Informativo quinzenal

Edição 57 - Ano V
Outubro de 2009

A volta de Roriz: “ Preservei o Plano Piloto ’’

Ex-Governador garante que sua nova administração
será a melhor que a cidade vai conhecer. E anuncia:
• construção de um aeroporto internacional de cargas
• cuidar da população carente, a que mais precisa.
Páginas 8 e 9

O Sertão vai virar Mar

Foto Ricardo Stuckert

Quem não conhece já ouviu falar, quem não ouviu ainda
vai ouvir, quem nao foi lá vai ter que ir. O Projeto da Transposição
do Rio São Francisco vai levar água para mais de 12 milhões
de nordestinos através de canais, lagos, lagoas, rios e açudes.
Cortando sertão adentro, quebrando pedras e rochas, o canal
Leste deverá estar pronto até o final do ano que vem mais parece
um berço de cimento e ferro, aguardando um oceano de águas
para matar a sede de homens e bichos, e irrigar a plantação. O
Presidente Lula, que é de Pernambuco e o Ministro Geddel Vieira
Lima, que é baiano visitaram o local e gostaram do que viram. As
obras, hoje, abrigam oito mil trabalhadores, e até janeiro serão dez
mil. A primeira etapa do projeto, que antes era um sonho, mostra
a primeira realidade. Já inundou o Nordeste de empregos. Lula
e Geddel, na foto, prometem que ano vem ás aguas vão rolar.
Esperemos.
2 BRASÍLIA,
Outubro de 2009

Internet sem censura

nas eleições de 2010
Cá pra nós

gREICY PESSOA// Jornalista

na corrida pelo poder. A internet se tornou de mudar conceitos importantes no processo

uma importante ferramenta de campanha,
permitindo a organização de estratégias e a
sua popularização.
Os candidatos estão seguindo seus
eleitores e no caso dos sites é a informação
política gratuita a todo instante, reforçando
e buscando a opinião pública positiva
e transformando o interesse em voto. A
internet se concretiza como o meio favorito
eleitoral, como as idéias de democracia e
governabilidade. Será o marketing político a
todo vapor.
O questionamento que fica no ar é: o
impacto dos debates mediados na internet
será fundamental no processo político
atual? Sem restrições e com liberdade total,
essa iniciativa poderia aumentar o número
de eleitores e o comparecimento às urnas.

A
vida em sociedade sofre transforma- de veiculação de mensagens, adquirindo Seriam pelo menos duas justificativas nobres
ções com o tempo e junto com essas mobilidade, precisão e rapidez na distribuição para tanto alarde em torno da internet.
mudanças aparecem tecnologias novas de dados pelo mundo inteiro. Com alcance demográfico ilimitado, esse
que facilitam, por exemplo, o acesso à infor- Se pararmos para pensar, a internet mundo virtual vem mudando a vida de muita
mação. Vimos nos últimos dias uma discus- é um dos meios mais econômicos que os gente que sem sair de casa vai conhecendo o
são interessante a respeito da internet, esse candidatos têm a seu favor, podendo talvez mundo. Então, mesmo ficando em casa, os
mundo virtual que possibilita a difusão do reduzir os investimentos com a mídia eleitores terão a oportunidade de assistir aos
conhecimento com apenas um clique. Neste tradicional e economizar recursos com debates, ouvir propostas e decidir por aquelas
contexto específico, a discussão teve como publicidade nos demais veículos midiáticos. A que farão diferença no dia-a-dia e que com ou
foco a internet nas eleições de 2010. mídia virtual, ao longo do tempo, terá o poder sem restrição darão mais consistência ao voto.
Depois de um amplo debate, o presidente
Lula sancionou o projeto de minirreforma
eleitoral e vetou a proposta que igualava as
normas para debates entre os candidatos na
web às regras da televisão e rádio. A Câmara
dos Deputados tinha aprovado limitações
aos debates na web, que deveriam ter a
participação de todos os candidatos às eleições
do sistema majoritário com representante
na Câmara. Após a decisão do presidente, os
sites poderão fazer debates com áudio e vídeo
sem a obrigatoriedade de convidar todos os
candidatos, nem dar a eles o mesmo espaço.
A cobertura da internet fica sem restrições.
O veto foi sugerido pela Secretaria
de Comunicação Social (Secom) com o
argumento de que a rede de computadores
é território livre e a manifestação do
pensamento também, além do fato de que
a internet não é uma concessão pública,
como as emissoras de rádio e TV. Durante a
campanha, sites jornalísticos, blogs, orkut,
twitter, rádioweb, tvweb, dentre outros meios
de comunicação, terão total liberdade.
A população tem na internet mais um
ambiente para avaliar os candidatos e
orientar suas escolhas. O marketing on-
line cresce a cada dia e consolida espaço

