Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. INTRODUÇÃO
Em 1972, Hunt cunhou o termo strategic group (grupo estratégico) ao conduzir uma
análise em indústrias de eletrodomésticos. O pesquisador descobriu um grau de
competitividade maior do que o sugerido pela baixa concentração de players no setor. A razão
seria a existência de subgrupos dentro da indústria que competiam em diferentes dimensões
tornando a identificação de padrões de mercado neste nicho mais difíceis. Estes grupos
estratégicos assimétricos incentivaram que este segmento mercadológico experimentasse
rápida inovação, preços mais baixos, maior qualidade e menor rentabilidade que os modelos
econômicos tradicionais sugeririam.
Já na década de 80, Porter evoluiu o conceito e aplicou dentro de seus estudos sobre
Estratégia. Ele explicou grupos estratégicos dentro do que conceituou como Mobility
Barriers (Barreiras de Mobilidade). Estas barreiras se assemelham às barreiras de ingresso ou
entrada que existem no mercado, a diferença é que estas se aplicam a segmentos específicos
de um mercado.
A análise de grupos estratégicos (SGA – Strategic Group Analysis) tenta identificar
organizações com características semelhantes dentro de um segmento de mercado. Porter
(1980) sinaliza que tais grupos podem ser formados se as organizações participantes
aglutinam ou compartilham duas ou mais das seguintes características: mix de produtos,
cobertura geográfica, número de segmentos mercadológicos atendidos, canais logísticos
utilizados, alcance da marca, distribuição do composto mercadológico, qualidade do produto
ou serviço oferecido e markup.
O uso da SGA pode ser útil pelas seguintes razões (PORTER, 1980):
• Permite a identificação de problemas na estratégia da organização;
• permite saber se a organização ou algum concorrente pode migrar de um grupo
estratégico para outro;
• Ajuda a identificar o status atual dos concorrentes diretos da organização; e
1
• Pode ajudar a organização a identificar novas oportunidades.
FIGURA 1:
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Apesar de ser notório que o objeto de pesquisa dinâmico e volátil que se constitui no
setor bancário, não somente no âmbito brasileiro mas também no relativo ao fenômeno
mundial como um todo – reflete-se que isto poderia invalidar o uso do paradigma positivista.
Todavia, não se busca a formulação de um método cartesiano replicável e sim a postura isenta
do pesquisador positivista. A geração de utilidade pela pesquisa é meramente ocasionado
como uma conseqüência natural da capacidade humana de aproveitamento de insumos
tangíveis e intangíveis, no caso, a geração de conhecimento.
Com relação ao primeiro ponto, esta pesquisa é explicativa pois tenta inferir as
características necessárias para gradear empresas bancárias dentro de uma série de grupos
estratégicos.
Seguindo o segundo ponto comentado por Yin, o pesquisador possui um mínimo
controle sobre o objeto de pesquisa, o que não irá provocar interferências diretas nas decisões
das mudanças ligadas ao trabalho.
Finalmente, a pesquisa irá julgar especialmente a noção histórica atual de cada
respondente em relação a um fenômeno que acontece no mercado de forma também atual,
ainda que não mensurável.
Como utilizaremos a pesquisa experimental, serão respeitadas duas características
desta:
• manipulação: o pesquisador deve fazer algo para manipular pelo menos uma
das características dos elementos estudados; e
• controle: o pesquisador deverá introduzir pelo menos um ou mais controles na
situação de pesquisa.
6
A pesquisa realizada deverá representar algo consistente que ateste a qualidade do
design de pesquisa por meio de testes lógicos. As táticas utilizadas são:
• Validade do constructo;
• Validade interna;
• Validade externa; e
• Confiabilidade (YIN, 1996).
4. Conclusão
O método de Estudo de Caso prova ser o mais adequado para este trabalho, uma vez
que permitirá ao pesquisador separar as empresas constituintes da amostra e coletar dados e
analisar sem que haja aumento na complexidade da pesquisa em si.
É sabido que os elementos a serem analisados estão expostos em um ambiente
sistêmico altamente dinâmico e sujeito a alterações. O mercado bancário hoje não possui o
7
mesmo rosto de uma década atrás e as tendências de canibalização de empresas e fusões e
aquisições torna esse retrato ainda mais árduo de ser capturado.
