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CURSO DE ELETRÔNICA DIGITAL

LIÇÃO 3

FAMÍLIAS DE CIRCUITOS LÓGICOS DIGITAIS

Na lição anterior conhecemos os 3.1 - O transistor como chave ser usado como entrada para outra,
princípios simples da Álgebra de eletrônica conforme a figura 1.
Boole que regem o funcionamento Um transistor pode funcionar Na figura 1 damos um exemplo
dos circuitos lógicos digitais encontra- como um interruptor deixando passar interessante de como podemos obter
dos nos computadores e em muitos ou não uma corrente, conforme a apli- um inversor usando um transistor.
outros equipamentos. Vimos de que cação de uma tensão em sua entra- Aplicando o nível 1 na base do
modo umas poucas funções simples da. transistor ele conduz até o ponto de
funcionam e sua importância na ob- Assim, na simulação dos circuitos saturar, o que faz, com que a tensão
tenção de funções mais complexas. que estudamos e em que usamos no seu coletor caia a 0. Por outro lado,
Mesmo sendo um assunto um pouco chaves, é possível utilizar transistores na ausência de tensão na sua base,
abstrato, por envolver princípios ma- com uma série de vantagens. que corresponde ao nível 0 de entra-
temáticos, o leitor pode perceber que No caso das chaves, o operador da, o transistor se mantém cortado e
é possível simular o funcionamento de era responsável pela entrada do si- a tensão no seu coletor se mantém
algumas funções com circuitos eletrô- nal, pois, atuando com suas mãos alta, o que corresponde ao nível 1.
nicos relativamente simples, usando sobre a chave, deveria estabelecer o Conforme observamos na figura
chaves e lâmpadas. nível lógico de entrada, mantendo 2, outras funções podem ser conse-
Os circuitos eletrônicos modernos, esta chave aberta ou fechada confor- guidas com transistores.
entretanto, não usam chaves e lâm- me desejasse 0 ou 1. Isso significa que a elaboração de
padas, mas sim, dispositivos muito Se usarmos um transistor teremos um circuito lógico digital capaz de rea-
rápidos que podem estabelecer os uma vantagem importante: o transis- lizar operações complexas usando
níveis lógicos nas entradas das fun- tor poderá operar com a tensão ou transistores é algo que pode ser con-
ções com velocidades incríveis e isso nível lógico produzido por uma outra seguido com relativa facilidade.
lhes permite realizar milhões de ope- função e não necessariamente por
rações muito complexas a cada se- uma pessoa que acione uma chave. 3.2 - Melhorando o desempenho
gundo. Assim, as funções lógicas No entanto, usar transistores em
Nesta edição veremos que tipo de implementadas com transistores têm circuitos que correspondam a cada
circuitos são usados e como são en- a vantagem de poderem ser interliga- função de uma maneira não padroni-
contrados na prática em blocos bási- das umas nas outras, pois o sinal que zada pode trazer algumas dificulda-
cos que unidos podem levar a elabo- aparece na saída de cada uma pode des.
ração de circuitos muito complicados
como os encontrados nos computa-
dores. Figura 1 - Um inversor (função NÃO
O leitor irá começar a tomar con- ou NOT) usando um transistor.
tato com componentes práticos das
famílias usadas na montagem dos
equipamentos digitais. São estes os
componentes básicos que podem ser
encontrados em circuitos digitais,
computadores e muitos outros.

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Dessa forma, se bem que nos pri-


