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Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos
BRASIL ITÁLIA
21 de novembro de 2005
Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Roreign Trade Chambers Federation
A FCCE é a mais antiga Associação de Classe dedicada Em passado recente a FEDERAÇÃO DAS CÂMA-
exclusivamente às atividades de Comércio Exterior. RAS DE COMÉRCIO EXTERIOR – FCCE assinou Con-
Fundada no ano de 1950, pelo empresário João Daudt vênio com o CONSELHO DE CÂMARAS DE COMÉR-
de Oliveira (a ele se deve, 5 anos antes, a fundação da CIO DAS AMÉRICAS, organismo que representa as
Confederação Nacional do Comércio – CNC ), a FCCE Câmaras de Comércio Bilaterais dos seguintes países:
opera ininterruptamente, há mais de 50 anos, incenti- ARGENTINA, BOLÍVIA, CANADÁ, CHILE, CUBA,
vando e apoiando o trabalho das Câmaras de Comércio EQUADOR, MÉXICO, PARAGUAI, SURINAME, URU-
Bilaterais, Consulados Estrangeiros, Conselhos Empre- GUAI,TRINIDAD E TOBAGO e VENEZUELA.
sariais e Comissões Mistas a nível federal. Além de várias dezenas de Câmaras de Comércio Bi-
A FCCE, por força do seu Estatuto, tem âmbito Na- laterais filiadas à FCCE em todo o Brasil, fazem parte da
cional, possuindo Vice-Presidentes Regionais em di- Diretoria atual, os Presidentes das Câmaras de Comér-
versos Estados da Federação, operando também no cio: Brasil-Grécia, Brasil-Paraguai, Brasil-Rússia, Brasil-
plano internacional, através “Convênios de Coopera- Eslováquia, Brasil-República Tcheca, Brasil-México,
ção” firmados com diversos organismos da mais alta Brasil-Belarus, Brasil-Portugal, Brasil-Líbano, Brasil-Ín-
credibilidade e tradição, a exemplo da International dia, Brasil-China, Brasil-Tailândia, Brasil-ltália e Brasil e
Chamber of Commerce (Câmara de Comércio Inter- Indonésia, além do Presidente do Comitê Brasileiro da
nacional – CCI), fundada em 1919, com sede em Paris Câmara de Comércio Internacional, o Presidente da
e que possui mais de 80 Comitês Nacionais, nos 5 con- Associação Brasileira da Empresas Comerciais Exporta-
tinentes, além de operar a mais importante “Corte In- doras – ABECE, o Presidente da Associação Brasileira
ternacional de Arbitragem” do mundo, fundada no ano da Indústria Ferroviária – ABIFER, o Presidente da As-
de 1923. sociação Brasileira dos Terminais de Conteiners, o Pre-
A FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO sidente do Sindicato das Indústrias Mecânicas e Materi-
EXTERIOR tem sua sede na Avenida General Justo no al Elétrico, entre outros. Some-se, ainda, a presença de
307, Rio de Janeiro, (Edifício da Confederação Nacio- diversos Cônsules e diplomatas estrangeiros, dentre os
nal do Comércio – CNC) e mantém com essa entidade, quais o Cônsul-Geral da República do Gabão, oCôn-
há quase duas décadas “Convênio de Suporte Adminis- suldoSriLanka (antigo "Ceilão"), e o Ministro Conse-
trativo e Protocolo de Cooperação Mútua”. lheiro-Comercial da Embaixada de Portugal.
A Diretoria
Diretoria 2003/2006
Presidente
1o Vice-Presidente
Vice-Presidentes
Diretores
○
A contribuição definitiva
○
APOIO
○
○
○
○
○
Na Itália do final do Século XIX, as lutas políticas do processo de unificação e
○
○
a concentração da propriedade da terra tornaram-se elementos de expulsão da
○
mão-de-obra. O excesso de demanda por trabalho encontrou no continente
○
○
americano a oferta desejada.
○
○
O Brasil gradativamente caminhava para a abolição definitiva da escravidão.
○
○
A Inglaterra conseguira, por imposição, pressionar pelo fim do tráfico negrei-
○
ro, por meio do Bill Aberdeen. O Brasil, por meio da Lei Euzébio de Queiroz,
○
○
decidiu pelo fim do tráfico. Outras leis como a do Ventre Livre e a dos
○
○
Sexagenários indicavam que, se a abolição era considerada como certa, uma
○
○
alternativa à mão-de-obra escrava era considerada como necessária. O Brasil
○
deixava para trás uma fracassada experiência de imigração baseada no sistema
○
○
de parceria, assentada no endividamento do imigrante, e iniciava a imigração
○
○
subvencionada, na qual, as despesas de viagem do imigrante e dos familiares
○
○
eram pagas pelo governo brasileiro. Se, por um lado, o Brasil aumentava o
○
incentivo à atração de mão-de-obra estrangeira, por outro, as medidas adotadas
○
○
pelos Estados Unidos restringindo a imigração contribuiram para destinar para
○
○
o Brasil um elevado número de estrangeiros. A Itália forneceu o maior contin-
○
gente. Em 1888, cerca de 200.000 italianos desembarcaram no Brasil. Sua con-
○
○
tribuição seria definitiva para o desenvolvimento do campo e da indústria.
○
○
Hoje, a presença de 25 milhões de descendentes de italianos no Brasil confe-
○
○
re ao relacionamento bilateral caráter particular, tendo em vista as afinidades ○
Celso Amorim, realizada em 2003, foi seguida pela recente visita ao Brasil, em
○
○
Durante a visita do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Itália, em outubro Expediente
○
○
de 2005, na sede da Confederação Italiana das Indústrias, foi assinado um proto- Produção
○
colo de apoio e colaboração recíproca a pequenas e médias empresas. Naquele Diretores: Eduardo Teixeira e
○
tir em infra-estrutura no Brasil. Com o fito de ampliar investimentos italianos e-mail: eduardo.teixeira@abrapress.com.br
○
○
no território brasileiro, uma grande missão de empresários foi agendada para Editor
○
○
Antecipando-se à vinda da missão empresarial italiana e dando seguimento Textos e Repor tagens
○
Elias Fajardo
○
Gabriel Fonseca
○
Estopim Comunicação
○
e-mail: estopim@estopim.com
○
Revisão
○
Rozane de Souza
para crescer e potencialidades a serem aproveitadas, o Brasil está atento a elas.
○
Fotografia
○
○
Christina Bocayuva
○
Boa leitura.
○
6 E N T R E V I S TA 37 C O M É R C I O
“Saneamento é um Consumidor
direito de todos os europeu simpatiza
brasileiros” com o Brasil e
com seus
produtos
14 A B E RT U R A
Problemas e soluções nas relações
entre Brasil e Itália
3 9 C U LT U R A
As máscaras
16 P A I N E L I de Veneza
Comércio bilateral
com boas
possibilidades de
4 9TURISMO
crescimento Turismo, uma opção para o
desenvolvimento brasileiro
Integração: um objetivo
a ser alcançado
20 P A I N E L I I 52 E M P R E S A
Grimaldi: Vinte e
Parcerias Público- oito anos de
Privadas para sucesso nas
o crescimento águas do Brasil
sustentável
Estabilidade monetária permite ao
Cooperação no Brasil maior desenvolvimento
saneamento
básico e na telefonia
56 E M P AU TA
27 P A I N E L I I I Santo Sepulcro: o
cuidado com os
Moda e lazer estreitam o comércio cristãos no mundo
entre Brasil e Itália inteiro
30 E N C E R R A M E N T O 59 I N T E R C Â M B I O
Seminários contribuem Burocracia: uma grande inimiga do
para disseminar a cultura comércio entre Brasil e Itália
exportadora
61 C O M U N I C A Ç Ã O
33 N E G Ó C I O S A trajetória da TIM no Brasil
“Saneamento é um
direito de todos os
brasileiros”
Secretário Nacional de Saneamento Ambiental
do Ministério das Cidades ressalta a importância
de convênios de cooperação entre Brasil e Itália
O Secretário Nacional de Saneamento Ambiental, Abelardo de
Oliveira Filho, acredita que a criação do Ministério das Cidades,
uma das inovações do Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, tem possibilitado aos técnicos atuar de maneira mais efetiva e
atacar aquele que é considerado um dos principais problemas ur-
banos brasileiros: o saneamento. Um dos grandes desafios do atual
governo é exatamente o de fazer com que o saneamento esteja ao
alcance de um número cada vez maior de pessoas. Segundo Abelardo
de Oliveira, este setor não tem sido objeto de políticas públicas há
mais de vinte anos.
Engenheiro civil e sanitarista com trinta anos de atuação, o Secretá-
rio Nacional de Saneamento afirma que os indicadores atuais nesta
área são vergonhosos. Os responsáveis por esta situação, segundo
ele, são a ausência de uma política nacional de saneamento ambiental
e a falta de prioridades dos investimentos, particularmente na últi-
ma década. O secretário acha que os convênios recentemente fir-
mados entre governo e empresas italianas poderão contribuir para
promover avanços significativos no setor, já que os italianos são es-
pecialistas em tratamento de águas pluviais.
