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TEORIA DA REALIMENTACAO

Teoria Da Realimentação

A estrutura geral dum amplificador realimentado pode ser representada pelo seguinte diagrama de
fluxo de sinal, em que x pode representar quer um sinal de tensão, quer de corrente.

O amplificador básico a (ao qual é aplicada realimentação) tem transmissão unilateral com um ga-
nho a, pelo que xo = a xi.

O bloco b representa a malha de realimentação que, pode ser tão simples como um simples fio de
ligação ou ter uma configuração complexa. A saída xo alimenta quer a carga, quer o bloco de reali-
mentação, que admitimos ter transmissão unilateral com um valor b (designado factor de realimenta-
ção), pelo que produz uma amostra da saída xf = b xo.

A forma como a saída alimenta o bloco de realimentação designa-se amostragem e pode revestir
duas formas: amostragem de tensão ou amostragem de corrente.

O sinal de realimentação xf é subtraído ao sinal da fonte xs, produzindo um sinal xi que é a entrada do
amplificador básico: xi = xs – xf. A realização prática desta subtracção denomina-se comparação ou
mistura e pode ser feita de duas formas: em série ou em paralelo.

Assim, da combinação dos dois tipos de amostragem com os dois tipos de comparação, resultam as
quatro topologias possíveis dum amplificador realimentado: tensão-série, tensão-paralelo, corrente-
série e corrente-paralelo.

Tendo em conta que xo = a xi, que xf = b xo e definindo como af = xo / xs o ganho realimentado (ou em
malha fechada) do amplificador global, resulta facilmente:

Que é a expressão fundamental da realimentação.

Notemos que, uma vez que b = 0 significa a abertura da malha de realimentação, o ganho do amplifi-
cador básico a representa, afinal, o ganho em malha aberta do amplificador global, i.e.:

À quantidade - b a chamamos, apropriadamente, ganho em anel. Na verdade, trata-se do ganho ao


longo do anel ou malha de realimentação. Se o ganho em anel for negativo, a realimentação diz-se
negativa ou degenerativa. Vemos que, sendo - b a < 0, a quantidade 1 + b a >1, pelo que, af < a, i.e.,
o ganho realimentado é menor do que o ganho em malha aberta.

Faz, assim, sentido chamar a 1 + b a quantidade de realimentação.

A realimentação diz-se positiva ou regenerativa, se o ganho em anel for positivo. No estudo dos am-
plificadores lineares usa-se, quase exclusivamente, realimentação negativa.

Notemos ainda que, com realimentação negativa, se o ganho em anel for elevado, sendo b a » 1, en-
tão af @ 1 / b , que é um resultado interessantíssimo, pois mostra que o ganho realimentado é quase
inteiramente determinado pela malha de realimentação, em geral constituída por simples resistências
passivas, que são dos componentes mais estáveis e invariáveis que conseguimos fabricar.

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Por outro lado, o ganho realimentado resulta praticamente independente do ganho do amplificador
básico, esse sim, fortemente condicionado pelas variações dos parâmetros dos transístores que o
constituem. Apenas se requere que o amplificador básico tenha um ganho suficientemente elevado
para que seja b a » 1. É por esta razão que se fabricam ampops com ganhos muito elevados.

A análise dum amplificador realimentado pode fazer-se usando o método habitual de análise dum am-
plificador, i.e., recorrendo às leis dos circuitos para a obtenção dos valores dos seus parâmetros: ga-
nho, resistência de entrada e de saída. Todavia, a análise clássica não permite extrair facilmente con-
clusões da dependência dos parâmetros do amplificador em relação aos valores dos componentes
utilizados e à topologia do circuito, aspecto que é crucial em fase de projecto.

Em contrapartida, a expressão fundamental da realimentação, acima apresentada, indica, relativa-


mente ao ganho desejado, como poderemos obtê-lo actuando sobre os valores do ganho em malha
aberta e do factor de realimentação.

Acresce que, relativamente às resistências de entrada e de saída, se obtêm expressões que mostram
como a partir do conhecimento dos valores dessas resistências, em malha aberta, se podem derivar
os valores em malha fechada, uma vez mais recorrendo ao conhecimento de b e de a.

Assim (designando por rx a resistência em malha aberta e por rxf a resistência em malha fechada),
pode obter-se:

Estas expressões põem em evidência algumas das propriedades da realimentação negativa: a amos-
tragem de tensão reduz a resistência de saída, enquanto a amostragem de corrente a aumenta; a
comparação série reduz a resistência de entrada e a comparação paralelo aumenta-a.