E x p e d i e n t e Diretora responsável: Katia Maia - Impressão: Alpha Gráfica - Editora: Armazém Eventos e Publicidade S/S Ltda. - Fotos:
Macroproduções - Diagramação: Evaldo Gomes de Abreu - Colaboradores: Alexandre Garcia, Luís Natal, Ricardo Noblat,
José Fonseca, Sheila D´Amorin, Luiz Cláudio Cunha, Wilson Ibiapina, Milton Seligman, Mário Rosa, Mônica Waldvolgel,
Mayrluce Villela, Paulo Pestana, Silvestre Gorgulho, Valéria Monteiro, Heraldo Pereira, Etevaldo Dias, Gilnei Rampazzo,
Fernando Guedes, Crhistiane Samarco, Cristiana Pahl, Lisane Bufquin e Greicy Pessoa - Os artigos assinados são de
inteira responsabilidade do autor. Fone: 3341-2511; e-mail: jornal.entrelagos@gmail.com, katiamaia@gmail.com
Falando de Brasil
G
alinha com farinha lembra a infância.
Morava em Ibiapina quando vi, pela
primeira vez, ela sendo preparada para
a viagem a Canindé. As malas estavam pron-
tas. Faltava a peça de resistência da viagem de
um dia.
A galinha, bem temperada, cortada em pe-
daços, foi pra panela. Parecia uma festa na co-
zinha. As pessoas ajudando minha mãe, colo-
cando mais lenha no fogão. Depois de cozida a
galinha recebeu a farinha de mandioca .Com
a colher de pau dona Dalva foi misturando ao
caldo temperado que virou a farofa mais gos-
tosa que comi na vida., Na viagem, não pen-
sava na roupa de São Francisco que teria de
vestir para pagar a promessa para meu irmão
ficar bom de uma poliomielite. Ia olhando a
VAMOS COMER
FARINHA
paisagem mas só via a galinha com farofa que
minha mãe guardava numa lata de biscoito,
carregada no colo, com todo cuidado.
Nunca esquecí o cheiro que saiu quando
a lata foi aberta para o almoço. Tenho certe-
za que o cheiro tinha um sabor que ainda me
enche a boca e um odor que invade o nariz. O
caminhão de duas boléias levantando poeira
na estrada e nós devorando a galinha prepa-
rada na véspera.
A farinha fosse da Europa estaria hoje en-
tre os melhores complementos da culinária
mundial. Acontece que as pessoas sentem
vergonha da farinha. Tentam esquecer que
um dia foram farofeiros, palavra que, inclusi-
ve, identifica os que levam farneis para a praia
ou piqueniques. .
BRASÍLIA,
Outubro de 2009
3
WILSON IBIAPINA// Jornalista
A farinha não serve para fazer pão, mas é
perfeita para a farofa, beijus, pirões. Acompa-
nha assados de carne, ave ou peixe. Já imagi-
nou um churrasco ou um frango sem farinha?
Além dos nordestinos, gaúchos e mineiros se
amarram numa farinha. Tem gente com tanta
prática de comer farinha que causa inveja .Pega
a farinha com a mão, joga de longe na boca e,
com perícia, não deixa um só grão cair.
Vamos comer farinha sem culpa. O escri-
tor mineiro Luis Giffoni diz que ela tem a pra-
ticidade exigida pela vida moderna. “É o fast-
food tupiniquim, com a vantagem imbatível:
dura um dia, tempo infinitamente maior ao
dos hamburgueres que, em cinco minutos, fi-
cam intragáveis aos olhos e ao estômago.”
4 BRASÍLIA,
Outubro de 2009
Flauta Doce,
música para crianças
Mundo afora
U
m dos principais programas
de marketing da indústria
automobilística no mundo
é a colocação de automóveis em
auto-escolas. Além da grande
visibilidade, já que o veículo estará
constantemente em movimento
pelas ruas da cidade, outro aspecto é
de grande importância: a fidelização
da marca. Muito provavelmente o
jovem aprendiz nunca esquecerá
aqueles dias quando aprendeu a guiar
e criará um vínculo de afetividade
com aquele carro, aquele fabricante,
ou quem o ajudou a ampliar o seu
conhecimento.
Um dos grandes benefícios do
projeto, “Flauta Doce - Música para
Crianças do Brasil”, que visa à volta
do ensino da música nas escolas
públicas de ensino fundamental,
de acordo com a lei nº 11769 de
18/08/2008, é exatamente este.
Durante dois anos letivos inteiros
o aluno, os professores e diretores
da escola, seus pais, seus irmãos
mais velhos e, porque não, até os
seus vizinhos, estarão expostos
à marca da empresa ou outras
instituições patrocinadoras deste
programa. Sem contar as aparições
para a comunidade, por ocasião
das performances semestrais, para
avaliação do andamento dos alunos e
do projeto em si. Se a fixação da marca
ou da instituição patrocinadora é
um aspecto importante, não menos
relevantes são os aspectos culturais
e do desenvolvimento intelectual
desta criança, proporcionados por
este p rojeto.
Desenvolvido por uma
equipe de pedagogos e músicos, o
método Hering para Flauta Doce
consiste no aprendizado com o
acompanhamento de uma flauta
doce, uma apostila e um CD, que
desde o início do aprendizado já
são utilizados. Na apostila, o aluno
aprende a estrutura da flauta doce,
as notas musicais, a ler e a interpretar
uma partitura e a tocar flauta. O CD
oferece ao aluno a possibilidade de
ouvir e acompanhar os exercícios e
músicas do método. Considerando
as descobertas mais atualizadas da
Alberto Bertolazzi // Presidente - Instituto Cultural Hering Harmônicas
ciência, no que tange ao poder da
musica para o desenvolvimento do
cérebro, o projeto se sustenta e prova
a sua importância para uma ampla
gama de crianças brasileiras.
Os cientistas já comprovaram
que para que o cérebro desenvolva
todo o seu potencial, são necessários
estímulos, agindo diretamente em
suas centrais de comunicação. Na
infância, em especial, este conjunto
de estímulos proporciona o LEBRECHT, critico e escritor
desenvolvimento das fibras nervosas
capazes de ativar o cérebro e doá-lo
de habilidades.
Habilidade
Uma equipe de estudiosos
pesquisando a ligação entre a música
e a inteligência confirmou que o
treinamento com a música é muito
superior ao ensino de informática,
por exemplo, para aumentar
dramaticamente as habilidades de
raciocínio abstrato das crianças.
Estas descobertas são resultados
de dois anos de experiências com
crianças em idade pré-escolar,
dirigidas pela psicóloga Dra.
Frances Rauscher - Universidade
da Califórnia – e pelo físico Dr.
Gordon Shaw. Para prosseguir em
seus estudos revolucionários, que
indicavam a forma pela qual a música
pode aumentar a habilidade de
raciocínio espacial, os pesquisadores
dedicavam-se a acompanhar os
efeitos do treinamento musical e
não-musical no desenvolvimento
intelectual.
Aquelas crianças que
receberam o treinamento em teclado
de piano obtiveram resultados 34%
superiores nos testes que medem as
habilidades têmporo-espaciais em
comparação aos outros grupos.
Assim, o aprendizado musical
engrandece a formação cultural
das crianças, auxiliam no
desenvolvimento intelectual e pessoas jurídicas ou com verbas
proporciona uma possibilidade
maior de inclusão na sociedade,
principalmente, quando o foco é a
comunidade menos favorecida, a
qual normalmente não tem acesso a
este tipo de cultura.
Fornecer essa possibilidade às
crianças da nossa sociedade é
também garantir que a música
popular brasileira seja difundida,
valorizada e salvaguardada nas
futuras gerações. Está, assim,
evidenciada a importância cultural
de extrema importância deste
projeto.
Aqui gostaríamos de reproduzir
as palavras do Sr. MORMAN
inglês, autor do livro “Maestros,
Masterpieces and Madness”, em
recente matéria publicada na revista
Veja: “A Finlândia tem se tornado
uma potência não apenas na
regência. Eles estão tendo avanços na
tecnologia também. Qual é a marca
do seu aparelho celular? Pois o meu é
de uma empresa da Finlândia. E sabe
por que a Finlândia será potência?
Porque as crianças aprendem a ler
musica e a tocar um instrumento
musical na mesma época em que
aprendem a ler e escrever. Em suma,
são orientados para desenvolver
o cérebro - e isso ajuda em outras
atividades”.
Harmonia
Embora o Instituto Cultural
Hering Harmônica seja relativamente
novo, fundado em 2005, ele está
atrelado à Hering, tradicional,
fabricante de instrumentos
musicais no Brasil, desde 1923 e
que muito tem atuado no aspecto
do desenvolvimento da música e da
cultura no Brasil. A qualidade dos
seus produtos pode ser constatada
pelo número de grandes músicos e
artistas internacionais que utilizam
os seus instrumentos musicais,
notadamente as harmônicas de boca
e flautas doces.
Os recursos para implantação
do projeto poderão ser obtidos
através da Lei Ruanet no caso de
governamentais à educação e
cultura.

