sido promovido e estava, nesse momento, na 11ª Vara Criminal da
Comarca da Capital. De acordo com a Lei Processual Penal, assinale a alternativa correta.
a) A sentença é nula, porque foi prolatada por juiz que não presidiu a instrução do feito, em
desacordo com o princípio da identidade física do juiz.
b) A sentença é nula, porque ao juiz substituto é vedada a prolação de decisão definitiva ou
terminativa.
c) Não há nulidade na sentença, porque não se faz exigível a identidade física do juiz diante das
peculiaridades narradas no enunciado.
d) A sentença é nula, porque viola o princípio do juiz natural.
COMENTÁRIOS
De fato, um dos princípios que regem o processo penal é o da identidade física do Juiz, que
significa, basicamente, que o Juiz que presidir a instrução deverá proferir a sentença.
Contudo, existem ressalvas a esta regra. Segundo o STJ, caso o Juiz já esteja aposentado, tenha
sido promovido, afastado, licenciado, convocado (para atuar em órgão jurisdicional superior) ou
não mais integre o quadro do Poder Judiciário, obviamente que a sentença não precisará ser
proferida por ele, devendo ser relativizada a regra do art. 399, §2º do CPP.

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Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.


05. (FGV – 2011 – OAB – EXAME DE ORDEM) Ao proferir sentença, o magistrado, reputando
irrelevantes os argumentos desenvolvidos pela defesa, deixa de apreciá-los, vindo a condenar o
acusado.
Com base no caso acima, assinale a alternativa correta.
a) Como é causa de nulidade da sentença, a falta de fundamentação deve ser arguida inicialmente
por meio de embargos de declaração, que, se não forem opostos, gerarão a preclusão da
alegação, pois a nulidade decorrente da falta de fundamentação do decreto condenatório importa
em nulidade relativa.
b) Como é causa de nulidade absoluta da sentença, a falta de fundamentação não precisa ser
arguida por meio de embargos de declaração, devendo necessariamente, no entanto, ser
sustentada no recurso de apelação para poder ser conhecida pelo Tribunal.
c) Como é causa de nulidade absoluta da sentença, a falta de fundamentação não precisa ser
arguida nem por meio de embargos de declaração, nem no recurso de apelação, podendo ser
conhecida de ofício pelo Tribunal.
d) Como reputou irrelevantes as alegações feitas pela defesa, o magistrado não precisava tê-las
apreciado na sentença proferida, não havendo qualquer nulidade processual, pois não há nulidade
sem prejuízo.
COMENTÁRIOS
Trata-se, aqui, de nulidade absoluta em prejuízo da defesa, por ausência de fundamentação (ou
fundamentação deficiente), que pode ser reconhecida de ofício pelo Tribunal, ainda que não tenha
sido arguida nos embargos de declaração ou no recurso ao Tribunal.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

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EXERCÍCIOS COMENTADOS – COMUNICAÇÃO


DOS ATOS
01. (FGV – 2018 – TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Após comparecer em todos os endereços
registrados em nome de Caio para citação e não o localizar e nem obter informações sobre seu
paradeiro, o oficial de justiça certifica que o acusado se encontra em local incerto e não sabido.
Verificada a veracidade do teor da certidão, deverá ser buscada a citação de Caio, de acordo com
o Código de Processo Penal e com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:
(A) com hora certa, desde que o oficial de justiça tenha comparecido ao menos três vezes no
endereço do denunciado;
(B) por edital, devendo conter nesse, necessariamente, o nome do réu, o nome do promotor
responsável pela denúncia e do juiz que a determinar, sob pena de nulidade;
(C) por edital, e, caso não compareça após o prazo fixado em tal modalidade de citação, ficará
suspenso o curso do processo e do prazo prescricional, ainda que o acusado constitua advogado
para essa ação penal;
(D) por edital, não havendo nulidade se houver indicação do dispositivo da lei penal
correspondente à inicial acusatória, embora não haja transcrição da denúncia ou resumo dos fatos
em que se baseia;
(E) por carta com aviso de recebimento, devendo o processo prosseguir caso, ainda assim, o
acusado não compareça e nem constitua advogado.
COMENTÁRIOS
Neste caso, a citação de Caio deve se dar por edital, na forma do art. 361 do CPP, pois se
encontra em local desconhecido. Não haverá nulidade se houver indicação, no edital de citação,
do dispositivo da lei penal correspondente à inicial acusatória, embora não haja transcrição da
denúncia ou resumo dos fatos em que se baseia, conforme súmula 366 do STF:

Súmula 366 do STF

NÃO É NULA A CITAÇÃO POR EDITAL QUE INDICA O DISPOSITIVO DA LEI


PENAL, EMBORA NÃO TRANSCREVA A DENÚNCIA OU QUEIXA, OU NÃO
RESUMA OS FATOS EM QUE SE BASEIA.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

02. (FGV – 2018 – TJ-AL – OFICIAL DE JUSTIÇA) Caio, Oficial de Justiça, foi cumprir mandado
de citação na residência de Lauro, comparecendo ao local 3 vezes e certificando, após informações
obtidas com vizinhos, que o denunciado estava se ocultando para não ser citado. Além disso, Caio
compareceu a todos os endereços de Raul constantes nos autos da ação penal onde figura como

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acusado, certificando que ele se encontrava em local incerto e não sabido. Após a certidão,
contudo, descobre que Raul estava preso na mesma unidade da federação do juiz processante em
razão de prisão preventiva decretada em diferente processo. Por fim, Caio foi cumprir mandado
de citação na residência de Flávio, mas houve equívoco, já que este estava preso preventivamente
em razão de decisão proferida nos mesmos autos em que foi expedido o mencionado mandado.
Com base apenas nas informações narradas, após as informações de Caio, a citação de Lauro, Raul
e Flávio deverá ocorrer, respectivamente, na(s) modalidade(s) de citação:
(A) pessoal, em relação aos três denunciados;
(B) com hora certa, citação por edital e citação pessoal;
(C) por edital, citação por edital e citação pessoal;
(D) com hora certa, citação pessoal e citação pessoal;
(E) por edital, citação pessoal e citação pessoal.
COMENTÁRIOS
Neste caso, Lauro deve ser citado por hora certa, pois se oculta para não ser citado, na forma do
art. 362 do CPP. Raul deve ser citado pessoalmente, pois está preso (art. 360 do CPP), inclusive
estando preso na mesma Unidade da Federação, o que impede por completo a citação por
edital (súmula 351 do STF). Por fim, Flávio também deverá ser citado pessoalmente, pois está
preso, na forma do art. 360 do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

03. (FGV – 2016 – MPE-RJ – ANALISTA PROCESSUAL) Analise as seguintes situações:


I – João mora em Barra Mansa, mas será testemunha em processo criminal que corre na Vara
Criminal de Queimados, sendo que já se manifestou no sentido de que prefere ser ouvido no
próprio juízo onde corre o processo.
II – Claudio está preso no Complexo de Gericinó, em Bangu, e deverá ser citado para responder a
nova ação penal que corre perante uma das Varas Criminais de Bangu.
III – Oficial de justiça comparece três vezes à casa de Francisco para citá-lo em processo criminal,
mas, apesar de confirmado o endereço, nunca o encontra, certificando que o acusado está se
ocultando para não ser citado.
Os atos de comunicação de João, Claudio e Francisco deverão ser realizados, respectivamente, da
seguinte forma:
a) intimação por carta precatória, citação pessoal por oficial de justiça e citação por hora certa;
b) intimação por carta precatória, citação pessoal por oficial de justiça e citação por edital;
c) intimação por edital, citação pessoal por oficial de justiça e citação por hora certa;
d) intimação por carta precatória, citação por edital e citação por edital;

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e) intimação por edital, citação pessoal por oficial de justiça e citação por edital.
COMENTÁRIOS
I – Neste caso, João deverá ser intimado por carta precatória, pois mora fora do local abrangido
pela jurisdição do juízo processante, na forma do art. 222 do CPP.
II – Cláudio deverá ser citado pessoalmente, por se encontrar preso, na forma do art. 360 do
CPP.
III – Francisco deverá ser citado por hora certa, pois está se ocultando para não ser citado, na
forma do art. 362 do CPP. É importante ressaltar, todavia, que não são necessárias três visitas
infrutíferas para que possa ser realizada a citação por hora certa. Basta que sejam realizadas duas
(art. 252 do NCPC).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

04. (FGV – 2015 – TJ-RO – TÉCNICO JUDICIÁRIO) O princípio da ampla defesa, previsto
constitucionalmente, impõe que o acusado seja cientificado do início do processo e de todo o seu
desenvolvimento. A ciência da ação penal proposta é realizada através da citação, quando o
denunciado toma conhecimento da imputação delitiva. Sobre o instituto, é correto afirmar que:
a) quando o réu estiver em local conhecido, mas fora da unidade da federação do juiz processante,
será citado por edital;
b) o edital de citação poderá indicar os sinais característicos, residência e profissão do denunciado,
ainda que não seja conhecido seu nome;
c) estando o réu em local incerto e não sabido, deverá ser realizada citação com hora certa;
d) o Código de Processo Penal não admite o instituto da citação com hora certa;
e) se o acusado, citado por edital, não comparecer e nem constituir advogado, o processo ficará
suspenso, em que pese o prazo prescricional continue a correr.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois neste caso deverá ser citado mediante carta precatória, na forma
do art. 353 do CPP.
b) CORRETA: Item correto, pois se trata da identificação “física” do acusado, autorizada pelo
CPP, conforme art. 365, II:

Art. 365. O edital de citação indicará:

(...)

