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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC-02510/06
Administração Indireta Municipal. Instituto de Previdência dos
Servidores do Município de Remígio - IPSER. Prestação de Contas
relativa ao exercício de 2005. Irregularidade. Aplicação de Multa.
Publicado no D, O, E. Fixação de prazo.

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RELATÓRIO:
Trata o presente processo da Prestação de Contas relativa ao exercício de 2005, do Instituto de
Previdência dos Servidores do Município de Remígio - IPSER, tendo por gestores o Sr. Carlos Pereira
Gonçalves (02/01/2005 a 20/10/2005) e o Sr. Antônio Gonçalves de Lima Sobrinho (24/10/2005 a
31/12/2005).
A Diretoria de Auditoria e Fiscalização - Departamento de Acompanhamento da Gestão Municipal I -
Divisão de Acompanhamento da Gestão Municipal 11- (DIAFI/DEAGM I/DIAGM 11)deste Tribunal
emitiu, com data de 27/04/2007, o Relatório de fls. 165-170, cujas conclusões são resumidas a seguir:
1) A prestação de contas foi entregue dentro do prazo legal.
2) A receita efetivamente arrecadada atingiu o valor total de R$ 454.079,65, sendo 91,43% deste
valor referente às Receitas de Contribuições.
3) A despesa realizada atingiu o valor total de R$ 298.759,92, evidenciando um superávit na
execução orçamentária no valor de R$ 155.319,73.
4) O Balanço Financeiro apresentou um saldo para o exercício seguinte de R$ 299.643,77.
5) O Balanço Patrimonial apresentou o valor total do ativo e passivo em R$ 618.171,82.
6) As despesas administrativas, no valor de R$ 68.725,38 corresponderam a 2,84% do valor da
remuneração dos servidores efetivos ativos, inativos e pensionistas do município no exercício
anterior - R$ 2.416.182,60, descumprindo assim o limite de 2% determinado pela Portaria
MPAS nO4992/99 no seu artigo 17, § 3°, e pela Lei nO9.717/98, art. 1°, inciso 111.

Em razão das irregularidades apontadas pelo Órgão Auditor e em atenção aos princípios
constitucionais da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal, previstos na CF, art. 5°,
L1Ve LV, foram notificados os Gestores do IPSER à época, Sr. Carlos Pereira Gonçalves (02/01/2005
a 20/10/2005) e o Sr. Antônio Gonçalves de Lima Sobrinho (24/10/2005 a 31/12/2005), o Prefeito
Municipal Sr. Luiz Cláudio Régis Marinho e o ex-Prefeito Municipal Sr. Pedro Olímpio dos Santos,
sendo apresentada defesa por parte dos gestores do Instituto à época, às fls. 182-340, devidamente
examinada pela Auditoria (fls. 344-348), concluindo pela permanência das seguintes irregularidades:
1. De responsabilidade do atual chefe do Poder Executivo, Sr. Luiz Cláudio Régis Marinho, e
do ex-Prefeito, Sr. Pedro Olímpio dos Santos:
a) Ausência de adequação da Legislação Municipal às normas previdenciárias federais no tocante
à alíquota previdenciária e benefícios concedidos;
b) Ausência de repasses regulares das contribuições previdenciárias.

2. De responsabilidade dos Gestores do Instituto à época, Sr. Carlos Pereira Gonçalves


(02/01/2005 a 20/10/2005) e o Sr. Antônio Gonçalves de Lima Sobrinho (24/10/2005 a
31/12/2005):
a) Omissão às imposições da legislação previdenciária federal no tocante aos benefícios
concedidos;
b) Taxa de administração acima do permitido pela Portaria 4.992/99, descumprindo as
recomendações atuariais;
c) Instituto em situação irregular com relação a vários critérios avaliados pelo MPAS.

Instado a se manifestar, o Parquet ofereceu Parecer da lavra da ilustre Procuradora Ana Terêsa
Nóbrega, opinando pela:
a) Irregularidade da vertente prestação de contas; ét, \
~
PROCESSO TC-02510/06 f1s.2

b) Fixação de prazo aos gestores responsáveis para apresentação ao Tribunal de prova de


adequação do órgão previdenciário às exigências normativas, sob pena das cominações
legais;
c) Recomendação ao responsável pelo Instituto de Previdência dos Servidores do Município de
Remígio - IPSER, no sentido de estrita observância às normas constitucionais, aos princípios
administrativos e, sobretudo, à necessidade de planejamento e organização de suas
atividades.

o Relator fez incluir o processo na pauta desta sessão, com as notificações de praxe.

VOTO DO RELATOR:

Nos presentes autos, o relatório da Auditoria evidenciou a permanência das seguintes irregularidades
com relação aos gestores do Instituto no exercício de 2005:
a) Omissão às imposições da legislação previdenciária federal no tocante aos benefícios
concedidos;
b) Taxa de administração acima do permitido pela Portaria 4.992/99, descumprindo as
recomendações atuariais;
c) Instituto em situação irregular com relação a vários critérios avaliados pelo MPAS.
As irregularidades remanescentes são praticamente as mesmas evidenciadas na prestação de contas
do exercício financeiro de 2003. Naquela ocasião, esta Corte julgou irregular as contas apresentadas,
aplicou multa ao gestor, representou ao Ministério da Previdência Social acerca da precária situação
operacional do IPSER.