Como o senhor analisa o atual estágio seja, cerca da metade da população do país,
do setor de saneamento no Brasil? não é atendida por rede de esgoto sanitá-
AOF – O assunto tem merecido toda a rio. Isso é uma verdadeira tragédia, pois,
atenção do Ministério das Cidades, mas a em pleno século XXI, os brasileiros se
herança que recebemos é desastrosa. Cer- deparam com um problema que grande
ca de 45 milhões de pessoas não têm aces- parte dos países em desenvolvimento já
so a água potável e outros 90 milhões, ou resolveu há algum tempo.
Qual tem sido a atuação do Minis- dado. Nós instituímos, nesse novo progra-
tério das Cidades para resolver este ma, um mecanismo de valorização da efici-
problema? ência não só na construção da obra e dos
AOF – O nosso governo está enfrentan- empreendimentos, mas também na pró-
do este desafio e elaborou, com a partici- pria prestação do serviço combinado.
pação do setor de saneamento e da socie-
dade, o Projeto de Lei 5296/05, que ins- Como o Ministério das Cidades tra-
titui o marco regulatório para o setor e balhou para o estabelecimento do
cria também a Política Nacional de Sanea- marco regulatório para o sanea-
mento Ambiental. Desde maio de 2005, mento?
este Projeto de Lei encontra-se no Con- AOF – É um assunto complexo que exi-
gresso, a quem cabe trabalhar para aprová- giu dos técnicos a busca de um entendi-
lo o mais rápido possível, porque o país mento com o setor e com a própria soci-
tem urgência com relação a esta matéria. edade, para que o projeto pudesse chegar
Há mais de 20 anos não existem regras à Câmara com o mínimo de conflitos pos-
para o saneamento, o que provoca uma sível. No setor de saneamento, por falta
série de problemas de ineficiência e de
falta de transparência na prestação do ser-
viço e na aplicação dos recursos, o que é
“ O FGTS foi criado para
possibilitar investimentos em
infra-estrutura urbana,
de uma política definida, temos encontra-
do muitas resistências, particularmente
por parte das companhias estaduais que,
um outro desafio. hoje, trabalham sem regras. O prestador
particularmente se auto-regula, define suas próprias tari-
Além da falta de uma política pú- fas, planeja para si, não pensa nas cidades,
blica para o setor, que outros fato-
res contribuíram para a atual situa-
ção do saneamento no Brasil?
habitação e saneamento
“ Existe a possibilidade de
empresários italianos
trabalharem em projetos
ra fase da cooperação foi de absoluto su-
cesso e já estamos tomando providências
cados no saneamento básico e vão ajudar,
e muito, o Brasil a superar suas carências.
Mais de 25.000
Pesquisa
exportadores brasileiros
por
Código SH
Clique no campo
Por Código SH, digite os
6 dígitos do produto desejado
e clique em Pesquisar.
Uma lista de exportadores será exibida.
Clique no nome de uma empresa e Pesquisa por produto, país de destino
visualize suas informações comerciais. Utilize,
se preferir, a opção País de Destino para limitar ou nome do exportador
sua pesquisa a um mercado específico.
O
s representantes da Itália, por
exemplo, esperam que o Brasil re-
duza o número de exigências para
a importação. Eles são grandes produto-
“ A Itália tem boa experiência
com pequenas empresas.
Queremos explorar todas as
sidente da Generali Seguros, Federico
Baroglio; o Vice-Presidente da Câmara
Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria
res de agro-alimentos e sentem-se preju- do Rio de Janeiro, Raffaele di Luca; e
dicados pela burocracia de nosso país. Os
italianos citaram a dificuldade encontrada
para exportar vinho, pois muitas vezes o
possibilidades de cooperação
M ARCIO F ORTES DE ”
A L M E I DA N
Oswaldo Trigueiros Jr, Presidente do
Conselho de Turismo da Confederação
Nacional de Comércio – CNC.
produto aguarda até um ano para ser libe- Dando início aos trabalhos, o Presiden- Antes de passar a palavra ao Ministro
rado pela alfândega brasileira. Já os brasi- te da FCCE, João Augusto de Souza Lima, de Estado das Cidades, Marcio Fortes de
leiros querem contar com uma participa- agradeceu a presença das autoridades e Almeida, o presidente da FCCE anunciou
ção mais efetiva de investidores italianos, empresários e convidou para a mesa da a realização de uma série de seminários
públicos e privados, na área do saneamento Sessão Solene de abertura o Ministro de bilaterais para o ano de 2006. Serão mais
básico, na qual vários projetos de coope- Estado das Cidades, Marcio Fortes de 11 encontros que contarão com o apoio
ração estão sendo firmados. O Ministro Almeida; o Lugar-Tenente da Ordem do do Ministério do Desenvolvimento, In-
de Estado das Cidades, Marcio Fortes de Santo Sepulcro de Jerusalém, Gustavo dústria, Comércio Exterior do Ministério
Almeida, em seu pronunciamento na aber- Affonso Capanema; o Embaixador Paulo das Relações Exteriores.
tura do seminário, destacou os laços que Pires do Rio, ex-Embaixador do Brasil na O ministro das cidades, inicialmente,
unem Brasil e Itália, dois povos que, além Itália; o Cônsul-Geral da Itália no Rio de agradeceu o convite para participar do se-
da origem latina, têm a cultura como um Janeiro, Ernesto Massimo Bellelli; o Pre- minário. Segundo ele, o fato de ter troca-
dos pontos de interesses convergentes. sidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Co- do de ministério não o impede de estar
M
aria Auxiliadora abriu os trabalhos mais recursos ao país. las, aviões e autopeças.”
ressaltando que a Itália é o único “Cerca de 55% das nossas exportações Fabio Martins Faria ressaltou, ainda, que
país que tem duas agências do são de manufaturados. O maior crescimen- as exportações do setor petrolífero são
Banco do Brasil, o que demonstra sua to em 2005 foi, também, de produtos ma- significativas, mesmo o Brasil tendo um
importância para o Banco. Ela afirmou, nufaturados, o que projeta ainda maior cres- déficit de balança comercial neste setor.
ainda, que o comércio entre italianos e cimento desse tipo de produto na nossa pauta Ele lembrou a importância do Estado do
brasileiros tende a aumentar. de exportação. Outro destaque é que estas Rio de Janeiro nesta área.
20
41
Manufaturados
Semimanufaturados
deste setor destaca-se a Fiat
FABIO MARTINS FARIAN ”
Básicos
Marcio Fortes de Almeida, João Carlos Cavalcanti e Abelardo de Oliveira Filho discutiram as potencialidades das áreas de tecnologia e saneamento.
“ Melhorar a infra-estrutura
destrava o crescimento
investimentos privados para a infra-es-
trutura e reduzir o custo, hoje, a cargo
do Estado, com a realização e a conser-
Transportes e energia
Em relação aos transportes, o banco tem
da economia
”
J O Ã O C A R L O S C AVA L C A N T I N
vação dessas obras. A experiência inter-
nacional revela que as PPPs podem ge-
rar ganhos de eficiência de até 20% do
se revelado um instrumento do Estado para
tentar mudar a atual matriz do setor.
“A participação das ferrovias no des-
“A melhoria da infra-estrutura é valor das obras e dos serviços contrata- locamento de cargas é historicamente
crucial para evitar os gargalos de logística dos. Estes ganhos são feitos por contra- baixa no Brasil. Em 1995, correspondia
e destravar o potencial de crescimento tos que incentivam a inovação, o aper- a apenas 15% da matriz de transporte.
da atividade econômica. O caso do raci- feiçoamento tecnológico e a redução de Em 2003, a participação atingiu a marca
onamento de energia em 2001 é o exem- custos de longo prazo. Por fim, um im- de 24% e, em 2004, possivelmente su-
plo mais visível disso. Ele causou cons- portante instrumento do governo de perou os 25%. Apesar disso, esta parti-
trangimento à população brasileira. Exis- incentivo ao investimento é, sem dúvi- cipação ainda é considerada pequena em
tem, ainda, vários outros gargalos logís- da, o próprio BNDES, dedicado prio- comparação com a de outros países de
ticos que atualmente afetam a competiti- ritariamente ao financiamento de infra- grandes dimensões, como os Estados
vidade dos produtos brasileiros e o de- estrutura.” Unidos e a Rússia. O BNDES participa
sempenho da economia.” O BNDES participa da câmara técnica da estruturação da Brasil Ferrovias, que
que instrui as deliberações do órgão vai restaurar e modernizar dois dos mais
Conciliação gestor das PPPs. Por meio de um con- relevantes corredores ferroviários do
A necessidade de conciliar a expansão vênio com o Ministério do Planejamen- Brasil, que possibilitam o escoamento
dos investimentos com uma elevada meta to, disponibilizará seus técnicos para tra- da produção agrícola do Centro-Oeste.
de superávit primário fez com que o go- balhar em conjunto com a unidade res- O plano de investimentos prevê aquisi-
ções de locomotivas que permitirão do- missão e distribuição de energia. O ban- atenção de quem se preocupa com aspec-
brar o volume da carga exportada, bem co disponibilizou financiamentos de lon- tos infra-estruturais do desenvolvimento.
como melhorar o acesso ao Porto de go prazo e ajudou na redução das tarifas. Destacam-se também, dentro da atuação
Santos.” A possibilidade de crédito mais baixo per- do BNDES, o Programa de Apoio e In-
mitiu que as empresas concorrentes fi- vestimentos em Fontes Alternativas de
“ Apoiamos investimentos
em fontes alternativas
para diversificar
zessem ofertas mais agressivas nos lei-
lões de energia.