II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem
como sua residência e profissão, se constarem do processo;

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c) ERRADA: Item errado, pois neste caso deverá ser realizada a citação por edital, na forma do
art. 361 do CPP.
d) ERRADA: Item errado, pois tal modalidade é expressamente admitida, conforme art. 362 do
CPP.
e) ERRADA: Item errado, pois neste caso não só o processo ficará suspenso; o curso do prazo
prescricional também ficará suspenso, na forma do art. 366 do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

05. (FGV – 2015 – TJ-RO – OFICIAL DE JUSTIÇA) Analise as situações narradas a seguir:
I) Caio foi denunciado pela prática de um crime de roubo, estando preso na mesma unidade da
Federação do juízo processante em virtude de outro processo.
II) Tício foi denunciado pela prática de um crime de estupro, mas reside em endereço certo em
Estado brasileiro diverso daquele perante o qual foi denunciado.
III) Mévio foi denunciado pela prática de um crime de peculato, mas o oficial de justiça foi a sua
residência por 04 vezes e certificou que ele reside no local, mas está se ocultando para não ser
citado.
Considerando as hipóteses narradas, é correto afirmar que a citação de Caio, Tício e Mévio deverá
ser realizada, respectivamente:
a) pessoalmente, por carta precatória e por edital;
b) pessoalmente, por carta rogatória e por edital;
c) por edital, por carta precatória e por edital;
d) pessoalmente, por edital e com hora certa;
e) pessoalmente, por carta precatória e com hora certa.
COMENTÁRIOS
I – Caio deverá ser citado pessoalmente, na forma do art. 360 do CPP, por estar preso.
Importante destacar que será nula eventual citação por edital, pois o STF entende (súmula 351
do STF) que é nula a citação por edital de réu preso na mesma Unidade da Federação em que
tramita o processo.
II – Tício deverá ser citado por carta precatória, na forma do art. 353 do CPP.
III - Mévio deverá ser citado por hora certa, pois está se ocultando para não ser citado, na forma
do art. 362 do CPP. É importante ressaltar, todavia, que não são necessárias quatro visitas
infrutíferas para que possa ser realizada a citação por hora certa. Basta que sejam realizadas duas
(art. 252 do NCPC).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

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06. (FGV – 2015 – TJ-BA – TÉCNICO JUDICIÁRIO) O processo penal seguirá sem a presença
do acusado que citado ou intimado:
a) pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer com motivo justificado;
b) por publicação para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado;
c) pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado;
d) por publicação para qualquer ato, deixar de dar andamento ao processo;
e) pessoalmente para o ato inicial, deixar de comparecer sem motivo justificado.
COMENTÁRIOS
De acordo com o art. 367 do CPP, “o processo seguirá sem a presença do acusado que, citado
ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou,
no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo”. Isso não significa
que o acusado será retirado do processo. Significa, apenas, que não será intimado acerca dos
atos processuais, intimando-se apenas seu defensor.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

07. (FGV – 2015 – TJ-PI – ANALISTA JUDICIÁRIO) No processo comum ordinário, o


conhecimento do ato judicial que determina o comparecimento do réu para exame de
dependência toxicológica ocorre por:
a) citação;
b) intimação;
c) notificação;
d) requisição;
e) condução.
COMENTÁRIOS
Do ponto de vista estritamente doutrinário, existe a seguinte distinção entre notificação e
intimação:
 Notificação – Ciência que se dá a alguém a respeito de uma providência que por ela
deve ser tomada (Ex.: notificação da testemunha para que compareça à audiência).
 Intimação – Ciência que se dá a alguém a respeito de um ato já realizado (Ex.:
Intimação para ciência da sentença).
Pela situação da questão, portanto, teríamos um caso de notificação.
Esta divisão, porém, é meramente doutrinária, porque a legislação processual não adota esse
rigor técnico, ou seja, utiliza um termo no lugar de outro sem qualquer pudor. O CPP, portanto,
não faz uma distinção clara entre notificação e intimação.

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Boa parte da Doutrina, seguindo essa linha do CPP, entende que não há diferença entre os
termos NOTIFICAÇÃO e INTIMAÇÃO. Para estes autores, o próprio CPP não faz uma distinção
clara, de forma que poderiam ser consideradas como sinônimos.
O CPP utiliza basicamente a expressão “intimação”, para ambos os casos (ciência de ato
processual ocorrido e ciência de ato que será realizado).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

08. (FGV – 2014 – TJ/RJ – ANALISTA – COMISSÁRIO) Bruno foi preso em flagrante pela prática
do crime de extorsão mediante sequestro. Com a prisão em flagrante convertida em preventiva,
ficou o réu preso durante toda a instrução, situação que permanece. A complexidade do caso fez
com que o magistrado abrisse prazo para que o Ministério Público e a Defensoria Pública
apresentassem suas alegações finais escritas, sendo a sentença proferida posteriormente. Dessa
decisão, deverão ser Bruno, o Defensor Público e o Ministério Público intimados, respectivamente:
(A) pessoalmente, todos;
(B) por edital; pessoalmente; pessoalmente;
(C) por publicação no órgão oficial competente, todos;
(D) pessoalmente; por publicação no órgão oficial competente; pessoalmente;
(E) por edital; por publicação no órgão oficial competente; pessoalmente.
COMENTÁRIOS
Neste caso, todos serão intimados pessoalmente. O réu, por estar preso, conforme determina o
art. 392, I do CPP. O MP é intimado pessoalmente SEMPRE, por força do art. 370, §4º do CPP.
Com relação à Defensoria Pública, é um pouco mais complexo. A Defensoria Pública, de acordo
com o CPP, só tem direito à intimação pessoal quando atua na qualidade de “defensor
nomeado”, ou seja, quando o réu não constitui advogado. Contudo, pode ser que a DP tenha
sido constituída pelo próprio réu como seu patrono, nesse caso, pelo CPP, ela não teria direito à
intimação pessoal.
Porém, a DP SEMPRE terá direito à intimação pessoal, por força do que consta na sua Lei
Complementar (Lei Orgânica da DP), mais especificamente no art. 44, I da LC 80/94.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

09. (FGV – 2010 – PC/AP – DELEGADO DE POLÍCIA) Com relação ao tema citações, assinale a
afirmativa incorreta.
A) No processo penal o réu que se oculta para não ser citado poderá ser citado por hora certa na
forma estabelecida no Código de Processo Civil.
B) Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, a citação far-se-á por carta ou qualquer
meio hábil de comunicação.

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C) Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o
processo e o curso do prazo prescricional.
D) O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para
qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado.
E) Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.
COMENTÁRIOS

A) CORRETA: O art. 362 do CPP não só autoriza a citação por hora certa neste caso, como
também determina que se apliquem as regras utilizadas no processo civil;

B) ERRADA: A citação, neste caso, deverá obrigatoriamente se realizar mediante a expedição de


carta rogatória, nos termos do art. 368 do CPP:

Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante
carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu
cumprimento. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

C) CORRETA: Essa é a previsão literal do art. 366 do CPP:

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo
o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se
for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação
dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

D) CORRETA: Se o acusado foi citado ou intimado PESSOALMENTE e não compareceu ao ato,


sem motivo justo, o processo correrá sem a necessidade de sua intimação para os atos futuros,
por força do que dispõe o art. 367 do CPP;

E) CORRETA: O réu preso deverá ser citado pessoalmente, nos termos do art. 360 do CPP.

Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA B.

10. (FGV – 2010 – SENADO FEDERAL – ADVOGADO DO SENADO) Relativamente ao regime


legal das citações e intimações, analise as afirmativas a seguir:
I. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do
juiz que a houver ordenado; por carta precatória quando o réu estiver fora do território da jurisdição
do juiz processante; e por carta rogatória se estiver no estrangeiro. Em nenhum caso a prescrição
será suspensa.
II. O réu poderá ser citado com hora certa, aplicando-se ao processo penal as regras estabelecidas
no Código de Processo Civil, no caso em que o réu se oculta para não ser citado.

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III. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos
o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, respeitado o disposto
no art. 312.
IV. O processo não seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para
qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência,
não comunicar o novo endereço ao juízo, suspendendo-se o processo e a prescrição até que o réu
seja encontrado.
Assinale:
A) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
B) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
C) se apenas as afirmativas III e IV estiverem corretas.
D) se todas as afirmativas estiverem corretas.
E) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas.
COMENTÁRIOS

I - ERRADA: Embora a citação inicial se faça por mandado quando o réu estiver na comarca do
Juízo processante, por carta precatória quando em outra comarca, e por carta rogatória quando
fora do país (arts. 351, 353 e 368 do CPP), no caso de o réu ser citado mediante carta rogatória, o
prazo prescricional se suspende até o cumprimento desta, nos termos do art. 368 do CPP:

Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante
carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu
cumprimento. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

II - CORRETA: O art. 362 do CPP não só autoriza a citação por hora certa neste caso, como
também determina que se apliquem as regras utilizadas no processo civil:

Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma
estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código
de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

III - CORRETA: Esta é a redação literal do art. 366 do CPP, que determina a suspensão do
processo e do prazo prescricional, bem como autoriza a produção antecipada de provas e
decretação da preventiva:

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo

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o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se


for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação
dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

IV - ERRADA: Se o acusado foi citado ou intimado PESSOALMENTE e não compareceu ao ato,


sem motivo justo, o processo correrá sem a necessidade de sua intimação para os atos futuros,
por força do que dispõe o art. 367 do CPP:

Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado
pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou,
no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo.
(Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

11. (FGV – 2014 – TJ-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Foi oferecida e recebida denúncia em
desfavor de Leonardo pela prática do crime de roubo. O oficial de justiça Carlos compareceu em
três oportunidades ao endereço do réu em busca de realizar sua citação, não o encontrando,
porém. Constatando que Leonardo buscava, na verdade, se ocultar, certificou tal fato.
Diante disso, procederá o oficial a citação:
(A) através dos correios, com aviso de recebimento;
(B) por edital;
(C) por hora certa;
(D) por telefone;
(E) por carta rogatória.
COMENTÁRIOS
Deverá, neste caso, ser realizada a citação por hora certa, nos termos do art. 362 do CPP:

Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma
estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código
de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

12. (FGV – 2014 – TJ/RJ – ANALISTA – EXECUÇÃO DE MANDADOS) A comunicação processual


poderá ser efetuada por meio de diferentes atos a depender de sua finalidade. Um desses atos é
a citação. Sobre o tema, é correto afirmar que:
(A) a citação válida é causa interruptiva da prescrição penal;

