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Hércules

Hércules e a hidra, por Antonio Pollaiuolo


Hércules (em Roma) ou Héracles (na Grécia) era filho de Alcmena (uma mortal) e de
Zeus (Júpiter). Este disfarçou-se como seu legítimo esposo, Anfitrião, que se achava
ausente na guerra de Tebas. Ao nascer, Zeus, para torná-lo imortal, pediu a Hermes que
o levasse para junto do seio de Hera, quando esta dormia, e fizesse-o mamar. A criança
sugou com tal violência que, mesmo após Hércules ter terminado, o leite da deusa
continuou a correr e as gotas caídas formaram no céu a via-láctea e na Terra, a flor-de-
lis. Foi Hércules o mais célebre dos heróis da mitologia, símbolo do homem em luta
com forças da natureza. Desde que nasceu teve de vencer as perseguições de Hera.
Tanto é que, com oito meses de vida estrangulou com as mãos duas serpentes que a
deusa mandou ao seu berço para o matarem. Quando homem, sobressaiu-se por sua
musculatura de aço e enorme força. A sua primeira façanha deu-se quando se dirigiu a
Beócia, cidade próxima de Tebas, e perseguiu e matou apenas com as mãos um enorme
leão, que devorava os rebanhos de Anfitrião e de Téspio. A caçada durou cinquenta dias
consecutivos, durante que Hércules foi hóspede de Téspio, que aproveitou para unir
cada uma das suas cinquenta filhas com ele, de maneira a criar uma aguerrida
descendência, conhecidos pelos Tespíadas, que se espalharam até a Sardenha. Por livrar
a cidade de Tebas de um tributo que tinha de pagar à de Orcómeno, o rei da primeira,
Creonte (filho de Meneceu), casou a sua filha mais velha, Mégara. Num acesso de
loucura provocado por Hera, Hércules matou os filhos tidos com Mégara. Após
recuperar a sanidade, Hércules foi a Delfos consultar um oráculo sobre o meio de se
redimir desse crime e poder continuar com uma vida normal. O oráculo ordenou-lhe que
servisse, durante doze anos, o seu primo Euristeu, rei de Micenas e de Tirinte.
Apresentando-se ao serviço, o rei, simpático a Hera, que não cessava de perseguir os
filhos adulterinos de Zeus, impôs-lhe, com a oculta intenção de eliminá-lo, doze
perigosíssimos trabalhos, de que o herói saiu vitorioso.
Doze trabalhos

Hércules matando a hidra no segundo trabalho


1º) No Peloponeso, estrangulou o Leão de Neméia - filho dos monstros Ortro e
Equidna - que devastava a região e cujos habitantes não conseguiam matar. Na segunda
tentativa de matá-lo, sendo a primeira infrutífera, estrangulou-o após com ele lutar.
Acabada a luta arrancou a pele do animal com as suas próprias garras e passou a utilizá-
la como vestuário. A criatura converteu-se na constelação de leão;
2º) Matou o monstro filho de Equidna e do avô do leão de Neméia: a hidra de Lerna.
Era uma serpente com corpo de cachorro, nove cabeças (uma delas parcialmente de
ouro e imortal), que se regeneravam mal eram cortadas e exalavam um vapor que
matava quem estivesse por perto. Segundo tradição, o monstro foi criado por Hera para
matar Hércules, e ele matou-a cortando suas cabeças enquanto seu sobrinho Jolau
impedia sua reproduçao queimando suas feridas com tições em brasa. Hera enviou ajuda
à serpente – um enorme caranguejo, mas Hércules pisou-o e o animal converteu-se na
constelação de caranguejo (ou Câncer). Por fim, o herói banhou suas flechas com o
sangue da serpente para que ficassem envenenadas;
3º) Alcançou correndo a corça de Cerínia, um animal lendário, com chifres de ouro e
pés de bronze. A corça corria com assombrosa rapidez e nunca se cansava;
4º) Capturou vivo o javali de Eurimanto, que devastava os arredores, ao fatigá-lo após
persegui-lo durante horas. Euristeu, ao ver o animal no ombro do herói, teve tamanho
medo que foi se esconder dentro de um caldeirão de bronze. As presas do animal foram
mostradas no templo de Apolo em Cumas;
5º) Limpou em um dia os currais do rei Aúgias, que continham três mil bois e que há
trinta anos não eram limpos. Estavam tão fedorentos que exalavam um gás mortal. Para
isso, Hércules desviou dois rios;
6º) Matou no lago Estínfalo, com suas flechas envenenadas, monstros cujas asas, cabeça
e bico eram de ferro, e que, pelo seu gigantesco tamanho, interceptavam no vôo os raios
do sol. Com seu arco, conseguiu matar alguns e os outros, expulsou a outros países;
7º) Venceu o touro de Creta, mandado por Posídon contra Minos;
8º) Castigou Diómedes, filho de Ares, possuidor de cavalos que vomitavam fumo e
fogo, e a que ele dava a comer os estrangeiros que uma tempestade arrolava à sua costa.
O herói entregou-o à voracidade de seus próprios animais;
9º) Venceu as amazonas, tirou-lhes a rainha Hipólita, apossando-se do cinturão mágico
que ela levava na cintura;
10º) Matou o gigante Gerion, monstro de três corpos, seis braços e seis asas, e tomou-
lhe os bois que se achavam guardados por um cão de duas cabeças, e um dragão de sete;
11º) Colheu os pomos de ouro do Jardim das Hespérides após morto o dragão de cem
cabeças que os guardava. O dragão foi morto por Atlas a seu pedido, e durante o
trabalho, ele sustentou o céu nos ombros;
12º) Desceu ao palácio de Hades e de lá trouxe vivo Cérbero - cão de três cabeças.