Segundo o superintendente de infra-
Energia Elétrica – PROINFA, e o Progra-
ma de Investimentos em Biodiesel. Am-
bos contribuem para uma maior diversifi-
estrutura, o BNDES também participa cação da matriz energética, aumentando a
nossa matriz energética
J O Ã O C A R L O S C AVA L C A N T I N ” de projetos ligados à indústria do pe-
tróleo. Financia a fabricação de plata-
formas marítimas para exploração oce-
segurança do abastecimento.
“Com relação ao setor de telecomu-
nicações, o BNDES vem apoiando inves-
ânica e de embarcações de apoio maríti- timentos na melhoria da qualidade dos
João Carlos Cavalcanti afirma que o mo. Investe na exploração de petróleo serviços e na evolução tecnológica das
setor elétrico é outro em que o BNDES e gás, inclusive no transporte, por meio empresas de telefonia fixa e celular, des-
tem tido uma participação estratégica, dos gasodutos. de a reestruturação e a privatização ocor-
por meio de projetos de geração, trans- A energia é um segmento que merece ridas em 1998, tendo desembolsado até
o financiamento. 3.862
3.5
Através do programa BNDES-exim, 3.083
as empresas brasileiras de qualquer por-
3.0
te têm à sua disposição várias linhas de
Estimativa
financiamento voltadas para a realidade 2.5
e para as exigências do mercado inter- 2.065 2.603
nacional. Cada caso é um caso e as in- 2.0
tenções das empresas interessadas em 2.100
entrar ou em continuar no mercado de 1.5 1.185
exportações são analisadas pelos técni-
cos do Banco. 1.0
Entre 2000 e 2004, o BNDES fi- 373 388
280
nanciou US$ 21 milhões de capital de 0.5
64
giro para exportação, em quatro ope-
0
rações que incluíram mais de 200 mi- 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
cros, pequenas e médias empresas,
produtoras de calçados e artefatos de serviços de mais de 100 bancos estran- acordo com a característica de cada ope-
couro, por meio da empresa Ancla geiros em vários países. Cerca da meta- ração. As garantias mais freqüentes são o
South Service Trading, com sede no Rio de das mais de 1.100 operações de ex- seguro de crédito à exportação ofereci-
Grande do Sul. portações que o BNDES realizou em do pelo governo brasileiro por meio da
Este é um exemplo da atuação do 2003 tiveram valor inferior a US$ 500 IRB Resseguros S.A em conjunto com
BNDES, que opera em parceria com mil e foram efetuadas com processa- a Seguradora Brasileira de Crédito à Ex-
uma rede de agentes financiadores ha- mento simplificado. portação. Para operar com países da
bilitados, que inclui a maioria dos ban- Nos financiamentos pós-embarque, América Latina é usado o Convênio de
cos que atuam no território brasileiro. o BNDES costuma operar com uma sé- Pagamentos e Créditos Recíprocos, mais
Além disto, o Banco também utiliza os rie de garantias, que são escolhidas de conhecido como CCR.
A
inda existem 45 milhões de pesso- O Secretário Nacional de Saneamento que cobram, onde aplicam os recursos e
as sem acesso à água de qualidade, do Ministério das Cidades informou, tam- não dão satisfação ao poder concedente
segundo dados de 2000. Pratica- bém, que sem marco regulatório é difícil nem aos usuários.”
mente metade da população não tem ser- atrair investidores privados. Abelardo de Oliveira Filho informou
viços de esgoto e 15 milhões não têm que o Governo Federal está financiando a
coleta regular de lixo. Qualquer chuva
vira um transtorno, principalmente nas
grandes cidades. Tudo isso por falta de
“ O Governo Federal está
financiando a primeira PPP
do saneamento: a construção
primeira PPP na área de saneamento: a
construção do emissário submarino de
Salvador, financiada com recursos do
uma política nacional de saneamento e FGTS. Ele afirmou, ainda, que para au-
por ausência de investimentos. Para en- do emissário submarino mentar a cobertura dos serviços de sane-
frentar esta situação, seriam necessários amento básico, dois componentes que,
investimentos da ordem de R$ 178 bi-
lhões ao longo de vinte anos, entre 2000
e 2020. Cálculos técnicos informam que
de Salvador
ABELARDO DE ”
OLIVEIRA FILHON
anteriormente, não eram financiados com
recursos do FGTS foram incluídos: o
manejo de resíduos da construção e de-
seria preciso investir 0,45% do PIB por “Um projeto de lei foi encaminhado molição, e a preservação e recuperação
ano, a partir de 2004.” para a Câmara, em 2005. Este projeto pas- de mananciais.
A maior parte das companhias de sane- sou dois anos sendo construído e garan-
amento é pública e o grande desafio é au- te a autonomia dos municípios. Permite Experiência italiana
mentar a eficiência e a gestão dos operado- ao Estado definir as funções públicas. A Itália tem ampla experiência na área
res, sejam eles públicos ou privados. O Brasil Resgata os direitos dos usuários e garan- de saneamento ambiental, dentro de uma
tem 5.561 municípios, dos quais 3.921 são te a segurança jurídica aos contratos. visão integrada de trabalho com gestão de
servidos por companhias estaduais de sa- Além disso, define a gestão dos serviços recursos hídricos. Isto envolve o abaste-
neamento; 1.600 têm saneamento opera- de saneamento básico, entendendo estas cimento de água e o manejo das águas plu-
do pelos municípios e apenas 67 têm a par- ações como abastecimento de água, es- viais urbanas, além do tratamento dos re-
ticipação de empresas privadas, alguns de- gotamento sanitário, manejo dos resídu- síduos e do esgotamento sanitário. As pos-
les em regiões metropolitanas importan- os sólidos e manejo das águas fluviais. sibilidades de parceria com o Brasil nesta
tes, como Niterói e Campos (RJ), Manaus Dispõe que a gestão envolve planejamen- área são bastante amplas.
(AM), Campo Grande (MS), Limeira e to, fiscalização e prestação dos serviços. “A cooperação italiana com o Brasil tem
Ribeirão Preto (SP). Estas cidades desen- O Brasil é o único país do mundo onde como componentes principais a gestão de
volveram uma espécie de PPP na área de esse setor é auto-regulado, ou seja, os território e o manejo das áreas urbanas,
tratamento de esgoto. próprios operadores definem as tarifas que já contou com a capacitação de agen-
Futuro da cooperação
nos. O Instituto é parceiro das empresas
italianas que trabalham no exterior. Assis-
com a América do Sul
DIEGO TOMASSININ ”
O Secretário Nacional de Saneamento te estas empresas nos processos de inter-
revelou-se otimista quanto ao futuro da nacionalização e opera em conexão com “Nós participamos com nossas empre-
cooperação entre os dois países, afirmando os ministérios do Exterior e das Ativida- sas de dez feiras brasileiras e realizamos
que as duas partes estão inteiramente satis- des Produtivas, além de associações de 16 missões de operadoras brasileiras na
feitas com a primeira fase do processo. Se- empresas, governos regionais, câmaras de Itália em 2005. Além disto, promovemos
gundo ele, existe ainda a perspectiva da comércio e organizações internacionais. 13 cursos de formação para empresas na-
construção de obras-piloto aproveitando Segundo Diego Tomassini, a instituição cionais. Tivemos contato, este ano, com
o conhecimento difundido nos cursos. já realizou quinhentos estudos de merca- 45 mil operadores brasileiros e isso reve-
Uma outra iniciativa que pode sair do do e pesquisas setoriais em diversos paí- la o interesse que o governo italiano tem
papel, segundo o Secretário de Saneamen- ses, e editou 137 guias. Em 2005, foram no intercâmbio comercial com o Brasil.”