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(B) estando o réu fora do território da jurisdição do juiz processante, caberá sua citação através do
correio eletrônico;
(C) o mandado de citação deverá conter necessariamente o nome completo do réu, bem como
sua completa qualificação;
(D) o réu com endereço certo no estrangeiro será citado por carta precatória;
(E) não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a
denúncia.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: A citação não é causa de interrupção da prescrição, nos termos do art. 117 do CP. O
recebimento da denúncia é causa de interrupção da prescrição, na forma do art. 117, I do CP.
B) ERRADA: Neste caso deverá ser citado por carta precatória, nos termos do art. 353 do CPP.
C) ERRADA: O mandado deverá conter o nome do réu ou, caso não seja possível, os seus sinais
característicos, ou seja, elementos físicos que permitam sua identificação, nos termos do art. 352,
III do CPP.
D) ERRADA: Neste caso será citado por carta rogatória, nos termos do art. 368 do CPP.
E) CORRETA: Este é o entendimento sumulado do STF, por meio do verbete de nº 366:

Súmula 366 do STF

NÃO É NULA A CITAÇÃO POR EDITAL QUE INDICA O DISPOSITIVO DA LEI


PENAL, EMBORA NÃO TRANSCREVA A DENÚNCIA OU QUEIXA, OU NÃO
RESUMA OS FATOS EM QUE SE BASEIA.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

13. (FGV – 2015 – TJ/SC – TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR) Marcus, portador de maus
antecedentes, foi denunciado pela prática do crime de receptação cometido em 06.01.2015.
Considerando a pena cominada ao delito, o juiz concedeu a liberdade provisória ao agente,
permitindo que ele respondesse ao processo em liberdade. Ocorre que, no dia 19.01.2015, Marcus
novamente foi preso em flagrante pela prática de um crime de roubo, na mesma cidade, sendo tal
prisão devidamente convertida em preventiva. No dia 22.01.2015 determinou o juiz, nos autos da
ação penal pela prática do crime de receptação, a citação de Marcus para apresentação de
resposta à acusação. Nesse caso, deverá ser realizada a citação:
(A) pessoal, pois o réu se encontra preso no momento da realização do ato;
(B) por carta precatória, pois o réu está na penitenciária e não em sua residência;
(C) por edital, considerando que o réu não será encontrado em seu endereço residencial;

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(D) pessoal, pois o crime é de ação penal pública, diferente do que ocorreria se fosse de ação
penal privada;
(E) por edital, pois o réu apenas se encontra preso em virtude de ação penal diversa.
COMENTÁRIOS
A citação, nesse caso, será pessoal, pois se trata de réu preso:

Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. (Redação dada pela Lei
nº 10.792, de 1º.12.2003)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

14. (FGV – 2014 – OAB – EXAME DE ORDEM) Felipe foi reconhecido em sede policial por meio
de fotografia como o autor de um crime de roubo. O inquérito policial seguiu seus trâmites de
forma regular e o Ministério Público decidiu denunciar o indiciado. O oficial de justiça procurou
em todos os endereços constantes nos autos, mas a citação pessoal ou por hora certa foram
impossíveis. Assim, o juiz decidiu pela citação por edital. Marcela, irmã de Felipe, ao passar pelo
fórum leu a citação por edital e procurou um advogado para tomar ciência das consequências de
tal citação, pois ela também não sabe do paradeiro do irmão.
Diante da situação descrita, acerca da orientação a ser dada pelo advogado, assinale a afirmativa
correta.
a) Felipe deve comparecer em juízo, sob pena de ser processado e condenado sem que seja dada
oportunidade para a sua defesa.
b) Se Felipe não comparecer e não constituir advogado, o processo e o curso do prazo prescricional
ficarão suspensos, sendo decretada a sua prisão preventiva de forma automática.
c) Se Felipe não comparecer e não constituir advogado, o processo e o curso do prazo prescricional
ficarão suspensos, sendo determinada a produção antecipada de provas de forma automática,
diante do risco do desaparecimento das provas pelo decurso do tempo.
d) Se Felipe não comparecer e não constituir advogado, o processo e o curso do prazo prescricional
ficarão suspensos e, se for urgente, o juiz determinará a produção antecipada de provas, podendo
decretar a prisão preventiva se presentes os requisitos expressos no artigo 312, do CPP.
COMENTÁRIOS
Conforme preconiza o art. 366 do CPP, se Felipe não comparecer e não constituir advogado, o
processo e o curso do prazo prescricional ficarão suspensos e, se for urgente, o juiz poderá
determinar a produção antecipada de provas, bem como decretar a prisão preventiva se
presentes os requisitos que a autorizam.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

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15. (FGV – 2010 – PC/AP – DELEGADO DE POLÍCIA) Com relação ao tema intimação, assinale
a afirmativa incorreta.
A) A intimação do defensor constituído feita por publicação no órgão incumbido da publicidade
dos atos judiciais da comarca deve, necessariamente, conter o nome do acusado, sob pena de
nulidade.
B) A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal.
C) No processo penal, contam-se os prazos da juntada aos autos do mandado ou da carta
precatória ou de ordem, e não da data da intimação.
D) na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com
comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo.
E) Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz marcará desde logo, na presença das
partes e testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento, do que se lavrará termo nos autos.
COMENTÁRIOS

A) CORRETA: Essa é a previsão do §1° do art. 370 do CPP:

§ 1º A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do


assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos
judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado.
(Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

B) CORRETA: A intimação do MP e do defensor nomeado sempre será realizada pessoalmente, e


não por publicação no órgão oficial, nos termos do art. 370, §4° do CPP:

§ 4º A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal.


(Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

C) ERRADA: Nos termos do art. 798, §5°, a do CPP, os prazos no processo penal, em regra,
contam-se da data da intimação, e não da data da juntada aos autos do mandado:

§ 5º Salvo os casos expressos, os prazos correrão:

a) da intimação;

D) CORRETA: Esta é a previsão do art. 370, §2° do CPP:

§ 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, a intimação
far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante
de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. (Redação dada pela Lei nº
9.271, de 17.4.1996)

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E) CORRETA: Havendo necessidade de adiamento da instrução, o Juiz deverá designar dia e


hora para a continuação, fazendo termo disto nos autos, do qual sairão intimadas as partes e
testemunhas, nos termos do art. 372 do CPP:

Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz marcará desde
logo, na presença das partes e testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento,
do que se lavrará termo nos autos.

Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA C.

16. (FGV - 2008 - SENADO FEDERAL – ADVOGADO) Relativamente ao regime legal das
citações e intimações, analise as afirmativas a seguir:
I. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do
juiz que a houver ordenado; por carta precatória quando o réu estiver fora do território da jurisdição
do juiz processante; e por carta rogatória se estiver no estrangeiro. Em nenhum caso a prescrição
será suspensa.
II. O réu poderá ser citado com hora certa, aplicando-se ao processo penal as regras estabelecidas
no Código de Processo Civil, no caso em que o réu se oculta para não ser citado.
III. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos
o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, respeitado o disposto
no art. 312.
IV. O processo não seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para
qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência,
não comunicar o novo endereço ao juízo, suspendendo-se o processo e a prescrição até que o réu
seja encontrado.
Assinale:
a) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
b) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
c) se apenas as afirmativas III e IV estiverem corretas.
d) se todas as afirmativas estiverem corretas.
e) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas.
COMENTÁRIOS

I – ERRADA: A questão erra apenas ao afirmar que em nenhuma destas hipóteses o prazo
prescricional ficará suspenso, pois no caso de carta rogatória, nos termos do art. 368 do CPP, o
prazo prescricional ficará suspenso até o cumprimento da diligência.

II – CORRETA: Esta é a previsão contida no art. 362 do CPP.

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III – CORRETA: Esta é a exata previsão contida no art. 366 do CPP.

IV – ERRADA: Item errado, nos termos do art. 367 do CPP:

Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado
pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou,
no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo.
(Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

O processo, neste caso, segue normalmente.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

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EXERCÍCIOS COMENTADOS - SENTENÇA


01. (FGV – 2018 – TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Perante a 1a Vara Criminal de determinada
comarca de Tribunal de Justiça, corre processo em que se investiga a prática de crimes gravíssimos
de organização criminosa e tráfico de drogas, sendo, inclusive, investigados grandes empresários
do Estado. Considerando o fato de que o juiz titular do órgão estaria afastado de licença médica
há muitos anos, diversos juízes participaram do feito: João proferiu decisões autorizando medidas
cautelares antes mesmo da denúncia; Jorge foi o responsável pelo recebimento da denúncia e por
analisar o teor das respostas à acusação apresentadas pela defesa; José participou da audiência
de instrução e interrogatório dos réus. Após apresentação das alegações finais, diante da
complexidade do processo e dos inúmeros volumes, o Tribunal de Justiça decidiu criar uma 5a
Vara Criminal especificamente para julgamento desse processo, impedindo que a 1a Vara Criminal
tivesse seu processamento dificultado pela dedicação do magistrado que lá atuava à sentença que
deveria ser produzida. Com a sentença publicada, a 5a Vara Criminal seria extinta.
Com base na situação exposta, a criação da 5a Vara Criminal com o objetivo de proferir sentença
no processo complexo:
(A) é válida, mas não poderá ela ser extinta logo após a sentença ser publicada em razão da
possibilidade de recursos;
(B) não é válida, cabendo a João proferir a sentença em razão do princípio da identidade física do
juiz;
(C) é válida, podendo ela ser extinta logo após a publicação da sentença, nos termos previstos no
ato do Tribunal de Justiça;
(D) não é válida, cabendo a Jorge proferir a sentença em razão do princípio da identidade física
do juiz;
(E) não é válida, cabendo a José proferir a sentença em razão do princípio da identidade física do
juiz.
COMENTÁRIOS
Neste caso, a criação da vara não é válida, pois cabe ao Juiz José, que presidiu a instrução,
proferir a sentença, pelo princípio da identidade física do Juiz, na forma do art. 399, §2º do CPP:

Art. 399 (...) § 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. (Incluído
pela Lei nº 11.719, de 2008).