meiros tempos da Eletrônica Digital Figura 2 - Outras funções
cada função era montada com seus implementadas com
transistores, diodos e resistores na transistores.
sua plaquinha para depois serem to-
das interligadas, este procedimento
se revelou inconveniente por diversos
motivos.
O primeiro deles é a complexida-
de que o circuito adquiria se realizas-
se muitas funções.
O segundo, é a necessidade de
padronizar o modo de funcionamen-
to de cada circuito ou função. Seria
muito importante estabelecer que to-
dos os circuitos operassem com a
mesma tensão de alimentação e for- Estas séries de circuitos integra- vantagem do menor custo e obtenção
necessem sinais que os demais pu- dos formaram então as Famílias Ló- de maior velocidade de operação e
dessem reconhecer e reconhecessem gicas, a partir das quais os projetis- confiabilidade.
os sinais gerados pelos outros. tas tiveram facilidade em encontrar Diversas famílias foram criadas
O desenvolvimento da tecnologia todos os blocos para montar seus desde o advento dos circuitos integra-
dos circuitos integrados, possibilitan- equipamentos digitais. dos, recebendo uma denominação
do a colocação num único invólucro Assim, conforme a figura 3, pre- conforme a tecnologia empregada.
de diversos componentes já interliga- cisando montar um circuito que usas- As principais famílias lógicas de-
dos, veio permitir um desenvolvimen- se uma porta AND duas NOR e inver- senvolvidas foram:
to muito rápido da Eletrônica Digital. sores, o projetista teria disponíveis
Foi criada então uma série de cir- componentes compatíveis entre si · RTL ou Resistor Transistor Logic
cuitos integrados que continham contendo estas funções e de tal for- · RCTL ou Resistor Capacitor
numa única pastilha as funções lógi- ma que poderiam ser interligadas das Transistor Logic
cas digitais mais usadas e de tal ma- maneiras desejadas. · DTL ou Diode Transistor Logic
neira projetadas que todas eram com- O sucesso do advento dessas fa- · TTL ou Transistor Transistor Logic
patíveis entre si, ou seja, operavam mílias foi enorme, pois além do me- · CMOS ou Complementary Metal
com as mesmas tensões e reconhe- nor tamanho dos circuitos e menor Oxid Semiconductor
ciam os mesmos sinais. consumo de energia, havia ainda a · ECL ou Emitter Coupled Logic

Atualmente a Família TTL e a


CMOS são as mais usadas, sendo
empregadas em uma grande quanti-
dade de equipamentos digitais e tam-
bém nos computadores e periféricos.

3.3 - A família TTL


A família TTL foi originalmente
desenvolvida pela Texas Instruments,
mas hoje, muitos fabricantes de
semicondutores produzem seus com-
ponentes.
Esta família é principalmente
reconhecida pelo fato de ter duas
séries que começam pelos números
54 para os componentes de uso mili-
tar e 74 para os componentes de uso
comercial.
Assim, podemos rapidamente as-
Figura 3 - Blocos sociar qualquer componente que co-
compatíveis contendo mece pelo número “74” à família TTL.
funções lógicas Na figura 4 mostramos uma por-
(circuitos integrados). ta típica TTL. Trata-se de uma porta
NAND de duas entradas que logo
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chama a atenção pelo fato de usar um Figura 4 - Uma


transistor de dois emissores. porta NAND TTL.
A característica mais importante
desta família está no fato de que ela
é alimentada por uma tensão de 5 V.
Assim, para os componentes des-
ta família, o nível lógico 0 é sempre a
ausência de tensão ou 0 V, enquanto
que o nível lógico 1 é sempre uma
tensão de +5 V.
Para os níveis lógicos serem re-
conhecidos devem estar dentro de
faixas bem definidas.
Conforme verificamos na figura 5,
uma porta TTL reconhecerá como ní-
vel 0 as tensões que estiverem entre
0 e 0,8 V e como 1 os que estiverem
numa outra faixa entre 2,4 e 5 V. falamos de equipamentos digitais e 3.4 - Outras Características da
Entre essas duas faixas existe computadores em geral. Temos as Família TTL
uma região indefinida que deve ser seguintes classificações para os graus Para usar corretamente os circui-
evitada. de integração dos circuitos digitais: tos integrados TTL e mesmo saber
Há centenas de circuitos integra- como testá-los, quando apresentam
dos TTL disponíveis no mercado para SSI - Small Scale Integration ou algum problema de funcionamento, é
a realização de projetos. A maioria Integração em Pequena Escala que importante conhecer algumas de suas
deles está em invólucros DIL de 14 e corresponde a série normal dos pri- características adicionais.
16 pinos, conforme exemplos da fi- meiros TTL que contém de 1 a 12 Analisemos as principais caracte-
gura 6. portas lógicas num mesmo compo- rísticas lembrando os níveis lógicos
As funções mais simples das por- nente ou circuito integrado. de entrada e saída admitidos:
tas disponíveis numa certa quantida-
de em cada integrado usam circuitos MSI - Medium Scale Integration - Correntes de entrada:
integrados de poucos pinos. ou Integração de Média Escala em Quando uma entrada de uma fun-
No entanto, à medida que novas que temos num único circuito integra- ção lógica TTL está no nível 0, flui uma
tecnologias foram sendo desenvolvi- do de 13 a 99 portas ou funções lógi- corrente da base para o emissor do
das permitindo a integração de uma cas. transistor multiemissor da ordem de
grande quantidade de componentes, 1,6 mA, figura 7.
surgiu a possibilidade de colocar num LSI - Large Scale Integration ou Esta corrente deve ser levada em
integrado não apenas umas poucas Integração em Grande Escala que conta em qualquer projeto, pois, ela
portas e funções adicionais que se- corresponde a circuitos integrados deve ser suprida pelo circuito que ex-
rão estudadas futuramente como flip- contendo de 100 a 999 portas ou fun- citará a porta.
flops, decodificadores e outros mas, ções lógicas. Quando a entrada de uma porta
também interligá-los de diversas for- lógica TTL está no nível alto, figura 8,
mas e utilizá-los em aplicações espe- VLSI - Very Large Scale flui uma corrente no sentido oposto
cíficas. Integration ou Integração em Esca- da ordem de 40 µA.
Diversas etapas no aumento da la Muito Grande que corresponde
integração foram obtidas e receberam aos circuitos integrados com mais de
nomes que hoje são comuns quando 1000 portas ou funções lógicas.