O comportamento do cidadão
e a segurança pública
H
á dez anos atuo como Delega-
do de Polícia no Distrito Federal.
Quando aqui cheguei, fiquei ad-
mirado com as casas sem cercas, algu-
mas separadas com sebe de arbustos,
condomínios sem muros e portões.
Vim de uma cidade que atual-
mente flutua no topo das urbes mais
violentas do País. É fato que as pessoas
que nascem e vivem em cidades violen-
tas adquirem uma cultura de segurança
muito mais aguçada, diferentemente
daqueles cidadãos que não convivem
tão de perto com a criminalidade. À vis-
ta disso, fiz um paralelo com o Distri-
to Federal, notadamente com Brasília,
oportunidade em que notei que o com-
portamento do brasiliense é desatento
em relação à segurança, o que em mi-
nha opinião precisa ser urgentemente
mudado.
Familia e segurança
Baseado em fatos vivenciados no exer-
cício da minha profissão e até no dia-
dia como cidadão, constatei que mui-
tos crimes poderiam ser evitados se as
vítimas tivessem um comportamento
voltado para a sua segurança e a de seus
familiares. É bem verdade que isso não
é uma coisa tão simples. Até porque,
como foi dito, Brasília ainda está ran-
queada como uma das cidades mais
tranqüilas e seguras da Federação, o
que, naturalmente, provoca um relaxa-
mento na população quando o assunto
é a própria proteção. Todavia, a despei-
to desses toleráveis índices de crimina-
lidade, não podemos nos infirmar para
violência, até porque não há dúvidas
de que esse quadro ainda aceitável está
piorando. Mas o que pode ser feito pelo
cidadão para se precaver contra a vio-
lência? Ante a complexidade, não ouso
trazer à discussão as causas que levam à
delinqüência, mas nunca é demais lem-
brar que a falta de educação somada a
de oportunidade são componentes da
fórmula violência. Ressalte-se que edu-
cação, no caso de criminalidade, a meu
ver, tem um sentido muito mais de regras
fundamentais para o convívio social do
que exatamente o desenvolvimento das
faculdades intelectuais, exemplo disso,
são as pessoas que nunca freqüenta-
ram os bancos escolares, mas que tive-
ram uma formação rígida sobre valores
morais e religiosos e, por isso, nunca se
comportaram de maneira reprovável.
Pois bem, respondendo a pergunta, ne-
cessário se faz que observemos simples
cautelas no nosso cotidiano. É como se
acionássemos um dispositivo de pre-
venção contra a criminalidade toda vez
que saíssemos de um ambiente total-
mente seguro. Quem nunca presenciou
pessoas com diminuta força de defesa
utilizando caixas eletrônicos em locais
ermos e sem segurança. E aqueles que
na madrugada deixam os bares e res-
taurantes sozinhos em direção aos seus
carros que estão estacionados em locais
propícios a assaltos. Outros nem ao me-
nos observam a presença de indivídu-
os suspeitos, caminhando de encontro
sem qualquer cuidado. São pequenos
exemplos de que o interruptor da pre-
venção está desligado. Outra questão
relevante desse estado de consciência
de segurança é a maneira com que o ci-
dadão deve se portar para, até mesmo,
evitar o evento delituoso. Em muitos
casos práticos, deparei com vítimas,
testemunhas e pessoas do povo que
presenciaram fatos que concorreram
para prática criminosa e, apesar de não
terem sofrido qualquer agressão que
interferisse na sua capacidade de ação,
não se portaram de maneira proativa.
Flagrante
Tenho exemplos de testemunhas que,
sem qualquer exposição ao perigo, as-
sistiram a cena do crime e sequer tive-
ram a iniciativa de ligar para o 197, sen-
do certo que se o fizessem os criminosos
seriam presos em flagrante. Por outro
lado, já tive experiências com cidadãos
que apenas ligaram para a Polícia (197)
ao observarem a presença de estranhos
rondando a sua casa e que de fato eram
criminosos. Outros foram além, regis-
trando com a máquina fotográfica do
seu celular fatos que posteriormente
trouxeram um resultado útil às inves-
tigações. Deixo claro que, em hipótese
alguma, ninguém deve reagir, enfrentar,
tampouco desobedecer ao criminoso,
arriscando a sua vida. Mas, há situações
em que é possível guardar na memória
BRASÍLIA,
Outubro de 2009
5
FELIPE DE MORAES MACIEL // (*)
ou registrar a imagem de uma pessoa,
uma coisa, ou um dado, relacionados ao
fato delituoso. Tomemos como exem-
plo a sua rotina. O carteiro que vai a sua
casa, os garis que limpam a sua rua, o
entregador, os carros estacionados nas
imediações da sua casa, as pessoas que
circulam no seu bloco, os empregados
e os hábitos dos seus vizinhos, aquele
grupo de indivíduos conversando na
porta da sua garagem, etc.. Não tenha
dúvida, tudo isso requer a sua obser-
vação. Já interroguei alguns presos que
revelaram ter desistido de empreitadas
criminosas, pelo fato de terem sido ob-
servados antes da execução do crime. O
criminoso, na maioria dos casos, faz um
levantamento prévio do seu alvo. Assim,
o comportamento proativo, antecipan-
do-se à suposta situação de risco, pode
sim evitá-la. Não é outra a razão do
crescimento vertiginoso das empresas
de equipamentos de segurança. Aliás,
profissionais como porteiros, vigilantes
e seguranças, que desconhecem mora-
dores, clientes, veículos, que circulam
na sua circunscrição, e não têm a ca-
pacidade de memorizar nomes, carac-
terísticas físicas, placas, etc., devem ser
treinados para tanto, é uma questão de
compromisso com a segurança pública
preventiva, ou, no pior dos casos, com
a repressiva, já que depois de consu-
mado o delito, essas pessoas poderão
colaborar com o trabalho policial. In-
clusive, convém lembrar que os órgãos
de segurança pública preservam a iden-
tidade dos colaboradores, sem expô-la.
Portanto, a idéia não é incutir um medo
eventualmente infundado na cabeça do
cidadão brasiliense, mas provocar um
conjunto de ações por ele desenvolvido
no seu dia-dia, que se volte, no mínimo,
para a segurança pública preventiva,
como ocorre, por exemplo, com a cons-
cientização ecológica, de trânsito, etc..
Afinal de contas a nossa Constituição
Federal dispõe que a Segurança Pública
é dever do Estado e responsabilidade de
todos.
(*) Filipe de Moraes Maciel, natural de
Recife/PE, Delegado da Polícia Civil do
Distrito Federal, desde fevereiro de 1999,
atualmente lotado na Delegacia de Repressão
a Roubos-DRR.
6 BRASÍLIA,
Outubro de 2009
Negócios a parte
A psicologia já esta sendo aplicada também
à compreensão e melhoria do desempenho
humano, não apenas no caso de atletas
como também de artistas e vários outros
profissionais. Um dos especialistas
Brasília é o Dr. Luis Orione, que explica
nesta entrevista detalhes da ciência que trata
do estresse, da resistência à frustração, do
planejamento e execução de metas pessoais
e outras características.
Muitas variáveis podem interferir
desempenho de alto nível de várias profissões,
tais como o controle e a capacidade de
se concentrar, avaliadas pela técnica do
feedback, observa Orione. O feedback é uma
ferramenta tecnológica que sem o auxílio de
medicamentos monitora e treina padrões
físicos, cardíacos, cerebrais e musculares.
Há fatores determinantes para o indivíduo
chegar a um desempenho de alto nível,
salienta Orione. Aqui o resumo do papo com
Virna Smith.
Um papo serio com
Psicologia para
O que é psicologia da performance?
Este é um termo criado em faculda-
des norte-americanas para designar um
ramo da psicologia voltado para a com-
preensão e melhora de desempenho. É
empregada principalmente no preparo
de pessoas para tarefas profissionais e
acadêmicas em que o nível de perfor-
mance é decisivo para obter os resulta-
de
dos necessários.
Que tipo de público procura pela psicologia da
performance na sua clínica?
Na Orione temos procura de grupos
bem específicos. Tem aqueles que traba-
lham com performance de alto nível sob
stress como atletas profissionais, políti-
no
cos, treinadores, artistas e profissionais
da área de segurança. Temos procura de
executivos e funcionários públicos bus-
cando otimização de desempenho. Mui-
tas vezes pensando em vôos mais altos
na carreira. Há também uma grande pro-
cura no meio acadêmico encabeçada por
concurseiros, vestibulandos, estudantes
do ensino médio, do ensino fundamen-
tal, pais e professores.
São grupos específicos e diferentes. É complicado
Virna
virna smith // Jornalista
trabalhar com esta diversidade?
Na verdade é simples porque as vari-
áveis fundamentais para o desempenho
são as mesmas em todas estas ativida-
des.
Pode dar algum exemplo?
Vou citar duas variáveis clássicas
quando o assunto é performance. Con-
centração e estresse. Estas são variáveis
fundamentais para o desempenho de alto
nível em várias profissões. Muitas vezes o
controle e a capacidade de se concentrar
evita acidentes fatais em pilotos de auto-
mobilismo ou faz com que um estudante
consiga se sair bem em uma determina-
da prova. Apesar disso poucos pilotos ou
estudantes fazem treinos de concentra-
ção.
E a psicologia da performance consegue treinar
concentração e estresse?
Não só treinar concentração e estres-
se. Ela aborda, mapeia e treina questões
como motivação, personalidade, resis-
tência à frustração, significado da ativi-
dade para a vida do indivíduo, aquisição
e apuração de conceitos, planejamento
de metas, etc.
 BRASÍLIA, 7
Smith Outubro de 2009

avaliar o desempenho
E como identificar quais as necessidades específi-
cas de cada indivíduo?
Tendo bons mapas sobre cada uma
Por que ter uma clínica especializada em psicolo-
gia para atletas de alto nível em Brasília?
das variáveis que possam vir a interferir
na sua performance. Mapas que são ob-
tidos através de questionários, observa-
ções, estudos, equipamentos de biofee-
dback e exames clínicos específicos. Um
indivíduo que chegue à nossa clínica se
queixando de problemas de concentra-
ção, por exemplo, certamente será enca-
minhado para um mapeamento cerebral
digital e para um exame de P-300.
O que fazer com estes mapas em mão?
Depende de quem lê o mapa. Um
médico com este mapa em mãos prova-
Vale a pena investir no esporte?
velmente vai encaminhar o cliente para
tratamento com ritalina. Em nossa clíni-
ca proporíamos um treinamento cogni-
tivo informatizado de biofeedback para
treinar padrões cerebrais. Um biofeedba-
ck específico chamado neurofeedback.
Há casos em que o padrão cerebral do
indivíduo com déficit de atenção é recu-
perado totalmente podendo-se chegar à
um desmame da ritalina sugerido pelo
neurologista do cliente.
grande.
treinamento e conhecimento vasto dis-
ponível sobre preparação mental. Desco-
bri também que Estados Unidos e vários
Brasília é um celeiro incrível de atle- países do leste Europeu possuíam inves-
tas de nível mundial. Uma cidade com timentos estatais pesados em pesquisas
todas as condições para encubar atletas acadêmicas na área de psicologia espor-
e lançá-los para competições do mais tiva voltadas para atletas de alto nível.
alto nível. E estes atletas dão resultados Nesta época resolvi que o meu trabalho
nas competições e têm exposição ímpar seria voltado á compreensão dos fatores
de mídia. Atletas patrocinados por nós, determinantes para a obtenção de pa-
obtiveram títulos pan-americanos, na- drões de performance de alto nível.
cionais e regionais. O retorno dado por
estes atletas paga, tranquilamente, todo
o investimento feito neles.
É claro que vale. É importante que
tenhamos uma mentalidade no Brasil
de investir em áreas como a cultura e o
esporte sem esperar por intervenções
governamentais. Muitas vezes as leis de
incentivo tem peculiaridades que podem
assustar os investidores.
Mas, olhando com mais atenção os in-
vestidores chegarão à óbvia conclusão de
que investir em esportes é um excelente
negócio em termos sociais e financeiro.

