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O DIREITO ALIMENTAR NA
UNIÃO ESTÁVEL
RIO DO SUL
NOVEMBRO 2000
DANIEL MAYERLE
O DIREITO ALIMENTAR NA
UNIÃO ESTÁVEL
RIO DO SUL
III
NOVEMBRO 2000
UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ
(em Acompanhamento)
CURSO DE DIREITO
Sumário...................................................................................................................................................................V
Dedicatória............................................................................................................................................................VII
Agradecimentos...................................................................................................................................................VIII
Introdução.................................................................................................................................................................2
Capítulo I - Considerações sobre o Direito Alimentar .............................................................................................4
I.1 Conceito de Alimentos ..................................................................................................................................4
I.2 Aspectos Gerais da Evolução Histórica..........................................................................................................6
I.3 Fontes do Direito Alimentar .........................................................................................................................7
I.3.1 Vontade.....................................................................................................................................................7
I.3.2 Delito ........................................................................................................................................................8
I.3.3 Lei.............................................................................................................................................................9
I.3.3.1 Direito à Alimentos pelo Grau de Parentesco....................................................................................9
I.3.3.2 Direito à Alimentos oriundo do Matrimônio ..................................................................................12
I.3.3.3 Situação dos Alimentos entre Pais e Filhos Maiores ......................................................................14
I.4 Espécies de alimentos...................................................................................................................................15
I.4.1 Quanto à natureza..................................................................................................................................15
I.4.2 De acordo com a finalidade....................................................................................................................16
I.4.3 Quanto à causa jurídica...........................................................................................................................17
I.5 O Dever Alimentar e a Obrigação Alimentar..............................................................................................17
I.6 Requisitos .....................................................................................................................................................19
I.7 Prescrição......................................................................................................................................................20
Capítulo II - Considerações sobre a União Estável ................................................................................................23
II.1 União Estável: Conceito..............................................................................................................................23
II.2 Evolução Histórica da União Estável..........................................................................................................27
II.3 A União Estável a partir Constituição de 1988 ..........................................................................................29
II.3.1 Formas para o reconhecimento da União Estável ................................................................................31
II.3.1.1 Existência de Relação Duradoura...................................................................................................32
II.3.1.2 Publicidade da Relação..................................................................................................................32
II.3.1.3 Continuidade da Relação................................................................................................................33
II.3.1.4 Ausência de Matrimônio Civil e Fidelidade Recíproca..................................................................33
II.3.1.5 União sob Forma de Concubinato..................................................................................................33
II.3.1.6 Constituição de Família..................................................................................................................33
II.4 Direitos decorrentes da União Estável........................................................................................................34
II.4.1 Averbação do Patronímico do Companheiro.........................................................................................34
II.4.2 Adoção pelos Concubinos ....................................................................................................................35
II.4.3 Indenização por Responsabilidade Civil ..............................................................................................35
II.4.4 Indenização pela Morte do Companheiro..............................................................................................36
II.4.5 Reconhecimento de Filhos.....................................................................................................................36
II.4.6 Benefícios Previdenciários....................................................................................................................36
II.4.7 Direito à Meação...................................................................................................................................37
II.4.8 Direito à Sucessão.................................................................................................................................38
Capítulo III - Relação entre o Direito Alimentar e a União Estável ......................................................................40
III.1 A Companheira e sua pretensão alimentar antes da CF de 1988...............................................................40
III.2 Aceitabilidade da Constituição ao Concubinato........................................................................................41
III.3 Alimentos após a Constituição...................................................................................................................42
III.4 Dos alimentos na União Estável.................................................................................................................43
III.5 Ações, ritos e competência.........................................................................................................................45
III.6 Circunstâncias a serem consideradas na interpretação da igualdade na sociedade de fato.......................46
III.6.1 Alimentos entre concubinos, após a Constituição Federal de 1988. ...................................................47
III.6.2 Responsabilidade Alimentar em decorrência da ruptura da União Estável ........................................49
Considerações Finais..............................................................................................................................................51
Referências Bibliográficas.....................................................................................................................................53
VI
Bibliografia Básica.................................................................................................................................................56
Dedicatória
1
“Art. 231. São deveres de ambos os cônjuges: (...) III - Mútua assistência.”
(Brasil, 1999, p. 99).
2
“Art. 233. O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a
colaboração da mulher, no interesse comum do casal e dos filhos (artigos 240, 247 e
251).Compete-lhe: (...) IV - Prover a manutenção da família, guardadas as disposições dos
artigos 275 e 277” (Brasil, 1999, p. 100).
3
I.3.1 Vontade
I.3.2 Delito
3
“Art. 24. A parte responsável pelo sustento da família, e que deixar a residência
comum por motivo, que não necessitará declarar, poderá tomar a iniciativa de comunicar
ao juízo os rendimentos de que dispõe e de pedir a citação do credor, para comparecer à
audiência de conciliação e julgamento destinada à fixação dos alimentos a que está
obrigado.” (Brasil, 2000a, p. 1074).
