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-ublicado no D. O. E.

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PROCESSO TC N° 01987/07 FI. 1/10

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA MUNICIPAL.


Instituto de Previdência e Assistência Social
do Município de Sumé . IPAMS. Prestação de
Contas Anuais, exercício de 2006. Julga-se
irregular. Aplica-se multa. Emitem-se
recomendações, representação e
determinação.

ACÓRDÃO APL TC 30,1;/2009

1.RELATÓRIO

Examina-se a prestação de contas anual do Instituto de Previdência e Assistência


Social do Município de Sumé, relativa ao exercício financeiro de 2006, de responsabilidade da Sra.
Lindinalva Braz da Silva.

A Auditoria, após a análise da documentação encaminhada, emitiu o relatório de fls.


261/269, evidenciando os seguintes aspectos da gestão:

1. a prestação de contas foi encaminhada ao Tribunal dentro do prazo legal, em


conformidade com a Resolução RN TC 07/97;
2. o orçamento para o exercício em análise apresentou estimativa de receita no montante
de R$ 240.900,00;
3. a receita arrecadada, toda de natureza corrente, foi de R$ 722.237,26, sendo
composta pela receita de contribuição (R$ 644.958,79), receita patrimonial
(R$ 75.648,56) e outras receitas correntes (R$ 1.629,91);
4. a despesa realizada foi de R$ 545.837,17, sendo que 99,46% desse valor se refere à
despesas correntes, e 0,54% de despesa de capital. As despesas correntes foram
representadas por pessoal e encargos sociais (94,56%), enquanto que as outras
despesas correntes alcançaram 4,98%;
5. como resultado da execução orçamentária, observou-se a ocorrência de superávit, no
valor de R$ 176.400,09;
6. de acordo com balanço financeiro, o Instituto mobilizou recursos, no exercício, no
montante de R$ 1.313.211,12, sendo 55% proveniente de receita orçamentária (R$
722.237,26); 0,80%, relativas as receitas extra-orçamentárias (R$ 10.447,73) e
44,20%, de saldo do exercício anterior (R$ 580.526,13). Quanto às aplicações, o
Instituto destinou 41,57% para pagamento de despesas orçamentárias (R$
545.837,17); 0,80%, relativas às despesas extra-orçamentárias (R$ 10.488,97) e
57,64%, foi registrado como saldo para o exercício seguinte (R$ 756.884,98);
7. o Balanço Patrimonial apresentou um ativo financeiro da ordem de R$ 756.884,98,
enquanto que o ativo permanente foi de R$ 5.584,00. No passivo, não há registro de
dívida, sendo representado apenas pelo ativo real líquido;

gmbc
PROCESSO TC N° 01987/07 FI. 2/10

Por fim, apontou as seguintes irregularidades:

De responsabilidade da Chefe do Poder Executivo, Sra. Niedja Rodrigues de Siqueira (período


janeiro a setembro de 2006)
1. não encaminhamento de Projeto de Lei ao Legislativo Municipal, com o objetivo de adequar os
segurados do RPPS à legislação previdenciária federal e a alíquota de contribuição do ente à
sugerida na avaliação atuarial;
2. ausência de repasses regulares das contribuições previdenciárias;
3. realização de parcelamento de débito junto ao IPAMS em desacordo com o que dispõe a
orientação Normativa MPS/SPS nO~ e ausência de Termo de Confissão de Dívida.

De responsabilidade do Chefe do Poder Executivo, Sr. Genival Paulino de Sousa


1. não encaminhamento de Projeto de Lei ao Legislativo Municipal, com o objetivo de adequar os
segurados do RPPS à legislação previdenciária federal e a alíquota de contribuição do ente à
sugerida na avaliação atuarial;
2. ausência de repasses regulares das contribuições previdenciárias;
3. repasse das receitas de contribuições de exercícios anteriores em desacordo com a Lei
Municipal nO920/2006, no que concerne à atualização de 1% em cada parcela