Figura 5 - Faixas de tensão reconhecidas Figura 6 - As funções mais simples TTL Figura 7 - Corrente de entrada
como 0 e 1 (nível alto e baixo). são encontradas nestes invólucros. no nível baixo (0).

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Veja então que podemos obter e saídas, definimos o FAN OUT como
uma capacidade muito maior de exci- o número máximo de entradas que
tação de saída de uma porta TTL podemos ligar a uma saída TTL.
quando ela é levada ao nível 0 do que Para os componentes da família
ao nível 1. TTL normal ou Standard que estamos
Isso justifica o fato de que em estudando, o FAN OUT é 10.
muitas funções indicadoras, em que Por outro lado, também pode ocor-
ligamos um LED na saída, fazemos rer que na entrada de uma função ló-
com que ele seja aceso quando a gica TTL precisemos ligar mais de
saída vai ao nível 0 (e portanto, a cor- uma saída TTL.
rente é maior) e não ao nível 1, con- Considerando novamente que cir-
Figura 8 - Corrente de forme a figura 11. culam correntes nestas ligações e que
entrada no nível alto (1). os circuitos têm capacidades limita-
- Fan In e Fan Out das de condução, precisamos saber
Estes são termos técnicos que até que quantidade de ligações po-
Esta corrente vai circular quando especificam características de extre- demos fazer.
a tensão de entrada estiver com um ma importância quando usamos cir- Desta forma o FAN-IN indica a
valor superior a 2,0 V. cuitos integrados da família TTL. quantidade máxima de saídas que
A saída de uma porta não precisa podemos ligar a uma entrada,
- Correntes de saída estar obrigatoriamente ligada a uma figura 13.
Quando a saída de um circuito TTL entrada de outra porta. A mesma saí-
vai ao nível 0 (ou baixo), flui uma cor- da pode ser usada para excitar diver-
rente da ordem de 16 mA, conforme sas portas.
observamos no circuito equivalente da Como a entrada de cada porta pre-
figura 9. cisa de uma certa corrente e a saída
Isso significa que uma saída TTL da porta que irá excitar tem uma ca-
no nível 0 ou baixo pode drenar de pacidade limitada de fornecimento ou
uma carga uma corrente máxima de de drenar a corrente, é preciso esta-
16 mA, ou seja, pode “absorver” uma belecer um limite para a quantidade
corrente máxima desta ordem. de portas que podem ser excitadas,
Por outro lado, quando a saída de veja o exemplo da figura 12.
uma função TTL está no nível 1 ou Assim, levando em conta as cor-
alto, ela pode fornecer uma corrente rentes nos níveis 1 e 0 das entradas
máxima de 400 µA, figura 10.

Figura 12 - Há um limite para a quantidade


Figura 10 - de entradas que uma saída pode excitar.
Corrente de
Figura 9 -
saída no nível
Corrente de saída
alto (1).
no nível baixo (0).

Figura 13 - Também pode ser necessário ligar


Figura 11 - Prefere-se a configuração (b) para acionar LEDs. mais de uma saída a uma entrada.