9
“Art. 1539. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa
exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua o valor do trabalho, a
indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao
fim da convalescença, incluirá uma pensão correspondente à importância
do trabalho, para que se inabilitou, ou da depreciação, que ele sofreu.”
I.3.3 Lei
4
“Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os
filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade.” (Brasil, 2000, p. 127).
5
“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e
à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” (Brasil, 2000, p.
125).
11
9
“Art. 231. São deveres de ambos os cônjuges: (...) III - Mútua assistência.” (Brasil,
1999, p. 99).
10
“Art. 19. O cônjuge responsável pela separação judicial prestará ao outro, se
dela necessitar, a pensão que o juiz fixar.” (Brasil, 1999, p. 743).
13
11
“Art. 396. De acordo com o prescrito neste capítulo podem os parentes exigir
uns dos outros os alimentos, de que necessitem para subsistir.
Art. 397. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e
extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns
em falta de outros.
Art. 398. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada
a ordem da sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos, como unilaterais.
Art. 399. São devidos os alimentos quando o parente, que os pretende, não tem
bens, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e o de quem se
reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Parágrafo único. No caso de pais que, na velhice, carência ou enfermidade,
ficaram sem condições de prover o próprio sustento, principalmente quando se
despojaram de bens em favor da prole, cabe, sem perda de tempo e até em caráter
provisional, aos filhos maiores e capazes, o dever de ajudá-los e ampará-los, com a
obrigação irrenunciável de assisti-los e alimentá-los até o final de suas vidas. (Parágrafo
acrescentado pela Lei 8.648, de 20.04.1993)
Art. 400. Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
Art. 401. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na fortuna de quem os
supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar do juiz, conforme as
circunstâncias, exoneração, redução, ou agravação do encargo.
Art. 402. A obrigação de prestar alimentos não se transmite aos herdeiros do
devedor. (Revogado implicitamente pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 403. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando,
ou dar-lhe em casa, hospedagem e sustento.
Parágrafo único. Compete, porém, ao juiz, se as circunstâncias exigirem, fixar a
maneira da prestação devida.
Art. 404. Pode-se deixar de exercer, mas não se pode renunciar o direito a
alimentos.
Art. 405. O casamento, embora nulo, e a filiação espúria, provada quer por
sentença irrecorrível, não provocada pelo filho, quer por confissão, ou declaração escrita
do pai, fazem certa a paternidade, somente para o efeito da prestação de alimentos.”
(Brasil, 1999, p. 125-7).
14
12
“No início da lide, ao ser intentada a demanda.” (Náufel, 1984, p. 627).
17
13
“Art. 1539. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer
o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua o valor do trabalho, a indenização, além das
despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá uma
pensão correspondente à importância do trabalho, para que se inabilitou, ou da
depreciação, que ele sofreu.” (Brasil, 1999, p. 283).
18
I.6 Requisitos
17
“Art. 399. São devidos os alimentos quando o parente, que os pretende, não tem
bens, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e o de quem se
reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.” (Brasil, 1999,
p. 125).
20
I.7 Prescrição
18
“Art. 400. Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.” (Brasil, 1999, p. 126).
21
19
“Art. 23. A prescrição qüinqüenal referida no artigo 178, § 10, I, do Código Civil
só alcança as prestações mensais e não o direito a alimentos, que, embora irrenunciável,
pode ser provisoriamente dispensado.”(Brasil, 2000a, p. 1074).
22
21
O impedimento pode ocorrer para ambos, como por exemplo, homem casado
que mantém relacionamentos com mulher também casada.
22
Art. 183. Não podem casar (artigos 207 e 209): (...) VI - As pessoas casadas
(artigo 203).” (Brasil, 1999, p. 90).
23
Este seria o concubinato adulterino, não protegido pelo preceito constitucional,
que reconhece a união estável como entidade familiar protegida pelo Estado.
24
Ou seja, como foi ela juridicamente equiparada ao instituto do casamento, resta
pacífico que, para que a união estável possa ser validamente configurada, deve
necessariamente observar os requisitos que validam o próprio casamento.
26
a Súmula 382 do STF tenha considerado este último como não sendo
"indispensável à caracterização do concubinato" (Brasil, 1999, p. 120).
Todos estes requisitos serão estudados mais adiante.
25
Esta lei pouco contribuiu para aclarar a situação, em virtude de seus artigos mal
redigidos, além de apresentar falhas em diversos aspectos, o que dava margem a
diferentes interpretações.
26
Esta lei foi sancionada quase dois anos após a primeira, e depois de muitas
dúvidas e discussões, apareceu com a intenção de complementar e esclarecer assuntos
que a anterior não havia regulamentado com clareza. Todavia, não esgotou as dúvidas
existentes acerca da matéria, e ainda foi considerada, principalmente no meio jurídico,
como uma lei igualmente incoerente e mal formulada.
31
pela Lei 9.278, de 10 de maio de 1996, que também em seu Artigo 1º,28
tenta estabelecer requisitos para que se reconheça união como sendo
estável e, em conseqüência, designada como entidade familiar.