De responsabilidade da Gestora do Instituto, Sra. Lindinalva Braz da Silva


1. concessão do benefício "salário-família" sem respaldo em Legislação Municipal;
2. omissão às imposições da legislação da legislação previdenciária federal no tocante aos
segurados obrigatórios;
3. divergência entre o montante das receitas de contribuição contabilizado na PCA e os créditos
efetuados na conta corrente do IPAMS;
4. contabilização das receitas de contribuições patronais e dos segurados referentes a exercícios
anteriores em desconformidade com a Portaria STN nO504/2003;
5. Recebimento de contribuições da Câmara Municipal incidentes sobre os vencimentos dos
agentes políticos, em desacordo com o que determina a Lei nO9.717/98 e a Portaria MPS nO
4.992/99;
6. Divergência entre o montante das contribuições patronais e dos segurados informado no
SAGRES e o valor contabilizado pelo instituto;
7. contabilização de despesas em desacordo com o que dispõe a Portaria MPS nO916/2003;
8. Realização de despesas administrativas, no percentual de 3,32%, acima do limite permitido
pela Portaria MPAS nO4992/99, art. 17, § 3°, e pela Lei nO9.717/98, art. 1°, inciso 111;
9. Realização de despesas fora do período de competência, descumprindo a Lei nO4.320/64,
art.35, inciso 11;
10. Ausência de registro da dívida da Prefeitura Municipal para com o instituto, descumprindo as
determinações da Secretaria de Tesouro Nacional, em especial as Notas Técnicas nO49/2005
- GENOC/CCONTI STN e 515/2005 - GEANC/CCONTI STN;
11. Descumprimento de recomendações atuariais;
12. Instituto sem CRP no período de janeiro a junho de 2006 e irregular com relação a vários
critérios avaliados pelo MPS (subitem 5.7).

gmbc
PROCESSO N° 01987/07 FI. 3/10

Em virtude das irregularidades indicadas, a ex-Gestora e os ex-Prefeitos foram


regularmente notificados, apresentando, as defesas de fls. 277/301, 302/325 e 326/328.

Analisando a defesa apresentada, a Auditoria concluiu que ainda permanecem as


seguintes irregularidades:

De responsabilidade da chefe do Poder Executivo, Sra. Niedja Rodrigues de Siqueira (período


de janeiro a setembro/2006 • fls. 218)
1. Não encaminhamento de projeto de lei ao Legislativo Municipal, com o objetivo de adequar os
segurados do RPPS à legislação previdenciária federal;
2. Ausência de repasses regulares das contribuições previdenciárias (subitem 1.2 deste relatório);
3. Realização de parcelamento dos débitos junto ao IPAMS em desacordo com o que dispõe a
Orientação Normativa MPS/SPS nO03104 e ausência de Termo de Confissão de Dívida.

De responsabilidade do Chefe do Poder Executivo, Sr. Genival Paulino de Sousa (período de


outubro a dezembro/2006 • fls 218).
1. Não encaminhamento de projeto de lei ao Legislativo Municipal, com o objetivo de adequar os
segurados do RPPS à legislação previdenciária federal;
2. Ausência de repasses regulares das contribuições previdenciárias.

De responsabilidade da gestora do instituto, Sra. Lindinalva Braz da Silva (fls. 130/131)


1. Concessão do benefício "salário-família" sem respaldo em legislação municipal;
2. Omissão às imposições da legislação previdenciária federal no tocante aos segurados
obrigatórios;
3. Divergência entre o montante das receitas de contribuição contabilizado na PCA e os créditos
efetuados na conta-corrente do IPAMS;
4. Contabilização das receitas de contribuições patronais e dos segurados referentes a exercícios
anteriores em desconformidade com a Portaria STN nO504/2003;
5. Recebimento de contribuições da Câmara Municipal incidentes sobre os vencimentos dos
agentes políticos, em desacordo com o que determina a Lei nO9.717/98 e a Portaria MPS nO
4.992/99;
6. Contabilização de despesas em desacordo com o que dispõe a Portaria MPS nO 916/2003
(subitem 3.7 deste relatório);
7. Realização de despesas administrativas acima do limite permitido pela Portaria MPAS nO
4992/99, art. 17, § 3°, e pela Lei nO9.717/98, art. 1°, inciso 111;
8. Realização de despesas fora do período de competência, descumprindo a Lei nO4.320/64,
art.35, inciso 11;
9. Ausência de registro da dívida da prefeitura municipal para com o instituto, descumprindo as
determinações da Secretaria de Tesouro Nacional, em especial as Notas Técnicas nO49/2005
- GENOC/CCONTI STN e 515/2005 - GEANC/CCONTI STN.

