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Projeto 288 - A antena Moxon para 40m

A antena Moxon para 40m

A antena Moxon tem sido divulgada por alguns poucos autores, especialmente na Europa, através do
próprio Les Moxon - G6XN e Peter Dodd - G3LDO, e nos Estados Unidos, através do guru L. Cebik -
W4RNL. Aqui no Brasil, pouco ou quase nada se escuta sobre a antena Moxon, apesar das suas
qualidades e simplicidade. Neste breve artigo vamos apresentar um rápido histórico do recente
surgimento desta antena e um modelo para 40m.

O modelo que deu origem a Moxon foi a quadra horizontal, de Fred Caton - VK2ABQ, que notou que
colocando uma antena loop quadrada na horizontal, com dois lados cortados ao meio e isolados por
botões (estes que se usam em roupas), podia-se obter diretividade e algum ganho (figura 1). Les
Moxon fez várias descobertas importantes a respeito da antena de Caton. Primeiro, o formato
retangular aumenta o ganho. Segundo, o espaço de separação entre os elementos é crítico na
determinação das características elétricas da antena.

Moxon configurou a antena com dois elementos de igual tamanho, sintonizou ambos remotamente e
obteve uma antena direcional reversível. Em trabalho posterior, Cebik alterou as dimensões dos
elementos, fazendo um irradiante e outro refletor (figura 2), numa antena direcional não reversível,
mas com duas características bastante interessantes: impedância muito próxima de 50 ohms,
dispensando o uso de gama match, e alta relação frente/costas. A versão atualmente mais utilizada
da Moxon foi desenvolvida por L. Cebik, que manteve o nome Moxon respeitando, e reconhecendo, o
trabalho original de Les Moxon.

Poucos radioamadores dispõem de espaço físico e possibilidade de instalação de uma torre para
suportar uma antena direcional de 3 elementos para a banda 40m. Para mim não é diferente, passei
três anos usando uma simples "doublet" em V invertido, que permitiu muitos bons contatos em 40m
dentro do Brasil e alguns países da América do Sul. Porém, nada de DX com Europa e América Central
e do Norte. Como não há possibilidade de instalar uma antena a 20 metros de altura, tampouco uma
yagi, comecei a cogitar uma yagi de dois elementos, montada a 12m do solo (acima do telhado), o
que permite baixar o ângulo de irradiação, aumentar o ganho na direção desejada (norte) e rejeitar
QRM vindo do sul. Tudo em benefício do objetivo de DX ao norte.

Comparando as antenas yagi de três e


dois elementos notamos algumas
vantagens nesta última: boom menor (de
5 a 6m), menor resistência ao vento,
menor impacto visual, ângulo de abertura
azimutal maior, possibilitando atingir
maior área geográfica. Quando passei a
estudar a antena Moxon percebi que esta
tem características elétricas e mecânicas
que atendem a algumas das minhas
restrições físicas de montagem.

Para quem tem pouco espaço físico, a antena Moxon tem uma grande vantagem,
os elementos tem apenas 15m de comprimento, contra os 19m da yagi
convencional. Apresento a seguir a simulação em computador de uma antena
fixa, direcionada para Norte, feita com fio de cobre rígido 2,3mm, a 12m de
altura, com ângulo de abertura azimutal de –3dB de 92 graus.

Estas foram as condições estabelecidas para montar uma direcional para DX na


estação de PY3PAC, com o objetivo de trabalhar Europa e USA. Sem torre, sem
rotor, fixa para norte,uma verdadeira antena direcional pé de boi.

Detalhes construtivos

Os dados físicos para montagem da antena estão na figura 3. Esta antena é


bastante simples, o elemento irradiante e o refletor tem a mesma largura de
15,2m (dimensão A). Ambos os elementos são dobrados "para dentro", tendo o
elemento irradiante 2,46m (dimensão B) e o elemento refletor 2,96m (dimensão
D). Há um espaçamento de 40cm (dimensão C) entre o refletor e o irradiante.
Esta medida é crítica para o bom desempenho da antena, portanto é
recomendável que seja utilizado um espaçador rígido para manter esta distância
inalterada, mesmo com ventos fortes. Em nossa montagem foi usado um pedaço
de cano de PVC de 2,5cm de diâmetro. Também poderia ser usado um tarugo de
nylon, coberto com espaguete termoretrátil para protege-lo dos raios ultravioleta.

A antena Moxon de fio pode ser suportada fios isolantes fixados a quatro mastros.
Outra forma construtiva é utilizar apenas dois mastros e, em cada um deles,
colocar um boom horizontal para fixar os cantos da Moxon. Este boom deve ser,
preferencialmente, de madeira ou outro material isolante e rígido o suficiente
para sustentar o peso da antena e do cabo coaxial.

Análise das características de irradiação

O diagrama de elevação (figura 4), mostra que o máximo ganho (8,37 dBi) é
obtido a um ângulo de irradiação de 40 graus. Outra informação importante, o
ganho a 18,9 graus é de 5,37 dBi, o que é bastante favorável para DX.
Entretanto, há suficiente ganho em ângulos elevados, pois só em 76,8 graus o
ganho cai 3dB em relação ao ganho máximo. Apesar de ser vantajoso para
contatos com estações a média distância, também favorecerá o QRM destas
estações.

Outra informação importante vem do diagrama


azimutal (figura 5), a abertura angular de –3dB é de
92 graus, possibilitando cobrir as áreas mais
populosas da costa oeste dos EUA (Seatle) até a
Europa, incluindo o centro da Itália e, seguindo em
diagonal, Hungria e Rússia.

A antena Moxon tem, ainda, uma característica superior a da antena Yagi de 2


elementos, a relação frente costas é de 16,3dB contra 9,5 dB da Yagi. Isto é
importante para suprimir o QRM proveniente das estações LU e CX que se
encontram ao sul, e que são bastante ativas em DX nesta banda.

Detalhes de sintonia da antena

Pelo diagrama de ROE (figura 6), notamos que a ROE fica em 1,3:1 entre
7,050MHz e 7,100MHz. No segmento de CW a ROE fica abaixo de 1,8:1 e
melhorando à medida que aumenta a freqüência. Com pequenos ajustes, após a
antena ser montada, pode-se sintonizar a antena no segmento desejado. Para
estes ajuste use as seguintes orientações:

A freqüência de ressonância
aumenta a uma razão de
40KHz a cada 5cm de
aumento da dimensão A e a
impedância sofre pouca
alteração.

Aumentando a dimensão A
aumenta a freqüência de
máxima relação
frente/costas e a freqüência
de ressonância a uma razão
de 40KHz a cada 5
centímetros de alteração da
dimensão A. Até +/- 20cm
de alteração da dimensão A
ocorre pouca alteração na
impedância da antena.

A freqüência de ressonância do elemento irradiante altera-se em 70KHz a cada 5


cm de alteração da dimensão B. Há muito pouca alteração da relação
frente/costas. A impedância da antena baixa um pouco com o aumento da
dimensão B.

A freqüência da máxima relação frente costas baixa com o aumento da dimensão


D, a uma relação de 70KHz a cada 5cm. A freqüência de ressonância do elemento
refletor altera-se pouco e a impedância da antena aumenta.

As características específicas de cada local de instalação interferem na resposta


elétrica da antena, que só pode ser determinado por experimentação. O mais
importante é partir para a prática e aprender fazendo.

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