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Segunda tarefa

Análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares

“As bibliotecas apresentam-se como Centros de transmissão e valorização da


informação e do conhecimento – potenciais organizações capazes de aprender e
gerir actividades de comunicação, aptas a alterar a sua componente organizacional
para sobreviverem na nova e complexa dinâmica caótica das organizações”
(1998, Pinto e Ochôa).

Não podia iniciar a minha reflexão, sem fazer esta citação que, me parece resumir
muito bem a importância que, as Bibliotecas Escolares têm em todo o processo
ensino/aprendizagem. A literatura evidencia, de forma clara, o impacto das Bibliotecas
na aprendizagem e no sucesso educativo dos alunos.
A Biblioteca já não pode ser entendida só como um espaço agradável que oferece
recursos à comunidade educativa, mas tem de ser entendida como um centro de
recursos organizado em função das competências da literacia; interactiva; que oferece
recursos e informações em diversos suportes; de aprendizagem e privilegiando o
trabalho com os professores.

Tradicionalmente o impacto das Bibliotecas limitava-se ao nível da colecção, centrada


apenas no espaço e nos recursos. Actualmente a Biblioteca escolar assume um papel
de liderança, assumindo-se como um recurso indutor de inovação.

Os conceitos fundamentais que presidiram à construção e aplicação do modelo de


auto avaliação são, como aponta a literatura, os seguintes:

- Noção de valor – o valor não existe nas coisas, é-lhe atribuído por um sujeito. Ora,
esse sujeito só pode atribuir valor a algo, neste caso à Biblioteca, se ela lhe transmitir
alguma coisa, se lhe permitir enriquecer o seu conhecimento;

- Não devemos entender a aplicação do modelo de auto avaliação, como uma


penalização pelo trabalho que estamos a desenvolver, mas entendê-la num sentido
construtivo para podermos aferir o que está mal, o que está razoável e o que está

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bem. O modelo é um instrumento pedagógico de orientação das escolas, em que se
podem definir factores críticos de sucesso;

- Tradicionalmente, o impacto da BE era aferido através da relação directa entre os


inputs e os outputs. Hoje a avaliação centra-se, essencialmente, no impacto qualitativo
da Biblioteca, isto é, na aferição das modificações positivas que o seu funcionamento
tem nas atitudes, valores e conhecimento dos utilizadores;

- Evidence Based-practice – Necessidade de instrumentos de recolha de evidências.


Ross Todd, “associa o conceito às práticas das Bibliotecas escolares e à necessidade
que estas têm de fazer diferença na Escola que servem e de provar o impacto que tem
nas aprendizagens.”

Para que a Biblioteca possa ser tudo aquilo que descrevi, é imperioso a aplicação de
um modelo de auto avaliação para aferir em que áreas a nossa Biblioteca precisa de
uma intervenção urgente ou aquilo que pode melhorar.

A criação de um modelo para a avaliação das Bibliotecas escolares visa, segundo a


minha perspectiva, os seguintes objectivos:

1- Identificar pontos fracos ou menos desenvolvidos na BE;


2- Avaliar o impacto da BE no funcionamento da Escola;
3- Repensar práticas;
4- Envolver a Escola;
5- Melhorar os resultados gerais da Escola.

O modelo organiza-se em quatro domínios e num conjunto de indicadores sobre os


quais assenta o trabalho da Biblioteca, a saber:

a) Domínio A - Apoio ao desenvolvimento curricular. Trabalho de colaboração


entre biblioteca e professores em prol do sucesso dos alunos;
b) Domínio B - Leitura e Literacias.
c) Domínio C - Projectos, parcerias e actividades livres de abertura à comunidade.
Desenvolvimento de actividades livres (extra curriculares ou de enriquecimento
curricular), abertura à comunidade.

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d) Domínio D - Gestão da Biblioteca escolar. Serviços, condições humanas,
articulação da BE com a escola, gestão da colecção.

Deste modelo surgem alguns constrangimentos, nomeadamente da ausência de


práticas de avaliação baseadas em evidências e de uma avaliação ainda muito centrada
na colecção existente, recursos humanos, verba gasta com o funcionamento e nos
benefícios que os utilizadores retiram do seu contacto e do uso dos serviços.

Do professor Bibliotecário exige-se acção, compromisso e responsabilidade, com


implicações nas práticas e na forma como interage com a escola. Todd refere que, o
professor Bibliotecário “deve transformar a biblioteca escolar num espaço de
conexões e multi-referências, seja ao nível das colecções, seja ao nível da
integração/interacção com a escola. Cabe-lhe definir acções, por oposição a posições e
um trabalho persistente de demonstração do valor e do impacto da Biblioteca.”
(Todd,2008). Para isso o professor Bibliotecário terá de:

a) Ser proactivo;
b) Ter uma atitude construtiva;
c) Ter capacidade de comunicação e empatia com os restantes membros da
comunidade escolar;
d) Promover recursos;
e) Saber gerir.

Mas, para além do professor Bibliotecário, a motivação dos seus membros aliada à
forte liderança do professor coordenador, permitirá mobilizar a escola para a
necessidade de implementação do processo avaliativo.

Este modelo de avaliação, a nível da minha biblioteca, vai permitir mostrar o trabalho
que se tem realizado. No Plano de Acção para este ano, vai ser implementado o
domínio B, em virtude de ser uma Escola que apresenta um grau elevado de iliteracia,
principalmente ao nível do ensino Secundário. Não vai ser uma tarefa fácil porque a
propensão dos alunos para a leitura e utilização dos meios tecnológicos para
desenvolvimento da sua aprendizagem, é muito fraca.

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Por outro lado, alguns professores ainda continuam com um ensino magistral, o que
em nada facilita a aplicação do modelo. Terá de ser feita uma sensibilização ainda
maior do que a que tem sido implementada. A Biblioteca já foi alvo, no ano lectivo
passado, de uma avaliação interna, tendo sido avaliada com Muito Bom. No entanto,
há muito caminho a percorrer.

Como conclusão, cito uma passagem do livro “Alice no País das maravilhas” que
resume muito bem como devemos entender o modelo de auto avaliação, aliás citação
que aparece na maioria da literatura sobre este tema: “

“ – Poderias dizer-me, por favor, que caminho hei-de tomar para sair daqui?

- Isso depende do sítio onde queres chegar! Disse o gato

- Não interessa muito para onde vou…- retorquiu Alice

- Nesse caso, pouco importa o caminho que tomes – Interpôs o Gato”

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