to, é o Programa 100 Cidades. “A idéia é investidos € 82 milhões. “Estamos reali- Em 2002, o instituto realizou quatro
escolher cem cidades brasileiras para tra- zando cerca de 130 projetos em oitenta seminários bilaterais Brasil-Itália. Um
balhar em cooperação técnica, envolven- países. Assistimos 16.500 empresas italia- deles foi sobre proteção ambiental e sa-
do diversos aspectos da política de de- nas e 22 mil empresas estrangeiras. Des- neamento, envolvendo cerca de quatro-
senvolvimento urbano, dentro da visão tas, 1.700 são brasileiras”. centos operadores brasileiros e trinta
integrada do saneamento ambiental e atu- Para o Ministério das Atividades Pro- italianos.
ando com trocas de experiências entre dutivas da Itália, o Brasil é prioridade, ao “O instituto tem um convênio com o
Brasil e Itália”. lado da China, da Rússia e da Turquia. Ministério do Meio Ambiente da Itália,
Tomassini informou, também, que existe para o desenvolvimento de atividades re-
Brasil é prioridade um orçamento de € 2,8 milhões para pro- lacionadas a acordos assinados entre o
O segundo expositor do Painel II foi mover o intercâmbio comercial com o governo italiano e o brasileiro. A Itália
Diego Tomassini, do Instituto Italiano para Brasil, o que representa 55% de todos os tem interesse em investir no processo
o Comércio Exterior, que tem mais de recursos italianos para o intercâmbio com de saneamento. O manejo dos resíduos
cem escritórios em cerca de oitenta paí- a América do Sul. tornou-se uma atividade lucrativa que
2.000
1.500
US$ FOB
1.000
500
0
2001 2002 2003 2004
-500
Importações Totais Exportações Totais Saldo
-1.000
Há um certo equilíbrio entre exportações e importações dos dois países
Na mesa do Painel III, João Augusto de Souza Lima e o Secretário de Turismo do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Ricardo de Almeida.
O
O Painel III, presidido por Sér- para os empresários foram feitas primeiro expositor foi Fernando
Valente Pimentel, Diretor-Supe-
gio Ricardo Martins de Almeida, neste painel, deixando claro que rintendente da Associação Brasi-
leira da Indústria Têxtil – ABIT. Ele co-
Secretário de Estado de Turismo só a identificação entre o povo meçou falando da dimensão atual do mer-
do Rio de Janeiro, teve como brasileiro e o italiano não é sufi- cado têxtil brasileiro, mostrando núme-
ros animadores.
tema O Estado Atual das Rela- ciente para incrementar trocas “O setor têxtil de confecções do país
fatura por ano US$ 25 bilhões. Exportou
ções Comerciais – os Setores de comerciais entre os dois países. US$ 2 bilhões em 2004, tem mais de 30
Moda, Design e Turismo. Suges- É preciso vontade política e es- mil empresas, emprega direta e formal-
mente mais de 1,5 milhão de pessoas e
tões para o Governo Federal e pírito de iniciativa. tem investido em torno de US$ 1 bilhão
por ano, nos últimos dez anos. Os investi- Exportações italianas da cadeia têxtil
mentos realizados no setor, além de te- Principais destinos
rem gerado bons preços para o consumi-
dor, foram responsáveis pelo crescimen- Valores em US$ milhões % Share % Var.
to expressivo das vendas externas do país.” Países 2002 2003 2004 2004
2004 04-03
04-03
Apesar do volume de recursos gerado Total 25.885 29.472 32.667 100,00
100,00 10,84
10,84
pelo setor de vestuário no país, Fernando EU - 25 países 14.580 16.316 17.838 54,61
54,61 9,33
9,33
Pimentel considera a participação da indús- Alemanha 3.751 3.949 4.181 12,80
12,80 5,86
5,86
tria têxtil do Brasil no mercado mundial França 2.761 3.211 3.548 10,86
10,86 10,52
10,52
ainda pequena, mas há inúmeros potenci- EUA 2.094 2.210 2.391 7,32
7,32 8,22
8,22
ais a serem desenvolvidos. “Mesmo tendo Espanha 1.521 1.866 2.137 6,54
6,54 14,53
14,53
uma participação pequena no mercado Reino Unido 1.637 1.751 1.961 6,00
6,00 12,01
12,01
mundial, já que a indústria têxtil é mais vol- Romênia 1.087 1.354 1.550 4,75
4,75 14,51
14,51
Suíça 960 1.312 1.545 4,73
4,73 17,77
17,77
tada para o mercado doméstico, a possibi-
Japão 1.025 1.151 1.158 3,54
3,54 0,60
0,60
lidade de aumento dos negócios com a Itá-
Hong Kong 750 853 989 3,03
3,03 15,97
15,97
lia é de enorme importância, principalmen- Rússia 626 770 941 2,88
2,88 22,31
22,31
te se for levada em conta a perspectiva da Turquia 460 580 830 2,54
2,54 43,23
43,23
conclusão de um acordo entre o Mercosul Tunísia 640 736 810 2,48
2,48 10,12
10,12
e a União Européia”. Holanda 660 726 793 2,43
2,43 9,17
9,17
Grécia 581 658 776 2,38
2,38 17,93
17,93
Desafio chinês Bélgica 638 682 775 2,37
2,37 13,75
13,75
O Diretor-Superintendente da ABIT Portugal 524 561 607 1,86
1,86 8,25
8,25
acredita que a criatividade do setor têxtil Áustria 441 489 564 1,73
1,73 15,44
15,44
do Brasil e da Itália favorece os dois paí- Polônia 376 439 443 1,35
1,35 0,80
0,80
ses, mas a China representa um grande Brasil 54 51 65 0,20
0,20 27,38
27,38
Fonte: GTIS – Global Trade Information Service
desafio para ambos. Isto se traduz na cifra
de US$ 400 bilhões em comércio mun- “Teremos que enfrentar a competição
dial, da qual os chineses deverão dominar legal e ilegal da China. No ano passado,
cerca de 25%. das cerca de trinta mil toneladas de vestu-
“Já que estamos tratando do Brasil e ário embarcadas da China para o Brasil,
da Itália, podemos afirmar que são dois registramos em nossos portos a entrada
povos criativos e com uma história que de apenas nove mil toneladas. Onde fo-
demonstra capacidade de desenvolver e ram parar as outras 21 mil toneladas? De
de apresentar soluções para o mercado alguma maneira elas estão no mercado
de vestuário e de calçados. É bom lem- brasileiro. Este é um caso de polícia.”
brar, porém, que, atualmente, todos os
países estão vivendo, ao mesmo tempo, Relações com a Itália
um enorme desafio e grandes oportuni- Os produtos nacionais estão tendo
dades. Em 2004, com o fim de um acor- acesso em massa ao mercado mundial. As
do global de têxteis e vestuário, este mer- marcas brasileiras estão sendo vendidas
cado, que foi contingenciado por mais de como parte de um esforço de exportação
quarenta anos, passou a ser um mercado
livre até meados de 2005, quando a União
Européia restabeleceu restrições volun-
realizado já há alguns anos. Em termos de
Itália, segundo o Diretor-Superintenden-
te da ABIT, o Brasil ainda é deficitário e
“ Se for bem desenvolvido,
o turismo, teremos um
produto de alto nível
tárias à China.” mantém, ao mesmo tempo, uma relação
Dentro de um ambiente com possi-
bilidade de transações mais livres, o gi-
gante chinês aproveitou todas as opor-
bastante forte com as marcas italianas, que
atualmente estão muito presentes no mer-
cado brasileiro.
com muitas divisas
”
O S WA L D O T R I G U E I R O S J R . N
tunidades. Por isto, segundo Fernando “Já tivemos um comércio com a Itália cado mundial e conta com uma grande
Pimentel, as exportações de têxteis da muito maior do que temos hoje e, em dose de valor agregado. A Alemanha é o
China, em 2005, devem fechar com pra- 2005, devemos repetir o nível de comér- principal comprador dos italianos, e o
ticamente o mesmo volume das expor- cio do ano anterior. O mercado de têxteis Brasil compra apenas 0,20% do que a Itá-
tações totais do Brasil. da Itália representa cerca de 8% do mer- lia produz”.
Federico Baroglio, Ernesto Massimo Bellelli, o Embaixador Paulo Pires do Rio, o Ministro Marcio Fortes de Almeida e Gustavo Capanema.