O que é Biofeedback, Luis?
É uma ferramenta tecnológica que
sem o auxílio de medicamentos monitora
e treina padrões físicos como; cardíacos,
cerebrais, de stress, térmicos, respirató-
rios e musculares. Com a leitura e o trei-
namento correto os hardwares ajudam
os clientes a ter ganhos concretos sobre
variáveis intimamente relacionadas aos
níveis de desempenho.
Como é o reconhecimento internacional do Biofe-
edback?
Eu diria que excelente. Entidades de
ponta como a NASA, Harvard, o Milan e o
exército norte-americano vem usando e
aprovando o biofeedback em treinamen-
tos e pesquisas.
E no Brasil?
O Biofeedback começou no Brasil em
meados dos anos 90 em universidades de
ponta. Na mesma época foram criadas
as primeiras clínicas que associavam o
Biofeedback a áreas como a Psicologia, a
Odontologia e a Fisioterapia com desta-
que para a USP e algumas clínicas parti-
culares do DF, BA, RS e SP.
Atualmente, apesar de pouco conhe-
cido no Brasil, há uma demanda crescen-
te para tratamentos específicos associa-
dos ao biofeedback. Por exemplo, aqui,
temos a demanda por treinamentos nas
áreas escolar e esportiva de alto nível é
Como você resolveu usar a psicologia para auxi-
liar atletas?
Quando entrei na faculdade de psico-
logia, em 1993, o Brasil não ganhava uma
Copa do Mundo fazia 23 anos. Nossos
resultados olímpicos vinham sendo, com
raras exceções, muito abaixo das expec-
tativas. E isto me intrigava. Por que vários
atletas brasileiros acabavam obtendo re-
sultados piores em competições de alto
nível do que em competições de menos
exigência? Será que os brasileiros ama-
relavam? Estes questionamentos me pa-
reciam na época muito mais apetitosos
do que determinadas matérias da grade
horária. Curioso, em um tempo em que a
internet não existia, acabei indo a biblio-
tecas de São Paulo, Curitiba e Ribeirão
Preto coletando um material vasto sobre
o tema. Um material que me ensinou que
os atletas norte-americanos possuíam
Quem é
Luis Orione é psicólogo graduado
pelo UniCeub com especialização pela
empresa canadense Thought Technology.
Desde 1997 trabalha com alta tecnologia
esportiva e artística no preparo de
profissionais para eventos realizados no
Brasil e no exterior. É membro efetivo da
Association for Applied Pshicophisiology
and Biofeedback, a mais tradicional
entidade do mundo no setor. Em 2008 e
2009 trabalhou com atletas como Paula
Amidani (campeã pan-americana de kung
fu), Eládio Ribeiro Neto, (finalista de
vários torneios de tênis) e Fabíola e Evelyn
(campeãs paulistas de vôlei de praia)
todos com destaque nas competições de
que participaram.
8 BRASÍLIA,
Outubro de 2009
Por que o senhor deixou o PMDB. Foi traído?
Roriz: Deixei o PMDB porque a cúpula nacional e a
direção local do partido fizeram acordos que traem os
princípios partidários do PMDB de Ulysses Guimarães,
de Tancredo Neves. Sou do PMDB que teve origem no
PSD de Juscelino Kubistchek, no MDB. Esse PMDB não
é o PMDB da atual cúpula partidária, local, nacional.
Nesse sentido, me senti traído sim porque o PMDB traiu
os princípios de autonomia, de correção, de lealdade.
Como assim?
Roriz: Como um partido, qualquer partido, pode
fechar as portas para um ex-governador de quatro
mandatos, que lidera as pesquisas com mais de cin-
co pontos de diferença do atual governador, que tem
máquina, que está gastando 200 milhões por ano de
publicidade. Deve ter ocorrido muitos negócios estra-
nhos, acordos duvidosos, aliás anunciados pelo pró-
prio governador atual.
Entrevista
Joaquim Roriz
Ex-governador do Distrito Federal
Q
uatro vezes governador de Brasília, ex-pre-
feito de Luziânia e Goiânia, ex-ministro, ex-
Senador e um dos políticos mais conhecidos
e polêmicos do Brasil Joaquim Roriz, agora fora do
PMDB, anuncia que vai se candidatar novamente
ao Governo de Brasília pela legenda do PSC. Cam-
peão de votos e de popularidade, Roriz afirma que
é contra tudo que pensa o atual Governador José
Roberto Arruda e, caso seja ele o adversário em
2010, pretende derrota-lo nas urnas e devolver a
Brasília uma política social que a atenda as clas-
ses mais pobres , e, ao mesmo tempo, dar a Brasília
um toque de modernidade administrativa. Roriz
diz ainda que se sente tráido pelo PMDB, partido
que representou com dignidade e foi abandona-
do pela sigla e por muitos daqueles que ele ajudou
a ganhar espaço na política local e brasileira. O
ex-governador também não esconde sua mágoa
com o próprio Arruda, Tadeu Fellipelli e todos os
caciques de seu partido, mas, se eleito governará
com os olhos voltados para comunidade que ja-
mais o abandonou e sempre o prestigiou. As obras
do atual governo, inclusive a implantação do VLP
e a ampliação das linhas do metro são crticadas
por Roriz. Ele acha que Brasilia merece tratamen-
to de primeiro mundo, e com ele no Governo essa
será a política a ser seguida. o Jornal Entre Lagos
conversou longamente com o Joaqum Roriz em
seu escritório. Aqui o resumo dessa conversa.
As pesquisas  indicam que o povo de Brasília não esqueceu seu nome, e o co-
loca numa disputa acirrada com o atual Governador. O senhor acredita que,
mesmo num partido pequeno e sem muito tempo na tv, essa disputa poderia
acontecer?
Roriz: Da minha parte posso garantir que sim. Vou dis-
putar a eleição de 2010 para o governo do Distrito Fede-
ral. Não sei se o atual governador pode dizer o mesmo...
Mas porque ele não disputaria? Seria medo de disputar com o senhor?
Roriz: (risos) Olha, prefiro não comentar mais nada.
O tempo dirá se tenho razão ou não.
E quanto ao tempo de televisão, já que o seu partido é pequeno?
Roriz: O tempo é importante numa eleição, mas
não é fundamental. Fui governador do Distrito Federal
por quatro vezes, três delas eleito pelo voto direto do
povo, que já me conhece. A população do DF sabe do
meu trabalho e sabe que, aquilo que eu prometo, eu
cumpro.
 BRASÍLIA,
Outubro de 2009
9
Nos últimos meses o senhor tem conversado com ex-adversários como o se-
nador Cristovam Buarque, com os deputados Geraldo Magela e Rodrigo
Rollemberg, com Agnelo Queiroz, com a direção do PCdoB, o que isso sig-
nifica?

Roriz: Significa que todos estamos insatisfeitos com

os rumos que Brasília tá tomando com a atual gestão.
Uns criticam mais, outros menos, mas há um consen-
so de que precisamos pensar em Brasília de maneira
diferente de como ela está sendo conduzida. Todos
esses homens que você citou são pessoas sérias, que
estão preocupadas com Brasília e seu povo e o futuro.
Nossas conversas foram de altíssimo nível e, é claro,
traçamos cenários para 2010, mas nada conclusivo.

Como político experiente e ex-administrador de Brasília em 4 governos

qual a sua opinião sobre o atual governo ?
Roriz: A pior possível. Esse é um governo que
demitiu milhares de pessoas, que piorou o siste-
ma de transportes coletivo da cidade, que gasta
milhões de reais em publicidade e que não tem
nenhuma marca expressiva. O que ele fez de
bom para o povo? Nada!

Mas o governador Arruda fala muito que está organizando a casa,

que acertou as contas, que está do lado da legalidade...