Há, ainda, violação ao princípio do Juízo natural, mas não há tal opção nas alternativas.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

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02. (FGV – 2018 – TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO) David, reincidente, foi denunciado pela
prática de crime de furto qualificado. No curso da instrução, uma testemunha afirma que David
tinha a posse regular e anterior daquele bem que teria sido subtraído, razão pela qual o Ministério
Público, ao final da produção probatória, adita a denúncia, altera os fatos narrados e imputa ao
réu a prática do crime de apropriação indébita. Após ratificação das provas, o Ministério Público
apresentou alegações finais, requerendo a condenação do réu nas sanções do delito de
apropriação indébita. O magistrado, porém, ao analisar as provas, conclui que, na verdade, o crime
praticado foi de furto qualificado, conforme descrito na denúncia antes do aditamento.
Diante da hipótese narrada, o juiz, de imediato:
(A) poderá condenar o réu pela prática do crime de furto qualificado, aplicando o instituto da
mutatio libelli;
(B) poderá condenar o réu pela prática do crime de furto qualificado, aplicando o instituto da
emendatio libelli;
(C) não poderá condenar o réu pela prática do crime de furto qualificado, pois o Ministério Público
aditou a denúncia, de modo que ocorreu mutatio libelli;
(D) não poderá condenar o réu pela prática do crime de furto qualificado, pois o Ministério Público
aditou a denúncia, de modo que ocorreu emendatio libelli;
(E) poderá encaminhar os autos ao Ministério Público, determinando que ele realize aditamento da
denúncia no prazo de 05 dias, sob pena de conferir nova capitulação jurídica.
COMENTÁRIOS
Neste caso, como o MP procedeu ao aditamento da denúncia em razão de fatos novos surgidos
durante a instrução, ocorreu MUTATIO LIBELLI, na forma do art. 384 do CPP. Assim, o Juiz só
poderá condenar o réu pelos fatos contidos na denúncia aditada, não podendo julgar o réu pelos
fatos contidos na denúncia original. Logo, o Juiz não poderá julgar o réu pelo crime de furto
qualificado.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

03. (FGV – 2016 – MPE-RJ – ANALISTA PROCESSUAL) Ministério Público ofereceu denúncia em
face de José pela prática do crime de apropriação indébita. Encerrada a instrução, entende o
promotor que José empregou fraude em momento pretérito ao crime, de modo que a posse do
bem em momento algum foi lícita. Em razão disso, realiza aditamento à denúncia para modificar
os fatos narrados e imputar o crime de estelionato. O aditamento é recebido e novas provas são
produzidas. Após o promotor pedir a condenação de acordo com o aditamento, e a defesa, a
absolvição, o magistrado condena José nos termos da imputação originária, que é menos grave.
Diante do exposto, é correto afirmar, de acordo com o Código de Processo Penal, que, com o
aditamento do Ministério Público, foi aplicado o instituto da:
a) mutatio libelli, não podendo o magistrado condenar José na imputação originária;

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b) emendatio libelli, não podendo o magistrado condenar José na imputação originária;


c) mutatio libelli, podendo o magistrado condenar José na imputação originária;
d) emendatio libelli, podendo o magistrado condenar José na imputação originária;
e) emendatio libelli, devendo o juiz submeter a questão ao Procurador Geral de Justiça,
entendendo que o crime praticado não foi o de estelionato.
COMENTÁRIOS
Neste caso, ocorreu o instituto da mutatio libelli, pois houve o aditamento da denúncia em razão
de fato novo (fraude anterior à posse), não contido na denúncia. Neste caso, não pode o
magistrado condenar José na imputação originária, já que o art. 384, §4º estabelece que, em
havendo aditamento, ficará o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
Tal vinculação do Juiz só ficará afastada quando se tratar de aditamento que apenas acrescenta
elemento especializante (ex.: MP adita a denúncia para acrescentar uma qualificadora. O Juiz
pode condenar apenas pelo crime em sua forma simples, e afastar a qualificadora) ou quando se
tratar de crime complexo (ex.: MP denuncia por furto. Depois, adita a denúncia para acrescentar
ter havido violência e, portanto, altera a imputação para o crime de roubo. O Juiz pode condenar
o réu apenas por furto, afastando a ocorrência de violência).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

04. (FGV – 2014 – OAB – EXAME DE ORDEM) João foi denunciado pela prática de crime de
furto simples. Na denúncia, o Ministério Público apenas narrou que houve a subtração do cordão
da vítima, indicando hora e local. Na audiência de instrução e julgamento, a vítima narrou que
João empurrou-a em direção ao chão dizendo que se gritasse “o bicho ia pegar”, arrancando, em
seguida, o seu cordão. Diante da narrativa da violência e da grave ameaça, o juiz fica convencido
de que houve crime de roubo e não de furto.
Sobre o caso apresentado, de acordo com o Código de Processo Penal, assinale a afirmativa
correta.
a) O juiz na sentença poderá condenar João pelo crime de roubo, com base no artigo 383 do CPP,
que assim dispõe: “O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa,
poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena
mais grave”
b) Encerrada a instrução probatória, o Ministério Público deverá aditar a denúncia em 5 (cinco) dias.
Se o Ministério Público ficar inerte, o juiz deve aplicar o artigo 28 do CPP.
c) Encerrada a instrução probatória, o Ministério Público deverá aditar a denúncia em 5 (cinco) dias.
Se o Ministério Público ficar inerte, o juiz poderá condenar João pelo crime de roubo, tendo em
vista que a vítima narrou a agressão em juízo.
d) O juiz poderá condenar João pelo crime de roubo, independentemente de qualquer
providência, em homenagem ao princípio da verdade real.

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COMENTÁRIOS
Considerando o fato narrado, uma vez encerrada a instrução probatória, o Juiz abrirá prazo ao
Ministério Público para aditar a denúncia em 5 (cinco) dias. Se o Ministério Público ficar inerte, o
juiz deve aplicar o artigo 28 do CPP, nos termos do que dispõe o art. 384 e seu §1º do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

05. (FGV – 2014 – OAB – XIV EXAME DE ORDEM) Wilson está sendo regularmente processado
pela prática do crime de furto. Durante a instrução criminal, entretanto, as testemunhas foram
uníssonas ao afirmar que, para a subtração, Wilson utilizou-se de grave ameaça, exercida por meio
de uma faca.
A partir do caso narrado, assinale a opção correta.
a) A hipótese é de emendatio libelli e o juiz deve absolver o réu relativamente ao crime que lhe foi
imputado.
b) Não haverá necessidade de aditamento da inicial acusatória, haja vista o fato de que as
alegações finais orais acontecem após a oitiva das testemunhas e, com isso, respeitam-se os
princípios do contraditório e da ampla defesa.
c) A hipótese é de mutatio libelli e, nos termos da lei, o Ministério Público deverá fazer o respectivo
aditamento.
d) Caso o magistrado entenda que deve ocorrer o aditamento da inicial acusatória, se o promotor
de justiça e, recusar-se a fazê-lo, o juiz estará obrigado a absolver o réu da imputação que lhe foi
originalmente atribuída.
COMENTÁRIOS
Tem-se, aqui, MUTATIO LIBELLI. Neste caso, uma vez encerrada a instrução probatória, o Juiz
abrirá prazo ao Ministério Público para aditar a denúncia em 5 (cinco) dias, nos termos do que
dispõe o art. 384 do CPP.
Caso o MP não promova o aditamento da denúncia (após a aplicação do art. 28 do CPP),
somente caberá ao Juiz desconsiderar o fato novo, pois não incluído na denúncia.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

06. (FGV – 2014 – TJ-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Terminada a fase de alegações finais, o juiz
profere sentença verbalmente na própria audiência ou o faz por escrito no prazo de 10 dias. Na
sentença:
(A) o relatório, a fundamentação e o dispositivo são imprescindíveis, ainda que proferida no âmbito
dos Juizados Especiais Criminais;
(B) somente poderão ser reconhecidas as agravantes expressamente tipificadas na denúncia;
(C) sem modificar a descrição do fato contida na denúncia, não poderá o magistrado dar definição
jurídica diversa da prevista na inicial acusatória;

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(D) é prescindível a data e a assinatura do juiz;


(E) o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de
determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: No âmbito dos Juizados o relatório da sentença é dispensado, nos termos do art. 38
da Lei 9.099/95:

Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve


resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.

Em relação aos demais procedimentos, os três elementos são necessários:

Art. 381. A sentença conterá:

I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias


para identificá-las;

II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;

III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;

IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;

V - o dispositivo;

VI - a data e a assinatura do juiz.

Os incisos I e VI correspondem a elementos formais. O inciso II corresponde ao relatório, os


incisos III e IV correspondem à fundamentação e o inciso V é o dispositivo, ou seja, a decisão
propriamente dita.
B) ERRADA: O Juiz poderá reconhecer quaisquer agravantes, ainda que não mencionadas na
denúncia, desde que sua ocorrência reste comprovada no processo, nos termos do art. 387, I do
CPP.
C) ERRADA: O Juiz poderá, neste caso, dar ao fato nova definição jurídica, trata-se do instituto da
EMENDATIO LIBELLI, nos termos do art. 383 do CPP.
D) ERRADA: A aposição da data e assinatura do Juiz são necessárias, nos termos do art. 381, VI
do CPP.
E) CORRETA: Item correto, pois esta é a previsão do art. 387, §2º do CPP:

Art. 387 (...)

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§ 2º O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no


Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime
inicial de pena privativa de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

07. (FGV – 2014 – TJ-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO) De acordo com o entendimento amplamente
majoritário no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, a previsão do artigo 387, IV do CPP, trazida
pela Lei 11.719/08, no sentido de que o juiz fixará na sentença um valor mínimo para reparação
dos danos causados:
(A) é norma de conteúdo material, logo aplicável para os fatos ocorridos antes da entrada em vigor
da Lei 11.719;
(B) é norma de conteúdo processual, não podendo ser aplicada para fatos anteriores à entrada em
vigor da Lei 11.719, sob pena de violar o princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa;
(C) somente poderá ser aplicada se houver requerimento da vítima, ou ao menos do Ministério
Público, garantida a ampla defesa;
(D) é norma de conteúdo material, razão pela qual somente pode ser aplicada para denúncias
oferecidas após a entrada em vigor da Lei 11.719;
(E) impede que a vítima requeira complementação dos danos no âmbito cível.
COMENTÁRIOS
O STJ fixou entendimento no sentido de que tal norma é considerada “híbrida” (possui
elementos de direito processual e elementos de direito “material”), de forma que não pode ser
aplicada aos fatos praticados antes da entrada em vigor da Lei 11.719/08:

“(...) 1. A regra do art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, que dispõe
sobre a fixação, na sentença condenatória, de valor mínimo para reparação civil
dos danos causados ao ofendido, é norma híbrida, de direito processual e material,
razão pela que não se aplica a delitos praticados antes da entrada em vigor da Lei
n.º 11.719/2008, que deu nova redação ao dispositivo. Precedentes da Quinta
Turma.