O
maras de Comércio Exterior – Bellelli; o diplomata Paulo Pi- Ministro das Cidades considerou
que a tarde dedicada à análise das
FCCE, João Augusto de Souza res do Rio, Ex-Embaixador do relações bilaterais entre Brasil e
Lima, designou o Ministro de Brasil na Itália; o Lugar-Tenen- Itália foi rica em informações e manifes-
tou o desejo de enriquecê-la ainda mais,
Estado das Cidades, Marcio For- te da Ordem do Santo Sepulcro com a participação do Ministro Ivan
tes de Almeida, para a presidên- no Brasil, Gustavo Affonso Ca- Ramalho, a quem passou a palavra. O mi-
nistro iniciou sua fala reiterando o prazer
cia da mesa. Como membros da panema; o Superintendente de com que, mais uma vez, tomou parte de
mesa , foram também convida- Infra-Estrutura do BNDES, João seminários concebidos e realizados pela
O presidente da mesa, Ministro Marcio dade entre nós, brasileiros. Somos, como
Fortes de Almeida, ao assumir a palavra, dizia um poeta, “a última flor do Lácio”.
pediu licença ao expositor Ivan Ramalho Ou seja, a língua portuguesa vem da re-
para lembrar a criação recente de um outro gião do Lácio, e Roma vem do Lácio. Além
programa do Governo Federal de incenti- desse vínculo da língua, o Brasil tem 125
vo às exportações brasileiras: o “Exporta- milhões de católicos, é a maior população
Cidade”, já em vigor e com excelentes re- católica do mundo. Isto nos vincula fun-
sultados. Em seguida, solicitou ao Embai- damentalmente à Itália, porque a sede da
xador Paulo Pires do Rio que, na qualidade nossa catolicidade se encontra no Vaticano,
de ex representante diplomático do Brasil que é um pais na cidade de Roma. Se o
na Itália, fornecesse ao plenário um breve Brasil não tem com a Itália aquela verti-
depoimento sobre o seminário a que aca- gem de comércio que tem com os Esta-
bara de assistir. O embaixador declarou-se dos Unidos e o resto com a Europa, tem
“maravilhado” por ter estado presente a uma com Roma algo que nenhum outro país
tarde em que foram passadas em revista as tem. Somos 125 milhões de pessoas liga-
relações bilaterais entre Brasil e Itália, atri- das ao Vaticano. Temos padres, bispos, car-
buindo seu sucesso à liderança de João deais, todos nomeados pelo Vaticano. Sem
O
crescimento da produção de teci- desenvolvendo e atraindo público e curi-
dos de alta qualidade foi possível, Segundo Fernando Pimentel, o Brasil osidade cada vez maiores e, mais do que
entre outros fatores, devido a uma tem muito a aprender com a Itália, mas isso, gerando bons negócios.
mão-de-obra muito bem treinada, a qual também tem o que mostrar e ensinar.
conduziu a Itália, especialmente a região “Bem mais jovem do que a moda italiana, a Novos tempos
de Milão, ao topo da moda mundial. moda brasileira tem uma trajetória muito in- No final de 2004, o Acordo de Têxteis
Segundo o economista Fernando Va- teressante. Durante muito tempo nossos e Vestuários – ATV, chegou ao fim e, as-
lente Pimentel, Diretor-Superintenden- olhos estavam voltados para fora, com pouco sim, o mundo passou a não ter mais um
te da Associação Brasileira da Indústria reconhecimento, valorização ou integração das controle global de cotas nesta área. A par-
Têxtil e de Confecção – ABIT, Brasil e nossas origens culturais e daquilo que repre- tir de então, acordos regionais e voluntá-
Itália têm muito a ver um com o outro senta a nossa arte, a nossa expertise maior. Hoje, rios têm sido realizados pelos Estados
quando o assunto é moda. a situação mudou. O mundo já reconhece no Unidos e pela União Européia. Existe, atu-
A tradição de costura doméstica ita- Brasil um pólo importante, gerador e forma- almente, a possibilidade de um acordo do
liana gerou condições para que a indús- dor de talentos e de exportação de moda, Mercosul com a União Européia, o que,
tria da moda, tanto feminina como mas- estilo e maneiras de viver.” segundo Fernando Pimentel, abrirá um
culina, se desenvolvesse dentro do mer- O diretor da ABIT afirma, ainda, que as espaço de cooperação e desenvolvimen-
cado mundial, culminando, na década semanas de moda do Brasil – a São Paulo to ainda mais intenso, que pode incorpo-
de 1970, com a criação da Semana da Fashion Week e a Fashion Rio – estão presen- rar, inclusive, a relação que brasileiros e
Moda de Milão – ao lado das semanas tes nas grandes revistas de moda interna- italianos mantêm no mundo fashion.
de Paris, Londres e Nova Iorque – con- cionais e em sites especializados. São even- “O Brasil tem hoje mais de vinte escolas
siderada, hoje, a mais importante do tos relativamente jovens, se comparados de moda e o Instituto Europeu de Design,
mundo. às semanas de Milão e Paris, mas vêm se de origem italiana, mantém uma filial em São
que não conseguem chegar ao mercado zando e tem talento e criatividade. Ainda “Esta história de que a China é um país
mundial por questões de custos, língua existem, claro, enormes barreiras.Temos de produtos de baixa qualidade técnica,
etc. Queremos mostrar e capacitar estes pequenas empresas que sofrem para ob- com pouco valor agregado, é coisa do pas-
grupos a se integrar em escalas de pro- ter crédito, para dar conta da burocracia sado. Os chineses têm um plano de traba-
dução maiores, como sub-contratados. e da logística de transportes. Vamos tra- lho e estão no décimo Plano Qüinqüenal.
Assim, estaremos divulgando nossa cul- balhar forte com a área de serviços e de São pragmáticos e, tanto produzem arti-
tura por meio do jeans, da blusa, da saia, atendimento, para que o mercado possa gos que demandam uma enormidade de
do biquíni, do adorno, dos acessórios e ser abastecido de forma adequada, a tem- gente, porque precisam dar emprego para
dos bordados. A moda brasileira vem ga- po e a hora.” toda a sua população, quanto se automa-
nhando destaque, porque está se organi- A moda representa, no Brasil, um tizam usando o que há de melhor em tec-
faturamento de US$ 25 bilhões por ano; nologia. A China já é o quarto fornecedor
emprega mais de 1,5 milhão de pessoas; de máquinas e equipamentos para a in-
“ Não somos fechados ao que
vem de fora, mas procuramos
mostrar o que produzimos:
congrega mais de trinta mil empresas que
vêm investindo cerca de US$ 1 bilhão por
dústria têxtil e de confecção brasileira.
Perde apenas para Alemanha, Itália e Ja-
ano, nos últimos dez anos. pão. Há dez anos, a China era traço nesse
um estilo de vida único que O Brasil tem participação pequena no segmento.”
comércio mundial de têxteis, um mercado Para competir com a China, o Brasil
que se traduz em boa moda
FERNANDO PIMENTELN ” que movimenta cerca de US$ 400 bilhões
e tende a dobrar nos próximos dez ou 12
anos. Nossa participação é de apenas 0,5%,
não deve disputar a mesma faixa de mer-
cado. Fernando Pimentel garante que a
ABIT tem orientado seus afiliados neste
aproximadamente. Para sentido.
Fernando Pimentel, “Precisamos nos inserir numa faixa que
“se temos a sensação não seja de disputa frontal com a China.
de que muito há por Para isto, vamos explorar nosso design, a
fazer, há um grande criatividade, a ocidentalização e as escolas
incentivo, pois se pas- de moda. O chinês não tem, ainda, todo
sarmos de 0,5% para 1% este marketing ocidental. É evidente que
dobraremos a participação vai aprender, mas eles têm uma cultura e
neste mercado, com um poten- nós temos outra, no momento muito va-
cial de US$ 4 bilhões em expor- lorizada. O Brasil é um país que o mundo
tação, uma fantástica possibilidade gosta, não um país que o mundo teme.
de geração de emprego, de renda, de Realmente, o desafio chinês é tremendo,
inclusão social e de imagem posi- mas Brasil e Itália têm muito a ganhar
tiva para o Brasil, porque a numa relação comercial que envolva
moda projeta um país.” moda, design, estilo, móveis e marmoraria,
pois temos criatividade, infra-estrutura e
A competição com a custos competitivos.”
China O Brasil enfrenta questões macroeco-
A ascensão da China como a nômicas de difícil solução, como altas ta-
maior potência do segmento xas de juros e elevada carga tributária , o
têxtil e de vestuário é o grande que, segundo a ABIT, acaba reduzindo a
desafio da indústria têxtil capacidade de inserir nossos produtos no
mundial. O país que até há exterior. Mesmo assim, eles são competi-
pouco tempo era uma tivos; se não fossem, não teríamos dobra-
ameaça, em termos de do as exportações nos últimos cinco anos.
preços de produto, “Temos que encontrar nossa faixa de
está agora produzin- competição. Não minimizo o desafio que
do para grandes está sendo imposto a todas as cadeias pro-
marcas interna- dutivas mundiais, com a entrada da China,
cionais com qua- de forma marcante, em uma série de seg-
lidade de etique- mentos mercadológicas, inclusive de bens
tas, inclusive ita- de tecnologia mais avançada. Acho porém
lianas. que existe espaço para todos.”
O
Instituto Italiano para o Comér-
cio Exterior tem mais de cem
escritórios em mais de oitenta paí-
ses, trabalhando no desenvolvimento e no
favorecimento do comércio com a Itália.
No Brasil, dirigido por Ricardo Landi,
o instituto tem escritórios em São Paulo e
no Rio de Janeiro e atua em setores como
mecânica, moda, têxteis e cosméticos.