De responsabilidade da Chefe do Poder Executivo, Sra. Niedja Rodrigues de Siqueira (período de janeiro
a setembro/2006 • fls. 218)

gmbc
PROCESSO TC N° 01987/07
Não encaminhamento de projeto de lei ao Legislativo Municipal, com o objetivo de adequar os segurados
do RPPS à legislação previdenciária federal e a alíquota de contribuição do ente à sugerida na avaliação
atuarial (subitens 2.1 e 5.6 do relatório inicial).
Defesa: Alega que estava buscando junto ao Poder Legislativo uma alternativa de recursos para dar
cumprimento à legislação federal, o que não foi possível devido à cassação do mandato eletivo da
defendente em 13/10/2006.
Auditoria: No tocante à ausência de adequação da legislação previdenciária municipal no que diz respeito aos
segurados do RPPS, esta Auditoria esclarece que a Lei Municipal nO 572/89 estabelece como segurados
obrigatórios do RPPS municipal o pessoal comissionado, e opcionalmente, o prefeito, o vice-prefeito e os
vereadores, descumprindo, assim, a legislação previdenciária vigente. Considerando que esta determinação
consta da legislação municipal desde o momento da criação do instituto (através da Lei Municipal nO572/89),
esta Auditoria entende que houve tempo hábil para a alteração da legislação municipal de modo a adequá-Ia às
normas federais, motivo pelo qual a irregularidade relativa aos segurados do RPPS permanece. No que diz
respeito à adequação das alíquotas vigentes às recomendações atuariais, esta Auditoria entende que a
irregularidade está sanada, haja vista que, conforme exposto no subitem 3.11 deste relatório, restou constatada
a adequação das alíquotas vigentes à época ao custo normal sugerido pelo atuário.
Ausência de repasses regulares das contribuições previdenciárias (subitem 3.1.a do relatório inicial).
Defesa: Argumenta que a diferença encontrada corresponde aos benefícios de salárlo-famílla pagos
diretamente pela prefeitura aos segurados e descontados quando do repasse das contribuições
patronais ao instituto, considerando, ainda, dois meses de contribuições recebidas da câmara municipal.
Auditoria: Ao se referir à "ausência de repasses regulares das contribuições previdenciárias", esta Auditoria
reporta-se à falta de uniformidade no repasse das contribuições ao longo dos meses, que acabou por resultar na
ausência de repasse integral das contribuições devidas no exercicio. Esta Auditoria ressalta que não foi possivel
realizar o cálculo do montante exato das contribuições devidas no exercício sob análise, haja vista que o instituto
não apresentou, a este Tribunal, as informações solicitadas através da Resolução Normativa RN TC nO04/07
(docs. fls. 331/332), sobretudo, no tocante à base de cálculo das contribuições devidas ao RPPS municipal.
Ademais, não foram trazidos, aos autos, documentos que comprovem o repasse da totalidade das contribuições
devidas ao instituto. No que concerne aos argumentos da defendente relativos dedução do salário-família
quando do repasse da contribuição patronal, esta Auditoria entende que os mesmos não devem prosperar, haja
vista que a legislação previdenciária municipal vigente à época, em especial o Decreto nO631102, não previa a
concessão do benefício em questão, bem como este não foi considerado na avaliação atuarial (doc. fls. 96/122),
não apresentando, portanto, base legal nem fonte de custeio para a sua concessão. Desse modo, esta Auditoria
entende que o montante pago a título de salário-família pela prefeitura não pode ser deduzido quando do
repasse da contribuição patronal devida ao instituto.
Realização de parcelamento dos débitos junto ao IPAMS em desacordo com o que dispõe a Orientação
Normativa MPS/SPS nO 03/04 e ausência de Termo de Confissão de Dívida (subitem 5.5 do relatório
inicial).
Defesa: Diz respeito à não aplicação de juros de 1% (um por cento) para atualização das parcelas de 1 a 9
recolhidas pela prefeitura sem estes acréscimos. Entretanto, em junho de 2006, foram pagas as
diferenças e a partir deste mesmo mês com o pagamento da 10a parcela devidamente corrigida,
conforme cópias encaminhadas ao Tribunal.
Auditoria: Analisando os autos, esta Auditoria verificou que o pagamento da diferença resultante da falta da
aplicação da taxa de juros definida na Lei Municipal 920/06 não foi efetuado em junho de 2006, como alegado
pela defesa, mas em agosto de 2007, conforme docs. fls. 279/280. No entanto, considerando que o Termo de
Confissão de Dívida inexiste ou, se existe, não foi encaminhado a este Tribunal, e que o parcelamento foi feito
em desacordo com a Orientação Normativa MPS/SPS nO03/04, haja vista que as contribuições dos segurados
foram objeto do mesmo, a Auditoria entende que a irregularidade permanece.
De responsabilidade do Chefe do Poder Executivo, Sr. Genival Paulino de Sousa (período de outubro a
dezembro/2006 • fls 218).