Roriz: Eu estranho muito essa fala dele. O

Tribunal de Contas do DF já aprovou todas as
nossas contas do último governo, inclusive o pe-
ríodo da Abadia.   Ele falou de um rombo de R$ 700 mi-
lhões e depois foi chamar o meu secretário da Fazen-
da? Você sabia que mais de 90% dos secretários dele
O atual quadrilátero não é o tamanho previsto pela Missão Cruls?
participou dos meus governos, aliás ele mesmo?
Roriz: Não, não é e poucas pessoas sabem disso. A
O senhor é acusado de inchar a cidade, de promover a desorganização urba- Constituição Republicana, de 1891, definiu que a capi-
na...
tal do país deveria ser no planalto central, no interior.
Roriz: Essa é uma boa pergunta por que me permite Em 1894, a Missão Cruls definiu um quadrilátero de
repor a verdade dos fatos. Qual foi o governador que
14.800 kilometros quadrados. Quando JK criou a No-
preservou o Plano Piloto como patrimônio cultural da
humanidade? Quem retirou – sem violência – a inva- vacap, em 1956, só foram utilizados 5.800 kilometros
são do CEUB e da 210 Norte, por exemplo? Quem fez quadrados porque não havia dinheiro suficiente para
a remoção dessas pessoas e as colocou numa cidade as indenizações. Voltar ao tamanho original só depen-
com dignidade, com moradia, com rede de esgoto,
de, segundo alguns juristas, de uma lei complementar
água tratada, luz, asfalto. Se isso é ser ilegal, eu fui, gra-
e eu vou lutar por isso no Congresso Nacional.
ças a Deus! Dei dignidade de moradia para quem não
tinha. A remoção dessas favelas no Plano Piloto para
Samambaia e outras cidades foi premiada internacio- Mas aumentar o quadrilátero vai resolver os problemas de saúde, educação
nalmente pela ONU. Quem diz o contrário esta faltan- e segurança?
do com a verdade ou tem interesse político, é oposição
às minhas gestões, apesar de ter participado delas. Roriz: Não se trata apenas de aumentar o tamanho
do DF pura e simplesmente. Minha proposta é mais
Qual será a sua bandeira para chegar novamente ao GDF? abrangente. É, dentro dessa nova área, construir um
Roriz: Vou continuar cuidando daqueles que mais aeroporto internacional de cargas – Brasília fica no
precisam, os mais carentes. Costumo dizer que rico
centro do país – um centro industrial na região de
não precisa de ajuda, quem precisa é o pobre. O gover-
Cristalina, e ter um moderno sistema de ferrovias com
no não pode é atrapalhar o rico, o empresário que gera
empregos. E deve apoiar os mais humildes. trens de alta velocidade. Chamo a atenção para que
os problemas já existem. O chamado Entorno é uma
Mas o senhor não terá nenhuma proposta diferente do que o senhor já fez? realidade para o Distrito Federal. O Entorno é muito
Roriz: Tenho repetido que o meu próximo governo mais ligado à economia e á vida de Brasília do que de
– se Deus quiser – irá superar todos os meus outros Goiás ou Minas Gerais. Precisamos encarar esse pro-
governos. Vou propor a ampliação do quadrilátero do
blema de frente e encontrarmos soluções inovadoras e
DF, que deve ter o tamanho original revisto pela Mis-
são Cruls... inteligentes para isso. O quadrilátero da Missão Cruls
é o caminho.
10 BRASÍLIA,
Outubro de 2009

ÉZIO PIRES// Jornalista/Escritor

LEIS QUE NÃO PEGAM

Comportamento

NOS NOSSOS DIREITOS E DEVERES

E
stá na nossa Lei maior, a Constituição
Federal, conhecida como “Constituição
Cidadã”, o principal exemplo das leis
que não pegam nos nossos direitos e deve-
res de cidadania. Veja o leitor o que nos diz o
artigo 1º da CF: “Todo poder emana do povo
e em seu nome é exercido”. Associando esse
poder do povo à sua obrigação de votar, fica
bem fácil saber a quem interessa as leis que
não pegam. Um grande percentual de votan-
tes obrigatórios, entre os duzentos milhões
de brasileiros logo depois de serem obrigados
a votar, esquecem o nome de quem recebeu
seu voto para exercer o poder que emana do
povo. E há exemplos dos que têm coragem de
dizer que estão se lixando para quem vota.
Contra dispositivos da Lei Maior que não
pegam, acaba de aparecer numa mobilização
louvável promovida por 43 entidades contra
os chamados “fichas sujas” que teimam em
representam o poder que emana do povo.
Diante do espetáculo de imoralidade explí-
cita na política nacional, essa mobilização
deve se repetir sempre que for necessária.
As entidades já recolheram 1,3 milhão de as-
sinaturas (mínimo de 1% dos eleitores) para
apresentação de emenda constitucional. Os
que exercem muito mal o poder que emana
do povo não podem fugir desse tipo de inicia-
tiva, nem negá-lo.
No Capítulo dos Direitos Individuais e Co-
letivos, a Constituição diz utopicamente no
seu artigo 5º, que “todos são iguais perante a
Lei, sem distinção de qualquer natureza”. Vale
aqui esta sincera indagação: e quando a Lei
será igual perante todos? Outra utopia capaz
de vivenciar onde a Lei Maior não pega é nas
garantias oferecidas para quem sofre com o
salário mínimo. Vejam: “salário mínimo, fixa-
do em lei, nacionalmente unificado, capaz de
atender as suas necessidades vitais básicas e
às de sua família com moradia, alimentação,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social”.
Até mesmo um dos princípios jurídicos,
internacionalmente consagrados, que é o da
“coisa julgada” ainda não pegou na Consti-
tuição Cidadã. O artigo 5º XXXVI, combinado
com o Código de Processo Civil, artigo 472,
tem sido totalmente desprezado. Resta sa-
ber a quem interessa ignorar a coisa julgada
(que é a sentença contra qual não cabe mais
nenhum recurso). Sentenças transitadas em
julgado que segundo o artigo 472 do CPC não
beneficia e nem prejudica as partes. No maior
parcelamento irregular do solo da relação de
513, que é o Entre Lagos onde moro, senten-
ça transitada em julgado já decretou a nuli-
dade pretendida instituição como condomí-
nio. Mesmo assim, contando com ausência
do Estado nada acontece para cumprimento
da Sentença. Resta saber a quem interessa?
Evidentemente não são os moradores que já
representam uma população estimada em
10.000.
Enquanto a Constituição diz que a
“Lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada”, o artigo
472 do CPC adverte aos que têm interesse em
ignorá-lo que “a coisa julgada” não pode be-
neficiar ou prejudicar as partes. É só indagar,
no caso da sentença do Entre Lagos, a quem
o total desinteresse ali, pela coisa julgada está
beneficiando ou prejudicando (?). Essa inda-
gação é a que dirijo ao MPDF, por acreditar
numa resposta imediata a ser dada a este ci-
dadão de 82 anos que nunca viu coisa igual.
Confio, ainda, na relevante missão do MP
como fiscal da Lei e sua fiel execução.

Brasília pela TV Mayrluce villela// Jornalista

U
m dia assistindo ao DFTV – acho que
há mais de dez anos -, vi uma repor-
tagem do meu colega Carlos Magno (
hoje na TV Record em Goiânia ) sobre Brasí-
lia. A idéia era mostrar a capital do Brasil para
os próprios moradores. No meio da matéria
ele fez uma “passagem” sentado na escada
do Catetinho dizendo mais ou menos assim:
“eu moro aqui em Brasília há tantos anos e
só hoje vim conhecer o Catetinho por causa
dessa reportagem”.
Aquele texto me chamou a atenção por-
que quase todos os espaços que fazem parte
da história de Brasília eu também os conhe-
ci por causa da profissão. Se não fosse por
isso talvez até hoje só teria passado na porta
como acredito ser do jeito que a maioria das
pessoas que moram aqui fazem. Entrei no
Memorial JK quando faleceu dona Sarah Ku-
bitschek, no Panteão da Democracia, no ve-
lório do maestro Cláudio Santoro. Também já
fui ao Museu de Arte, Museu vivo da Memó-
ria Candanga, Concha Acústica e a uma série
de outros lugares que muitos amigos não têm
idéia de como são por dentro.
Até mesmo o Congresso Nacional, que
freqüento há mais de vinte anos, também em
função da profissão, só no fim do ano passa-
do aprendi um pouco mais sobre a história,
principalmente do Senado, quando dei uma
de cicerone da família de meu marido em fé-
rias aqui na cidade.
Foi também em um desses plantões que
nós - jornalistas - fazemos por aí, que ‘des-
cobrimos’ que bela obra de engenharia é o
palácio Itamaraty – um vão enorme sustenta-
do basicamente por uma escada no meio do
nada.
Mas voltando à matéria do Magno. O que
ele quis dizer é que a gente sai daqui para
conhecer a Ópera de Arame em Curitiba, as
igrejas de Ouro Preto, andamos no calorão de
Olinda, em Pernambuco, ou no pelourinho
em Salvador, sem falar de Nova Iorque, Paris,
mas só vamos conhecer a cidade onde mora-
mos quando temos que levar alguém de fora
e ainda assim achando ruim.
Brasília está aí. Perto de completar cin-
qüenta anos. Já temos uma segunda geração
daqui. Está na hora de sermos mais “bairris-
tas” e vendermos melhor a cidade.
Por acaso, sou mineira.
www.vulcabras.com.br
12 BRASÍLIA,
Outubro de 2009