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- Velocidade Assim, a partir da família original


Os circuitos eletrônicos possuem denominada “Standard” surgiram di-
uma velocidade limitada de operação versas subfamílias. Para diferenciar
que depende de diversos fatores. essas subfamílias, foram adicionadas
No caso específico dos circuitos ao número que identifica o componen-
TTL, temos de considerar a própria te (depois do 54 ou 74 com que todos
configuração das portas que apresen- começam), uma ou duas letras.
tam indutâncias e capacitâncias pa- Temos então a seguinte tabela de
rasitas que influem na sua velocida- subfamílias e da família TTL standard:
de de operação.
Assim, levando em conta a confi- Figura 14 - Capacitâncias parasitas que Indicação: 54/74
guração típica de uma porta, confor- influem na velocidade de resposta dos Família/Subfamília: Standard
circuitos.
me observamos no circuito da figura Característica: nenhuma
14, veremos que se for estabelecida TTL, principalmente quando trabalha-
uma transição muito rápida da tensão mos com o projeto de dispositivos Indicação: 54L/74L
de entrada, a tensão no circuito não muito rápidos. Basicamente podemos Família/Subfamília: Low Power
subirá com a mesma velocidade. adiantar para o leitor que se dois si- Característica: Baixo consumo
Este sinal terá antes de carregar nais que devam chegar ao mesmo
as capacitâncias parasitas existentes tempo a um certo ponto do circuito Indicação: 54H/74H
de modo que a tensão de entrada não o fizerem, porque um se retarda Família/Subfamília: High Speed
suba gradualmente, demorando um mais do que o outro ao passar por de- Característica: Alta velocidade
certo tempo que deve ser considera- terminadas funções, isso pode gerar Indicação: 54S/74S
do. interpretações erradas do próprio cir- Família/Subfamília: Schottky
Da mesma forma, à medida que o cuito que funcionará de modo anor- Característica: nenhuma
sinal vai passando pelas diversas eta- mal.
pas do circuito, temos de considerar Indicação: 54LS/74LS
os tempos que os componentes de- Família/Subfamília: Low Power
Os primeiros circuitos TTL
moram para comutar justamente em Schottky
que foram desenvolvidos logo
função das capacitâncias e indutân- Característica: nenhuma
se mostraram inapropriados
cias parasitas existentes.
para certas aplicações.
O resultado disso é que para os A versão standard apresenta com-
circuitos integrados TTL existe um re- ponentes com o custo mais baixo e
tardo entre o instante em que o sinal também dispõe da maior quantidade
passa do nível 0 para o 1 na entrada 3.5 - Subfamílias TTL de funções disponíveis.
e o instante em que o sinal na saída Os primeiros circuitos TTL que fo- No entanto, a versão LS se adap-
responde a este sinal, passando ram desenvolvidos logo se mostraram ta mais aos circuitos de computado-
do nível 1 para o 0 no caso de um inapropriados para certas aplicações, res, pois tem a mesma velocidade dos
inversor. quando é necessária maior velocida- components da família Standard com
Da mesma forma, existe um retar- de, ou menor consumo de energia ou muito menor consumo.
do entre o instante em que o sinal de ainda os dois fatores reunidos. Algumas características podem
entrada passa do nível 1 para o 0 e o Isso fez com que, mantendo as ser comparadas, para que os leitores
instante em que o sinal de saída pas- características originais de compati- verifiquem as diferenças existentes.
sa do nível 0 para o 1, no caso de um bilidade entre os circuitos e manten-
inversor. do as mesmas funções básicas, fos- - Velocidade
Mostramos esses dois tempos na sem criadas sub-famílias que tives- A velocidade de operação de uma
figura 15, eles são muito importan- sem uma característica adicional di- função TTL normalmente é especi-
tes nas especificações dos circuitos ferenciada. ficada pelo tempo que o sinal demo-
ra para propagar através do circuito.
Em uma linguagem mais simples, tra-
ta-se do tempo entre o instante em
que aplicamos os níveis lógicos na
entrada e o instante em que obtemos
a resposta, conforme verificamos atra-
vés da forma de onda que vimos na
figura 15.
Para os circuitos da família TTL é
comum especificar estes tempos em
nanossegundos ou bilionésimos de
Figura 15 - Como são medidos os tempos de retardo nas funções TTL.
segundo.
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Família/Subfamília: Schottky Esta tabela é dada a seguir:


Dissipação por Gate (mW): 20
Saída
O leitor já deve ter percebido um 74L 74 74LS 74H 74S
problema importante: quando aumen- 74L 20 40 40 50 100
tamos a velocidade, o consumo tam- 74LS 2,5 10 51 2,5 12,5
bém aumenta. O projetista deve por-
tanto, ser cuidadoso em escolher a Entrada
sub- família que una as duas caracte- 74 10 20 20 25 50
rísticas na medida certa de sua pre- 74H 2 8 4 10 10
cisão, incluindo o preço. 74S 2 8 4 10 10

Figura 16 - Uma saída standard 3.6 - Compatibilidade entre as Observamos por esta tabela que
pode excitar 10 entradas LS. subfamílias uma saída 74 (Standard) pode exci-
Assim, temos: Um ponto importante que deve ser tar convenientemente 10 entradas
levado em conta quando trabalhamos 74LS (Low Power Schottky).
Família/Subfamília: TTL Standart com a família Standard e as subfa- Na figura 16 mostramos como isso
Tempo de programação (ns): 10 mílias TTL é a possibilidade de inter- pode ser feito.
ligarmos os diversos tipos.
Família/Subfamília: Low Power Isso realmente ocorre, já que to-
Tempo de programação (ns): 33 dos os circuitos integrados da família 3.7 - Open Collector e
TTL e também das subfamílias são Totem-Pole
Família/Subfamília: Low Power alimentados com 5 V. Os circuitos comuns TTL estuda-
Schottlky Devemos observar, e com muito dos até agora e que têm a configura-
Tempo de programação (ns): 10 cuidado, que as correntes que circu- ção mostrada na figura 14 são deno-
lam nas entradas e saídas dos com- minados Totem Pole.
Família/Subfamília: High Speed ponentes das diversas subfamílias Nestes circuitos temos uma confi-
Tempo de programação (ns): 6 são completamente diferentes, logo, guração em que um ou outro transis-
quando passamos de uma para ou- tor conduz a corrente, conforme o ní-
Família/Subfamília: Schottkly tra, tentanto interligar os seus com- vel estabelecido na saída seja 0 ou 1.
Tempo de programação (ns): 3 ponentes, as regras de Fan-In e Fan- Este tipo de circuito apresenta um
Out mudam completamente. inconveniente se ligarmos duas por-
- Dissipação Na verdade, não podemos falar de tas em paralelo, conforme a figura 17.
Outro ponto importante no projeto Fan-in e Fan-out quando interligamos Se uma das portas tiver sua saída
de circuitos digitais é a potência circuitos de famílias diferentes. indo ao nível alto (1) ao mesmo tem-
consumida e portanto, dissipada na O que existe é a possibilidade de po que a outra vai ao nível baixo
forma de calor. Quando usamos uma elaborar uma tabela, a partir das ca- (0),um curto-circuito é estabelecido na
grande quantidade de funções, esta racterísticas dos componentes, em saída e pode causar sua queima.
característica se torna importante tan- que a quantidade máxima de entra- Isso significa que os circuitos in-
to para o dimensionamento da fonte das de determinada subfamília pos- tegrados TTL com esta configuração
como para o próprio projeto da placa sa ser ligada na saída de outra nunca podem ter suas saídas interli-
e do aparelho que deve ter meios de subfamília. gadas da forma indicada.
dissipar o calor gerado.
Podemos então comparar as dis- Figura 17 - Conflitos de níveis em
sipações das diversas famílias, to- saídas interligadas.
mando como base uma porta ou gate:

Família/SubFamília: Standard
Dissipação por Gate (mW): 10

Família/SubFamília: Low Power


Dissipação por Gate (mW): 1

Família/SubFamília: Low Power


Schottky
Dissipação por Gate (mW): 2

Família/SubFamília: High Speed


Dissipação por Gate (mW): 22
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Figura 18 - Porta NAND (não-E) com Figura 19 - O resistor "pull up" serve para
saída em coletor aberto (Open Collector). polarizar os transistores das saídas das
funções "open colletor".
desligado, circuito aberto ou terceiro
No entanto, existe uma possibili- 3.8 - Tri-State estado. Isso é conseguido através de
dade de elaborar circuitos em que as Tri-state significa terceiro estado e uma entrada de controle denomina-
saídas de portas sejam interligadas. é uma configuração que também da “habilitação” em inglês “enable”
Isso é conseguido com a configura- pode ser encontrada em alguns cir- abreviada por EN.
ção denominada Open Collector mos- cuitos integrados TTL, principalmen- Assim, quando EN está no nível
trada na figura 18. te usados em Informática. Na figura 0, no circuito da figura 20, o transis-
Os circuitos integrados TTL que 20 temos um circuito típico de uma tor não conduz e nada acontece no
possuem esta configuração são indi- porta NAND tri-state que vai servir circuito que funciona normalmente.
cados como “open collector” e quan- como exemplo. Podem existir aplica- No entanto, se EN for levada ao
do são usados, exigem a ligação de ções em que duas portas tenham nível 1, o transistor satura, levando ao
um resistor externo denominado “pull suas saídas ligadas num mesmo cir- corte, ou seja, os dois passam a se
up” normalmente de 2000 Ω ou próxi- cuito, figura 21. comportar como circuitos abertos, in-
mo disso. Uma porta está associada a um dependentemente dos sinais de en-
Como o nome em inglês diz, o primeiro circuito e a outra porta a um trada. Na saída Y teremos então um
transistor interno está com o “coletor segundo circuito. Quando um circuito estado de alta impedância.
aberto” (open collector) e para funci- envia seus sinais para a porta, o ou- Podemos então concluir que a fun-
onar precisa de um resistor de polari- tro deve ficar em espera. ção tri-state apresenta três estados
zação. Ora, se o circuito que está em es- possíveis na sua saída:
A vantagem desta configuração pera ficar no nível 0 ou no nível 1, Nível lógico 0
está na possibilidade de interligarmos estes níveis serão interpretados pela Nível lógico 1
portas diferentes num mesmo ponto, porta seguinte como informação e Alta Impedância
figura 19. isso não deve ocorrer. As funções tri-state são muito usa-
A desvantagem está na redução O que deve ocorrer é que quando das nos circuitos de computadores,
da velocidade de operação do circui- uma porta estiver enviando seus si- nos denominados barramentos de
to que se torna mais lento com a pre- nais, a outra porta deve estar numa dados ou “data bus”, onde diversos
sença do resistor, pois ele tem uma situação em que na sua saída não circuitos devem aplicar seus sinais ao
certa impedância que afeta o desem- tenhamos nem 0 e nem 1, ou seja, mesmo ponto ou devem compartilhar
penho do circuito. ela deve ficar num estado de circuito a mesma linha de transferência des-
ses dados. O circuito que está funcio-
nando deve estar habilitado e os que
não estão funcionando, para que suas
saídas não influenciem nos demais,
devem ser levados sempre ao tercei-
ro estado.
Na figura 22 temos um exemplo
de aplicação em que são usados cir-
cuitos tri-state . Uma unidade de
processamento de um computador
envia e recebe dados para/de diver-
sos periféricos usando uma única li-
nha (bus). Todos os circuitos ligados
a estas linhas devem ter saídas do tipo
Figura 20 - Uma porta NAND TTL tri-state. tri-state.
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Figura 21 - Quando A estiver enviando sinais


para C, B deve estar "desativado".

QUESTIONÁRIO 5. A família TTL de alta velocida-


de tem seus componentes com a
1. Quais são as duas principais sigla:
famílias de circuitos lógicos digitais a) 74L b) 74H
obtidas na forma de circuitos integra- c) 74S d) 74LS
dos?
a) CMOS e TTL 6. Para que tipos de configuração
b) Schottky e LS de saída não podemos ligar duas por-
c) AO e Solid State tas juntas?
d) FET e Bipolar a) Todas
b) Totem pole
2. Qual é a tensão de alimentação c) Open Collector
dos circuitos integrados da família TTL d) Nenhuma delas
Standard?
a) 3 a 15 V b) 1,5 V 7. Que estado encontramos numa
c) 5 V d) 12 V saída de uma função TTL Tri-state
quando a entrada de habilitação não
3. Circuitos integrados que conte- está ativada?
nham grande quantidade de funções, a) Nível 0
mais de 1 000, usados principalmen- b) Nível 1
te nos modernos computadores são c) Nível 0 ou 1
denominados: d) Alta impedância
a) SSI b) MSI
c) LSI d) VLSI
Respostas da lição no 2
4. Um circuito integrado tem uma 1 - b)
capacidade maior de corrente na sua 2 - b)
saída quando: 3 - a)
a) No nível 1 b) No nível 0 4 - a)
c) As capacidades são iguais nos 5 - a)
dois níveis 6 - d)
d) A capacidade depende da fun- 7 - c)
ção
Figura 22 - Na troca de dados entre
diversas interfaces deve-se usar
componentes com saídas tri-state.

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