2. Agravo regimental desprovido.

(AgRg no REsp 1254742/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado
em 22/10/2013, DJe 05/11/2013)

Assim, vemos que as alternativas A, B e D estão erradas.

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A alternativa E também está errada, pois nada impede que a vítima requeira no Juízo cível a
complementação do valor fixado, se entender insuficiente, já que o valor fixado no processo
penal é o MÍNIMO, nos termos do art. 387, IV do CPP.
A alternativa C, por fim, está correta. Isto porque o STJ entende que deve haver requerimento
formulado neste sentido, não cabendo ao Juiz a fixação ex officio. Vejamos:

“(...) 1. Para que seja fixado, na sentença, o valor mínimo para reparação dos danos
causados à vítima (art. 387, IV, do CP), necessário o pedido formal, sob pena de
violação dos princípios da ampla defesa e do contraditório.

2. Agravo regimental improvido.”

(AgRg no AREsp 311.784/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA


TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe 28/10/2014)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

08. (FGV – 2014 – TJ/RJ – ANALISTA – EXECUÇÃO DE MANDADOS) O juiz, ao proferir


sentença condenatória, fará nela constar,
EXCETO:
(A) as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no
Código Penal por ele reconhecidas;
(B) os nomes das partes ou, quando não for possível, as indicações necessárias para identificá-las;
(C) o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido e pedido prévio;
(D) a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
(E) o direito ou não de o acusado apelar em liberdade, condicionando, se for o caso, o
conhecimento da apelação à prisão.
COMENTÁRIOS
O art. 387 nos traz o que deverá fazer o Juiz ao fixar sentença condenatória:

Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de 2008)

I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no


Código Penal, e cuja existência reconhecer;

II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser


levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e

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60 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação


dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões; (Redação dada pela
Lei nº 11.719, de 2008).

IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).

V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e


medidas de segurança, ao disposto no Título Xl deste Livro;

VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo


e designará o jornal em que será feita a publicação (art. 73, § 1º, do Código Penal).

Vemos que aqui não se inclui a conduta de condicionar o conhecimento da apelação à prisão do
réu. O Juiz, neste momento, deverá decidir se decreta a prisão, mantém a prisão decretada ou
revoga eventual prisão, mas qualquer que seja a decisão não interfere no julgamento da
apelação:

Art. 387 (...)

§ 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a


imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do
conhecimento de apelação que vier a ser interposta. (Incluído pela Lei nº 12.736,
de 2012)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

09. (FGV – 2012 – OAB – EXAME DE ORDEM) Trácio foi denunciado pela prática do delito
descrito no artigo 333 do Código Penal. A peça inaugural foi recebida pelo Juiz Titular da Vara
Única da Comarca X, que presidiu a Audiência de Instrução e Julgamento. Encerrada a instrução
do feito, o processo foi concluso ao juiz substituto, que proferiu sentença condenatória, tendo em
vista que o juiz titular havia sido promovido e estava, nesse momento, na 11ª Vara Criminal da
Comarca da Capital. De acordo com a Lei Processual Penal, assinale a alternativa correta.
a) A sentença é nula, porque foi prolatada por juiz que não presidiu a instrução do feito, em
desacordo com o princípio da identidade física do juiz.
b) A sentença é nula, porque ao juiz substituto é vedada a prolação de decisão definitiva ou
terminativa.

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c) Não há nulidade na sentença, porque não se faz exigível a identidade física do juiz diante das
peculiaridades narradas no enunciado.
d) A sentença é nula, porque viola o princípio do juiz natural.
COMENTÁRIOS
De fato, um dos princípios que regem o processo penal é o da identidade física do Juiz, que
significa, basicamente, que o Juiz que presidir a instrução deverá proferir a sentença.
Contudo, existem ressalvas a esta regra. Segundo o STJ, caso o Juiz já esteja aposentado, tenha
sido promovido, afastado, licenciado, convocado (para atuar em órgão jurisdicional superior) ou
não mais integre o quadro do Poder Judiciário, obviamente que a sentença não precisará ser
proferida por ele, devendo ser relativizada a regra do art. 399, §2º do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

10. (FGV – 2011 – OAB – EXAME DE ORDEM) Ao proferir sentença, o magistrado, reputando
irrelevantes os argumentos desenvolvidos pela defesa, deixa de apreciá-los, vindo a condenar o
acusado.
Com base no caso acima, assinale a alternativa correta.
a) Como é causa de nulidade da sentença, a falta de fundamentação deve ser arguida inicialmente
por meio de embargos de declaração, que, se não forem opostos, gerarão a preclusão da
alegação, pois a nulidade decorrente da falta de fundamentação do decreto condenatório importa
em nulidade relativa.
b) Como é causa de nulidade absoluta da sentença, a falta de fundamentação não precisa ser
arguida por meio de embargos de declaração, devendo necessariamente, no entanto, ser
sustentada no recurso de apelação para poder ser conhecida pelo Tribunal.
c) Como é causa de nulidade absoluta da sentença, a falta de fundamentação não precisa ser
arguida nem por meio de embargos de declaração, nem no recurso de apelação, podendo ser
conhecida de ofício pelo Tribunal.
d) Como reputou irrelevantes as alegações feitas pela defesa, o magistrado não precisava tê-las
apreciado na sentença proferida, não havendo qualquer nulidade processual, pois não há nulidade
sem prejuízo.
COMENTÁRIOS
Trata-se, aqui, de nulidade absoluta em prejuízo da defesa, por ausência de fundamentação (ou
fundamentação deficiente), que pode ser reconhecida de ofício pelo Tribunal, ainda que não
tenha sido arguida nos embargos de declaração ou no recurso ao Tribunal.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

11. (FGV – 2010 – OAB – EXAME DE ORDEM) João foi denunciado pela prática do crime de
furto (CP, art. 155), pois segundo narra a denúncia ele subtraiu colar de pedras preciosas da vítima.
No decorrer da instrução processual, a testemunha Antônio relata fato não narrado na denúncia: a

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subtração do objeto furtado se deu mediante “encontrão” dado por João no corpo da vítima. Na
fase de sentença, sem antes tomar qualquer providência, o Juiz decide, com base no sobredito
testemunho de Antônio, condenar João nas penas do crime de roubo (CP, art. 157), por entender
que o “encontrão” relatado caracteriza emprego de violência contra a vítima. A sentença
condenatória transita em julgado para o Ministério Público.
O Tribunal, ao julgar apelo de João com fundamento exclusivo na insuficiência da prova para a
condenação, deve:
a) anular a sentença.
b) manter a condenação pela prática do crime de roubo.
c) abrir vista ao Ministério Público para aditamento da denúncia.
d) absolver o acusado.
COMENTÁRIOS
No caso em tela, houve NULIDADE na sentença, eis que não respeitou o princípio da correlação
entre sentença e acusação, já que abrangeu fatos não contidos na denúncia.
Contudo, como não houve recurso da acusação, a nulidade não poderia ser reconhecida, eis que
prejudicial à defesa (Verbete nº 160 da Súmula de jurisprudência do STF – “É nula a decisão do
tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os
casos de recurso de ofício. ”).
Cabe ao Tribunal, portanto, apreciar o mérito do recurso, desconsiderando o fato utilizado na
sentença, mas não contido na denúncia. Diante disso, deve o Tribunal absolver o acusado, pois
não há, de fato, prova para a condenação por roubo (eis que os fatos narrados na denúncia não
englobam violência ou grave ameaça).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

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EXERCÍCIOS PARA PRATICAR – QUESTÕES E


PROCESSOS INCIDENTES

01. (FUNCAB – 2013 – PC-ES – ESCRIVÃO) De acordo com o Código de Processo Penal, o
exame de sanidade mental:
I. Poderá ser realizado ainda na fase do inquérito, mediante determinação da autoridade policial.
II. Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso, será internado em manicômio judiciário,
onde houver, ou, se estiver solto, e o requererem os peritos, em estabelecimento adequado.
III. O exame não durará mais de quarenta e cinco dias, salvo se os peritos demonstrarem a
necessidade de maior prazo.
IV. O incidente da insanidade mental processar-se-á em auto apartado, que só depois da
apresentação do laudo, será apenso ao processo principal.
Assinale a opção que contempla a(s) assertiva(s) correta(s).
a) I, II, III e IV.
b) I, II e III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, apenas.

02. (FGV - 2015 - OAB - XVIII EXAME DE ORDEM) Bruna foi presa em flagrante e denunciada
pela prática de um crime de falsificação de documento público. Na ocasião da prisão, foi
apreendida uma mochila que estava dentro do veículo de Bruna, sendo que em seu interior
existiam algumas joias. Diante da natureza do crime apurado, não existe mais interesse na mochila
apreendida com as joias para o desenrolar do processo. Cláudia, colega de trabalho de Bruna,
requer a restituição desses bens, alegando ser proprietária. Existe, porém, dúvida quanto ao
direito da reclamante.
Considerando as informações narradas na hipótese, é correto afirmar que
A) a restituição poderá ser ordenada pela autoridade policial ou pelo juiz, sempre ouvido o
Ministério Público.
B) o pedido de restituição não deverá ser autuado em autos em apartado.

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C) havendo dúvida sobre o verdadeiro dono, não superada no incidente, o juiz remeterá as partes
para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas.
D) não caberá produção de provas no incidente de restituição.

