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Acção de Formação - “Práticas e Modelos de Auto-avaliação das BE”

Tarefa 1 - A Biblioteca Escolar: desafios e oportunidades no contexto da mudança (2.º parte)

Seleccionei a tabela da colega Teresa Sobral para comentar. Vou dividir o meu
comentário em 3 pontos referentes a três questões que julgo essenciais. Em duas delas
concordo inteiramente com a análise da Teresa e aproveito apenas para expor mais
longamente o assunto, numa outra acho que se pode ir mais longe.

Ponto 1
Aspectos críticos que a literatura aponta relativamente às competências do professor
bibliotecário

O professor bibliotecário é, a meu ver, a pedra angular na construção e sucesso de


Biblioteca Escolar. No contexto de mudança que vivemos, e face às imensas
oportunidades que surgem com a cobertura que a Rede de Bibliotecas Escolares atingiu
e com a institucionalização do professor bibliotecário, é fundamental uma reflexão
sobre o que se espera dele.

O professor bibliotecário, tal como refere a Teresa, deve ter um papel de educador que
guie os alunos no processo de transformação de informação em saber, colocando a BE
ao serviço do sucesso educativo.

Espera-se do professor bibliotecário que seja ao mesmo tempo um parceiro e um líder,


que consiga trabalhar colaborativamente com as restantes estruturas da escola, a
autarquia e outros parceiros, mas que assuma um papel de liderança a vários níveis:

• Purposeful leadership: have a clear vision of desired learning outcomes for the
school;
• Strategic leadership: have a clear blueprint for translating learning-centred
vision into evidence-based actions;
• Collaborative and creative leadership: are able to creatively combine
capabilities, and mutually reinforce capabilities, to deliver real value to the
school community;
• Renewable leadership: are able to be highly flexible and adaptive, continuously
learning, changing and innovating; and
• Sustainable leadership: being able to identify and celebrate achievements,
outcomes, and impacts -- showing, through evidence, the role of the teacher-
librarian is the most prized role in the school[1].
Para desempenhar este papel de liderança num trabalho colaborativo com outros
parceiros, o professor bibliotecário deve tornar-se, como refere a Teresa e também
Harada e Zmuda, um especialista em aprendizagem e focar a sua acção no essencial
“engaging students in the construction of deep knowledge through the exploration of
ideas and information, conducting of investigations, and communication and evaluation
of findings”[2].

O sucesso das Bibliotecas Escolares depende do desenvolvimento destas competência


dos seus professores bibliotecários. Eles têm de conduzir a mudança que fará as
Bibliotecas passar de information place para knowedge place.

Ponto 2
Mudança de enfoque na Gestão de colecções e desafios que se colocam neste campo

Tal como refere a Teresa, a mudança que atravessa o mundo da informação e


consequentemente das Bibliotecas Escolares conduz à necessidade de um novo enfoque
na gestão das colecções “connections, not collections”, como afirma Roos Todd. O
mundo da informação é hoje tão fluído, enorme e diversificado que mais do que
coleccionar informação a mais valia de uma boa colecção são as conexões que propõe.

Considero que face a esta situação os desafios devem ser um pouco mais ambiciosos:
•Uma boa indexação, que facilite a navegação no mar de documentos que a BE
possui ou a que através dela se pode aceder;
•Aposta no aumento das colecções digitais, acompanhada de uma eficaz avaliação
de sites e portais a conectar com a colecção;
•Envolvimento da comunidade na selecção de documentos a adquirir ou conectar à
colecção.

O objective é tornar a BE “ the most information-rich, inquiry-rich, resource-rich,


pedagogically-rich classroom in the building.”

Ponto 3
Obstáculos a vencer neste caminho de mudança

A Teresa refere um obstáculo com que também me deparo – relutância dos professores
ao trabalho colaborativo.

A cultura de escola, em muitos casos resistente à novidade, centrada na sala de aula e no


uso dos manuais escolares é um obstáculo de peso. Como conduzir a mudança num
meio que se assusta com a novidade, que se refugia nas práticas “seguras” e que diz que
não participa em projectos e actividades porque tem que “cumprir o programa”?
Aqui tem um papel fundamental a avaliação do impacto da BE no sucesso educativo. Só
convencendo os docentes que um trabalho colaborativo com a BE tem um impacto
efectivo no desempenho dos alunos os conseguiremos induzir a abandonar as suas
práticas consideradas “seguras” para apostar na inovação.
E neste ponto não bastam os estudos internacionais, é fundamental a avaliação de cada
BE feita e divulgada localmente, junto dos órgãos de gestão (para que seja valorizado o
trabalho colaborativo no âmbito da avaliação dos docentes, entre outros aspectos), junto
dos docentes, dos Encarregados de Educação e dos próprios alunos.

Fátima Rocha

[1] Transitions for preferred futures of school libraries…. Todd (2001). Disponível em:
http://www.iasl-online.org/events/conf/virtualpaper2001.html. [Acedido a 28 de Outubro de 2009]

[2] Reframing the Library Media Specialist as a Learning Specialist. Zmuda A. Harada V. (2008).
Disponível em: http://www.schoollibrarymedia.com/articles/Zmuda&Harada2008v24nn8p42.html
[Acedido a 28 de Outubro de 2009].

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