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PROCESSO TC N° 01987/07 FI. 5/10

Não encaminhamento de projeto de lei ao Legislativo Municipal, com o objetivo de adequar os segurados
do RPPS à legislação previdenciária federal e a alíquota de contribuição do ente à sugerida na avaliação
atuarial (subitens 2.1 e 5.6 do relatório inicial).
Defesa: Até o final do exercício não foi possível detectar a existência da falha, em virtude de ter ocorrido a
mudança na chefia do Poder Executivo em 13/10/2006. Somente em 2007, houve a ciência da necessidade de
alteração da legislação municipal, oportunidade em que foi encaminhado ao Poder Legislativo um projeto de lei
versando sobre tais alterações (doc. fI. 328).
Auditoria: No tocante à ausência de adequação da legislação previdenciária municipal no que diz respeito aos
segurados do RPPS, esta Auditoria esclarece que a Lei Municipal nO 572/89 estabelece como segurados
obrigatórios do RPPS municipal o pessoal comissionado, e opcionalmente, o prefeito, o vice-prefeito e os
vereadores, descumprindo, assim, a legislação previdenciária vigente. Considerando que esta determinação
consta da legislação municipal desde o momento da criação do instituto (através da Lei Municipal nO572/89),
esta Auditoria entende que houve tempo hábil para a alteração da legislação municipal de modo a adequá-Ia às
normas federais. Ademais, o projeto de lei encaminhado pelo defendente ao legislativo municipal (doc. fi. 328)
não dispõe sobre os segurados do regime, mas, apenas, sobre as alíquotas de contribuição. Assim sendo, esta
Auditoria entende que a irregularidade relativa aos segurados do RPPS permanece. No que diz respeito à
adequação das alíquotas vigentes às recomendações atuariais, esta Auditoria entende que a irregularidade está
sanada, haja vista que, conforme exposto no subitem 3.11 deste relatório, restou constatada a adequação das
alíquotas vigentes à época ao custo normal sugerido pelo atuário.
Ausência de repasses regulares das contribuições previdenciárias (subitem 3.1.a do relatório inicial).
Defesa: Alega que, tendo em vista o curto período de tempo até o final de 2006, foi dada essa prioridade
para o exercício de 2007, determinando ao Secretário de Finanças a regularização do fato.
Auditoria: Ao se referir à "ausência de repasses regulares das contribuições previdenciárias", esta Auditoria
reporta-se à falta de uniformidade no repasse das contribuições ao longo dos meses, o que não se justifica pela
alegação de "curto período de tempo", haja vista que as contribuições devem ser repassadas com base na folha
de pagamento de cada mês, não havendo motivos para a enorme disparidade entre os valores repassados ao
IPAMS nos meses em que a referida gestão estava em exercício, conforme doc. fls. 156. Outrossim, importante
ressaltar que, conforme exposto no subitem 1.2 deste relatório, não foi possível realizar o cálculo do montante
exato das contribuições devidas no exercício sob análise, haja vista que o instituto não apresentou, a este
Tribunal, as informações solicitadas através da Resolução Normativa RN TC nO 04/07 (docs. fis. 331/332),
sobretudo, no tocante à base de cálculo das contribuições devidas ao RPPS municipal. Ademais, não foram
trazidos, aos autos, documentos que comprovem o repasse da totalidade das contribuições devidas ao instituto.
Repasse das receitas de contribuições de exercícios anteriores em desacordo com a Lei Municipal nO
920/2006, no que concerne à atualização de 1% em cada parcela (subitem 5.5 do relatório inicial).
Defesa: Argumenta que, a partir da data em que assumiu a prefeitura até o final do exercício não tinha
tomado conhecimento de tal falha, somente estando regularizado no exercício de 2007.
Auditoria: Verificando nos autos que o pagamento da diferença resultante da falta da aplicação da taxa de juros
definida na Lei Municipal 920/06 foi efetuado, conforme does. fls. 279/280, esta Auditoria entende que a
irregularidade foi sanada.