PATRÍCIA NUNO, de salvador/(*)

No fio da navalha
De repente, o disparo de uma arma de fogo que
atingiu o peito de Luiz Carlos Ferreira Soares, em
saias, blusinhas colantes, bolsinhas rodopiantes, saltos, brincos,
estardalhaço de cores. Comecei a investigar o mundo das
Brasilia, faz estremecer as bases do meu coração
drogas e da prostituição. Aprendi que olheiro não é o
baiano. Leio na imprensa que um jovem policial
que simplesmente vê, mas vigia. Que avião transporta
civil teria sido morto no inicio do mes, dentro de
alem de passageiros, a desgraça e a ilusão. Aprendi
uma viatura descaracterizada, na região do Grande
a negociar uma informação, e fiquei sabendo
Colorado, afastada do Centro da cidade. Ele estava a
que, quanto mais valiosa, mais poderosa torna-
serviço, e seguia pistas de suspeitos de envolvimento
se a pessoa que a detém. Aprendi a nunca
com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
subestimar ninguém. Hoje, sei que o bom e
o mau são momentos determinados pelas
Um crime que ecoa, e reverbera na minha
circunstâncias, e convivem
cabeça durante o final de semana de feriado
harmoniosamente num mesmo ser.
prolongado e descanso junto à familia. Inquieta, passo
Mundo cão
a noite agarrada com os meus filhos, como se não
O mundo cão ensina. Aos poucos
quisesse perder um minuto sequer da sua companhia,
fui deixando de ser aquela menina barrada
na tentativa de contemplar cada centimetro do seu
no primeiro psicoteste do concurso. Ah,
crescimento. Amasso os pezinhos, cheiro cangotes,
perdão por repetir, mas é coisa que
seguro as mãozinhas na ilusão de nunca perde-los.
não dá para esquecer em quatorze
Sinto como se fosse eu a próxima vítima. Passo a
anos de atividade profissional !
lembrar do dia em que cheguei em casa contente,
Mas na Polícia será que existe
dizendo que iria prestar concurso para a Polícia Civil
alguém normal ? Não, de
da Bahia. O silêncio pálido do meu pai fez um barulho
jeito algum! Atrevem-se
danado na minha consciência, que sempre sofreu as
a desafiar o destino, pois
suas influências, mas o sorriso da minha mãe, mulher
não lhes falta coragem!
guerreira de colo aconchegante, restabeleceu a minha
Arriscam-se tanto, para
razão para seguir com força naquela decisão.
desvendar um mistério, para
Com vinte e quatro anos de idade, e jeito de
revelar a verdade, fazer
garota tonta que teve que repetir o psicoteste para
valer a justiça! Arriscam
ingressar na Policia, era muito fácil desvendar os
a vida, para garantir a
casos através de infiltração e campanas. Antes das
paz e a harmonia social!
audiências, sentava-me disfarçada entre as pessoas
Aqui estou outra
intimadas a comparecerem perante a Ilustrissima
noite, agarrada aos
Autoridade Policial, e num bate-papo ligeiro colhia
meus filhos.Valha-me
todas as informações necessárias á elucidação do
Deus! Perdoe a minha
fato, sem estresse, mentiras, sem dar tempo de correr
loucura, mas eu amo
a primeira gota de suor na testa, ou de secar a boca,
ser policial! Ainda
mesmo porque durante os interrogatórios sempre
que com o coração
procurava servir água ou cafezinho para descontrair,
abalado, e as idéias
se é que isto é possível para quem está sentado
embaralhadas
propositadamente a um nivel abaixo daquela que
pelo estampido brasiliense,
poderá causar-lhe uma serie interminavel de dores de
não consigo parar.
cabeça.
A vontade de lutar ganha força e
Já tive a oportunidade de colher prova
coragem para seguir adiante. E faço por
tomando sorvete na mesa ao lado de um servidor
eles, faço pelos meus filhos, para mostrar-
público, que exigia a entrega de uma vultosa quantia,
lhes que devemos sempre seguir em
por um parecer favorável num processo que apurava
passos firmes, sem medo de ser feliz,
um auto de infração tributária. Bons tempos aqueles
porque Deus é a nossa Estrela Guia.
em que atuava no combate aos crimes econômicos
e contra a administração pública. Seis anos depois,
veio o primeiro plantão. Deixei o colarinho branco (*) Patrícia Rocha Nuno de Souza
pelo fascinio da moda de beira de praia: super mini Delegada Titular da Primeira Circunscrição Policial
Polícia Civil da Bahia
 BRASÍLIA,
Outubro de 2009
13

Eleições em Portugal SILVIA CAETANIO, de lisboa// Empresária

Em seguida, no pleito para a composição os quais estava coligada para se entregar nos
da Assembléia Legislativa,foi desalojado da braços do liberais de centro direita.
confortável posição de partido majoritário. Já em Portugal, apesar das derrotas

H
avia perdido as eleições presiden-
ciais para o conservador Cavaco Silva
e,recentemente,num curto espaço de
meses, o Primeiro-Ministro José Sócrates en-
frentou tres eleições,as européias,as legislati-
vas e ,no último domingo,as artárquicas,que
são as nossas municipais.Na disputa pelo Par-
lamento Europeu,viu seus adversários serem
robustecidos,nas legislativas,deixou escapar a
maioria absoluta e,nas derradeiras, seu princi-
pal adversário,o PSD continuou como o maior
partido nacional.Essa seria a primeira análise
a ser feita com base apenas nos números,mas
o fato é que,tendo perdido eleições,o líder do
partido socialista emergiu vitorioso das urnas.
Contraditório?Não, é preciso entender o que
passou no cenário da política portuguesa.
É indiscutível que na disputa pelas cadeiras
do Parlamento Europeu,o partido socialista
do Primeiro-Ministro José Sócrates,perdeu
espaço para o PSD e viu seus demais
adversários conquistarem mais espaço.
Nada disso,contudo,conteve sua garra
política,com a qual desenhou a vitoria política
da sua legenda no último pleito. Embora o PSD
continue com o maior número de câmaras -o
equivalente às nossas prefeituras- o Partido
Socialista conquistou mais presidências e
votos.Encerrada a fase das eleições,o Primeiro
Ministro Socialista sagrou-se politicamente
vitorioso.
Essa leitura torna-se possível quando
analisamos os embates eleitorais na moldura
da União Européia, num cenário da crise
internacional que se abateu sobre todos seus
integrantes. Ao lado das disputas meramente
nacionais, o resultado das duas únicas eleições
européias, realizadas após o aprofundamento
da crise financeira mundial, na Alemanha e em
Portugal garantiu a sobrevivência dos governos
em exercício ,embora de maneira diferente. Na
Alemanha os resultados das urnas concederam
a Chanceler Angela Merkel o que desejava há
muito:livrar-se dos sociais-democratas com
contabilizadas numericamente,os socialistas
do Primeiro-Ministro José Sócrates ,que perdeu
as presidênciais, e a maioria absoluta de 120
parlamentares na Assembléia Legislativa, o
Congresso português ficando com a maioria
relativa de 96 num total de 320 cadeiras e
serão obrigados a compor governo majoritário
flutuante, através de acordos pontuais, tanto
à direita, como à esquerda, não podem ser
considerados efetivamente derrotados. No
quadro da crise, sobressai uma vitória diferente.
A vitória do reconhecimento, pelo voto, de que
ambos os políticos, a alemã e o português,
fizeram o seu melhor para amenizar os efeitos
das dificuldades financeiras mundiais sobre
seus governados. No domingo 11 de outubro,
mais uma vez, os portugueses, renovaram sua
confiança no líder socialista para enfrentar a
crise econômica, que, em Portugal, apresenta
seus mais cruéis efeitos.