Desta forma, um método de análise baseado na determinação de b e de a reveste-se de grande utili-


dade prática, apesar do pequeno erro inerente ao processo, decorrente de, num circuito real, não se
verificar exactamente a unilateralidade nem do amplificador básico, nem do bloco de realimentação.

A maioria dos sistemas físicos incorpora alguma forma de realimentação. É interessante observar,
contudo, que a teoria da realimentação negativa foi desenvolvida por engenheiros eletrônicos. Em
sua busca de métodos para o projeto de amplificadores com ganho estável para o uso em repetidores
de telefone, harold black, engenheiro eletrônico da western eletric company, inventou o amplificador
com realimentação em 1928.

Desde essa época, a técnica tem sido tão largamente usada que é quase impossível pensar em cirui-
tos eletrônicos sem alguma forma de alimentação, implícita ou explícita. Além disso, o conceito de re-
alimentação e sua teoria associada são empregados frequentemente em outras áreas na modelagem
fora do campo da engenharia, como no de sistemas biológicos. A realimentação pode ser negativa
(degenerativa) ou positiva (regenerativa). No projeto de um amplificador, a realimentação negativa é
aplicada para obter uma ou mais das seguintes propriedades:

1) dessensibilidade do ganho; isto é, fazer o valor do ganho menos sensível às variações no valor dos
componentes do circuito, como variações causadas pela mudança de temperatura.

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2) redução da distorção não-linear, ou seja, fazer a saída proporcional à entrada (em outras palavras,
fazer o ganho constante independente do nível do sinal).

3) redução do efeito do ruído; ou seja, minimizar a contribuição na saída de sinais elétrico indesejá-
veis, gerados tanto pelos componentes do circuito como por interferências externas.

4) controle das impedâncias de entrada e saída; isto é, aumentar ou diminuir as impedâncias de en-
trada e de saída pela seleção apropriada da topologia da realimentação.

5) estender a faixa de passagem do amplificador. Todas as propriedades anteriores são desejáveis e


obtidas na troca da redução no ganho. O fator de redução do ganho, chamado quantidade de reali-
mentação, é o fator pelo qual o circuito é dessensibilizado, a impedância de entrada é aumentada, a
faixa de passagem é estendida e assim por diante. Em resumo, a idéia básica da realimentação ne-
gativa é negociar o ganho por outras propriedades desejadas.

Sob certas condições, a realimentação negativa em um amplificador pode tornar-se positiva e com
amplitude capaz de provocar uma oscilação. No entanto, não se deve assumir que a realimentação
positiva sempre leva à instabilidade. Na verdade, a realimentação positiva é muito útil em várias apli-
cações não regenerativas, como no projeto de filtros ativos. Quase todos os circuitos que utilizam o
ampop também empregam a realimentação negativa.

Outra aplicação popular da realimentação negativa é no uso da resistência de emissor para estabili-
zar o ponto de polarização do transistor bipolar e para aumentar a resistência de entrada, a faixa de
passagem e a linearidade de um amplificador diferencial com tbj. Além disso, o seguidor de emissor e
o seguidor de fonte empregam grande quantidade de realimentação negativa. [1] iii. Materiais utiliza-
dos • gerador de tensão dc instrutherm fa - 3030; • gerador de funções icel gv-2002; • multímetro; •
osciloscópio; • protoboard; • resistores de 2kΩ(1), 10kΩ(2), 15kΩ(1), 30kΩ(1) e 1mΩ(2); • diodo zener
de 10v (2); • ampop 741(1). Iv. Parte experimental com a realimentação negativa conseguiremos efei-
tos realmente impressionantes. Utilizando um único ampop de uso geral 741 conseguiremos imple-
mentar circuitos com resistência de entrada tão alta como 200mΩ (muito maior que a resistência de
entrada do próprio ampop) ou tão baixa como 0, 1Ω (quase um curto circuito).

Conseguiremos fazer o ampop trabalhar como fonte de tensão ou como fonte de corrente quase
ideal. Em todos os circuitos lineares, onde o ampop opera não saturado, podemos afirmar que o am-
pop está submetido a uma realimentação negativa.