De responsabilidade da gestora do instituto, Sra. Lindinalva Braz da Silva (fls. 130/131).


Concessão do benefício "salário-família" sem respaldo em legislação municipal (item 2 do relatório
inicial).
Defesa: Os pagamentos efetuados a título de salário família estavam amparados pela Lei nO879, de 24 de
maio de 2004 e, posteriormente, pela Lei nO901, de 16 de junho de 2005, conforme cópias encaminhadas
(does. fls. 306/307).
Auditoria: Mediante análise da legislação constante dos arquivos deste Tribunal, esta Auditoria constatou que
não existe lei municipal que autorizasse, na época, a concessão do benefício do salário-família. As leis
encaminhadas a este Tribunal (Leis Municipais nos879/04 e 901/05) não podem ser consideradas como respaldo

gmbc
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 987/07

para a concessão do referido benefício, haja vista que as mesmas apenas alteram o valor do benefício sem que
o mesmo apresentasse previsão legal anterior. Ademais, a concessão do salário-família não foi considerada
quando da definição da alíquota necessária ao equilíbrio atuarial do regime, conforme na avaliação atuarial
(docs. fls. 96/122). Outrossim, o § 5° do art. 195 estabelece que "nenhum benefício ou serviço da seguridade
social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio totar'. Ante o exposto, e
considerando que não havia fonte de custeio para a concessão, pelo instituto, do benefício em questão, esta
Auditoria entende que a irregularidade permanece.
Omissão às imposições da legislação previdenciária federal no tocante aos segurados obrigatórios
(subitem 2.1 do relatório inicial).
Defesa: As alterações necessárias à adequação do IPAMS à legislação federal foram encaminhadas à
chefe do Poder Executivo para a tomada de providências junto ao Poder Legislativo (doc. fi. 308).
Auditoria: Mantém o entendimento inicial, haja vista que não ficou comprovado o recebimento, por parte da
chefe do Executivo municipal, da documentação a que se refere a defendente, haja vista que não consta, na
mesma, atesto de recebimento.
Divergência entre o montante das receitas de contribuição contabilizado na PCA e os créditos efetuados
na conta-corrente do IPAMS (subitem 3.1.a do relatório inicial).
Defesa: O fato decorre de que, os registros das receitas do IPAMS são efetuados acrescidos dos valores
compensados pela prefeitura relativos ao pagamento dos salários-família diretamente aos servidores.
Auditoria: Não aceita os argumentos da defendente, haja vista que, conforme já exposto, a legislação
previdenciária municipal vigente à época, em especial o Decreto nO631/02, não previa a concessão do benefício
em questão, bem como este não foi considerado na avaliação atuarial (doc. fls. 96/122), não apresentando,
portanto, base legal nem fonte de custeio para a sua concessão. Desse modo, esta Auditoria entende que o
montante pago a título de salário-família pela prefeitura não pode ser deduzido quando do repasse da
contribuição patronal devida ao instituto. Ante o exposto, a irregularidade permanece.
Contabilização das receitas de contribuições patronais e dos segurados referentes a exercícios
anteriores em desconformidade com a Portaria STN nO504/2003 (subitem 3.1.a do relatório inicial).
Defesa: Por se tratar apenas de classificação contábil, a irregularidade aqui informada não altera o
quadro da movimentação das receitas, constituindo-se falha formal.
Auditoria: As normas relativas a procedimentos contábeis editadas pela Secretaria do Tesouro Nacional- STN
devem ser seguidas pelos gestores públicos. Ademais, a contabilização das receitas provenientes de
parcelamento de débitos previdenciários da prefeitura junto ao instituto como receita de contribuição do exercício
prejudica o controle das contribuições repassadas tanto por parte deste órgão técnico como pelo próprio
instituto, que fica impossibilitado de verificar o exato valor das contribuições de competência do exercício, e,
conseqüentemente a verificação de eventuais ausências de repasses.
Recebimento de contribuições da Câmara Municipal incidentes sobre os vencimentos dos agentes
políticos, em desacordo com o que determina a Lei nO 9.717/98 e a Portaria MPS nO 4.992/99 (subitem
3.1.a do relatório inicial).
Defesa: Alega que o presidente da Câmara Municipal estava promovendo uma ação junto ao INSS para não
recolhimento de contribuições àquele órgão, e sim ao IPAMS, oportunidade em que, foi ao Banco do Brasil e
depositou na conta do instituto a quantia informada, somente depois comunicando o que fizera. Entretanto,
somente foi recebida aquela quantia indicada, e cujo valor já foi ressarcido à Câmara, conforme informação da
atual gestora do IPAMS.
Auditoria: A irregularidade apontada decorre de transgressão de norma básica constante da legislação
previdenciária dos RPPS, e que, portanto, deveria ser de conhecimento tanto da gestora do IPAMS como do
presidente da câmara municipal, independente de o presidente da câmara ter movido qualquer tipo de ação para
que os agentes políticos contribuam para o IPAMS. Além disso, conforme consta do relatório de instrução inicial
(docs. fls. 262/263), a gestora do instituto assinou, juntamente com o presidente da câmara municipal, um Termo
de Confissão de Dívida e Compromisso de Pagamento. No que tange ao fato de que, segundo alegação da

