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Análise Crítica Tarefa 2 - 8/11/2009

ao Modelo de Auto-Avaliação
das Bibliotecas Escolares
Bibliotecas Escolares

Com base em toda a literatura consultada, conclui-se que, cada vez


mais, a acção das bibliotecas escolares deverá contribuir para a
aprendizagem e o sucesso educativo dos alunos. Tal como Ross Todd
afirma, as suas práticas deverão provar o impacto que têm nas aprendizagens.
Para isso, é fundamental proceder-se a uma auto-avaliação sistemática
visando a melhoria contínua da qualidade, num contexto de mudança.

O Modelo de Auto-avaliação da RBE surge assim para dar resposta a


esta necessidade que, até então, se traduzia na elaboração de simples
relatórios de actividades desenvolvidas.

• O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de

melhoria. Conceitos implicados


O modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares é um instrumento
pedagógico, orientador da qualidade do trabalho desenvolvido na BE, que tem
como objectivo: “avaliar o trabalho da biblioteca escolar e o impacto desse
trabalho no funcionamento global da escola e nas aprendizagens dos alunos e
identificar as áreas de sucesso e aquelas que, por apresentarem resultados
menores, requerem maior investimento, determinando, nalguns casos, uma
inflexão das práticas.”

Neste modelo estão implícitos os seguintes conceitos:

 A noção de valor - «O valor não é algo intrínseco às coisas, tem


sobretudo a ver com experiências e benefícios que se retira delas», o
importante é o resultado das acções da BE, aquilo que contribui para a
melhoria das atitudes e competências dos utilizadores;

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 A noção de auto - avaliação - «processo pedagógico, inerente à gestão


e procura de uma melhoria contínua da BE». A aplicação deste modelo
pretende ser facilmente integrável nas práticas de gestão da BE, alguns
procedimentos deverão tornar-se práticas habituais e não apenas serem
implementados com vista à avaliação;

 A ideia de avaliação que deverá ser entendida não como um fim, mas
como um processo que conduzirá à reflexão, permitindo traçar
estratégias que originem mudanças;

 O modelo como instrumento pedagógico de melhoria, irá permitir


«orientar as escolas através da definição de factores críticos de sucesso
para áreas nucleares ao funcionamento e sucesso da BE e sugerindo
possíveis acções para melhoria» com vista ao desenvolvimento de uma
biblioteca escolar de qualidade. Este trabalho deverá basear-se na
recolha sistemática de evidências (Todd, evidence-based practice)
permitindo identificar pontos fracos e fortes e estabelecer objectivos e
prioridades de acordo com a realidade de cada BE.

• Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para


as bibliotecas escolares

Como foi inicialmente referido, a avaliação das Be’s sempre se efectuou


embora através de simples relatórios de actividades apresentados no final do
ano lectivo no Conselho Pedagógico e enviados à Direcção Regional-RBE.
Estes consistiam, normalmente, num balanço do funcionamento geral do
serviço e na enumeração de um conjunto de actividades realizadas e
consequentes “êxitos”, mas em pouco contribuíam para a mudança de
procedimentos, no ano seguinte, pois o impacto junto das “chefias” ganhava
pouco relevo.

No contexto actual, a aplicação de um modelo de auto-avaliação da BE,


proposto pela Rede de Bibliotecas Escolares, vem alterar significativamente a
forma como tem sido encarado o funcionamento e o trabalho desenvolvido nas
bibliotecas. Sendo a biblioteca considerada por alguns o coração da escola, é

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importante que investigue e apresente os resultados da sua acção,


identificando o sucesso e o impacto dos seus serviços e os gaps
condicionantes desse sucesso. Esta avaliação terá consequentemente reflexos
na avaliação interna e externa da escola, por a nível institucional, passará a
ganhar também outra importância.

Além disso, este documento, favorece o trabalho do professor


bibliotecário e sua equipa, pois está orientado para uma análise dos processos
e dos resultados numa perspectiva formativa, permitindo identificar as
necessidades e os pontos fracos com vista a melhorá-los. Assim, e de um
modo bem definido, sabemos o que temos de fazer, o que se espera de nós e
que caminho temos de percorrer para melhorar as nossas práticas.

• Organização estrutural e funcional. Adequação e


constrangimentos

Como se Estrutura o Modelo?

O Modelo é constituído por quatro Domínios, divididos em Subdomínios.