Fonte de tensão se a carga for instalada entre o terminal de saída do ampop e o terra, teremos uma
fonte de tensão quase ideal, ou seja, a tensão de saída não varia com a variação da carga. • montar o
circuito conforme o diagrama esquemático da figura 1.

Conferir as ligações, principalmente a de alimentação. • ligar a alimentação de ±15v . • ajustar o multí-


metro para medir tensão contínua de até 20v dc. • medir a tensão de saída. Para io = 6ma:

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Segundo a teoria,

A pequena diferença encontrada se deve à tensão de entrada não ser exatamente 15v e devido à to-
lerância dos resistores ri e rf . A corrente fornecida pelo ampop é 6ma, soma da corrente na malha de
realimentação if = ii = vi/ri = 1ma, com a corrente fornecida à carga il = vo/rl = 5ma. • retirar a carga do
circuito e medir vo novamente. Para io = 1ma:

Com a retirada da carga, haverá uma redução da corrente fornecida pelo ampop, ∆io = 5ma, que pro-
vocará uma pequena variação de tensão de saída. Vo = vo(1ma)−vo(6ma) . Provavelmente não será
possível medir qualquer variação através de multímetro de 3.1/2 dígitos. A resistência de saída deste
circuito será:

Este valor muito baixo comprova que o ampop funciona como fonte de tensão quase ideal ou fonte de
tensão firme. B. Fonte de corrente se a carga for instalada entre o terminal de saída e o terminal de
entrada inversora do ampop, teremos uma fonte de corrente quase ideal, ou seja, a corrente não va-
ria com a variação da carga. • montar o circuito conforme o diagrama esquemático da figura 2. O cir-
cuito é semelhante ao anterior, porém, a carga é instalada na malha de realimentação negativa do
ampop.

Medir a corrente il. Para vf ∼= 10v :

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Esta corrente será bem próxima de:

A tensão de saída será aproximadamente 10v , que poderá ser confirmada através de um outro multí-
metro ou através do osciloscópio ajustado em:

Curto-circuitar rf e medir il novamente. Para vl = 0v : 5)il = ma a tensão de saída deve ser aproxima-
damente 0v . A resistência de saída deste circuito, vista pela carga, é um valor muito alto, compro-
vando a característica deste circuito como fonte de corrente quase ideal. ∆vl = 10v .

Função de transferência 1) ligar o canal ch1 do osciloscópio (x) ao sinal de entrada vi (saída do gera-
dor de funções). 2) ligar o canal ch2 (y) ao sinal de saída vo. 3) aumentar o sinal de entrada para 9v
de pico (18vpp). 4) ajustar o osciloscópio para o modo x-y

Estaremos observando a função de transferência do circuito. Esta curva indica que: a) enquanto não
ocorrer a saturação o amplificador é linear. B) a inclinação para a esquerda indica inversão de fase φ
= 180o . Mesmo alterando o sinal para senoidal, a função de transferência não muda. D. Pontos de
teste de modo geral, os pontos de teste nos circuitos eletrônicos devem ser os pontos de baixa impe-
dância. Agindo desta forma evitamos interferências que instrumentos de medidas podem provocar
nos circuitos.

Nos circuitos com ampop, o ponto de teste geralmente é o terminal de saída do ampop. Como os ter-
minais de entrada do ampop são muito sensíveis, eles não devem ser tocados, mesmo com as pon-
tas de prova dos multímetros ou osciloscópio, sob pena de provocar grandes perturbações no sinal
de saída. Se este circuito estiver em operação no sistema, poderemos provocar sérios problemas, in-
clusive acidentes. Ajustes do osciloscópio:

Montar o circuito da figura 3 e tocar, com o dedo, um dos terminais de entrada do ampop. Observar o
sinal de saída. Quando o sincronismo da varredura do osciloscópio é feito pelo sinal da rede (tri-
gger=ext-line) e o sinal

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Observado estiver “parado” na tela, significa que este sinal está relacionado com a rede de alimenta-
ção.

Ligar a alimentação e repetir a experiência. O sinal de saída será bem menor, comprovando que:
quanto menor a resistência, menor será o ruído e interferência no circuito. E. Acoplamento dc sempre
que possível utilize o acoplamento dc. Montar o circuito da figura 4.