A vontade de um
Brasil Olímpico ANA CAROLINA ABREU OLIVEIRA// Publicitária

D
izem que quando a gente faz as coisas sempre do mesmo jei-
to, consegue sempre os mesmos resultados. A vitória do Rio
para sede dos Jogos Olímpicos de 2016 parece ter provado
isso, pois desta vez, fizemos diferente das outras e o resultado é este:
inédito para nós, inédito para a América do Sul, inédito para todos.
Apesar de toda exaltação geográfica da cidade, que diga-se de
passagem foi um grande trunfo, vencemos porque mostramos mui-
ta vontade: a política, a econômica, a social. Mobilizamos as três
esferas de governo, atletas, comunidade, autoridades. Em Copenha-
gue, presenças óbvias: Presidente da República, Ministro do Esporte,
Pelé, Comitê Olímpico Brasileiro. Até aí, tudo certo. Protocolo básico
de quem tem intenções de vencer. Mas nem tudo era tão previsível:
Pelé não discursou e a representante dos atletas brasileiros era uma
menina humilde, que quase ninguém conhece, mas que representa-
va ali não só a comunidade esportiva, mas as crianças, os brasileiros
humildes e principalmente a determinação do país.
Para que não restasse dúvida da seriedade e do comprometi-
mento da proposta brasileira, estavam presentes também o presi-
dente da instituição financeira oficial do país, o presidente da Casa
Legislativa que representa o povo, os administradores da cidade e
do estado do Rio de Janeiro, assim como ícones da nossa cultura e
campeões olímpicos. Fomos armados, como manda
o figurino. Mas a principal arma foi a persistência e a
vontade estampada nos olhos, nos discursos e no pla-
nejamento preciso.
Mas o que vai fazer com que realmente tenhamos
orgulho de sermos sede de um evento tão importan-
te ainda não é isso. A euforia por conta da decisão do
COI não é descabida, mas orgulho mesmo vamos sentir ao ver que
essa mobilização toda vai mudar a nossa forma de ser, que o lega-
do dessa decisão irá mudar a vida de tantas pessoas, que os nossos
dirigentes irão usar o dinheiro público com respeito. É por essa me-
dalha que os brasileiros precisam lutar a partir de hoje. De todos os
temas - a maioria bastante polêmica - que as Olimpíadas no Brasil
podem suscitar, esta é a grande preocupação. Obviamente que seria
incoerente o país investir tanto em um evento e não ter uma política
de apoio ao esporte. E é preciso fazê-la de duas formas: apoiando o
atleta profissional e investindo no amador, que será a base para o
futuro.
Mas os brasileiros devem se empenhar com garra em duas coi-
sas: fiscalização e transparência dos gastos públicos. É neste pódio
que precisamos sonhar em subir.
14 BRASÍLIA,
Outubro de 2009
Embaixadora das Filipinas elogia
projetos sociais do Brasil
Lisane Bufquin,
falando das Filipinas
As relações diplomáticas
e comerciais entre o
Brasil e as Filipinas
são fortalecidas a cada
ano, e os dois paises,
inclusive, comungam
de projetos politicos e
sociais. A Embaixadora
do pais filipino no
Brasil, Terezita Barsana
, em entrevista exclusiva
a Lisane Bufquin
disse que o projeto do
governo Lula sobre o
Bolsa Familia é bem visto em seus Pais, e traz beneficios a comundade mais
pobre. Ela falou também sobre o intercambio comercial entre os dois paises,
citando cifras de exportãções e fez um registro triste sobre a tragédia que se
abateu sobre o Pais meses atrás, desabrigando 700 mil pessoas e dando ao
Pais um prejuizo na ordem de 400 milhões de dólares. Aqui um resumo da
entrevista da entrevista da embaixadora ao Entre Lagos.
COMO VOCÊ DESCREVERIA AS FILIPINAS?
As Filipinas são mais bem descritas pela nossa presidente Gloria Macapagal
Arroyo que disse “Nós não somos meramente um grupo dos insulares cercados
pela água, mas um país ligado pelo mar e unido por uma rica herança. Nós
não somos um arquipélago de esperanças falsas, mas uma nação unida pelo
progresso que temos procurado.” Como você sabe há 7.107 ilhas nas Filipinas
e isto significa muita diversidade lingüística, de opinião, costumes e em
tradições e até na culinária. Há aproximadamente 80 grupos ethno-lingüísticos
principais e mais de 500 dialetos principais em nosso país de 90 milhões de
habitantes. A língua nacional chamada Filipino é baseada noTagalog, o maior
grupo lingüístico.
As Filipinas se apresentam aos visitantes com 7.107 escolhas de destinos
variados. E para brasileiros, nenhum visto é necessário. Nosso acordo com
o Brasil de “visto-renúncia” permite aos turistas, permanência de 90 dias sem
visto.
COMO ESTÃO AS RELAÇÕES ENTRE O BRASIL E AS
FILIPINAS?
Realmente, muito boas atualmente. Há um incremento nos contatos oficiais e
existem vários acordos assinados recentemente que nos permitem trabalhar a
fim de forjar uma parceria dinâmica. Desde minha chegada ao Brasil, houve
várias visitas de ministros, entre eles, o Ministro das Relações Exteriores,
Reforma Agrária, Meio-Ambiente, Agricultura, além dos Ministros do Bem-
Estar Social e do Desenvolvimento. Quando estiveram aqui com o objetivo de
participar de conferências internacionais lideradas pelo Brasil, aproveitamos
a oportunidade para incrementar as relações bilaterais através de contatos
oficiais com as autoridades competentes. Brasil e as Filipinas estão em lados
opostos do globo e assim é importante maximizar o tempo gasto no país após
terem atravessado uma distância geográfica tão grande.
Mas o impulso mais importante às relações bilaterais era a visita de estado
da Presidente Gloria Macapagal Arroyo ao Brasil no último mês de Junho,
atendendo a um convite do Presidente Lula. Foi uma visita histórica, sendo a
primeira visita ao Brasil de um chefe de estado das Filipinas. Foi também uma
viagem sentimental para a Presidente Arroyo que visitou o Brasil na companhia
de seus pais quando era uma estudante na universidade de Georgetown em
Washington. Seu pai, Diosdado Macapagal, havia visitado o Brasil em 1960
como o Vice-Presidente e posteriormente em 1966 como o Presidente das
Filipinas.
QUAIS OS RESULTADOS CONCRETOS DA VISITA ?
Primeiramente, havia um compromisso de ambos os líderes para consolidar
relações de cooperação em vários setores. Os acordos de cooperação na
agricultura, pesquisa e bioenergia (etanol), entre outros acordos, foram
assinados durante a visita. Havia também uma firme decisão em aumentar o
comércio entre os dois países. A visita forneceu a possibilidade para os ministros
de ambos os lados iniciarem novas discussões de interesses mútuos. Assim, a
delegação das Filipinas, que incluiu os Ministros citados anteriormente teve
várias reuniões com seus pares brasileiros.
LISANE BUFQUIN, FALANDO DAS FILIPINAS
Foi uma ótima
oportunidade para as
Filipinas aprenderem
de primeira mão a
experiência do Brasil
particularmente
no que concerne o
programa do Bolsa
Familia e da produção
do etanol. Nós
temos um programa
similar chamado
Pantawid Pamilya,
e tendo em vista
nosso interesse neste
programa o próprio
Ministro Patrus
Ananias conduziu
a apresentação do
Bolsa Familia para
a nossa Presidente
e sua delegação.
Houve igualmente uma apresentação sobre o progresso do Brasil na produção
do etanol, por iniciativa da ÚNICA que veio de Sao Paulo a Brasilia para esta
finalidade.
E DO LADO BRASILEIRO, QUAIS AÇÕES FORAM TOMADAS?
Uma missão do Ministério da Agricultura do Brasil foi às Filipinas neste último
mês de setembro e o resultado obtido - positivo, naturalmente - da missão
técnica filipina, foi a autorização oficial do estabelecimento de frigoríficos
no Sul do Brasil. A missão brasileira nas Filipinas também deu início às
discussões sobre a execução eficaz das provisões do acordo de pesquisas
agrícolas. Existe uma missão nossa, do Philippines Carabao Center, visitando
os estados de Sao Paulo, Minas Gerais e Bahia em um projeto para melhorar
a nossa indústria frigorífica.
Para aproximar ainda mais nossas relações, abrimos um Consulado em Recife
para cobrir os estados de Pernambuco, Ceará e Bahia. A inauguração do
consulado em Boa Viagem, tendo como Cônsul o Sr. Sérgio Kano, presidente
de Tecon Suape, foi feita em 18 de setembro.
Tecon Suape, um terminal de containers situado em Suape, Pernambuco, é
uma subsidiária da empresa filipina “Internacional Services Inc.
A expansão desta empresa foi inaugurada pela Presidente Arroyo durante sua
visita ao Brasil em Junho deste ano.
QUAL O VOLUME DO COMÉRCIO ENTRE O BRASIL E AS
FILIPINAS?
No ano passado, o comércio bilateral atingiu mais de um bilhão de dólares.
Brasil exporta para nós, minério de ferro e seus produtos derivados, tabaco,
carne e cobre. E no sentido inverso, exportamos microprocessadores, circuitos
integrados, circuitos monolíticos, discos óticos e fertilizantes minerais e
químicos. As exportações do Brasil atingiram 584 milhões de dólares enquanto
nós exportamos um pouco mais que 497 milhões de dólares.
SOBRE A RECENTE DEVASTAÇÃO NAS FILIPINAS, CAUSADA
PELOS FURACÕES, FATO QUE CHOCOU A TODOS NÓS.
EM QUE RESULTARAM OS ESFORÇOS FEITOS PARA AJUDAR
A POPULAÇÃO?
Os danos feitos pelos furacões são estimados em torno de 20 bilhões de
Pesos ou em aproximadamente 400 milhões de dólares. Mais de 700.000
pessoas ficaram desabrigadas. O nosso governo lançou operações de busca e
salvamento além de auxílio humanitário. E está fazendo o possível para lidar
com esta calamidade inesperada e levantando fundos para esta finalidade. A
solidariedade comunitária filipina, chamada de bayanihan, aparece fortemente
nestas horas, além da ajuda das várias comunidades filipinas no exterior,
assim como, no trabalho voluntário relevante empreendido por aqueles
que já conseguiram voltar para casa. Somos também gratos à comunidade
internacional pelo seu auxílio, especialmente as Nações Unidas, o Banco
Mundial além de muitos países incluindo o Brasil. Em resposta ao apelo das
UN para as vítimas do furacão, o governo brasileiro doou US$70.000.

