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Maria Helena Pires Martins

Atividades
sugeridas e elaboradas
pela autora

Caro(a) Professor(a)

EU E OS
OUTROS
As regras da
convivência


Caro(a) Professor(a)
Solicite à Editora Moderna o Guia dos professores da série Aprendendo a
Com-Viver, que o(a) auxiliará em seu trabalho na discussão, em sala de aula, dos
valores éticos e da cidadania. O Guia constitui um instrumento importante como
fundamento teórico aos livros e a este encarte.
Basta ligar para 0800-17-2002.
Na Internet: www.moderna.com.br/aprendendoaconviver

N o Guia dos professores discutimos a importância da formação moral dos


educandos — tão necessária para a consolidação dos valores que permeiam o bom
convívio social —, bem como os cuidados para evitar os riscos da simples doutrinação.
No Guia, os professores também terão a oportunidade de examinar com mais deta-
lhes os temas que são tratados em cada um dos livros, com a indicação bibliográfica
específica sobre os assuntos, além de uma bibliografia geral.
A Editora Moderna encontra-se em consonância com o Ministério da Educação quando,
nos Parâmetros Curriculares Nacionais, recomenda especial atenção aos temas transversais
que tratam de convívio social, ética e cidadania. A proposta de transversalidade supõe a
possibilidade de desencadear a discussão desses temas por professores de toda e qualquer
disciplina do currículo, tais como Língua Portuguesa, História, Educação Religiosa, Filosofia,
Sociologia, Geografia e outras.
A fim de facilitar o trabalho dos professores, apresentamos, neste encarte, propostas
de atividades nas quais são examinadas situações concretas que propiciem o debate so-
bre conflitos morais. O que se pretende é levar os alunos a identificar e clarificar valores; a
avaliar as causas e conseqüências de comportamentos; a argumentar para defender suas
posições; a verbalizar sentimentos; a colocar-se no lugar dos outros; a buscar alternativas
possíveis de conduta.
Lembramos que os comentários feitos para cada proposta de discussão não devem
ser entendidos como orientações fechadas, mesmo porque tal procedimento represen-
taria uma incoerência com os pressupostos teóricos enunciados no Guia, de não dirigir as
respostas dos alunos. Eles valem, portanto, apenas como pistas, simples sugestões que os
professores podem aproveitar como ponto de partida para as discussões.

O tema: regras de convívio social

A convivência social exige que respeitemos os outros enquanto indiví­duos e como


coletividade, que sejamos justos, solidários, honestos… Para convivermos em socieda-
de precisamos seguir algumas regras, que podem ser de vários tipos. Há as regras de
polidez, as de proteção, as de organização e, por fim, as regras morais.
Dentre elas, as regras morais assumem importância maior porque dizem respeito
ao bem e ao mal, ao certo e ao errado, ao justo e ao injusto. São elas que nos fazem
usar nossa liberdade de modo responsável e criativo, visando ao nosso bem e ao da

sociedade.
As regras morais nem sempre são muito claras. Muitas vezes, fazer o que nos parece
certo pode causar algum mal a nós mesmos e às pessoas a quem queremos bem. Outras
vezes, decidir o que é mais acertado fazer pode transformar-se num dilema. Por isso,
precisamos pensar muito sobre todos os aspectos de uma situação, considerar os vários
pontos de vista, refletir sobre as diferentes soluções e se estas são justas ou não.

Propostas para discussão

Além das sugestões apresentadas a seguir, os professores poderão enriquecer o


debate com fatos aproveitados de situações vividas em sala de aula ou fora dela.
Devido ao caráter inerente às discussões de temas éticos, lembramos aos professores
que o aproveitamento do aluno não deve estar sujeito à avaliação tradicionalmente feita
por meio de provas e notas.
A seguir, sugerimos algumas atividades que os professores podem propor aos alunos,
dando, assim, início à discussão.