A Itália, muito forte na produção de
produtos agro-alimentícios, tem se dedi-
cado também ao setor do meio ambiente.
O representante do Instituto Italiano no
Seminário Bilateral de Comércio Exteri-
or e Investimentos Brasil-Itália, Diego
Tomassini, enxerga na preocupação eco-
lógica comum aos dois países boas possi-
bilidades de relacionamento.
“Há três anos estamos trabalhando na
área de meio ambiente, tendo como base
um acordo entre os ministérios do meio
ambiente italiano e brasileiro. Nós atua-
mos na análise e estímulo a projetos de
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
– MDL , por meio dos quais a Itália com-
pra créditos de carbono.”
O Protocolo de Quioto, que entrou
em vigor em fevereiro de 2005, incorpo- Diego Tomassini acredita que o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo pode gerar bons negócios.
rou em suas resoluções, por sugestão de
técnicos e ambientalistas brasileiros, o nada a diminuir a emissão de gases de efei-
MDL. Ele permite que os países desen-
volvidos, obrigados a reduzir emissões de
“ Nossa expectativa é trazer
para o Brasil grupos italianos to estufa onde quer que eles sejam pro-
duzidos atualmente.
gases poluentes que aceleram o efeito es-
tufa, possam financiar projetos sustentá-
veis nos países em desenvolvimento.
da área ambiental
DIEGO TOMASSININ ” As Nações Unidas já aprovaram algu-
mas metodologias de redução de gases,
vinculadas ao tratamento de resíduos só-
“Nossa expectativa é trazer para o Bra- de efeito estufa não tem limites de fron- lidos. Isto significa, principalmente, o tra-
sil empresas e grupos italianos que traba- teiras ou de países. Afeta simplesmente o tamento efetivo de aterros sanitários de
lhem com MDL e, dessa maneira, respon- mundo inteiro.” lixo. Um convênio entre a Itália e o Brasil
der às necessidades estabelecidas no Pro- Segundo Diego Tomassini, a Itália pre- foi assinado em dezembro de 2004, em
tocolo de Quioto. A Itália, como a maioria tende estimular a instalação, em território Buenos Aires, durante uma conferência
das nações européias, é devedora de cré- brasileiro, de projetos que empreguem promovida pela ONU. Atualmente, o de-
ditos de carbono e metano. Já o Brasil é tecnologias eficientes de combate à po- safio é implementar estes convênios atra-
um potencial credor. A emissão de gases luição. Trata-se de tecnologia limpa desti- vés de ações concretas.
As máscaras de Veneza
O taglio della
testa al toro
No Século XII, mais precisamente no
ano de 1.162, o Patriarca de Aquiléia,
denominado Ulrich, apoiado por 12
“feudatários” marquezes, invadiu a cidade
de Grado, protetorado veneziano.
O Doge de Veneza Vitale II, armou,
em tempo recorde, uma super-frota de
navios, e recapturou a cidade, aprisio-
nando o Patriarca e seus 12 “generais”.
Em função da intervenção direta de S.
Santidade o Papa Adriano IV, Ulrich e
sua equipe tiveram suas vidas poupadas
graças ao pagamento de um pesado tri-
buto de guerra, e a promessa de enviar,
anualmente, à cidade de Veneza (duran-
te a época do Carnaval) um touro (que
na realidade era um boi...) e 12 porcos,
bem gordos, para serem “sacrificados”
em Praça pública.
Desnecessário esclarecer que esses
animais representavam o Patriarca e seus
feudatários. Ai dos vencidos!
Esses animais eram sacrificados em
Praça Pública, da forma a mais sangrenta
possível, Dilacerados, rasgados ainda em
vida, e na presença do próprio Doge, que
se vestia todo de vermelho para essa ceri-
mônia, o qual, depois desse banho de san-
gue, convidava as principais autoridades
presentes, inclusive embaixadores estran-
geiros, para um formidável banquete co-
memorativo!
Quando os carrascos acabavam de
esquartejar esses animais, seus pedaços de
carne, por ordem de Sua Graça o Doge,
eram distribuídos entre os mendigos e
prisioneiros de Veneza, com uma condi-
ção: que os mesmos comprovassem seu
nascimento na cidade!
Esta cerimônia tinha lugar exclusiva-
mente na quinta-feira de Carnaval, e não
deve ser confundida com uma outra, mui-
to semelhante, chamada de “caça aos tou-
ros”, espetáculo que se reproduzia duran-
te todo o período de Carnaval, nos mais
diversos lugares, e em diferentes propor-
ções, e que conseguia ser ainda mais san-
grento e brutal.
À frente do Ministério do Meio Ambi- versidade natural das diferentes regiões do dá medo o futuro dessa baía, berço
ente está Marina Silva, figura de bem, ma- nosso país. Isso gera cultura, renda e em- de uma flora e uma fauna tão ricas?
ravilhosa, que todo mundo queria ter prego, entre outros benefícios. O Brasil S.R. – De uns anos para cá, a Baía de
como madrinha de casamento; mas o que avançou bastante ao adotar uma legislação Sepetiba tem sido mesmo agredida de uma
aconteceu? Nos últimos anos, mais de ambiental moderna. maneira selvagem pelos mais variados ti-
20% da Floresta Amazônica foi devastada. É preciso, porém, travar uma discus- pos de poluição. Agora, fala-se, timida-
Nem me atrevo a imaginar que o presi- são séria e profunda sobre a sua compati- mente, em recuperá-la, mas confesso que
dente não tenha preocupação com isso. É bilidade com as demais políticas públi- tenho minhas dúvidas a respeito do su-
difícil mesmo controlar isso, sem falar na cas de país em desenvolvimento. Isso, é cesso dessa empreitada, que ainda nem
morosidade da justiça brasileira, quando claro, ao lado da urgente necessidade de começou a ser posta em prática. Em com-
se trata de reprimir ilegalidades. se montar um esquema eficiente de fis- pensação, podemos dizer que a Baía da
calização e monitoramento, que trans- Guanabara, apesar de todas as dificulda-
Que exemplo de turismo sustentá- forme esse belo edifício teórico, que é a des, começa a se revitalizar. Foram anos
vel deveria, em sua opinião, ser im- nossa legislação, em uma prática adequa- de grandes e continuados investimentos
plantado no Brasil? da à nossa realidade. públicos, absolutamente necessários para
S.R. – Um dos maiores absurdos de nos- que essa revitalização comece a acontecer.
sa realidade turística é o fato de ainda não Quando vemos tantos louvores à ins- Um dos índices mais simpáticos é a volta
dispormos de uma política de construção talação e ampliação do Porto de dos golfinhos, que, agora, vemos de novo
de hotéis em nossos parques nacionais. A Sepetiba e à dinamização da Zona nadando em bandos em suas águas.
exceção é o Parque Nacional de Itatiaia, Industrial de Santa Cruz, situada no
que abriga alguns, mas pessimamente ser- fundo da Baía de Sepetiba e que já O que diz o senhor a respeito dos
vidos de estradas de acesso. Como é que provocou a poluição das águas por derramamentos de óleo na Baía de
os visitantes desses parques, cujo número metais pesados resultantes dos dejetos Guanabara?
já atinge três milhões de pessoas por ano, da desativada Fábrica Ingá, não lhe S.R. – É péssimo quando isso acontece.
conseguem sobreviver por lá? Fico absolutamente deprimido, mas não
Se dotarmos esses parques de bons ho- Cidades mais visitadas por está em minha alçada resolver esse proble-
téis, que respeitem o meio ambiente e se- ma. Resta-me apenas clamar por mais se-
jam fiscalizados de forma permanente e
turistas estrangeiros gurança e sentir profunda tristeza, como
eficiente pelos poderes responsáveis, es- 1º Rio de Janeiro 36,9% no caso daquele despejo tóxico de uma
taremos compatibilizando preservação e 2º São Paulo 18,5% usina de Minas que inundou as águas do
desenvolvimento, pois, certamente, vai Rio Paraíba. Foi preciso correr para prote-
3º Salvador 15,8%
aumentar em muito o número de interes- ger os pescadores e a população ribeirinha,
4º Fortaleza 8,5%
sados em conhecer de perto a incrível di- consumidora dos peixes daquela bacia.