BRASUCAS
Armadura Banda lança o primeiro
do leão
CD e mostra novidades
A Banda Brasucas, fundada em
2001, comemora o lançamento do primeiro
CD na praça de Brasília. O lançamento,
festivo, teve show no Jardim Botanico
e mais uma edição do Campeonato de
skate “big day out”.
Após muitas pesquisas , a banda
lança o CD mesclando vários ritmos,
mantendo o reggae como pano de fundo.
O CD está a venda nas lojas Java Suel,
do Gilberto Salomão. Isabelle e Maíra
são as novidades da BRASUCAS. Elas
chegam para esta nova fase fazendo os
backing vocals e harmonias vocais, e estão
agradando . Os demais integrantes os fans
já conhecem; são eles Marcelo Pahl na
bateria; Feliipe Sobral nos vocais Emanuel
Ferreira nos teclados e Felipe Terrana no
baixo.
BRASÍLIA,
Outubro de 2009
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Fotos Felipe Terrana
Os músicos entram novamente no
estúdio dia 8 de novembro para gravar um
novo album, com um titulo chamativo:
“ De uma chance”, com o compromisso
de revolucionar a cena do reggae em
Brasília. A cidade deve acompanhar, e
torcer. A julgar pelo histórico musical de
Brasília, faz sentido acreditar nessa nova
promessa. Sairam daqui algumas das
maiores bandas hoje em evidencia no Pais.
Entre elas Paralamas do Sucesso, Capital
Inicial, Legião Urbana, Raimundos e junto
com elas cantores a cantoras que fizeram
e fazem sucesso mundo afora. Agora pode
ser a vez da BRASUCAS. Vamos dar a
chance.
16 BRASÍLIA,
Outubro de 2009

José fonseca filho // Jornalista

Ave, Ciro.
Aonde vais?
Política & etc.

C
iro Gomes é um político de temperamento forte, competente, honesto,
corajoso, um dos poucos surgidos nos últimos anos que difere da medio-
cridade da classe política brasileira, enfurnada nas tumbas da Câmara e
do Senado. É tido como destemperado e é um pouco, mas nada que o compro-
meta. Além de palavrões, diz umas verdades, de vez em quando.
Para onde vai o Ciro? - perguntam os poucos brasileiros que ainda se interes-
sam pela política. As pesquisas de opinião pública dão-lhe boa aceitabilidade, e
cresce no grupo ligado ao presidente Lula um certo receio. Em algumas cidades
pesquisadas – Ave Maria! – o Ciro estaria obtendo maior aceitação do que a can-
didata oficial, Dilma Pac.
Isso estaria causando algum desconforto aos detentores do poder e talvez
ao candidato, pressionado pelo seu partido, mas sempre lembrado pela Dilma
como pessoa integrante do governo, já foi ministro, é gente boa, etc e tal. Outro
grupo pretende que Ciro se candidate ao governo de São Paulo, mas então, se ele
se livrar da Dilma, cai no colo – perdão – da Marta, ex-Suplicy.
A Marta quer vê-lo bem longe de São Paulo, de preferência em Mecejana, ou
Juazeiro do Norte, seguro pelo Padim Ciço para de lá não mais voltar. Na encru-
zilhada, que deve fazer o avis rara da política brasileira? Seu partido, um tal de
PSB, o quer na via do Planalto, mas resistirá aos eventuais apelos do companhei-
ro Lula para não prejudicar a querida Dilma?
Candidato ao governo de São Paulo, já que o PT não dispõe de ninguém ga-
baritado para disputar o cargo, ou não precisaria estar pedindo reforço ao Ceará.
Mas não seria pretensioso sair do Ceará para ser candidato a governador de São
Paulo? Só porque é Corínthians?
Mais modesto, o pernambucano Roberto Freire vai disputar uma simples ca-
deirinha de deputado federal por São Paulo. Sua única ligação com o Estado, no
caso, é torcer pelo Palmeiras. E, claro, sempre que chega do exterior desembarca
em Guarulhos, o que considera o torna, em parte, cidadão paulista.
Mas para onde vai o Ciro, já se sabe? Se resolver mesmo disputar o governo
de São Paulo, grupos de pioneiros bandeirantes liderados por Aloísio Nunes Fer-
reira estão tramando uma vingança. Convencerão Geraldo Alkmin, que já foi go-
vernador paulista duas vezes, a mudar o domicílio eleitoral para Quixeramobim
e se candidatar ao governo do Ceará.
Se ele pode vir para aqui porque eu não posso ir para lá, já deve estar imagi-
nando o Geraldo, cujo temperamento ameno, diverso do de Ciro, pode encantar
o eleitorado cearense. E o Geraldo ainda pode prometer construir um rodoanel
em Fortaleza, a ser inaugurado antes do de São Paulo.
E o eleitorado de Ciro terá sido acaso consultado se prefere votar em seu ídolo
como candidato a Presidente da República ou a governador de São Paulo? Cons-
ta que o governador de Pernambuco quer vê-lo disputando a sucessão de Lula,
assim como consta que Lula, em nenhuma hipótese, quer vê-lo disputando sua
sucessão.
Como se já não bastasse a saída da Marina Silva, que segundo os gênios do
marketing político, vai tirar votos da Dilma mesmo não sendo candidata. O gru-
po radical do PT acha que Marina deveria voltar ao seu habitat natural, e poderia
ser indicada para dirigir o Jardim Botânico do Rio, abandonado desde a saída de
D. João VI.
Ainda tem quem sugira Ciro como o melhor candidato a vice-presidente da
República, na chapa da Dilma. Na verdade, é aí mesmo que o PT gostaria de en-
caixar o inquieto cearense. Político bom é assim: não lhe faltam perspectivas.