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As Necessidades Formativas do Educador no Ensino Fundamental e

Médio

Documento elaborado para avaliação do Curso de Licenciatura em


Pedagogia

Autor: Abel Luís Marques de Pinho

Introdução

De acordo com a legislação vigente, o professor precisa atualizar-se


com a finalidade de acompanhar as mudanças que ocorrem em toda a
sociedade e afetam diretamente o ambiente escolar.

Para que o professor se atualize é necessário que o mesmo modifique


sua forma de pensar e de agir em educação, entendendo-se como o autor
principal deste cenário, em que a implantação de conceitos e de
metodologias pode levar o aluno ao sucesso ou ao fracasso escolar,
afetando toda a comunidade ao seu redor.

Diante disto, faz-se imprescindível a análise das modificações


exigidas pela sociedade e propostas pela legislação, visando a melhoria da
qualidade de ensino e, por conseguinte, a melhoria das condições de vida
de todos os cidadãos.

Objetivos, Finalidades e Perspectivas do Ensino Fundamental

Não é possível falar em objetivos e finalidades da Educação Básica,


senão relembrarmos um pouco da história, por que foi através da
“conscientização” dos governos ao longo da história da educação no Brasil,
que chegamos a este modelo de educação que temos hoje. Vale ressaltar
que muitas mudanças que ocorreram foram, direta ou indiretamente,
impostas pela sociedade.

A preocupação com a formação plena do indivíduo já se apresenta


como diretriz do educador desde os tempos mais remotos. Aqui no Brasil,
esta preocupação tornou-se evidente com a promulgação da Constituição de
1934, onde a obrigatoriedade e a gratuidade da Educação Básica (Ensino
Primário e Secundário) ficaram estabelecidas em seus artigos 149 e 150.

No período que compreende o Estado Novo também ocorreram


modificações na Legislação que abordava a Educação Básico, dando ênfase
ao Ensino Secundário e à formação para o mercado de trabalho, através da
criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Mudanças realmente significativas somente aconteceram com a


implantação da Primeira lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, LDB
nº 4.024/61. O texto desta lei ressaltava a obrigatoriedade do Ensino
Primário gratuito e oferecido a todas as crianças a partir dos sete anos de
idade, com duração de quatro anos. Já o Ensino Secundário seria oferecido
gratuitamente para aqueles que comprovassem insuficiência de recursos,
sendo composto por quatro anos de ginasial e três anos de colegial.

Com a Lei nº 5.692/71, o Ensino Primário passou a ser denominado


Ensino de 1º Grau e sua duração passou a ser de oito anos, ficando mantida
a sua obrigatoriedade e sua gratuidade, sendo o ingresso neste nível de
ensino a partir dos sete anos de idade.

O Ensino Secundário (Ensino Médio) mudou sua denominação para


Ensino de 2º Grau, sendo totalmente profissionalizante, com duração de
três, diplomando o aluno como auxiliar técnico, ou quatro anos, diplomando
o aluno como técnico, dando a possibilidade de prosseguir os estudos em
nível superior para ambos os casos.

Em 1988, foi promulgada nossa atual Constituição, que trouxe


grandes mudanças para a educação, que, em seu artigo 205, definindo a
educação como direito de todos e dever do Estado e da família, visando o
pleno desenvolvimento da pessoa, preparando-a para o exercício da
cidadania e a qualificação para o trabalho.

Nos artigos 206, 208, 211 e 212, da Constituição, incluindo as


alterações dadas pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996, encontra-se
definida as formas de oferta do Ensino Fundamental (nova denominação
para Ensino de 1º Grau) e do Ensino Médio (antigo 2º Grau).

Entre elas podemos citar a gratuidade e obrigatoriedade do Ensino


Fundamental sendo oferecido, inclusive, a todos os que não tiveram acesso
na idade própria; o acesso ao Ensino Médio a todos progressivamente.

Podemos perceber que a redação da Constituição é sucinta, apenas


definindo a obrigatoriedade e a gratuidade da Educação Básica em todos os
níveis, Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, definindo as
responsabilidades do Estado perante a educação em suas três esferas,
Federal, Estadual e Municipal, bem como, as responsabilidades da família e
da sociedade para o desenvolvimento pleno do aluno.

Dentro deste contexto que surge a atual Lei de Diretrizes de Bases da


Educação Nacional, nº 9.394/96, determinando quais são os objetivos e as
finalidades da Educação Nacional em todos os seus níveis, direcionando os
caminhos a serem tomados e mensurando metodologias que podem ser
utilizadas no processo ensino-aprendizagem.

A LDB também norteia as obrigações e deveres do Estado, dividindo e


definindo claramente quais as responsabilidades de cada esfera
governamental, seus poderes e suas formas de atuar na Educação.

Cabe aos Governos Municipais implantar, gerir, supervisionar e


coordenar as instituições de educação infantil, ensino fundamental e ensino
médio de caráter público, e supervisionar e coordenar as de caráter
particular, podendo os Governos Estaduais também participar destes níveis
de ensino, atuando onde os Governos Municipais não conseguem alcançar,
com a finalidade de oferecer a todos uma Educação Básica gratuita e
obrigatória, conforme descrito tanto na Constituição Federal de 1988, como
a LDB.