f
..........

gmbc
TRIBUNAL DE CONTAS 00 ESTADO

PROCESSO TC N° 01987/07 FI. 7/10

defesa, os valores repassados ao IPAMS foram ressarcidos à câmara municipal, esta Auditoria esclarece que
não foram trazidos, aos autos, quaisquer documentos que comprovem essa devolução.
Contabilização de despesas em desacordo com o que dispõe a Portaria MPS nO916/2003 (subitem 3.1.b
do relatório inicial).
Defesa: Confirma a falha. No entanto, alega não ter sido alterado o limite total para efeito da verificação
do percentual dos gastos segundo a LRF.
Auditoria: Esclarece que embora a contabilização de despesas com inativos como vencimentos e vantagens
fixas não tenha impactado o cálculo do limite da despesa de pessoal do município constante da LRF, este erro
influencia no cálculo do limite das despesas administrativas do instituto, haja vista que as despesas com inativos
não integram o rol das despesas administrativas. Outrossim, a contabilização de despesas com inativos como
vencimentos e vantagens fixas descumpre a Portaria MPS nO 916/03, motivo pelo qual a irregularidade
permanece.
Realização de despesas administrativas acima do limite permitido pela Portaria MPS n° 4.992/99, art. 17, §
3°, e pela Lei nO9.717/98, art. 1°, inciso 11I (subitem 5.3 do relatório inicial).
Defesa: O fato ocorreu em função de que o IPAMS foi obrigado ao cumprimento de uma ação judicial promovida
pela câmara para ressarcimento de valores debitados indevidamente em exercícios anteriores no montante de
R$ 27.151,90, pagos na rubrica "sentenças judiciais".
Auditoria: Mantém o entendimento inicial, haja vista que o fato de o instituto ter incorrido em sentenças judiciais
não justifica a extrapolação do limite das despesas administrativas estabelecido na legislação previdenciária
federal. Acrescenta-se que o montante de recursos aplicados, indevidamente, em despesas adminístrativas
correspondeu, no exercício sob análise, a R$ 38.660,40 (0,32% x R$ 2.933.281,28). Ressalta-se que o
estabelecimento de limites para as despesas administrativas destina-se a preservar o mandamento contido no
inciso 111 do art. 1° da Lei nO9.717/98, que determina que as contribuições previdenciárias somente poderão ser
utilizadas para o pagamento dos benefícios previdenciários.
Realização de despesas fora do período de competência, descumprindo a Lei nO 4.320/64, art. 35, 11
(subitem 5.4 do relatório inicial).
Defesa: Com relação às obrigações patronais, estas tinham o vencimento até o dia dez do mês subseqüente,
portanto foram apropriadas nesses meses. Quanto às despesas com serviços de terceiros, observou-se
igualmente que as notas fiscais embora citassem relacionamento ao mês anterior, somente foram emitidas
naquelas datas.
Auditoria: Esclarece que, de acordo com o princípio contábil da competência, a despesa deve ser contabilizada
quando da ocorrência de seu fato gerador. Assim, considerando a afronta ao aludido princípio contábil e que as
despesas em questão (salário-família e serviços de consultoria) são perfeitamente previsíveis, ou seja, seus
valores são de pleno conhecimento da gestão do instituto, o que não justificaria seu empenho fora do período de
sua realização, esta Auditoria entende que a irregularidade permanece.
Ausência de registro da dívida da prefeitura municipal para com o instituto, descumprindo as
determinações da Secretaria de Tesouro Nacional, em especial as Notas Técnicas nO 49/2005 -
GENOC/CCONT/ STN e 515/2005 - GEANC/CCONTI STN (subitem 5.5 do relatório inicial).
Defesa: Alega que a Auditoria do MPS já havia alertado para essa falha. No entanto, as providências estavam
sendo tomadas para a regularização do registro até o final de 2006, não sendo possível concluir devido à
exoneração da diretoria.
Auditoria: Entende que houve tempo hábil para o registro da dívida, haja vista que seu valor já era de
conhecimento da gestão do instituto desde 26 de outubro de 2005, data do Acórdão APL TC nO744 (docs. fls.
123/124). Ademais, em junho de 2006, foi editada a Lei Municipal nO 920/06 (doc. fi. 221) que autorizou o
parcelamento do referido débito. Assim, diante dos fatos acima expostos, e considerando que a ausência de
registro da dívida descumpre os princípios contábeis, em especial, o da oportunidade, que estabelece que os
fatos que alteram o patrimônio devem ser objeto de registro, mesmo quando existe, apenas, razoável certeza de
sua ocorrência, esta Auditoria entende que a irregularidade permanece.

