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Processo TC N° 02786/06

Prestação de Contas Anuais da Prefeitura


Municipal de São José de Piranhas, exercício
de 2005. Recurso de Reconsideração.
Conhecimento do recurso, dando-se
provimento parcial.

II ACÓRDÃO APL TC 1.]:/2.~ I


Vistos, relatados e discutidos, os presentes autos do Processo TC N° 02786/06, referente ao
recurso de reconsideração contra decisões desta Corte, quando da apreciação da Prestação de Contas do
Senhor José Ferreira de Carvalho, Prefeito do Município de São José de Piranhas, ACORDAM os
integrantes do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, à unanimidade, em sessão plenária hoje
realizada, em conhecer do recurso, por sua tempestividade e, no mérito, lhe dar provimento parcial
para afastar do rol das irregularidades, as despesas não comprovadas com serviços jurídicos e
conseqüente imputação de débito no valor de R$ 26.250,00, mantendo os demais aspectos das
decisões recorridas.
Assim decidem, tendo em vista que o recorrente não conseguiu elidir todas as irregularidades
que levaram o Tribunal a tomar as decisões recorridas.
Em 06 de setembro de 2005 foi firmado junto ao INSS o Termo de Parcelamento de Dívida
Fiscal - TPDF, de n° 60.316.649-0 abrangendo os meses de janeiro, junho e julho de 2005, no
valor total originário de R$ 28.430,20 e juros de R$ 871,63.
Em 30 de março de 2007 foi feito mais um TPDF de n° 60.380.828-0 referente aos
exercícios de 2005 e 2006, sendo o valor originário relativo ao exercício sob analise, de R$
249.603,90 e juros de R$ 60.874,54.
Outro termo de parcelamento de n° 60.403.704-0 foi assinado apenas em 25 de outubro de
2007, cujo valor total dos débitos originários relativos ao exercício de 2005 foi de R$ 522.621,13 e
juros de R$ 161.075,32.
Os termos citados não informam a que os débitos se referem. Se às contribuições patronais,
de servidores ou ainda sobre serviços de terceiros, porém, denota-se ao se verificar o Discriminativo
Analítico de Débito - DAD, que o levantamento engloba tanto segurados quanto empregador,
independentemente das contribuições se referirem aos servidores da prefeitura ou aos prestadores de
serviços.
O valor dos parcelamentos realizados no total de R$ 800.655,23 se aproxima do
levantamento das contribuições patronais relativas aos servidores e prestadores de serviços somadas
às contribuições dos próprios profissionais, não repassadas no período devido, conforme quadro a
seguir,
Valores em R$
Contribuições Devidas recolhidas diferença
patronal/servidores 847.473,69 388.883,10 458.590,59
patronal/prestadores 132.560,31 16.997,28 115.563,03
servidores 291.082,21 183.501,65 107.580,56
prestadores 50.499,16 ~" ----- 50.499,16
Total 1.321.565,37 (h\ 589.382,03 732.183,34
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo TC N° 02786/06

A diferença deve-se ao fato de que a Auditoria considerou como devidas a título de