Os canais verticais ch1 e ch2 devem monitorar o mesmo sinal de saída e devem estar no modo de
acoplamento dc para que a forma de onda possa ser observada, com a componente ac mais a com-
ponente dc. O sinal de saída deverá ser contínuo, de aproximadamente 14v , positivo ou negativo. O
ampop está saturado. Se retirarmos o resistor rb1, ou seja, entrada inversora aberta, o 741 irá saturar
positivamente. Retirando rb2, entrada não-inversora aberta, o 741 irá saturar negativamente. Se o
acoplamento destes canais estivesse em ac, não poderíamos afirmar isso. Estaria indicando sempre
0. • tocar uma das entradas do ampop com o dedo. Você deverá estar observando uma onda qua-
drada na saída do ampop. Os dois canais devem apresentar a mesma forma de onda obviamente. •
mudar o modo de acoplamento do canal ch2 para ac. A distorção em ch2-ac se deve ao acoplamento

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ac. O acoplamento ac distorce o sinal em baixa frequência. F. Terra virtual com a realimentação ne-
gativa, o potencial da entrada inversora é igual ao potencial da entrada não-inversora, desde que o
ampop não esteja saturado. É um curto-circuito virtual. Se o terminal da entrada não-inversora estiver
no potencial da terra, o terminal da entrada inversora também estará no potencial do terra. É como se
a entrada inversora estivesse aterrada, daí o termo terra virtual. • montar o circuito da figura 5, sem os
diodos zener.

Ajustes do osciloscópio:

Ch1=5v/div, dc; pos.central

ch2=5v/div; dc; pos.central

vertival mode: both, chopper.

Base de tempo=1ms/div

Trigger=ch2; auto, slope-.

Gerador de funções (gf): triangular, 200hz; 5vp manter a amplitude do gf em 0v até ligar a alimenta-
ção de ±15v . Ajustar o gf somente depois de energizar o ampop. • observar o sinal de entrada e o
sinal de saída. O sinal de saída está invertido e tem o dobro da amplitude em relação ao sinal de en-
trada. • aumentar o sinal de entrada até o sinal de saída ceifar. O ceifamento deve ocorrer em aproxi-
madamente 14v , que é a tensão de saturação deste ampop. • mudar ch1 para o terminal da entrada
inversora e− (pino 2 do 741). Observe que exatamente no intervalo onde o ampop está saturado, a
entrada inversora apresenta uma tensão. Este terminal deixa de ser terra virtual quando o ampop en-
tra em saturação. • instale os dois diodos zener de 10v , back to back, como indicado no diagrama
esquemático da figura 5.

Mesmo com a tensão de saída ceifada em 10, 5v , a entrada inversora do ampop permanece como
terra virtual. Os diodos zener evitam a saturação do ampop mesmo com “over drive” (sinal de entrada
suficiente para levar o ampop à saturação). Evitar a saturação do ampop é a condição para garantir o
terra virtual. Além desta vantagem, os diodos zener limitam a tensão de saída dentro dos níveis de
−10v e +10v , um padrão industrial. O diodo zener evita a saturação do ampop, e garante o terra vir-
tual. • diminuir a amplitude de vi para 5v de pico. Observe que o sinal de saída não está ceifado. A
tensão da entrada inversora (e−) é praticamente 0 (terra virtual). Diminuindo o sinal de entrada, de
forma que não ocorra a saturação do ampop, a entrada inversora volta a ser terra virtual em todo in-
tervalo.

Não significa que a tensão neste terminal seja zero. Se alterarmos ch1=5mv/div poderemos ver um
sinal, provavelmente quadrado. • mude a escala de ch1 (e−) para 50mv/div e aumente a frequência
para 1khz. O sinal de saída continua triangular de 10v de pico e a tensão e− aumentou. O 741 apre-
senta um ganho de tensão em malha aberta de 100.000 (ou 100db) até a frequência de 10hz. Acima

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desta frequência o ganho diminui numa taxa de 20db por década (diminui 20db ou 10 vezes a cada
aumento de frequência em 10 vezes). Acima desta frequência de corte, o ampop se comporta não
como um amplificador escalar, e sim como um “integrador”. Acima da frequência de corte (10hz no
741) a tensão na entrada inversora do ampop será:

Para um sinal senoidal, teríamos uma outra onda senoidal defasada 90o (um coseno). Abaixo de
10hz a forma de onda da entrada inversora (e−) seria igual ao de saída (vo) com fase invertida. Vo =
aol(e+ − e−) mas como a entrada não-inversora (e+) está aterrada.

E− = − vo aol

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