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PROCESSO TC 05394/06

Denúncia. Município de Sousa .. Assinação de


Prazo para apresentar a documentação ausente

-
e prestar informações.

RESOLUÇÃO RPL Te (J 5 12008

Vistos, relatados e discutidos os autos do processo TC 05394/06, que trata de denúncia


aviada pelo Sr. Francisco Veras Pinto de Oliveira, Vereador do Município de Sousa, versando sobre
atos praticados pelo Prefeito do Município de Sousa, Sr. Salomão Benevides Gadelha, durante os
exercícios de 2003 e 2004, especificamente, sobre pagamentos em favor da construtora INCOMEQ, por
serviços cuja execução não está devidamente comprovada.

CONSIDERANDO que se faz necessária a complementação de instrução;

CONSIDERANDO o voto do Relator e o mais que dos autos consta,

DECIDEM os membros do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, à unanimidade,


com impedimento declarado do Conselheiro José Marques Mariz, em sessão plenária realizada nesta
data, em:
Art. 10 - Assinar ao Sr. Salomão Benevides Gadelha o prazo de 60 (sessenta) dias
para: a) apresentar os documentos ausentes reclamados pela auditoria; b) apresentar
comprovação acerca de quais documentos, efetivamente, foram apreendidos; e c)
informar qual o número do processo que, segundo o gestor, tramita na Justiça Federal
em segredo de justiça, bem como que comprove essa situação;
Art. 20 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.


TC- PLENÁRIO MINISTRO JOÃO A

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C:lAssessorIPLENOIDenúneiaIR-$ousa05394-06. doe
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC 05394/06

RELATÓRIO

Trata o presente processo de denúncia expedida pelo Sr. Francisco Veras Pinto de
Oliveira, Vereador do Município de Sousa, versando sobre atos praticados pelo Prefeito do Município
de Sousa, Sr. Salomão Benevides Gadelha, durante os exercícios de 2003 e 2004, especificamente,
sobre pagamentos por serviços não executados, em favor da construtora INCOMEQ.

O fato denunciado foi pagamentos por serviços não executados referente à construção
de um Posto de PSF - Programa de Saúde da Família, no Sítio Santo Antônio, tendo sido apontado
superfaturamento na obra, no montante de R$ 73.971,97.

O denunciante fez anexar aos autos: registros fotográficos impressos e em CO-ROM,


relação dos empenhos referentes à obra, detalhamento destes empenhos, e extratos de publicação dos
termos aditivos.

A Auditoria, após inspeção in loco realizada em novembro/2006, constatou que:

1. Em consulta ao banco de informações do SAGRES-Auditor foram


localizadas despesas direcionadas para a obra em exame no montante de
R$ 80.582,88;

2. Tocante à quitação do contrato decorrente do procedimento licitatório,


informado pelo denunciante - Carta-Convite n° 17/2003, no valor de R$
26.292,02, que teve como vencedor Emanuel Domingos Duarte - pelas
informações disponibilizadas nos dados do SAGRES, não foi possível a
identificação da forma de quitação desse contrato, tendo sido
localizadas outras despesas em nome desse credor sem denominação
específica;

3. Os trabalhos de construção do posto de saúde não foram concluídos e o


prédio se mostrava abandonado, o que caracteriza a situação de
adiantamento de pagamentos;

4. O montante de recursos direcionados para sua realização não se mostrava


compatível com a estrutura da obra encontrada, com indicativos claros de
pagamentos indevidos.

Por fim, com base nas informações disponibilizadas, tendo em vista que não foram
apresentados os elementos necessários de comprovação da despesa, o Órgão de Instrução concluiu pela
irregularidade da obra com indicativo de dano ao Erário no seu valor total de R$ 106.874,90 (R$
80.582,88 decorrentes de pagamentos comprovados, no exercício de 2003, e R$ 26.292,02, decorrentes
da carta-convite n" 17/2003).