contribuições dos servidores, o valor retido pela Prefeitura e não aquele realmente devido, ao se
aplicar as alíquotas, como o fez o INSS em seu levantamento.
Como se vê, até as datas das assinaturas dos termos, o Município arcou com juros no
montante de R$ 222.821,49, sem contar com os juros decorrentes entre as datas dos parcelamentos e
as do efetivo pagamento das parcelas, ou seja, houve prejuízo ao erário em decorrência do não
recolhimento, em época própria, das contribuições previdenciárias e ainda um comprometimento de
execuções orçamentárias futuras.
Embora comprovadamente pagas, as despesas com os advogados Marcos Antônio Souto
Maior e Josias Gomes dos Santos Neto foram consideradas irregulares pelo órgão de instrução,
tendo em vista a suposta não efetivação dos serviços jurídicos. É necessário observar que nem
sempre a prestação desses serviços exige a elaboração de um documento escrito. A assessoria, na
hipótese, pode ter desempenho oral, respondendo a consultas e questões formuladas verbalmente ou
acompanhando processos nas diferentes áreas de atuação, não havendo necessidade de
procedimentos formais, para todo caso. Além disso, o interessado anexou documentos que
comprovam a realização de diversas intervenções dos profissionais em processos de interesse da
Prefeitura, não havendo porque se falar em devolução de recursos.
Parte das despesas que o interessado indicou para ser incluída no cálculo das aplicações em
saúde, já havia sido incluída na análise inicial do órgão técnico. Outros gastos indicados não se
relacionam com aquelas ações que podem ser consideradas np cálculo.
A Prefeitura realizou procedimento licitatório para aquisição de medicamentos junto à firma
Francisca Rosilene Pereira, no valor de R$ 19.624,55, tendo adquirido, durante o exercício, o
montante de R$ 54.989,33. Todavia, as aquisições efetuadas, além do valor licitado, foram
realizadas no período de abril a dezembro de 2005, não atingindo, o valor de cada aquisição, o
limite de dispensa. Vale salientar que tal fato já foi verificado desde a apreciação inicial por parte
do Tribunal, não sendo considerado para efeito de emissão de parecer contrário.

Presente ao julgamento a Procuradora Geral.


Publique-se e cumpra-se.
TC - Plenário Min. João Agripino, em~jlCdC ~)'L'''dC 2008.

Conselheiro An nio r: do Diniz Filho


Pres e

Cons
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Ana rê~ Nóbre~:-'\.,J---~---
Procuradora Geral
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo TC N° 02786/06

RELATÓRIO

O presente processo trata da Prestação de Contas, relativa ao exercício de 2005, do Senhor


José Ferreira de Carvalho, Prefeito do Município de São José de Piranhas.
Em 12 de março de 2008, o Tribunal emitiu o Parecer PPL TC 25/2008, contrário à
aprovação da Prestação de Contas tendo em vista as várias irregularidades detectadas pela Auditoria,
não sanadas pelo gestor no decorrer da instrução do processo, dentre elas, recolhimento a menor das
contribuições previdenciárias do empregador e dos servidores, falta de comprovação de despesas com
serviços jurídicos e aplicações em ações e serviços públicos de saúde inferiores ao exigido
constitucionalmente.
O Tribunal considerou ainda haver irregularidades na locação de veículos, sem imputar
débitos, tendo em vista que o órgão técnico não apontou sobre-preço nas locações.
Na mesma data, o Tribunal, através do Acórdão APL TC 127-A/2008, imputou débito R$
26.250,00 em decorrência das despesas não comprovadas com serviços jurídicos e aplicou a multa de
R$ 2.805,10, nos termos do que dispõem os incisos I e II do art. 56 da LOTCE.
Insatisfeito com as decisões desta Corte, o Prefeito ingressou com Recurso de
Reconsideração e documentos, constantes das fls. 3871/4427, centrando suas alegações apenas nas
questões que levaram o Tribunal à emissão do parecer contrário a aprovação das contas.
Ao analisar o recurso, a Auditoria modificou parcialmente o entendimento inicial, apenas I

para considerar que o valor das obrigações previdenciárias patronais não recolhidas passou de R$
551.050,75 para 28.429,62, tendo em vista parcelamentos feitos pelo executivo nos anos de 2005 e
2007. Permaneceu a Auditoria com o entendimento no que tange às demais irregularidades.
Instada a se pronunciar, a Procuradoria, em parecer da Procuradora Elvira Samara Pereira de
Oliveira opina que o Tribunal conheça do recurso e, no mérito, pelo não provimento.

É o relatório.