A prestação de contas do exercício financeiro de 2004 ainda não foi apreciada e está atualmente à
disposição do Ministério Público junto a este Tribunal para emissão de parecer.
Pelo que se observa, os gestores, ao longo do exercício, deixaram de atender a vários dispositivos
legais com repercussão direta na administração do sistema de previdência municipal, observando que
a conduta administrativa adotada poderá, no médio e longo prazo, trazer sérios problemas na gestão
financeira do Instituto.
Com relação à situação junto ao MPAS, o Instituto tem como último Certificado de Regularidade
Previdenciária (CRP) o registro emitido em 30/06/2003, com validade até 27/12/2003. Diante do não
encaminhamento das informações previdenciárias regulares ao MPAS, está irregular nos seguintes
critérios:
a) Atendimento de solicitação do MPS no prazo, exigido desde 26/03/2004;
b) Caráter contributivo (Ente e Ativos - repasse), exigido desde 01/01/2004;
c) Caráter contributivo (Inativos e Pensionistas - alíquotas), exigido desde 01/10/2005;
d) Caráter contributivo (Inativos e Pensionistas - repasse), exigido desde 01/01/2004;
e) Concessão de benefícios não distintos do RGPS - previsão legal, exigido desde 01/10/2005;
f) Equilíbrio financeiro e atuarial, exigido desde 01/10/2005;
g) Observância dos limites de contribuição dos segurados e pensionistas, exigido desde
01/10/2005.
Quanto às falhas imputadas ao Prefeito Municipal e ao ex- Prefeito Municipal, harmonizo-me ao
entendimento desta Corte em diversos julgados da espécie, de que as irregularidades atribuídas aos
ex-Chefes do Poder Executivo e Legislativo não devem ser objeto de análise no presente processo,
mas no processo específico de prestação de contas de cada gestor municipal.
Ante ao exposto, voto nos seguintes termos:
1) julgar irregular a presente prestação de contas de responsabilidade do Sr. Carlos Pereira
Gonçalves (02/01/2005 a 20/10/2005) e do Sr. Antônio Gonçalves de Lima Sobrinho (24/10/2005
a 31/12/2005), na qualidade de ex-gestores do Instituto de Previdência dos Servidores do
Município de Remígio - IPSER, relativamente ao exercício de 2005;
2) aplicar multa individual no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) ao Sr. Carlos Pereira Gonçalves e
ao Sr. Antônio Gonçalves de Lima Sobrinho, com fulcro no art. 56, li, da LOTCE/PB, por infração
grave à norma legal, assinando-lhe o prazo de 60 (sessenta) dias para o recolhimento voluntário;
3) fixar o prazo de 90 dias ao atual gestor do IPSER para apresentação ao Tribunal de prova d
adequação do órgão previdenciário às exigências normativas, sob pena das cominações legt1'
'7;
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PROCESSO TC-02510/06 f1s.3

DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO DO TCE-PB:


Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC-0251 0/06, os membros do TRIBUNAL DE
CONTAS DO ESTADO DA PARAiBA (TCE-Pb), à unanimidade, na sessão realizada nesta data,
ACORDAM em:
I) JULGAR IRREGULAR a presente Prestação de Contas, relativa ao exercício de 2005, do
INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO MUNICípIO DE REMíGIO (IPSER),
sob a responsabilidade do Senhor Carlos Pereira Gonçalves (02/01/2005 a 20/10/2005) e
do Senhor Antônio Gonçalves de Lima Sobrinho (24/10/2005 a 31/12/2005), atuando
como gestores;

li) APLICAR MULTA individual ao Sr. Carlos Pereira Gonçalves e ao Sr. Antônio Gonçalves
de Lima Sobrinho, no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), de acordo com o art. 56, inciso 11
da LOTCE/PB, por infração grave à norma legal, assinando-lhe o prazo de 60 (sessenta)
dias para recolhimento voluntário ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira
Municipal - mediante a quitação de Documento de Arrecadação de Receitas Estaduais
(DAE) com código "4007" - Multas do Tribunal de Contas do Estado, sob pena de cobrança
executiva, desde logo recomendada, inclusive com assistência do Ministério Público, de
acordo com os Parágrafos 3° e 4° do artigo 71 da Constituição do Estado;
11I) FIXAR o prazo de 90 (noventa) dias ao atual gestor do IPSER para apresentação ao
Tribunal de prova de adequação do órgão previdenciário às exigências normativas, sob pena
das cominações legais.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.


TCE-Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, -J..J.- de _~~~~~~ __ de 2009

eiro Fábio Túlio Filgueiras Nogueira


Relator

Fui presente,
ha~a ~,
Procuradora Geral do Ministério Público junto ao TC~b

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