O Estudo de Caso irá facilitar o trabalho do pesquisador e a separação momentânea da
amostra em quatro estudos de caso, tornará mais fácil e livre de interferências entre as
próprias organizações escolhidas para amostra. No momento do confronto entre os estudos e
entre os dados coletados, padrões poderão ser identificados a partir da repetição das
características mais freqüentes na percepção dos respondentes de outras empresas do setor
bancário.
A teoria poderá emergir a partir da pretensão da construção de um modelo de
formação de grupos estratégicos para a realidade atual do setor bancário brasileiro.
Ainda assim, as empresas vivem num ambiente que se preocupa necessariamente com
o futuro, mas que deve ser embasado no presente. Este instantâneo do momento atual torna a
pesquisa relevante e espera-se que útil para os respondentes deste trabalho e, com esperança
para todo o restante da população do setor. A medida em que nos distanciarmos do momento
presente, a entropia irá aumentar na teia de relações entre as empresa do setor bancário
brasileiro, tornando o modelo atual de aplicação cada vez mais restrita.
As vantagens são óbvias: redução de custos em pesquisa e desenvolvimento do mix de
produtos ao consumidor, redução de custos em pacotes de mídia, redução de custos relativos a
pesquisa e benchmarking relativo à concorrência.
A redução de custos em pesquisa e desenvolvimento de produtos ocorre porque o
banco não irá recorrer ao setor bancário como um todo no sentido de que terá seus
concorrentes diretos identificados, podendo concentrar esforços somente em relação a este
grupo de concorrentes.
Os pacotes de mídia serão assemelhados aos dos verdadeiros concorrentes diretos,
uma vez que estes provavelmente terão os mesmos clientes finais.
As empresas irão concentrar seus esforços de pesquisa de mercado e benchmarking
em somente empresas que são seus concorrentes diretos, em vez de tentar encontrar best ways
em empresas que não detém as mesmas características o que, portanto poderia significar que
tais práticas deteria um esforço bem maior de adaptação dentro da realidade diferente da
empresa – o que nem sempre ocorre com garantias reais de sucesso.
Enfim, espera-se que este trabalho possa servir de utilidade e referência para tentar
achar uma forma de regulação da concorrência dentro de um nicho altamente dinâmico e
imprevisível.
REFERÊNCIAS
BARNEY, Jay B.; HOSKISSON, Robert E. Strategic Groups: Untested assertions and
research proposals. Managerial and decision Economics. v. 11, n. 3, jul., 1990.
BOYD, Jens L. Intra-industry structure and performance: strategic groups and strategic
blocks in the worldwide airline industry. European Management Review. Houndmills: v. 1.
n. 2. winter, 2004.
8
COOL, Karel O.; SCHENDEL, Dan. Strategic Group Formation and Performance: The
Case of the U.S. Pharmaceutical Industry, 1963-1982. Management Science. v. 33. n. 9.
Sep., 1987.
GIL, A.C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999.
GODOY, A. S. Pesquisa Qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração
(RAE), São Paulo, v.35, n.2, p. 20-39, MAI/Jun. 1995.
HUNT, M. Competition in the Major Home Appliance Industry. Dissertação de
doutorado, Harvard University, 1972.
MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 4ª ed. Porto
Alegre: Bookman, 2007, 720 p.
MINAYO, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo-
Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco,1999.
MINTZBERG, Henry. Ascensão e Queda do Planejamento Estratégico. Porto Alegre:
Bookman, 2004.
MINTZBERG, Henry; LAMPEL, Joseph; QUINN, James Brian; GHOSHAL, Sumantra. O
Processo da Estratégia: conceitos, contextos e casos selecionados. Porto Alegre: Bookman,
2006.
MINTZBERG, Henry. Readings in the Strategy process. Upper Saddle River, NJ Prentice
Hall 1998.
MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce; LAMPEL, Joseph. Safári de Estratégia: um
roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000.
PORTER, M. & C. Montgomery. Estratégia: a busca da vantagem competitiva. RJ,
Campus, 1998.
PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias e da
concorrência. 2ªed. São Paulo: Campus, 2005.
TANG, M., THOMAS, H. The concept of strategic groups: Theoretical construct or
analytical convenience. Managerial and Decision Economics. n. 13. 1992.
YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 3ª ed. Porto Alegre: Bookman,
2005, 207 p.