5º Recife 7,5%
6º Foz do Iguaçu 7,4%
7º Búzios 6,0%
Dados Estatísticos Brasil-Itália
Foto: Eugênio Kodama
8º Porto Alegre 5,9% Entradas TOTAL
9º Florianópolis 5,3% 2003 2004
10º Belo Horizonte 5,1% Rio 38435 47897
19º Paraty 1,71% Brasil 221.190 276.563
Quais são os interesses da Grimaldi sentido de que inauguramos o transporte A empresa atua também em outros
no Brasil? marítimo de veículos para a Europa. Nos continentes, na Ásia, na África, ou
RL – A Grimaldi é uma empresa que, primeiros tempos da Grimaldi no Brasil, a na Oceania?
entre as estrangeiras do setor, foi pio- quase totalidade da carga transportada uti- RL – Não diretamente. Nosso tipo de na-
neira no Brasil, onde está há 28 anos e lizava a linha do Mediterrâneo e dirigia-se vio ocupa um nicho de mercado e coube-
onde já teve oportunidade de contri- apenas à Itália. A empresa diversificou suas nos trabalhar com a América do Sul, a Itá-
buir decisivamente para o incremento linhas de atendimento e, agora, nosso alvo lia e o Norte da Europa. No Norte da Eu-
das relações comerciais entre Brasil e preferencial para a exportação de carros ropa existe, hoje, um mega-porto, o de
Itália. Nosso negócio é o transporte brasileiros são os portos do Norte da Eu- Antuérpia, onde a nossa carga, destinada a
marítimo de veículos e de contêineres, ropa. O transporte para a Itália continua a toda a Europa, é recebida. Ela é, preferen-
por meio de navios azuis e amarelos, existir sob a chancela da Grimaldi, mas cialmente, dirigida à Inglaterra, à França,
do tipo ro/ro, (roll-on e roll-off). interesses comerciais levaram-nos a ce- aos países nórdicos e à Alemanha. Quan-
Chegamos ao Brasil quase ao mesmo tem- der essas linhas a outras firmas transpor- do o destino é o Mediterrâneo, a Grimaldi
po em que a Fiat, e somos pioneiros no tadoras italianas. se encarrega de mudar a carga para navios
remessas para a Itália, que, no ano 2000, A Grimaldi opera também no Oce-
chegaram a mais de 35 mil veículos trans- transportada dirigia-se ano Pacífico?
portados por nós, foram, entretanto, mui- RL – Operamos apenas no Oceano
to reduzidas. Tornou-se mais lucrativo re-
passar esta tarefa a outras transportadoras.
Eu estou, atualmente, me dedicando ao es-
à Itália
R A F FA E L E DI ”
LUCAN
Atlântico e nosso limite, ao Sul, é o por-
to de Buenos Aires. Transportamos, tam-
bém, muitas cargas que provêm do Chi-
tudo de viabilidade econômica de rotas e As relações entre a Grimaldi e o le, por navegação de cabotagem, ou por
de serviços e ao ocasional repasse de linhas Brasil têm diminuído, permanecem terra, para serem embarcadas na capital
que não nos interessa explorar. em um mesmo nível ou tendem a argentina em direção aos países europeus
crescer? e ao Norte da África.
É curioso que o Brasil tenha expor- RL. – Não deixa de representar uma ex-
tado carros para a Itália. Os veícu- pansão repassar a nossa linha com destino Em sua opinião, que importância
los italianos são os mesmos que tra- ao Mediterrâneo sem o menor problema tem a realização de seminários que
fegam aqui? de encontrar interessados em pagar o que analisam as relações comerciais en-
RL – Há algumas diferenças. Os carros estimamos. Na verdade, à Grimaldi holding tre o Brasil e a Itália?
daqui são “tropicalizados”, enquanto os de foram incorporados navios de outras RL – Considero uma ótima oportunidade
lá requerem alguns equipamentos espe- transportadoras. Quanto à linha que vai para se diagnosticar e resolver, em nível lo-
cíficos, como os de aquecimento e remo- para o Norte da Europa, pode-se dizer que cal, problemas técnicos e táticos que,
ção parcial da neve, para defendê-los do também se acha em expansão, pois ope- porventura, existam nas relações comer-
frio e das intempéries de inverno. Os car- rava, no ano passado, com nove navios e, ciais entre os dois países. O seminário pode,
ros que seguem para a Europa são especi- neste ano, opera com 11. ao detectar esses nós, funcionar como uma
almente concebidos e construídos para daquelas câmaras de eco, que fazem reper-
exportação. Além dos requisitos exigidos Em que portos brasileiros atracam cutir os problemas, até que eles possam
pela diferença de climas, existem outros os navios da Grimaldi? alcançar os ouvidos de quem está apto e
para atender ao exigente padrão europeu RL – Regularmente, em sete: Rio Gran- tem capacidade para resolvê-los.
de qualidade e às diferentes condições das
estradas na América Latina e na Europa,
principalmente em relação ao asfalto em
que esses veículos vão trafegar. Esse é o
caso, por exemplo, da diferença entre os
amortecedores dos carros italianos e dos
brasileiros. Essas diferenças, algumas ve-
zes, podem trazer problemas de comer-
cialização. Se o carro não for vendido na
Europa, não vale à pena, do ponto de vista
econômico, trazê-lo de volta, retirar todo
A
Generali é hoje a terceira maior
podemos desconhecer a impor-
tância do mercado de São Pau-
seguradora européia em núme-
ro de vendas, considerando que
a Itália ocupa a terceira posição no setor
“ Um maior equilíbrio na renda
da população pode levar a um
desenvolvimento na área
lo, é claro, onde nossas vendas
na Europa continental. Segundo Fede- de seguros”
representam quase que o dobro rico Baroglio, a Generali se orgulha de
das efetivadas no Estado do Rio. ser apontada como uma das grandes em- FEDERICO BAROGLION
“ Empresários brasileiros
vão achar o caminho
para continuar exportando,
Durante a Primeira Guerra Mundial, a Generali deixou os mercados da
Europa Oriental, abandonando nesta região 14 companhias controladas e um
considerável patrimônio imobiliário.
A empresa passa, então, a dar mais atenção aos mercados da América Latina,
apesar da variação do câmbio
FEDERICO BAROGLION ” Ásia e África. Em 1925, a Assicurazioni Generali chega ao Brasil, trazendo expe-
riências inovadoras. Neste período, marcou época – sobretudo nos seguros do
ramo vida. No começo dos anos 1930, surgiram no país os institutos de previ-
“É uma área em que a Generali acredi- dência privada, dando um novo rumo ao mercado de seguros, ao mesmo tem-
ta muito. Desenvolvemos produtos para po em que a Generali comemorava um século de vida na Itália.
o importador e para o exportador, para os Em 1938 é inaugurado o Edifício Generali, um dos primeiros arranha-céus
despachantes aduaneiros e para as empre- do Rio de Janeiro, no qual passa a funcionar a matriz da empresa. Em 1973,
sas de transportes marítimos e rodoviári- passa a se chamar Generali do Brasil – Companhia Nacional de Seguros, incor-
os. As exportações ainda são concentra- porando a Mercúrio. Hoje, o Grupo Generali é considerado uma das mais
das no setor de commodities, mas pode- importantes empresas de seguros da Europa e do mundo.
mos destacar o sucesso de empresas com
a Vale do Rio Doce, a Embraer, a Petrobrás,
e a Gerdau, que são companhias de gran- sileiros vão encontrar o caminho para con-
de porte industrial e trabalham com pro-
dutos manufaturados.”
tinuar exportando, apesar da variação do
câmbio.”
O diretor presidente da Generali Se-
“ Os 25 milhões de oriundi
que vivem no Brasil representam
um grande potencial para
Taxa de câmbio guros acha, também, que algumas experi-
As importações foram favorecidas pelo
câmbio em alta, o que, segundo Federico
Baroglio, também é bom para a popula-
ências italianas no setor podem ser úteis
para os brasileiros.
“Um exemplo italiano talvez possa ser-
as relações bilaterais
FEDERICO BAROGLION ”
ção, que passa a ter acesso a produtos que vir para os empresários brasileiros. Na Itá- um debate franco entre dois países que
antes eram de difícil aquisição. Para os em- lia foi implantado um mecanismo de su- têm muito em comum.
presários, fica mais acessível a importação cesso na área dos distritos industriais. Por “Cerca de 25 milhões de oriundis (des-
de equipamentos e a renovação do par- meio dele, as médias e pequenas empre- cendentes de italianos) que vivem no Bra-
que industrial. sas se agrupam para utilizar a logística e a sil representam um potencial enorme de
“Hoje, fala-se que o dólar é um entrave distribuição conjunta. É um projeto que o incremento da relação entre Brasil e Itália.
a uma maior pujança do setor exportador governo brasileiro está querendo implan- Temos muitos interesses comuns, porém
brasileiro. Eu acho que o dólar flutuando tar aqui e isso pode ser um fator impor- temos muito o que melhorar e avançar.
é a situação ideal, pois o câmbio livre é tante no desenvolvimento do país.” Acho que um dos passos necessários é
uma conquista do país. Acho até que o O diretor presidente da Generali Se- promover um amplo debate, para, depois,
dólar pode estar menos ou mais valoriza- guros destacou a importância do seminá- implementar medidas de favorecimento
do, mas seguramente os empresários bra- rio, no qual o ambiente é propício para do comércio bilateral.”