GABARITO

1. ALTERNATIVA D
2. ALTERNATIVA C

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EXERCÍCIOS PARA PRATICAR – COMUNICAÇÃO


DOS ATOS

01. (FGV – 2018 – TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Após comparecer em todos os endereços
registrados em nome de Caio para citação e não o localizar e nem obter informações sobre seu
paradeiro, o oficial de justiça certifica que o acusado se encontra em local incerto e não sabido.
Verificada a veracidade do teor da certidão, deverá ser buscada a citação de Caio, de acordo com
o Código de Processo Penal e com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:
(A) com hora certa, desde que o oficial de justiça tenha comparecido ao menos três vezes no
endereço do denunciado;
(B) por edital, devendo conter nesse, necessariamente, o nome do réu, o nome do promotor
responsável pela denúncia e do juiz que a determinar, sob pena de nulidade;
(C) por edital, e, caso não compareça após o prazo fixado em tal modalidade de citação, ficará
suspenso o curso do processo e do prazo prescricional, ainda que o acusado constitua advogado
para essa ação penal;
(D) por edital, não havendo nulidade se houver indicação do dispositivo da lei penal
correspondente à inicial acusatória, embora não haja transcrição da denúncia ou resumo dos fatos
em que se baseia;
(E) por carta com aviso de recebimento, devendo o processo prosseguir caso, ainda assim, o
acusado não compareça e nem constitua advogado.
02. (FGV – 2018 – TJ-AL – OFICIAL DE JUSTIÇA) Caio, Oficial de Justiça, foi cumprir mandado
de citação na residência de Lauro, comparecendo ao local 3 vezes e certificando, após informações
obtidas com vizinhos, que o denunciado estava se ocultando para não ser citado. Além disso, Caio
compareceu a todos os endereços de Raul constantes nos autos da ação penal onde figura como
acusado, certificando que ele se encontrava em local incerto e não sabido. Após a certidão,
contudo, descobre que Raul estava preso na mesma unidade da federação do juiz processante em
razão de prisão preventiva decretada em diferente processo. Por fim, Caio foi cumprir mandado
de citação na residência de Flávio, mas houve equívoco, já que este estava preso preventivamente
em razão de decisão proferida nos mesmos autos em que foi expedido o mencionado mandado.
Com base apenas nas informações narradas, após as informações de Caio, a citação de Lauro, Raul
e Flávio deverá ocorrer, respectivamente, na(s) modalidade(s) de citação:

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(A) pessoal, em relação aos três denunciados;


(B) com hora certa, citação por edital e citação pessoal;
(C) por edital, citação por edital e citação pessoal;
(D) com hora certa, citação pessoal e citação pessoal;
(E) por edital, citação pessoal e citação pessoal.

03. (FGV – 2016 – MPE-RJ – ANALISTA PROCESSUAL) Analise as seguintes situações:


I – João mora em Barra Mansa, mas será testemunha em processo criminal que corre na Vara
Criminal de Queimados, sendo que já se manifestou no sentido de que prefere ser ouvido no
próprio juízo onde corre o processo.
II – Claudio está preso no Complexo de Gericinó, em Bangu, e deverá ser citado para responder a
nova ação penal que corre perante uma das Varas Criminais de Bangu.
III – Oficial de justiça comparece três vezes à casa de Francisco para citá-lo em processo criminal,
mas, apesar de confirmado o endereço, nunca o encontra, certificando que o acusado está se
ocultando para não ser citado.
Os atos de comunicação de João, Claudio e Francisco deverão ser realizados, respectivamente, da
seguinte forma:
a) intimação por carta precatória, citação pessoal por oficial de justiça e citação por hora certa;
b) intimação por carta precatória, citação pessoal por oficial de justiça e citação por edital;
c) intimação por edital, citação pessoal por oficial de justiça e citação por hora certa;
d) intimação por carta precatória, citação por edital e citação por edital;
e) intimação por edital, citação pessoal por oficial de justiça e citação por edital.

04. (FGV – 2015 – TJ-RO – TÉCNICO JUDICIÁRIO) O princípio da ampla defesa, previsto
constitucionalmente, impõe que o acusado seja cientificado do início do processo e de todo o seu
desenvolvimento. A ciência da ação penal proposta é realizada através da citação, quando o
denunciado toma conhecimento da imputação delitiva. Sobre o instituto, é correto afirmar que:
a) quando o réu estiver em local conhecido, mas fora da unidade da federação do juiz processante,
será citado por edital;
b) o edital de citação poderá indicar os sinais característicos, residência e profissão do denunciado,
ainda que não seja conhecido seu nome;
c) estando o réu em local incerto e não sabido, deverá ser realizada citação com hora certa;
d) o Código de Processo Penal não admite o instituto da citação com hora certa;
e) se o acusado, citado por edital, não comparecer e nem constituir advogado, o processo ficará
suspenso, em que pese o prazo prescricional continue a correr.
05. (FGV – 2015 – TJ-RO – OFICIAL DE JUSTIÇA) Analise as situações narradas a seguir:

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I) Caio foi denunciado pela prática de um crime de roubo, estando preso na mesma unidade da
Federação do juízo processante em virtude de outro processo.
II) Tício foi denunciado pela prática de um crime de estupro, mas reside em endereço certo em
Estado brasileiro diverso daquele perante o qual foi denunciado.
III) Mévio foi denunciado pela prática de um crime de peculato, mas o oficial de justiça foi a sua
residência por 04 vezes e certificou que ele reside no local, mas está se ocultando para não ser
citado.
Considerando as hipóteses narradas, é correto afirmar que a citação de Caio, Tício e Mévio deverá
ser realizada, respectivamente:
a) pessoalmente, por carta precatória e por edital;
b) pessoalmente, por carta rogatória e por edital;
c) por edital, por carta precatória e por edital;
d) pessoalmente, por edital e com hora certa;
e) pessoalmente, por carta precatória e com hora certa.
06. (FGV – 2015 – TJ-BA – TÉCNICO JUDICIÁRIO) O processo penal seguirá sem a presença
do acusado que citado ou intimado:
a) pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer com motivo justificado;
b) por publicação para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado;
c) pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado;
d) por publicação para qualquer ato, deixar de dar andamento ao processo;
e) pessoalmente para o ato inicial, deixar de comparecer sem motivo justificado.
07. (FGV – 2015 – TJ-PI – ANALISTA JUDICIÁRIO) No processo comum ordinário, o
conhecimento do ato judicial que determina o comparecimento do réu para exame de
dependência toxicológica ocorre por:
a) citação;
b) intimação;
c) notificação;
d) requisição;
e) condução.
08. (FGV – 2014 – TJ/RJ – ANALISTA – COMISSÁRIO) Bruno foi preso em flagrante pela prática
do crime de extorsão mediante sequestro. Com a prisão em flagrante convertida em preventiva,
ficou o réu preso durante toda a instrução, situação que permanece. A complexidade do caso fez
com que o magistrado abrisse prazo para que o Ministério Público e a Defensoria Pública

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apresentassem suas alegações finais escritas, sendo a sentença proferida posteriormente. Dessa
decisão, deverão ser Bruno, o Defensor Público e o Ministério Público intimados, respectivamente:
(A) pessoalmente, todos;
(B) por edital; pessoalmente; pessoalmente;
(C) por publicação no órgão oficial competente, todos;
(D) pessoalmente; por publicação no órgão oficial competente; pessoalmente;
(E) por edital; por publicação no órgão oficial competente; pessoalmente.

09. (FGV – 2010 – PC/AP – DELEGADO DE POLÍCIA) Com relação ao tema citações, assinale a
afirmativa incorreta.
A) No processo penal o réu que se oculta para não ser citado poderá ser citado por hora certa na
forma estabelecida no Código de Processo Civil.
B) Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, a citação far-se-á por carta ou qualquer
meio hábil de comunicação.
C) Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o
processo e o curso do prazo prescricional.
D) O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para
qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado.
E) Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.
10. (FGV – 2010 – SENADO FEDERAL – ADVOGADO DO SENADO) Relativamente ao regime
legal das citações e intimações, analise as afirmativas a seguir:
I. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do
juiz que a houver ordenado; por carta precatória quando o réu estiver fora do território da jurisdição
do juiz processante; e por carta rogatória se estiver no estrangeiro. Em nenhum caso a prescrição
será suspensa.
II. O réu poderá ser citado com hora certa, aplicando-se ao processo penal as regras estabelecidas
no Código de Processo Civil, no caso em que o réu se oculta para não ser citado.
III. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos
o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, respeitado o disposto
no art. 312.
IV. O processo não seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para
qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência,
não comunicar o novo endereço ao juízo, suspendendo-se o processo e a prescrição até que o réu
seja encontrado.
Assinale:

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A) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.


B) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
C) se apenas as afirmativas III e IV estiverem corretas.
D) se todas as afirmativas estiverem corretas.
E) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas.

11. (FGV – 2014 – TJ-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Foi oferecida e recebida denúncia em
desfavor de Leonardo pela prática do crime de roubo. O oficial de justiça Carlos compareceu em
três oportunidades ao endereço do réu em busca de realizar sua citação, não o encontrando,
porém. Constatando que Leonardo buscava, na verdade, se ocultar, certificou tal fato.
Diante disso, procederá o oficial a citação:
(A) através dos correios, com aviso de recebimento;
(B) por edital;
(C) por hora certa;
(D) por telefone;
(E) por carta rogatória.
12. (FGV – 2014 – TJ/RJ – ANALISTA – EXECUÇÃO DE MANDADOS) A comunicação processual
poderá ser efetuada por meio de diferentes atos a depender de sua finalidade. Um desses atos é
a citação. Sobre o tema, é correto afirmar que:
(A) a citação válida é causa interruptiva da prescrição penal;
(B) estando o réu fora do território da jurisdição do juiz processante, caberá sua citação através do
correio eletrônico;
(C) o mandado de citação deverá conter necessariamente o nome completo do réu, bem como
sua completa qualificação;
(D) o réu com endereço certo no estrangeiro será citado por carta precatória;
(E) não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a
denúncia.
13. (FGV – 2015 – TJ/SC – TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR) Marcus, portador de maus
antecedentes, foi denunciado pela prática do crime de receptação cometido em 06.01.2015.
Considerando a pena cominada ao delito, o juiz concedeu a liberdade provisória ao agente,
permitindo que ele respondesse ao processo em liberdade. Ocorre que, no dia 19.01.2015, Marcus
novamente foi preso em flagrante pela prática de um crime de roubo, na mesma cidade, sendo tal
prisão devidamente convertida em preventiva. No dia 22.01.2015 determinou o juiz, nos autos da
ação penal pela prática do crime de receptação, a citação de Marcus para apresentação de
resposta à acusação. Nesse caso, deverá ser realizada a citação:

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(A) pessoal, pois o réu se encontra preso no momento da realização do ato;


(B) por carta precatória, pois o réu está na penitenciária e não em sua residência;
(C) por edital, considerando que o réu não será encontrado em seu endereço residencial;
(D) pessoal, pois o crime é de ação penal pública, diferente do que ocorreria se fosse de ação
penal privada;
(E) por edital, pois o réu apenas se encontra preso em virtude de ação penal diversa.
14. (FGV – 2014 – OAB – EXAME DE ORDEM) Felipe foi reconhecido em sede policial por meio
de fotografia como o autor de um crime de roubo. O inquérito policial seguiu seus trâmites de
forma regular e o Ministério Público decidiu denunciar o indiciado. O oficial de justiça procurou
em todos os endereços constantes nos autos, mas a citação pessoal ou por hora certa foram
impossíveis. Assim, o juiz decidiu pela citação por edital. Marcela, irmã de Felipe, ao passar pelo
fórum leu a citação por edital e procurou um advogado para tomar ciência das consequências de
tal citação, pois ela também não sabe do paradeiro do irmão.
Diante da situação descrita, acerca da orientação a ser dada pelo advogado, assinale a afirmativa
correta.
a) Felipe deve comparecer em juízo, sob pena de ser processado e condenado sem que seja dada
oportunidade para a sua defesa.
b) Se Felipe não comparecer e não constituir advogado, o processo e o curso do prazo prescricional
ficarão suspensos, sendo decretada a sua prisão preventiva de forma automática.
c) Se Felipe não comparecer e não constituir advogado, o processo e o curso do prazo prescricional
ficarão suspensos, sendo determinada a produção antecipada de provas de forma automática,
diante do risco do desaparecimento das provas pelo decurso do tempo.
d) Se Felipe não comparecer e não constituir advogado, o processo e o curso do prazo prescricional
ficarão suspensos e, se for urgente, o juiz determinará a produção antecipada de provas, podendo
decretar a prisão preventiva se presentes os requisitos expressos no artigo 312, do CPP.