gmbc
TRIBUNAL DE GONT AS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 01987/07 FI. 8/10

Instado a se pronunciar, o Ministério Público junto ao TCE/PB emitiu o Parecer nO


133/2009, opinando pela:

a) Irregularidade da vertente prestação de contas;


b) Aplicação de multa legal a Sra. Lindinalva Braz da Silva;
c) Remessa de cópia dos presentes autos à Procuradoria Geral de Justiça para
as providências penais que entender cabíveis.

É o relatório, informando que os interessados foram regularmente notificado para esta


sessão de julgamento.

2. VOTO DO RELATOR

No tocante ao não encaminhamento de projeto de lei ao Legislativo Municipal, com o


objetivo de adequar os segurados do RPPS à legislação previdenciária federal; ausência de repasses
regulares das contribuições previdenciárias; realização de parcelamento dos débitos junto ao IPAMS
em desacordo com o que dispõe a Orientação Normativa MPS/SPS nO03/04 e ausência de termo de
confissão de dívida são às irregularidades de responsabilidade maior do chefe do Poder Executivo e
deve, portanto, ser objeto de apreciação em sua prestação de contas.

Quanto à divergência entre o montante das receitas de contribuição contabilizado na PCA


e os créditos efetuados na conta-corrente do IPAMS; contabilização das receitas de contribuições
patronais e dos segurados referentes a exercícios anteriores em desconformidade com a Portaria STN
nO504/2003; contabilização de despesas em desacordo com o que dispõe a Portaria MPS nO916/2003,
considera, o Relator, que a responsabilidade maior pela ocorrência é do profissional encarregado da
contabilidade do Instituto, no entanto, cabe aplicação de multa à gestora como co-responsável, sem,
entretanto, repercutir de forma negativa nas contas prestadas.

No que diz respeito à realização de despesas fora do período de competência


descumprindo a Lei nO4.320/64, art. 35, inciso 11, deve ser objeto de recomendação à gestora para que
a falha não se repita.