Para o capítulo “Por que tenho de fazer isso?”, sugerimos algumas questões gerais,
de compreensão do texto.
a) O que é necessário para que a vida social seja possível?
b) As regras sociais são sempre as mesmas para todas as pessoas, independen-
temente do lugar onde elas vivem?
c) Por que o texto diz que as regras podem ser discutidas e explicadas?
1 Exercícios de sensibilização para o capítulo “Eu existo, ele existe, nós existimos”:
a) Os professores poderão comportar-se de maneira totalmente desrespeito-
sa, dando ordens aos alunos sem dizer “por favor” ou “muito obrigado(a)”,
pegando seus materiais e usando-os, sem pedir licença. Depois de alguns
minutos, perguntar a eles o que acharam dessa atitude e como se sentiram
sendo tratados dessa forma.
2 b) Quais são as situações em que se deve usar expressões de reconhecimento e
de respeito pelo outro? Fazer um levantamento das situações lembradas pelos
alunos: situações em que caberia dizer bom-dia, boa-tarde, por favor, muito
obrigado(a), com licença.
c) Em que situações é necessário pedir desculpas?
d) Discutir com os alunos as relações autoritárias. Por que as pessoas em posições
superiores — do ponto de vista da idade, da situação socioeconômica ou pro-
fissional —, acham que não precisam usar as expressões de reconhecimento
ou de respeito pelos outros?
Tornar o uso dessas expressões um hábito dentro da classe. A formação de hábitos
positivos é uma das etapas da educação moral, principalmente quando a razão dos
hábitos é discutida. Lembrar que também os professores estão sujeitos ao mesmo
tipo de comportamento, devendo usar tais expressões em todas as situações
dentro da sala de aula. Professores são vistos como modelos a ser imitados.


Quando da discussão do capítulo “Tudo tem seu tempo”, deixar sempre muito
claro que as regras de proteção não visam somente à segurança de um indivíduo
em particular, mas também, e com igual ênfase, à segurança dos outros e da co-
letividade. Este é um momento privilegiado para se discutir o descentramento,
isto é, o movimento do indivíduo que deixa de se achar o centro do mundo para
pensar nas conseqüên­cias que a transgressão das regras de proteção pode
causar aos outros.

3 Para estabelecer esse diálogo, sugerimos as seguintes questões aos alunos:


a) Quais as regras de proteção existentes na escola? Há necessidade de outras?
Quais?
b) Você se sente protegido dentro da sua escola? Alguém o ameaça?
c) Há extintores de incêndio no prédio de sua escola? Quantos são e onde estão
localizados? Para que servem? O que aconteceria se estivessem com a validade
vencida ou se tivessem sido danificados ou roubados?
d) Quais as regras de proteção que existem na sua casa? Elas são as mesmas para
todos os membros da família? Quais são as diferenças? Por que essas diferenças
existem?
e) Por que existem faixas para os pedestres atravessarem a rua? O que pode
acontecer quando o motorista ou o pedestre não respeita essas faixas?
A leitura do capítulo “Cada coisa em seu lugar” é o momento ideal para criar
algumas regras de organização da sala de aula em conjunto com os alunos. Essa
atividade encoraja a ação participativa do grupo e é uma oportunidade para que
todos reflitam sobre as finalidades de uma sala de aula e sobre os melhores meios
para se alcançar essas finalidades. É hora de estimular o exercício da autonomia
e da responsabilidade coletiva e individual.
Partindo do princípio de que as regras sempre têm uma finalidade, estimular os
alunos a enumerar as finalidades da escola e da sala de aula. Não esquecer que a
educação envolve o aspecto de informação e de formação, inclusive do caráter:
ensina-se respeito, responsabilidade, tolerância, cooperação e outros valores.

4 A partir das finalidades enumeradas, fazer uma relação de todas as atividades


desenvolvidas dentro da sala de aula e estabelecer as regras de organização de
cada tipo de trabalho, que podem variar bastante. A disciplina em uma aula de
Educação Física, por exemplo, não é a mesma que se espera em uma aula de Lín-
gua Portuguesa. Comportamentos também podem ser os mais diversos durante
um debate — em que se espera a participação de todos —, durante uma aula
expositiva ou durante uma prova.
É importante passar por toda a escala de comportamentos: individuais, grupais,
regras gerais.
Cada regra proposta deve ter uma justificativa com relação à finalidade a ser
atingida. Todas devem ser discutidas por todo o grupo e o resultado tem de ser
consensual.
Uma vez estabelecidas, as regras devem ser escritas e mantidas à vista. Voltar
sempre a elas todas as vezes em que houver conflito ou desrespeito, lembrando
que essas regras podem ser rediscutidas, reavaliadas e refeitas se não estiverem
cumprindo sua função.