Após esses trabalhos, Hércules entregou-se, espontaneamente, a muitos outros, na


defesa dos oprimidos:
• Matou, no Egito, o tirano Busíris que sacrificava todos os estrangeiros que
aportavam ao seu Estado;
• Tendo encontrado Prometeu acorrentado por Zeus no cume do Cáucaso,
entregue a um abutre que devorava o seu fígado, libertou-o;
• Estrangulou o gigante Anteu que, em luta, recuperava a força sempre que
conseguia tocar, com os pés, o solo;
• Entre as façanhas de Hércules, conta-se ainda separar os montes Calpe (da
Espanha) e Ábilia (da África), abrindo assim o estreito de Gibraltar;
• Disputou com Aquelos a posse de Dejanira, filha de Eneu, rei da Etólia. Como a
princesa a Hércules preferia, Aquelos, furioso, tranformou-se em serpente, e
investiu contra ele; repelido, tranformou-se em touro, e de novo arremeteu; mas
o herói enfrentou-o, pela segunda vez, quebrando-lhe os chifres, e desposou
Dejanira. Em seguida, tendo de atravessar o rio Eveno, pediu ao Centauro Nesso
que conduzisse Dejanira ao ombro, enquanto ele faria a travessia a nado. No
meio do caminho, tendo Nesso se recordado de uma injúria que outrora Hércules
lhe dirigira, resolveu, por vingança, raptar-lhe a esposa, passando com esse
intuito, a galopar rio acima. O herói, tendo percebido as suas intenções,
aguardou que ele alcançasse terra firme, e então atravessou-lhe o coração com
uma das flechas envenenadas. Nesso tombou, e, ao expirar, deu a Dejanira a sua
túnica manchada do sangue envenenado, convencendo-a de que seria, para ela,
um precioso talismã, com a virtude de restituir-lhe o esposo, se este viesse em
qualquer tempo, a abandoná-la;
• Mais tarde, Hércules apaixonou-se pela sedutora Iole, e se dispunha a desposá-
la, quando recebeu de Dejanira, como presente de núpcias, a túnica
ensangüentada, e, ao vestí-la, o veneno infiltrou-se-lhe no corpo; louco de dores,
ele quis arrancá-la, mas o tecido achava-se de tal forma aderido às suas carnes
que estas lhe saíam aos pedaços. Vendo-se perdido, o herói ateou uma fogueira e
lançou-se às chamas. Logo que as línguas de fogo começaram a serpentear no
espaço, ouviu-se o rebumbar do trovão. Era Zeus que arrebatava seu filho para o
Olimpo, onde ganhou a imortalidade e, na doce tranqüilidade, recebeu Hebe em
casamento.

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