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Escritos políticos
Thomas Jefferson1
JEFFERSON, Thomas: in: Jefferson, Federalistas, Paine, Tocqueville.
Os Pensadores. São Paulo : Abril Cultural, 1979. p 31-34
1
Thomas Jefferson foi o terceiro presidente dos EUA, entre 1801 e 1809.
2
Espírito de corpo: conjunto de sentimentos e opiniões que os indivíduos que integram um grupo, segmento ou catego-
ria social ou profissional têm mais ou menos em comum; devotamento de um grupo de pessoas ou de uma associação à
sua coletividade ou aos seus objetivos; corporativismo.
3
Ao Abade Arnoux, Paris, 19 de julho de 1789.
4
A Adamantios Coray, Monticello, 21 de outubro de 1823.
Opinião Pública e Propaganda
Prof. Artur Araujo – e-mail: artur.araujo@puc-campinas.edu.br
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
CENTRO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
FACULDADE DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA
mando um desses organismos, e outros ambos, de representantes da propriedade ao invés de das pessoas; ao passo que a
dupla deliberação podia muito bem ser obtida sem qualquer violação do verdadeiro princípio, quer exigindo idade maior
num dos organismos, quer elegendo número adequado de representantes de pessoas, dividindo-os por sorteio em duas
câmaras e renovando a divisão em intervalos freqüentes, a fim de romper todas as cabalas5. 6
Concordo convosco em que há uma aristocracia natural entre os homens. Os fundamentos desta são virtude e
talento. Antigamente, a força física predominava entre os aristoi. Mas, desde que a invenção da pólvora armou tanto o
fraco como o forte com projéteis mortíferos, o poder do corpo como beleza, bom-humor, polidez e outros dons tornou-
se apenas fundamento auxiliar de distinção. Há, também, uma aristocracia artificial, fundada na riqueza e no nascimen-
to, sem virtude ou talento; essa pertenceria à primeira classe7. Considero a aristocracia natural como o mais precioso
dom da natureza para a instrução, a confiança e o governo da sociedade. E, realmente, teria sido inconsistente na criação
formarem-se homens para o Estado social sem os prover de virtude e sabedoria bastantes para poderem dirigir os inte-
resses da sociedade. Não podemos, mesmo, dizer que essa forma de governo é a melhor para prover mais eficazmente
de uma pura seleção desses aristoi naturais para funções de governo? A aristocracia artificial é ingrediente malévolo no
governo, e devia-se fazer provisão para impedir-lhe a ascendência. Na questão de qual a melhor provisão, vós e eu dife-
rimos como amigos racionais, servindo-nos do livre exercício de nossa própria razão e mutuamente perdoando-nos os
erros. Achais melhor colocar os pseudo-aristoi numa Câmara legislativa separada, onde possam ser impedidos de causar
mal por seus ramos coordenados e onde, também, possam proteger a riqueza contra as empresas agrárias e saqueadoras
da maioria do povo. Creio que dar-lhes poder, a fim de impedir que façam mal, é armá-los para ele, aumentando o mal
ao invés de diminuí-lo.8
Mas dos objetivos desta lei (para a difusão do conhecimento) nenhum é mais importante, nenhum é mais legí-
timo que o de tornar o povo seguro, como é o último, guardião de sua própria liberdade. (...) A história, ensinando-o
sobre o passado, permitir-lhe-á julgar do futuro; proporcionar-lhe-á a experiência de outros tempos e de outras nações;
fá-lo-á apto a julgar as ações e os desígnios dos homens; capacita-lo-á a conhecer a ambição sob todos os disfarces que
ela possa assumir, e, conhecendo-a, possa derrotá-Ia em seus objetivos. Todo governo, na terra, tem certo traço de fra-
queza humana, certo germe de corrupção e degenerescência que a esperteza descobrirá e a maldade insensivelmente
porá a nu, cultivará e aperfeiçoará. Todo governo degenera quando confiado somente aos governantes do povo. O pró-
prio povo, portanto, é seu único depositário seguro. E para torná-lo seguro, deve-se-lhe aperfeiçoar o espírito até certo
grau. Isto, na verdade, não é tudo que seja necessário, embora seja essencialmente necessário. Uma emenda à nossa
Constituição deve vir, nesse ponto, em auxílio da instrução pública. A influência sobre o governo deve ser compartilha-
da por todo o povo. Se cada indivíduo que compõe a massa participar da autoridade última, o governo estará seguro,
porque corromper a massa toda excederá quaisquer recursos particulares de riqueza, e a riqueza pública somente pode
ser provida por meio de tributos sobre o povo. Neste caso, todo homem teria que pagar seu próprio preço.9
Em vossa situação (depois da derrota de Bonaparte em Waterloo), elaborareis uma Constituição na qual a von-
tade da nação terá controle organizado sobre os atos do governo e os cidadãos proteção regular contra opressões. 10
Nenhum governo poderá continuar a ser bom, a não ser sob o controle do povo. 11
5
O termo “cabala” aqui é usado em sentido figurado. Significa “conjunto de indivíduos ou facções que participam de
uma intriga ou combinação secreta”.
6
A John Cartwright, Monticello, 5 de junho de 1824.
7
“Primeira classe” no contexto, deve ser compreendido como “elite”...
8
A John Adams, Monticello, 28 de outubro de 1813.
9
Notas sobre Virgínia, Quesito XIV.
10
A Lafayette, Monticello, 17 de maio de 1816.
11
A John Adams, Monticello, 10 de dezembro de 1819.
Opinião Pública e Propaganda
Prof. Artur Araujo – e-mail: artur.araujo@puc-campinas.edu.br
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