Não esquecer do fundamental: o(a) professor(a) deve estar preparado(a) para
cumprir sua parte no respeito às regras.
Para finalizar, seria interessante que os alunos refletissem sobre como organi-
zam seu tempo ao longo do dia, como dividem o tempo entre os estudos, o
convívio com a família, o trabalho em casa ou fora dela e o lazer.
Para o capítulo “Estou agindo certo ou errado?”, sugerimos algumas perguntas
que podem ser usadas para manter o diálogo sobre o dilema de Luísa. Neste
caso, elas deverão ser feitas logo após a leitura do dilema e não ao final do ca-
pítulo. Na verdade, pode-se trabalhar todas elas, desde que todas as respostas
dos alunos sejam aceitas, sem a preocupação de se chegar a uma resposta única
ou a uma resposta correta e definitiva. Este é um exercício de reflexão sobre
uma situação concreta, embora hipotética. O importante é que cada solução
encontrada seja justificada.
a) Contar a mentira de Joana para a mãe faz de Luísa uma boa filha? Por quê?
b) O fato de Joana ter trabalhado para ganhar o dinheiro é relevante? Por quê?
c) A mãe havia prometido a Joana que ela poderia ir ao show desde que ganhasse
dinheiro para comprar o ingresso. O fato de a mãe ter feito a promessa é o
aspecto mais importante? Por quê?
d) Por que as promessas devem ser cumpridas?
e) É importante cumprirmos promessas feitas a pessoas que mal conhecemos e
5 que, provavelmente, nunca mais veremos na vida? Por quê?
f) O que você considera como sendo a coisa mais importante na relação dos pais
com seus filhos? Por quê?
g) Em geral, qual o grau de autoridade que os pais devem ter com seus filhos?
Por quê?
h) O que você considera como sendo a coisa mais importante na relação dos
filhos com seus pais? Por quê?
i) Refletindo sobre o dilema de Luísa, qual a atitude mais responsável que ela
poderia ter tomado? Por quê?
Ao longo dessa discussão, é importante manter-se atento(a) à diferença entre de-
lação — inclusive aquela que tem por finalidade obter alguma vantagem pessoal
ou funcionar como chantagem — e a obrigação de dizer a verdade. O desejável
seria que a própria pessoa, autora da ação, assumisse a responsabilidade de seus
atos. Portanto, atitudes como punir toda a classe até que alguém acuse o autor
de alguma ação condenável não são compatíveis com o desenvolvimento moral
do grupo.
Para o capítulo “Devo sempre obedecer?”, sugerimos as seguintes questões:
a) Solicitar aos alunos um levantamento de casos de desobediência de regras
morais. Pedir que relatem casos pessoais, que pesquisem em jornais e em
programas de TV — principalmente os de auditório ou novelas —, situações
em que as pessoas são humilhadas, submetidas a constrangimentos, discri-
minadas, prejudicadas por alguém que desobedece às regras morais. Analisar
com os alunos o ato cometido, os envolvidos e as conseqüências para cada

um.
b) Elaborar com os alunos uma pesquisa sobre o uso de elevadores em prédios.
Até janeiro de 1996, em cidades como São Paulo, serviçais eram proibidos de
usar o elevador social, o que caracterizava preconceito de classe, uma espécie
de apartheid. Por que trabalhadores, proprietários, inquilinos e visitas não
podem usar o mesmo elevador? Qual o critério? Em que essas pessoas são
diferentes das demais?
c) Observar situações corriqueiras da classe. Há grupos que não permitem a
entrada de um colega na turma? Algum colega é ridicularizado? A fim de não
estigmatizar nem constranger ninguém, construir situações hipotéticas a partir
do comportamento observado e trazer o caso para discussão. Usar a troca de
6 papéis e ver como cada um se sentiria no lugar do outro. Incentivar a mudança
de perspectiva para considerar o problema.
d) Propor projetos de trabalhos que envolvam alunos e professores de várias dis-
ciplinas (História, Geografia, Língua Portuguesa, Literatura etc.). Exemplos:
• O problema da má distribuição de renda em nosso país.
• A lei da censura no período da ditadura militar (1964-1985).
• A discussão das leis nazistas a partir do filme A lista de Schindler, de Steven
Spielberg. Trazer a discussão para a realidade de nosso país, pesquisando
o que aconteceu com os imigrantes italianos, alemães e japoneses.
Pedir aos alunos que identifiquem, nessas questões, em que momento as regras
deixaram de ser cumpridas e quais as conseqüências que isso trouxe.

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