Atinente ao recebimento de contribuições da Câmara Municipal incidentes sobre os


vencimentos dos agentes políticos, em desacordo com o que determina a Lei nO9.717/98 e a Portaria
MPS nO4.992/99, entende, o Relator, que o fato decorreu de erro de interpretação da legislação, tendo
os recursos sido devolvidos à Câmara posteriormente, conforme informou a defesa.

No que se refere à ausência de adequação da legislação previdenciária municipal (Lei


Municipal nO572/89) quanto à contribuição do pessoal comissionado ao RPPS, a defesa encaminhou
ofício ao Prefeito, fls. 308, alertando sobre cobrança indevida.

Tangente realização de despesas administrativas (3,32%) acima do limite permitido pela


Portaria MPAS nO4992/99, art. 17, § 3°, e pela Lei nO9.717/98, art. 1°, inciso 111 (2,00%); e concessão
do benefício "salário família" sem respaldo em legislação municipal, as irregularidades permanecem e
comprometem a prestação de contas.

gmbc
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 01987/07 FI. 9/10

Ante o exposto, o Relator vota pela reprovação da prestação de contas do Instituto de


Previdência e Assistência Social do Município de Sumé - IPAMS, relativa ao exercício financeiro de
2006, de responsabilidade da Sra. Lindinalva Braz da Silva, com aplicação de multa pessoal de
R$ 1.500,00, em decorrência das irregularidades e falhas ocorridas, com recomendação à gestora para
que tome medidas visando a não repetição das mesmas, comunicando à Receita Federal do Brasil
quando ao recolhimento indevido ao RPPS dos detentores de cargos comissionados. Recomendando,
ainda, aos atuais Chefe do Poder Executivo e a Gestor(a) do Instituto no sentido de envidar esforços
visando o cumprimento dos requisitos constitucionais e legais de funcionamento do referido sistema
previdenciário. Por fim, que seja determinado à Auditoria que verifique, quando da análise das
prestações de contas, exercício de 2008, da Prefeitura, quanto às irregularidades de responsabilidade
do chefe do Poder Executivo, e da Câmara Municipal, quanto ao recolhimento das contribuições
previdenciárias dos edis para o IPAMS.

3. DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO

Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC nO 01987/07, ACORDAM os


membros integrantes do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, na sessão de julgamento, por
unanimidade de votos, acatando o voto do Relator, em:

1) JULGAR IRREGULAR a prestação de contas do Instituto de Previdência e Assistência Social do


Município de Sumé - IPAMS, relativa ao exercício financeiro de 2006, de responsabilidade da ex-
Presidente, Sra. Lindinalva Braz da Silva;

2) Aplicar multa a Sra. Lindinalva Braz da Silva, no valor de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais),
em virtude das irregularidades e falhas constatadas pela Auditoria, com fundamento no art. 71,
VI/I, da CF, e 56, 1/ da LCE 18/93; assinando-lhe o prazo de 60 (sessenta) dias, a partir da
publicação deste ato, para recolhimento voluntário ao erário estadual, à conta do Fundo de
Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, sob pena de cobrança executiva, desde logo
recomendada, conforme o disposto no art. 71, § 4° da Constituição do Estado da Paraíba;

3) Recomendar a atual Presidente do Instituto para que tome medidas visando a não repetição das
ocorrências verificadas;

4) Representar à Receita Federal do Brasil quanto ao recolhimento indevido ao RPPS dos detentores
de cargos comissionados;

5) Recomendar ao Chefe do Poder Executivo e a(o) atual Gestor(a) do Instituto no sentido de envidar
esforços visando o cumprimento dos requisitos constitucionais e legais de funcionamento do
referido sistema previdenciário; e

6) Determinar à Auditoria que verifique, quando da análise das prestações de contas, exercício de
2008, da Prefeitura, quanto às irregularidades de responsabilidade do chefe do Poder Executivo, e
da Câmara Municipal, quanto ao recolhimento das contribuições previdenciárias dos edis para o
IPAMS.

gmbc
PROCESSO TC N° 01987107 FI. 10/10

Publique-se, intime-se e cumpra-se.


Sala das Sessões do TCE-PB - Plenário " tra João Agripino.
João Pessoa, 22 de a . e 2 09.

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Terêsa Nóbrega
Procuradora Geral
Mln,hsUírlo Públlco junto ao TCE·PB

gmbc

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