15. (FGV – 2010 – PC/AP – DELEGADO DE POLÍCIA) Com relação ao tema intimação, assinale
a afirmativa incorreta.
A) A intimação do defensor constituído feita por publicação no órgão incumbido da publicidade
dos atos judiciais da comarca deve, necessariamente, conter o nome do acusado, sob pena de
nulidade.
B) A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal.
C) No processo penal, contam-se os prazos da juntada aos autos do mandado ou da carta
precatória ou de ordem, e não da data da intimação.
D) na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com
comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo.

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E) Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz marcará desde logo, na presença das
partes e testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento, do que se lavrará termo nos autos.

16. (FGV - 2008 - SENADO FEDERAL – ADVOGADO) Relativamente ao regime legal das
citações e intimações, analise as afirmativas a seguir:
I. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do
juiz que a houver ordenado; por carta precatória quando o réu estiver fora do território da jurisdição
do juiz processante; e por carta rogatória se estiver no estrangeiro. Em nenhum caso a prescrição
será suspensa.
II. O réu poderá ser citado com hora certa, aplicando-se ao processo penal as regras estabelecidas
no Código de Processo Civil, no caso em que o réu se oculta para não ser citado.
III. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos
o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, respeitado o disposto
no art. 312.
IV. O processo não seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para
qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência,
não comunicar o novo endereço ao juízo, suspendendo-se o processo e a prescrição até que o réu
seja encontrado.
Assinale:
a) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
b) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
c) se apenas as afirmativas III e IV estiverem corretas.
d) se todas as afirmativas estiverem corretas.
e) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas.

GABARITO

1. ALTERNATIVA D
2. ALTERNATIVA D
3. ALTERNATIVA A

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4. ALTERNATIVA B
5. ALTERNATIVA E
6. ALTERNATIVA C
7. ALTERNATIVA B
8. ALTERNATIVA A
9. ALTERNATIVA B
10. ALTERNATIVA B
11. ALTERNATIVA C
12. ALTERNATIVA E
13. ALTERNATIVA A
14. ALTERNATIVA D
15. ALTERNATIVA C
16. ALTERNATIVA B

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EXERCÍCIOS PARA PRATICAR - SENTENÇA

01. (FGV – 2018 – TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Perante a 1a Vara Criminal de determinada
comarca de Tribunal de Justiça, corre processo em que se investiga a prática de crimes gravíssimos
de organização criminosa e tráfico de drogas, sendo, inclusive, investigados grandes empresários
do Estado. Considerando o fato de que o juiz titular do órgão estaria afastado de licença médica
há muitos anos, diversos juízes participaram do feito: João proferiu decisões autorizando medidas
cautelares antes mesmo da denúncia; Jorge foi o responsável pelo recebimento da denúncia e
por analisar o teor das respostas à acusação apresentadas pela defesa; José participou da
audiência de instrução e interrogatório dos réus. Após apresentação das alegações finais, diante
da complexidade do processo e dos inúmeros volumes, o Tribunal de Justiça decidiu criar uma 5a
Vara Criminal especificamente para julgamento desse processo, impedindo que a 1a Vara Criminal
tivesse seu processamento dificultado pela dedicação do magistrado que lá atuava à sentença
que deveria ser produzida. Com a sentença publicada, a 5a Vara Criminal seria extinta.
Com base na situação exposta, a criação da 5a Vara Criminal com o objetivo de proferir sentença
no processo complexo:
(A) é válida, mas não poderá ela ser extinta logo após a sentença ser publicada em razão da
possibilidade de recursos;
(B) não é válida, cabendo a João proferir a sentença em razão do princípio da identidade física do
juiz;
(C) é válida, podendo ela ser extinta logo após a publicação da sentença, nos termos previstos no
ato do Tribunal de Justiça;
(D) não é válida, cabendo a Jorge proferir a sentença em razão do princípio da identidade física
do juiz;
(E) não é válida, cabendo a José proferir a sentença em razão do princípio da identidade física do
juiz.

02. (FGV – 2018 – TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO) David, reincidente, foi denunciado pela
prática de crime de furto qualificado. No curso da instrução, uma testemunha afirma que David
tinha a posse regular e anterior daquele bem que teria sido subtraído, razão pela qual o Ministério
Público, ao final da produção probatória, adita a denúncia, altera os fatos narrados e imputa ao
réu a prática do crime de apropriação indébita. Após ratificação das provas, o Ministério Público

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apresentou alegações finais, requerendo a condenação do réu nas sanções do delito de


apropriação indébita. O magistrado, porém, ao analisar as provas, conclui que, na verdade, o
crime praticado foi de furto qualificado, conforme descrito na denúncia antes do aditamento.
Diante da hipótese narrada, o juiz, de imediato:
(A) poderá condenar o réu pela prática do crime de furto qualificado, aplicando o instituto da
mutatio libelli;
(B) poderá condenar o réu pela prática do crime de furto qualificado, aplicando o instituto da
emendatio libelli;
(C) não poderá condenar o réu pela prática do crime de furto qualificado, pois o Ministério Público
aditou a denúncia, de modo que ocorreu mutatio libelli;
(D) não poderá condenar o réu pela prática do crime de furto qualificado, pois o Ministério Público
aditou a denúncia, de modo que ocorreu emendatio libelli;
(E) poderá encaminhar os autos ao Ministério Público, determinando que ele realize aditamento
da denúncia no prazo de 05 dias, sob pena de conferir nova capitulação jurídica.
03. (FGV – 2016 – MPE-RJ – ANALISTA PROCESSUAL) Ministério Público ofereceu denúncia
em face de José pela prática do crime de apropriação indébita. Encerrada a instrução, entende o
promotor que José empregou fraude em momento pretérito ao crime, de modo que a posse do
bem em momento algum foi lícita. Em razão disso, realiza aditamento à denúncia para modificar
os fatos narrados e imputar o crime de estelionato. O aditamento é recebido e novas provas são
produzidas. Após o promotor pedir a condenação de acordo com o aditamento, e a defesa, a
absolvição, o magistrado condena José nos termos da imputação originária, que é menos grave.
Diante do exposto, é correto afirmar, de acordo com o Código de Processo Penal, que, com o
aditamento do Ministério Público, foi aplicado o instituto da:
a) mutatio libelli, não podendo o magistrado condenar José na imputação originária;
b) emendatio libelli, não podendo o magistrado condenar José na imputação originária;
c) mutatio libelli, podendo o magistrado condenar José na imputação originária;
d) emendatio libelli, podendo o magistrado condenar José na imputação originária;
e) emendatio libelli, devendo o juiz submeter a questão ao Procurador Geral de Justiça,
entendendo que o crime praticado não foi o de estelionato.

04. (FGV – 2014 – OAB – EXAME DE ORDEM) João foi denunciado pela prática de crime de
furto simples. Na denúncia, o Ministério Público apenas narrou que houve a subtração do cordão
da vítima, indicando hora e local. Na audiência de instrução e julgamento, a vítima narrou que
João empurrou-a em direção ao chão dizendo que se gritasse “o bicho ia pegar”, arrancando, em
seguida, o seu cordão. Diante da narrativa da violência e da grave ameaça, o juiz fica convencido
de que houve crime de roubo e não de furto.

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Sobre o caso apresentado, de acordo com o Código de Processo Penal, assinale a afirmativa
correta.
a) O juiz na sentença poderá condenar João pelo crime de roubo, com base no artigo 383 do CPP,
que assim dispõe: “O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa,
poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena
mais grave”
b) Encerrada a instrução probatória, o Ministério Público deverá aditar a denúncia em 5 (cinco)
dias. Se o Ministério Público ficar inerte, o juiz deve aplicar o artigo 28 do CPP.
c) Encerrada a instrução probatória, o Ministério Público deverá aditar a denúncia em 5 (cinco)
dias. Se o Ministério Público ficar inerte, o juiz poderá condenar João pelo crime de roubo, tendo
em vista que a vítima narrou a agressão em juízo.
d) O juiz poderá condenar João pelo crime de roubo, independentemente de qualquer
providência, em homenagem ao princípio da verdade real.