C:lAssessor\PLENOIDenúncia\R-Sousa05394-06.doc
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Consta dos autos um oficio da Prefeitura dando ciência de que os documentos


comprobatórios da despesa encontravam-se em poder da Polícia Federal em cumprimento a um
Mandado de Busca e Apreensão (fls. 57/63).

Devidamente notificado, o Prefeito, através de seus procuradores, solicitou suspensão


do prazo de defesa até que fosse possível juntar os documentos ausentes.

Foi concedido o prazo de mais 30 (trinta) dias, todavia, o gestor nada apresentou a seu
favor.

o Ministério Público Especial ofereceu parecer, pugnando, em síntese, pelo (a):

• Procedência da denúncia;
• Imputação da quantia de R$ 106.874,90, ao denunciado;
• Envio ao Ministério Público Estadual para as providências pertinentes;
• Aplicação de multa ao Chefe do Poder Executivo Municipal, com fulcro no
artigo 56, inciso 11da Lei Orgânica do TCEIPB.

Ressalto que, em sessão anterior', retirei o presente processo da pauta, de forma a


guardar consonância com o procedimento adotado para outros processos que se encontravam na mesma
situação, ou seja, sem a completa instrução, tendo em vista os argumentos do gestor acerca da
apreensão dos documentos efetuada pela Polícia Federal. Todavia, conforme consulta ao site da Justiça
Federal, evidenciou-se que nem todos os processos instaurados a partir da apreensão da Polícia Federal
estão sob segredo de justiça (fls. 105/109), motivo pelo qual deu-se prosseguimento do rito
processual.

É o relatório, informando que foram feitas as notificações de estilo.

VOTO DO CONSELHEIRO RELATOR

A discriminação dos documentos apreendidos e constantes no Auto de Apreensão (fls.


58/62) é genérica, ou seja, não especifica os números dos contratos, nem os emitentes de todas as notas
fiscais apreendidas, por outro lado, também não vincula nenhum dos documentos apreendidos com a
obra objeto da denúncia do processo, motivo pelo qual entendo ser necessário que gestor apresente
comprovação acerca de quais documentos efetivamente foram apreendidos.

Considerando que as despesas, denunciadas nos presentes autos, ocorreram nos


exercícios de 2003 e 2004, mesmo que estes documentos tenham sido apreendidos pela Polícia Federal,
entendo que o gestor pode obter alguns destes documentos reclamados pela Auditoria, junto à firma
construtora, que consistem em':

! O presente processo foi agendado para a sessão da 2a Câmara de 29/05/2007 (fls. 90).
2 Vide solicitação às fls. 33;

C:\Assessor\PLENO\Denúncia\R-Sousa05394-06.doc
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a) Convênios e relação dos beneficiados com as obras e o endereço completo;


b) Contratos e aditivos celebrados;
c) Planilha de serviços e projetos executivos;
d) Boletins de medições, recibos e notas fiscais;
e) Registros ART - CREA /PB E CEI - INSS das obras;

Destaco que há dúvidas também quanto ao n° do processo instaurado pela Justiça


Federal, visto que consta nos autos um n° de processo instaurado em 2005, ou seja, antes do Mandado
de Busca e Apreensão (fls. 63) e a Polícia Federal informou outro n" de processo instaurado em 2006,
para servir de referência e consulta (fls. 91 e 104), portanto, entendo que o gestor deve informar qual o
número do processo que, segundo ele, tramita na Justiça Federal, em segredo de justiça, bem como que
comprove essa situação.

Isto posto, voto no sentido de que o Egrégio Tribunal Pleno:

1. Assine ao Sr. Salomão Benevides Gadelha o prazo de 60 (sessenta) dias para: a)


apresentar os documentos ausentes reclamados pela auditoria; b) apresentar
comprovação acerca de quais documentos, efetivamente, foram apreendidos; e c)
informar qual o número do processo que, segundo o gestor, tramita na Justiça
Federal em segredo de justiça, bem como que comprove essa situação.

É como voto.

c: IAssessorIPLENOIDenúneiaIR-$ousa05394-06. doe

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