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo TC N° 02786/06

VOTO

Sobre a questão da ausência de recolhimento de contribuições previdenciárias, faz o Relator


os seguintes esclarecimentos:
Em 06 de setembro de 2005 foi firmado junto ao INSS o Termo de Parcelamento de Dívida
Fiscal- TPDF, de n° 60.316.649-0 abrangendo os meses de janeiro, junho e julho de 2005, no valor
total originário de R$ 28.430,20 e juros de R$ 871,63.
Em 30 de março de 2007 foi feito mais um TPDF de n" 60.380.828-0 referente aos
exercícios de 2005 e 2006, sendo o valor originário relativo ao exercício sob analise, de R$
249.603,90 e juros de R$ 60.874,54.
Outro termo de parcelamento de n° 60.403.704-0 foi assinado apenas em 25 de outubro de
2007, cujo valor total dos débitos originários relativos ao exercício de 2005 foi de R$ 522.621,13 e
juros de R$ 161.075,32.
Os termos citados não informam a que os débitos se referem. Se às contribuições patronais,
de servidores ou ainda sobre serviços de terceiros, porém, denota-se ao se verificar o Discriminativo
Analítico de Débito - DAD, que o levantamento engloba tanto segurados quanto empregador,
independentemente das contribuições se referirem aos servidores da prefeitura ou aos prestadores de
serviços.
O valor dos parcelamentos realizados no total de R$ 800.655,23 se aproxima do
levantamento das contribuições patronais relativas aos servidores e prestadores de serviços somadas
às contribuições dos próprios profissionais, não repassadas no período devido, conforme quadro a
seguir.
Valores em R$
Contribuições Devidas recolhidas diferença
patronal/servidores 847.473,69 388.883,10 458.590,59
patronal/prestadores 132.560,31 16.997,28 115.563,03
servidores 291.082,21 183.501,65 107.580,56
prestadores 50.499,16 ----- 50.499,16
Total 1.321.565,37 589.382,03 732.183,34
A diferença deve-se ao fato de que a Auditoria considerou como devidas a título de
contribuições dos servidores, o valor retido pela Prefeitura e não aquele realmente devido, ao se
aplicar as alíquotas, como o fez o INSS em seu levantamento.
Como se vê, até as datas das assinaturas dos termos, o Município arcou com juros no
montante de R$ 222.821,49, sem contar com os valores relativos a incidência de juros entre as datas
dos parcelamentos e as do efetivo pagamento das parcelas, ou seja, houve prejuízo ao erário em
decorrência do não recolhimento, em época própria, das contribuições previdenciárias e ainda um
comprometimento de execuções orçamentárias futuras.
Embora comprovadamente pagas, as despesas com os advogados Marcos Antônio Souto
Maior e Josias Gomes dos Santos Neto foram consideradas irregulares pelo órgão de instrução,
tendo em vista a suposta não efetivação dos serviços jurídicos. É necessário observar que nem
sempre a prestação desses serviços exige a elaboração de um documento escrito. A assessoria, na
hipótese, pode ter desempenho oral, respondendo a consultas e questões formuladas verbalmente ou
acompanhando processos nas diferentes áreas de atuação, não havendo necessidade de
procedimentos formais, para todo caso. Além disso, o interessado anexou documentos que
comprovam a realização de diversas intervenções dos profissionai fi processos de interesse da
Prefeitura, não havendo porque se falar em devolução de recursos
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo TC N° 02786/06

Parte das despesas que o interessado indicou para ser incluída no cálculo das aplicações em
saúde, já havia sido incluída na análise inicial do órgão técnico. Outros gastos indicados não se
relacionam com aquelas ações que podem ser consideradas no cálculo.
A Prefeitura realizou procedimento licitatório para aquisição de medicamentos junto à firma
Francisca Rosilene Pereira, no valor de R$ 19.624,55, tendo adquirido, durante o exercício, o
montante de R$ 54.989,33. Todavia, as aquisições efetuadas, além do valor licitado, foram
realizadas no período de abril a dezembro de 2005, não atingindo, o valor de cada aquisição, o
limite de dispensa. Vale salientar que tal fato já foi verificado desde a apreciação inicial por parte
do Tribunal, não sendo considerado para efeito de emissão de parecer contrário.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que este Tribunal conheça do recurso, por sua
tempestividade e, no mérito, lhe dê provimento parcial para afastar do rol das irregularidades, as
despesas não comprovadas com serviços jurídicos e co eqüente imputação de débito no valor de
R$ 26.250,00, mantendo os demais aspectos das deci o corridas.

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