05. (FGV – 2014 – OAB – XIV EXAME DE ORDEM) Wilson está sendo regularmente processado
pela prática do crime de furto. Durante a instrução criminal, entretanto, as testemunhas foram
uníssonas ao afirmar que, para a subtração, Wilson utilizou-se de grave ameaça, exercida por meio
de uma faca.
A partir do caso narrado, assinale a opção correta.
a) A hipótese é de emendatio libelli e o juiz deve absolver o réu relativamente ao crime que lhe
foi imputado.
b) Não haverá necessidade de aditamento da inicial acusatória, haja vista o fato de que as
alegações finais orais acontecem após a oitiva das testemunhas e, com isso, respeitam-se os
princípios do contraditório e da ampla defesa.
c) A hipótese é de mutatio libelli e, nos termos da lei, o Ministério Público deverá fazer o respectivo
aditamento.
d) Caso o magistrado entenda que deve ocorrer o aditamento da inicial acusatória, se o promotor
de justiça e, recusar-se a fazê-lo, o juiz estará obrigado a absolver o réu da imputação que lhe foi
originalmente atribuída.
06. (FGV – 2014 – TJ-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Terminada a fase de alegações finais, o juiz
profere sentença verbalmente na própria audiência ou o faz por escrito no prazo de 10 dias. Na
sentença:
(A) o relatório, a fundamentação e o dispositivo são imprescindíveis, ainda que proferida no âmbito
dos Juizados Especiais Criminais;
(B) somente poderão ser reconhecidas as agravantes expressamente tipificadas na denúncia;
(C) sem modificar a descrição do fato contida na denúncia, não poderá o magistrado dar definição
jurídica diversa da prevista na inicial acusatória;

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(D) é prescindível a data e a assinatura do juiz;


(E) o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de
determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade.

07. (FGV – 2014 – TJ-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO) De acordo com o entendimento amplamente
majoritário no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, a previsão do artigo 387, IV do CPP, trazida
pela Lei 11.719/08, no sentido de que o juiz fixará na sentença um valor mínimo para reparação
dos danos causados:
(A) é norma de conteúdo material, logo aplicável para os fatos ocorridos antes da entrada em
vigor da Lei 11.719;
(B) é norma de conteúdo processual, não podendo ser aplicada para fatos anteriores à entrada
em vigor da Lei 11.719, sob pena de violar o princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa;
(C) somente poderá ser aplicada se houver requerimento da vítima, ou ao menos do Ministério
Público, garantida a ampla defesa;
(D) é norma de conteúdo material, razão pela qual somente pode ser aplicada para denúncias
oferecidas após a entrada em vigor da Lei 11.719;
(E) impede que a vítima requeira complementação dos danos no âmbito cível.

08. (FGV – 2014 – TJ/RJ – ANALISTA – EXECUÇÃO DE MANDADOS) O juiz, ao proferir


sentença condenatória, fará nela constar,
EXCETO:
(A) as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no
Código Penal por ele reconhecidas;
(B) os nomes das partes ou, quando não for possível, as indicações necessárias para identificá-las;
(C) o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido e pedido prévio;
(D) a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
(E) o direito ou não de o acusado apelar em liberdade, condicionando, se for o caso, o
conhecimento da apelação à prisão.
09. (FGV – 2012 – OAB – EXAME DE ORDEM) Trácio foi denunciado pela prática do delito
descrito no artigo 333 do Código Penal. A peça inaugural foi recebida pelo Juiz Titular da Vara
Única da Comarca X, que presidiu a Audiência de Instrução e Julgamento. Encerrada a instrução
do feito, o processo foi concluso ao juiz substituto, que proferiu sentença condenatória, tendo em
vista que o juiz titular havia sido promovido e estava, nesse momento, na 11ª Vara Criminal da
Comarca da Capital. De acordo com a Lei Processual Penal, assinale a alternativa correta.
a) A sentença é nula, porque foi prolatada por juiz que não presidiu a instrução do feito, em
desacordo com o princípio da identidade física do juiz.

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b) A sentença é nula, porque ao juiz substituto é vedada a prolação de decisão definitiva ou


terminativa.
c) Não há nulidade na sentença, porque não se faz exigível a identidade física do juiz diante das
peculiaridades narradas no enunciado.
d) A sentença é nula, porque viola o princípio do juiz natural.

10. (FGV – 2011 – OAB – EXAME DE ORDEM) Ao proferir sentença, o magistrado, reputando
irrelevantes os argumentos desenvolvidos pela defesa, deixa de apreciá-los, vindo a condenar o
acusado.
Com base no caso acima, assinale a alternativa correta.
a) Como é causa de nulidade da sentença, a falta de fundamentação deve ser arguida inicialmente
por meio de embargos de declaração, que, se não forem opostos, gerarão a preclusão da
alegação, pois a nulidade decorrente da falta de fundamentação do decreto condenatório importa
em nulidade relativa.
b) Como é causa de nulidade absoluta da sentença, a falta de fundamentação não precisa ser
arguida por meio de embargos de declaração, devendo necessariamente, no entanto, ser
sustentada no recurso de apelação para poder ser conhecida pelo Tribunal.
c) Como é causa de nulidade absoluta da sentença, a falta de fundamentação não precisa ser
arguida nem por meio de embargos de declaração, nem no recurso de apelação, podendo ser
conhecida de ofício pelo Tribunal.
d) Como reputou irrelevantes as alegações feitas pela defesa, o magistrado não precisava tê-las
apreciado na sentença proferida, não havendo qualquer nulidade processual, pois não há nulidade
sem prejuízo.
11. (FGV – 2010 – OAB – EXAME DE ORDEM) João foi denunciado pela prática do crime de
furto (CP, art. 155), pois segundo narra a denúncia ele subtraiu colar de pedras preciosas da vítima.
No decorrer da instrução processual, a testemunha Antônio relata fato não narrado na denúncia:
a subtração do objeto furtado se deu mediante “encontrão” dado por João no corpo da vítima.
Na fase de sentença, sem antes tomar qualquer providência, o Juiz decide, com base no sobredito
testemunho de Antônio, condenar João nas penas do crime de roubo (CP, art. 157), por entender
que o “encontrão” relatado caracteriza emprego de violência contra a vítima. A sentença
condenatória transita em julgado para o Ministério Público.
O Tribunal, ao julgar apelo de João com fundamento exclusivo na insuficiência da prova para a
condenação, deve:
a) anular a sentença.
b) manter a condenação pela prática do crime de roubo.
c) abrir vista ao Ministério Público para aditamento da denúncia.
d) absolver o acusado.

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GABARITO

1. ALTERNATIVA E
2. ALTERNATIVA C
3. ALTERNATIVA A
4. ALTERNATIVA B
5. ALTERNATIVA C
6. ALTERNATIVA E
7. ALTERNATIVA C
8. ALTERNATIVA E
9. ALTERNATIVA C
10. ALTERNATIVA C
11. ALTERNATIVA D

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EXERCÍCIOS PARA PRATICAR - NULIDADES

01. (FGV – 2013 – OAB – EXAME DE ORDEM) A Teoria Geral das Nulidades determina que
nulidade é a sanção aplicada pelo Poder Judiciário ao ato imperfeito, defeituoso. Tal teoria é
regida pelos princípios relacionados a seguir, à exceção de um. Assinale-o.
a) Princípio do Prejuízo.
b) Princípio da Causalidade.
c) Princípio do Interesse.
d) Princípio da Voluntariedade.
02. (FGV – 2012 – OAB – EXAME DE ORDEM) O advogado José, observando determinado
acontecimento no processo, entende por bem arguir a nulidade do processo, tendo em vista a
violação do devido processo legal, ocorrida durante a Audiência de Instrução e Julgamento.
Acerca da Teoria Geral das Nulidades, é correto afirmar que o princípio da causalidade significa
a) a possibilidade do defeito do ato se estender aos atos que lhes são subsequentes e que deles
dependam.
b) que não há como se declarar a nulidade de um ato se este não resultar prejuízo à acusação ou
à defesa.
c) que nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha
concorrido.
d) que as nulidades poderão ser sanadas.
03. (FGV – 2011 – OAB – EXAME DE ORDEM) Aristóteles, juiz de uma vara criminal da justiça
comum, profere sentença em processo-crime cuja competência era da justiça militar.
Com base em tal afirmativa, pode-se dizer que a não observância de Aristóteles à matriz legal
gerará a
a) inexistência do ato.
b) nulidade relativa do ato.
c) nulidade absoluta do ato.
d) irregularidade do ato.

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04. (FGV – 2012 – OAB – EXAME DE ORDEM) Trácio foi denunciado pela prática do delito
descrito no artigo 333 do Código Penal. A peça inaugural foi recebida pelo Juiz Titular da Vara
Única da Comarca X, que presidiu a Audiência de Instrução e Julgamento. Encerrada a instrução
do feito, o processo foi concluso ao juiz substituto, que proferiu sentença condenatória, tendo em
vista que o juiz titular havia sido promovido e estava, nesse momento, na 11ª Vara Criminal da
Comarca da Capital. De acordo com a Lei Processual Penal, assinale a alternativa correta.
a) A sentença é nula, porque foi prolatada por juiz que não presidiu a instrução do feito, em
desacordo com o princípio da identidade física do juiz.
b) A sentença é nula, porque ao juiz substituto é vedada a prolação de decisão definitiva ou
terminativa.
c) Não há nulidade na sentença, porque não se faz exigível a identidade física do juiz diante das
peculiaridades narradas no enunciado.
d) A sentença é nula, porque viola o princípio do juiz natural.

05. (FGV – 2011 – OAB – EXAME DE ORDEM) Ao proferir sentença, o magistrado, reputando
irrelevantes os argumentos desenvolvidos pela defesa, deixa de apreciá-los, vindo a condenar o
acusado.
Com base no caso acima, assinale a alternativa correta.
a) Como é causa de nulidade da sentença, a falta de fundamentação deve ser arguida inicialmente
por meio de embargos de declaração, que, se não forem opostos, gerarão a preclusão da
alegação, pois a nulidade decorrente da falta de fundamentação do decreto condenatório importa
em nulidade relativa.
b) Como é causa de nulidade absoluta da sentença, a falta de fundamentação não precisa ser
arguida por meio de embargos de declaração, devendo necessariamente, no entanto, ser
sustentada no recurso de apelação para poder ser conhecida pelo Tribunal.
c) Como é causa de nulidade absoluta da sentença, a falta de fundamentação não precisa ser
arguida nem por meio de embargos de declaração, nem no recurso de apelação, podendo ser
conhecida de ofício pelo Tribunal.
d) Como reputou irrelevantes as alegações feitas pela defesa, o magistrado não precisava tê-las
apreciado na sentença proferida, não havendo qualquer nulidade processual, pois não há nulidade
sem prejuízo.

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GABARITO

1. ALTERNATIVA D
2. ALTERNATIVA A
3. ALTERNATIVA C
4. ALTERNATIVA C
5. ALTERNATIVA C

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