A
s origens da instituição remontam ao local para venerá-lo, e por monges Quais são as atribuições de um Lu-
ao século IV, quando Santa Helena, franciscanos, que o protegiam e preser- gar-Tenente da Ordem do Santo
mãe do Imperador Constantino, vavam dos ataques e invasões dos mu- Sepulcro?
localizou, na Terra Santa, o sepulcro de çulmanos. GC – O lugar-tenente tem a responsabili-
Jesus Cristo. Constantino, primeiro Im- Atualmente, a Ordem tem sede legal dade da condução dos destinos da Ordem
perador romano a se converter ao cristi- no Vaticano. O Cardeal Grão-Mestre, no- na sua respectiva unidade federativa, ao lado
anismo e a oficializá-lo como religião do meado pelo Papa, é a maior autoridade, do superior religioso, que representa a au-
Império Romano, ordenou que, sobre o mas é o Patriarca Latino de Jerusalém o toridade do Vaticano. No Brasil, esse supe-
túmulo, fosse construída uma basílica mais alto dignitário da instituição. A Or- rior é Dom Fillipo Santoro, Bispo Auxiliar
monumental, em 335. Apesar de haver dem existe em mais de quarenta países, do Rio de Janeiro e Grão Prior da Lugar-
sido pilhada, destruída e reconstruída por sob a direção espiritual de integrantes da Tenência. A Ordem do Santo Sepulcro é
quatro vezes, a igreja deu origem ao em- alta hierarquia da Igreja e sob a responsa- uma ordem pontifícia, que está sob a juris-
brião da Ordem do Santo Sepulcro, for- bilidade e a direção local de lugares-te- dição do Vaticano, ou, como se diz no Di-
mado por peregrinos cristãos, que iam nentes. reito Canônico, “sob a benévola proteção
Ernesto Massimo Bellelli, à direita, ao lado de Federico Baroglio, acredita que um maior conhecimento pode estimular o comércio bilateral.
Esse intercâmbio já foi maior e vem Italianos e brasileiros têm uma reclama- te de civilização e arte, a cultura e
diminuindo, ou, pelo contrário, ção unânime contra a complexa burocra- seus subprodutos também devem
acha-se em crescimento? cia dos dois países. Eles consideram a bu- fazer parte desse intercâmbio?
EB. – O comércio bilateral entre Brasil e rocracia impeditiva da dinamização das im- EB – É claro que a língua, a civilização e a
Itália tem experimentado um crescimen- portações e exportações. Isso precisa ser cultura têm também um aspecto econômico.
to constante, apesar da ocorrência de al- debatido de forma aberta e franca para quer A Itália quase sempre encara esses aspectos
guns anos de crise. Existem, entretanto, possamos superar o problema e tornar de uma forma mais pura, promovendo-as em
fatores que influem nesse intercâmbio. O mais solto, atuante e eficiente, o nosso in- nome de um espírito, que, aliás, tem inúme-
primeiro deles é que a Itália, apesar de ser ras afinidades com o do povo brasileiro, bas-
uma das maiores economias do mundo, tando citar a herança do Direito Romano que
estrutura e direciona seu relacionamento subsiste nos tribunais brasileiros.
preferencialmente para a América do Nor- Nós temos um excelente veículo que,
te e a Europa. De uns anos para cá, tem no Brasil, divulga e promove a nossa lín-
feito esforços e conseguido dinamizar bas- gua e civilização: o Instituto Italiano de
tante o seu comércio com os países da Cultura. Isso tem, sem dúvida, um retor-
Ásia, o Japão e a China. no comercial, pois, implicitamente, pre-
para os interessados em comercializar com
“
O comércio bilateral
Brasil-Itália tem experimentado
um crescimento constante,
a Itália, fornecendo-lhes a ferramenta da
língua que aproxima, e muito, os interes-
sados nesse comércio. Diga-se, de passa-
gem, que a língua italiana tem muitos adep-
apesar de momentos de crise
ERNESTO MASSIMO BELLELLIN ” tos entre os brasileiros e que, apenas no
Rio de Janeiro, mais de duas centenas de
cursos ministram o idioma.
DEMAIS PRODUTOS
DEMAIS PRODUTOS
Indústria da moda Minério de ferro do também um produto de Oferece aos alunos uma
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Segundo Fernando Valente Brasil para a Itália grande qualidade com alto teor ampla formação cultural,
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Pimentel, Diretor- A Companhia Vale do Rio em teor de ferro. integrando os currículos
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Superintendente da Doce é a principal exportadora italiano e brasileiro.
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Associação Brasileira da de minério de ferro para a Fundação Torino
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Crédito para micros e
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Indústria Têxtil – ABIT, que a Itália, seguida de sua joint O grupo Fiat é o maior
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sociedade brasileira, hoje, tem venture, a Companhia Ítalo- grupo industrial da Itália e um pequenas empresas
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mais acesso a esses produtos, brasileira de Pelotização. Usado dos maiores do mundo, com Um dos maiores entraves
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cujos preços encontram-se na fabricação do aço, o operações industriais em mais para o acesso das micro e
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em níveis bastante razoáveis. ○
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Se o país voltar a crescer de ferro é uma questão continentes. O Brasil é o brasileiras ao crédito
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forma sustentada, em torno importante para a Itália que maior mercado para o grupo, bancário é a garantia. O
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de 5 a 6% ao ano, há campo tem a ILVA SPA, do Grupo depois da Itália, e ocupa hoje Estatuto da Microempresa e
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para se expandir a indústria de Riva italiano, um dos maiores um lugar de destaque na das Empresas de Pequeno
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têxtil e de confecção. produtores de aço na Europa e estratégia global da empresa. Porte, em vigor desde 1999,
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“Se pudermos realizar o sexto maior do mundo, com A Fiat é um dos principais já estabeleceu normas para a
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acordos com grandes blocos uma produção de 15 milhões grupos industriais do país, criação, no Brasil, de
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compradores de produtos de toneladas ano. O ferro com atuação diversificada nos sociedades de garantia
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têxteis e confeccionados, brasileiro produzido pela Vale, segmentos metal-mecânico e solidária, como a Associação
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teremos também o mercado além da vantagem do preço – de serviços. de Garantia de Crédito da
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internacional ainda por apresentando o mais baixo O grupo Fiat também atua Serra, constituída em
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expandir”. custo por tonelada – oferece no setor de crédito dezembro de 2003, e que
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financeiro (CNH Capital), reúne 34 municípios do Rio
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gestão financeira (Fiat Grande do Sul. O modelo é
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Finanças) e corretagem de semelhante às sociedades de
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seguros (Fides), além de garantia recíproca (SGRs),
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manter no Brasil uma escola que existem em diversos
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bilíngüe, a Fundação Torino, países europeus, inclusive na
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criada em 1974, em Belo Itália. O modelo italiano está
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Horizonte (MG). A fundação estruturado em organizações
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A Revista dos Seminários Bilaterais de funcionou como uma escola que representa cerca de 25%
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organizados pela FCCE, é distribuída entre demanda e à sua significativa garantem até 80% do crédito
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produto a quem realmente interessa, a escola foi aberta a todos aqueles A empresa Coza, de
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Procure-nos.
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EM BREVE
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Criação das designers Taciana
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Silva e Marcela Albuquerque,
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o prendedor multiuso tem
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um desenho inovador que
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possibilita prender a roupa
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no varal e, ao mesmo tempo,
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usá-lo como gancho. Ao
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todo, são 22 premiações, ○
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nacionais e internacionais
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conquistadas pela empresa.
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Com mais de 20 anos de
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atuação no mercado brasileiro,
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a Coza é hoje líder nacional no
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segmento de utilidades
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plásticas com design. Sinônimo
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de vanguarda, foi a responsável
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pela criação de um novo
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conceito para o uso de
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acessórios em plástico,
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colocando o material em
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todos os ambientes da casa.
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Manuais de Procedimentos e Informações
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Investindo em inovação e Brasil-Portugal, Brasil-Marrocos, Brasil-Bélgica/Luxemburgo, Brasil-Suíça,
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acompanhando as tendências
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Brasil-Argentina, Brasil-Venezuela,Brasil-México, Brasil-Chile, Brasil-Holanda e Brasil-Itália.
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mundiais, a marca lança novas
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coleções duas vezes por ano. A
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empresa produz cerca de 14 meados de 2004, com atuação positivos nas areas de construir a atual economia
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milhões de peças, nas linhas de destacada na América do Sul. produção de alimentos. brasileira e ainda tem grande
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mesa, banho, organizadores, Trata-se de um esforço participação em empresas
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do parque fabril, a Coza unem brasileiro e italianos Biodiversidade da ONU. europeus para o Brasil
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retomou as exportações em estão sendo reforçados pelo Entre os itens prioritários começou em 1875, com
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04 de abril PORTUGAL
12 de maio MARROCOS
30 de maio BÉLGICA/LUXEMBURGO
27 de junho SUÍÇA
11 de julho ARGENTINA
01 de agosto VENEZUELA
29 de agosto MÉXICO
03 de outubro CHILE
10 de novembro HOLANDA
21 de novembro ITÁLIA
28 de novembro POLÔNIA
14 de dezembro CANADÁ