28
“Art. 1º. É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública
e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de
família.” (Czajkowski, 1997, p. 196).
33
29
“Pressão psicológica ou constrangimento que se exerce sobre o indivíduo para
levá-lo a pratica, omissiva ou comissivamente, ato definido em lei como
delito.”(Guimarães, 1990, p. 170)
34
30
. Conforme preceituado nos Arts. 1.719, III; 1.177 e 1.474 do Código Civil
Brasileiro.
35
31
“Art. 57. Qualquer alteração posterior de nomes, somente por exceção e
motivadamente, após audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz
a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandato e publicando-se a alteração
pela imprensa. (....)
§ 2º. A mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva com homem, solteiro,
desquitado ou viúvo, excepcionalmente e havendo motivo ponderável, poderá requerer
ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o patronímico de seu
companheiro, sem prejuízo dos apelidos próprios, de família, desde que haja
impedimento legal para o casamento, decorrente do estado civil de qualquer das partes
ou de ambas.
§ 3º. O juiz competente somente processará o pedido, se tiver expressa
concordância do companheiro, e se da vida em comum houverem decorrido, no mínimo,
cinco anos ou existirem filhos da união.
§ 4º. O pedido de averbação só terá curso, quando desquitado o companheiro, se
a ex-exposa houver sido condenada ou tiver renunciado ao uso dos apelidos do marido,
ainda que dele receba pensão alimentícia.” (Brasil, 1999, 961-2)
32
“Art. 42. Podem adotar os maiores de vinte e um anos, independentemente de
estado civil. (...)
§ 2º. A adoção por ambos os cônjuges ou concubinos poderá ser formalizada,
desde que um deles tenha completado vinte e um anos de idade, comprovada a
estabilidade da família.” (Brasil, 1999, p. 608).
33
“Art. 1537. A indenização, no caso de homicídio, consiste: (...)
36
34
“Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição
de dependentes do segurado:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de
qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;
II - os pais;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um)
anos ou inválido; IV – revogado
§ 1º. A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do
direito às prestações os das classes seguintes.
§ 2º. O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do
segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no
Regulamento.
§ 3º. Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada,
mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do
artigo 226 da Constituição Federal.
§ 4º. A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a
das demais deve ser comprovada.” (Brasil, 1991, p. 5.929).
38
35
Logo na seqüência, Bittencourt (1980, p. 88) explica que a frase latina nada
mais é senão “A regra de que ninguém será ouvido quando alega a sua própria torpeza”.
42
36
Conforme disposto nos Artigos 231, III e 369 e seguintes do Código Civil
Brasileiro.
44
“Embora a Lei 9.278 não tenha feito uma relação entre o art. 7º e o art.
2º, que trata dos direitos e deveres recíprocos entre os parceiros, a
simples confrontação de ambos conduz a algumas evidências. Não basta,
por si só, a demonstração de que houve união estável e de que há
necessidade material. O parceiro que dá causa ao rompimento da união,
infringindo algum dos deveres elencados no art. 2º, não deve ter a
pretensão alimentar acolhida. Entender o inverso seria fomentar a
irresponsabilidade e a má-fé.”
37
Ainda que, é evidente, sem a igualdade com a família advinda do casamento,
tanto que o referido § 3° prevê conversão do concubinato em casamento.
48
38
“UNIÃO ESTÁVEL À LUZ DA LEI Nº 8.971/94 – O DEVER ALIMENTAR ENTRE
COMPANHEIROS – A concubina só faz jus à pensão alimentícia se comprovar dela
necessitar e ser companheira de um homem desimpedido para se casar, que com ele
viva há mais de cinco anos.” (TJBA – AC 44.081-3 – 1ª C.Cív. – Rel. Des. Raymundo de
Souza Carvalho – J. 24.02.199902.24.1999)
49
13. CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 2 ed. 2ª tiragem, São Paulo: RT,
1994. 878 p.
20. MONTEIRO, Whasington de Barros. Curso de Direito Civil. 20. ed. São
Paulo: Editora Saraiva, 1984. 282 p.
21. -----________. Curso de Direito Civil – Direito de Família. 31. ed. São
Paulo: Editora Saraiva, 1994. 340 p.
22. NÁUFEL, José. Novo Dicionário Jurídico Brasileiro. 7. Ed. São Paulo:
Parma, 1984. 585 p.
24. OLIVEIRA, Euclides de. União Estável. 4. ed. São Paulo: Edições
Paloma, 2000. 137 p.
27. ROQUE, Sebastião José. Direito de Família. São Paulo: Ícone, 1994.
224 p.
28. SILVA, Ovídio A. Baptista da. Curso de processo civil, vol. I, Porto
Alegre, 1987.
29. VIANA, Marco Aurélio S. Curso de Direito Civil. Belo Horizonte: Ed.
Del Rey, 1993. v. 2 246 p.
30. WALD, Arnold. O novo direito de Família. São Paulo: Saraiva, 2000.
622p.