A. Apoio ao Desenvolvimento Curricular

A.1 Articulação curricular da BE com as estruturas pedagógicas e os


docentes

A.2. Desenvolvimento da literacia da informação

B. Leitura e Literacia

C. Projectos, Parcerias e Actividades Livres e de Abertura à Comunidade

C.1. Apoio a actividades livres, extra-curriculares e de enriquecimento


curricular

C.2. Projectos e parcerias

D. Gestão da Biblioteca Escolar

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D.1. Articulação da BE com a Escola/ Agrupamento. Acesso e serviços


prestados pela BE

D.2. Condições humanas e materiais para a prestação dos serviços

D.3. Gestão da colecção

Dentro de cada subdomínio identificam-se conjuntos de Indicadores ou


critérios, os quais apontam para os aspectos nucleares de intervenção da BE
inerentes a esse subdomínio. Os factores críticos de sucesso são exemplos
de situações, ocorrências e acções que operacionalizam o respectivo indicador.
Para cada indicador são apontados possíveis instrumentos para a recolha de
evidências que irão suportar a avaliação, bem como acções de melhoria a
implementar.

Quanto aos perfis de desempenho que caracterizam o que se espera da BE,


em cada área analisada, a avaliação é atribuída numa escala de quatro níveis
(1 a 4) que correspondem à designação de: Excelente, Bom, Satisfatório e
Fraco.
A aplicação do modelo no ano transacto, no domínio A, permitiu-me fazer
uma avaliação mais profunda do funcionamento da biblioteca, contudo senti,
por vezes, alguns constrangimentos sobretudo porque alguns pontos fracos
advêm de faltas de apoio quer institucional e exterior quer da colaboração de
alguns colegas. Na área em que incidiu a avaliação, era constantemente
focada a articulação com os outros docentes e os órgãos pedagógicos, e
apesar de, na minha prática, fazer um trabalho conjunto com alguns
departamentos, senti dificuldade em admitir que não trabalhava com todos, o
que considero francamente um exagero. Além de domínio A, tive também de
avaliar de forma mais sucinta os outros domínios e senti que havia alguma
repetição de aspectos a avaliar, nomeadamente no domínio B e C, pelo que, se
calhar, deveriam ser integrados respectivamente nos domínios A e D.

• Integração/ Aplicação à realidade da escola

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Em relação à integração/aplicação do modelo à realidade da escola, já


referi atrás que foi implementado (embora experimentalmente) no ano
transacto. Penso que é um documento que permite orientar práticas e
«evidenciar o impacto e o papel da biblioteca escolar na escola», tal como
Ross Todd afirma.

O modelo indica o caminho, a metodologia, a operacionalização com


vista à obtenção da melhoria contínua da qualidade. Pressupõe a liderança
forte do professor bibliotecário, que tem de mobilizar a escola para a
necessidade e implementação do processo avaliativo. É um processo de
melhoria que deve facultar informação de qualidade, capaz de apoiar uma
tomada de decisão interligada à avaliação da escola.

• Competências do professor bibliotecário e estratégias


implicadas na sua aplicação.

O professor bibliotecário deve evidenciar as seguintes competências:

a. Ser um comunicador efectivo no seio da instituição;

b. Ser proactivo;

c. Saber exercer influência junto de professores e do Conselho Executivo;

d. Ser útil, relevante e considerado pelos outros membros da comunidade


educativa;

e. Ser observador e investigativo;

f. Ser capaz de ver o todo - “the big picture”;

g. Saber estabelecer prioridades;

h. Realizar uma abordagem construtiva aos problemas e à realidade;

i. Ser gestor de serviços de aprendizagem no seio da escola;

j. Saber gerir recursos no sentido lato do termo;

k. Ser promotor dos serviços e dos recursos;

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l. Ser tutor, professor e um avaliador de recursos, com o objectivo de


apoiar e contribuir para as aprendizagens;

m. Saber gerir e avaliar de acordo com a missão e objectivos da escola.

n. Saber trabalhar com departamentos e colegas.

O professor bibliotecário deve revelar uma liderança forte associada a uma


visão e gestão estratégica, isto é:

- Pensar estrategicamente;

- Gerir estrategicamente, de acordo com as prioridades da escola e para o


sucesso;

- Promover uma cultura de avaliação;

- Comunicar permanentemente. Articular prioridades.

No contexto actual, considero bastante exigente o que se está pedir aos


professores bibliotecários tendo em atenção o facto de conviverem com tantas
adversidades. São tarefas demasiadas para uma só pessoa, por isso temos
muitas das nossas acções bastante incompletas.

Bibliografia:

Texto da sessão: “O Modelo de Auto-avaliação das Bibliotecas Escolares:


problemáticas e conceitos implicados”, Disponível na plataforma.

Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares. Modelo de Auto-Avaliação das


Bibliotecas Escolares . Disponível em: http://www.rbe.min-
edu.pt/np4/np4/31.html

Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares. Modelo de Auto-Avaliação das


Bibliotecas Escolares – Instrumentos de recolha de dados . Disponível em
http://www.rbe.minedu.pt/np4/np4/31.html

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Todd, Ross (2002) “School librarian as teachers: learning outcomes and


evidence-based practice”. 68th IFLA Council and General Conference August.
<http://www.ifla.org/IV/ifla68/papers/084-119e.pdf>:

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