O ensino fundamental, parte integrante da Educação Básica, que


ainda compreende a Educação Infantil e o Ensino Médio, tem por finalidade
desenvolver todas as potencialidades do aluno, no que tange à sua
formação plena, preparando-o para o exercício da cidadania, educando-o
para sua inserção no mercado de trabalho e conduzindo-o para estudos
posteriores.

A Lei nº 11.274/06 altera a redação dos arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei nº


9.394, regulamentando o ensino fundamental de nove anos, com matrícula
obrigatória a partir dos seis anos de idade, e tem por objetivo assegurar a
todas as crianças um tempo maior de convívio escolar, visando maiores
oportunidades de aprender e, com isso, um processo de ensino-
aprendizagem com mais qualidade.

Vale lembrar que as legislações pertinentes ao tema são: Lei nº


11.274/2006, PL nº 144/2005, Lei nº 11.114/2005, Parecer CNE/CEB nº
18/2005, Parecer CNE/CEB nº 6/2005, Resolução CNE/CEB nº 3/2005. Este
último define normas nacionais para a ampliação do Ensino Fundamental
para nove anos:

Art. 1º - A antecipação da obrigatoriedade de matrícula no Ensino Fundamental


aos seis anos de idade implica na ampliação da duração do Ensino Fundamental
para nove anos.

Art. 2º - A organização do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos e da Educação


Infantil adotará a seguinte nomenclatura:

Etapa de ensino Faixa etária prevista Duração


Educação Infantil até 5 anos de idade
Creche até 3 anos de idade
Pré-escola 4 e 5 anos de idade
Ensino até 14 anos de idade 9 anos
Fundamental
Anos iniciais de 6 a 10 anos de idade 5 anos
Anos finais de 11 a 14 anos de idade 4 anos

No entanto, devemos atentar que a inclusão de crianças de seis anos


de idade não significa antecipar os conteúdos e as atividades que foram
adequados à primeira série. Portanto, é necessária a construção de uma
nova estrutura e organização dos conteúdos para ensino fundamental de
nove anos.

A recomendação do Ministério de Educação é que sejam aplicados


jogos, danças, contos e brincadeiras espontâneas sejam usadas como
instrumentos pedagógicos, respeitando o desenvolvimento cognitivo da
criança. Sendo assim, a alfabetização deve ser entendida como um
processo que tem hora para iniciar, mas não para concluir.

Para que isto ocorra, dentro de nossa visão, é preciso que o currículo
escolar compreenda os seguintes pontos: desenvolvimento humano;
conhecimento e cultura; organização dos tempos e dos espaços escolares, e
os processos de aprendizagem; sempre se levando em conta os
conhecimentos prévios de cada criança, respeitando sua individualidade.

Analisando a orientação do MEC, podemos perceber o quão os


professores precisam urgentemente de formação e preparação para esta
nova modalidade de ensino. Para que a formação continuada ocorra é
necessário que as instituições de ensino, através de seus orientadores e
coordenadores, estejas preparadas para incentivar e encaminhar seus
professores para cursos específicos com a finalidade de atingirem um
ensino de qualidade que atenda as prerrogativas previstas na legislação.

Podemos verificar que muitas das instituições de Ensino Superior já


possuem cursos específicos para a formação de professores para atuarem
na modalidade de ensino fundamental de nove anos, mas também são
muitos profissionais que afirmam que estes cursos ainda não preparam
adequadamente o professor.

Vemos que ainda existem professores presos a processos tradicionais


de ensino e que se recusam, por diversos fatores, a melhorar seus métodos
didáticos e suas práticas educativas. Mas também vemos que pouco tem
sido feito por parte do Governo, dos diretores e dos responsáveis pela
instituição escolar no sentido de melhorar o nível de conhecimento dos
profissionais que se encontram à frente de uma sala de aula.

Entendemos ser difícil a obrigatoriedade da formação continuada


para os professores em atuação no ensino fundamental, mas se esta
obrigatoriedade viesse a atender as exigências legais para a melhoria da
qualidade do ensino, seria necessária que se fizesse, pois propiciaria à
criança de seis anos um aprendizado voltado a sua faixa etária, e uma
melhor adequação do espaço escolar para esta nova modalidade de ensino.

Conclusão

Os caminhos que a educação no Brasil vem tomando são


extremamente necessários e importantes, por que eles estão indo ao
encontro das exigências mundiais para formação plena do indivíduo. Mas
ainda há muito a ser feito.

Os cursos de Ensino Superior, em muitas áreas, ainda precisam se


adaptar a nova realidade exigida pela educação mundial, incluindo em seus
currículos disciplinas como humanização, didática (independente da área de
atuação) e ética (não aquela voltada à ética da profissão, mas à ética dos
valores morais).

Com isso, os profissionais sairão dos cursos de nível superior – uma


das exigências para a plena atuação como docente – como profissionais
críticos, responsáveis e conscientes de seu papel na educação básica,
mesmo que venha a atuar nela mesmo à distância. Pois, somente com a
formação de bons profissionais, teremos base suficiente de educadores que
estarão voltados à verdadeira formação plena da criança e do adolescente,
e também dos jovens e adultos que ainda se encontram afastados das salas
de aula.

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