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5 BARREIRAS E INVÓLOCROS

Visando proteger os trabalhadores e as instalações a NR10 apresenta a sessão de


proteção contra contatos diretos e indiretos e, dentro dela, é discorrido sobre as barreiras
e invólucros.
O principal objetivo dessa forma de proteção é impedir o contato direto e
acidental de trabalhadores, pessoas comuns e animais, com qualquer parte energizada
do sistema. Eles são complementares à instalação e às outras proteções presentes no
sistema – são barreiras físicas instaladas de forma a evitar o choque elétrico.

Figura 45: Exemplo de barreira física.

As barreiras devem ser afixadas de forma segura, serem resistentes e não podem
oferecer riscos aqueles que se aproximam da instalação, além disso, devem ser
instaladas tendo como fator de referência o ambiente em que serão inseridas. Uma
característica importante desse sistema de proteção é que as barreiras só podem ser
removidas com chaves ou ferramentas apropriadas.
As barreiras e involocros são dispositivos que impedem qualquer contato com
partes energizadas das instalações elétricas, garantindo assim que as pessoas sejam
advertidas de que as partes acessíveis através das aberturas estão energizadas e não
devem ser tocadas.
A barreira é um dispositivo que impede qualquer contato com partes energizadas
das instalações elétricas (por exemplo, telas de proteção com parafusos de fixação e
tampas de painéis). O invólucro é o dispositivo ou componente envoltório de partes

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energizadas destinado a impedir qualquer contato com as partes internas (por exemplo,
quadros, caixas, gabinetes, painéis, etc.).

Figura 46: Exemplo de invólucro.

As partes vivas devem ser confinadas no interior de invólucros ou atrás de


barreiras que garantam grau de proteção no mínimo IPXXB ou IP2X (visa impedir que
as partes energizadas sejam acessadas pelos dedos ou pela inserção de objeto de
diâmetro igual ou superior 12,5 mm).
Admite-se que aberturas maiores possam ocorrer, durante a substituição de
partes (como na troca de lâmpadas ou fusíveis), ou serem necessárias ao funcionamento
adequado de um equipamento ou componente, conforme as especificações a ele
aplicáveis, se forem adotadas as seguintes providências:
• Devem ser tomadas precauções para impedir que pessoas ou animais toquem
acidentalmente as partes vivas;
• Deve-se garantir, na medida do possível, que as pessoas sejam advertidas de
que as partes acessíveis através da abertura são vivas e não devem ser tocadas
intencionalmente; e
• A abertura deve ser a mínima compatível com a necessidade de substituição da
parte consumível ou de funcionamento adequado do componente ou equipamento.
Quando o invólucro ou barreira compreender superfícies superiores, horizontais, que
sejam diretamente acessíveis, elas devem garantir grau de proteção no mínimo IPXXD
ou IP4 (visa impedirque as partes energizadas sejam acessadas pela inserção de objeto
de diâmetro igual ou superior 1 mm).

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Figura 47: Exemplos de barreiras físicas.

Figura 48: Exemplos de barreiras físicas na prática.

As barreiras e invólucros devem ser fixados firmemente e apresentar robustez e


durabilidade suficientes para preservar os graus de proteção exigidos e a separação
adequada das partes vivas, nas condições de serviço normal previstas, levando-se em
conta as condições de influências externas pertinentes. Quando for necessário remover
as barreiras, abrir os invólucros ou remover partes dos invólucros, tal ação só deve ser
possível:
• Com a ajuda de chave ou ferramenta; ou
• Após desenergização das partes vivas protegidas pelas barreiras ou invólucros
em questão, exigindo-se ainda que a tensão só possa ser restabelecida após recolocação
das barreiras ou invólucros; ou
• Se houver ou for interposta uma segunda barreira, entre a barreira ou parte a
ser removida e a parte viva, exigindo-se ainda que essa segunda barreira apresente grau
de proteção no mínimo IPXXB ou IP2X, impeça qualquer contato com as partes vivas e
só possa ser removida com o uso de chave ou ferramenta.

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5.1 Bloqueios e impedimentos

Dispositivos de bloqueio são aqueles que impedem o acionamento ou


religamento de dispositivos de manobra (chaves, interruptores).
Bloqueio é a ação destinada a manter, por meios mecânicos, um dispositivo de
manobra fixo (chaves, interruptores) numa determinada posição, de forma a impedir
uma ação não autorizada.
Geralmente, são utilizados cadeados. É importante que tais dispositivos
possibilitem mais de um bloqueio, ou seja, a inserção de mais de um cadeado, por
exemplo, para trabalhos simultâneos de mais de uma equipe de manutenção. Toda ação
de bloqueio deve estar acompanhada de etiqueta de sinalização, com o nome do
profissional responsável, data, setor de trabalho e forma de comunicação. As empresas
devem possuir procedimentos padronizados do sistema de bloqueio, documentado e de
conhecimento de todos os trabalhadores, além de etiquetas, formulários e ordens
documentais próprias.

Figura 49: Exemplo de bloqueio.

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Figura 50: Exemplos de meios de bloqueio com avisos.

5.2 Obstáculos e anteparos

Os obstáculos são destinados a impedir o contato involuntário com partes vivas,


mas não o contato que pode resultar de uma ação deliberada e voluntária de ignorar ou
contornar o obstáculo. Os obstáculos devem impedir:
A. Uma aproximação física não intencional das partes energizadas;
B. Contatos não intencionais com partes energizadas durante atuações sobre o
equipamento, estando o equipamento em serviço normal.

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Figura 51: Exemplos.
Os obstáculos são destinados a impedir o contato involuntário com partes vivas
(por exemplo, correntes, fitas, cordões, cones, etc.), mas não o contato que pode resultar
de uma ação deliberada de ignorar ou contornar o obstáculo.
Os anteparos são elementos que servem para proteger ou resguardar alguém ou
alguma coisa. Podem ser removidos sem auxílio de ferramenta ou chave, mas devem ser
fixados de forma a impedir qualquer remoção involuntária. É considerado um meio de
proteção parcial contra choques elétricos. Esta medida é aplicável somente em locais
acessíveis a pessoas advertidas ou qualificadas e desde que:
• A tensão nominal dos circuitos existentes nestes locais não seja superior aos
limites da faixa de tensões II do anexo A da NBR 5410; e
• Os locais sejam sinalizados de forma clara e visível por meio de indicações
apropriadas
Tabela 1:Distâncias mínimas a serem obedecidas nas passagens destinadas à operação e/ou manutenção
quando for.

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Figura 52: Exemplo de obstáculo.

5.3 Isolamento das partes vivas

São elementos construídos com materiais dielétricos (não condutores de


eletricidade) que têm por objetivo isolar condutores ou outras partes da estrutura que
estão energizadas, para que os serviços possam ser executados com efetivo controle dos
riscos pelo trabalhador.
A isolação das partes vivas, como meio de proteção básica, destina-se a impedir
qualquer contato com partes vivas. As partes vivas devem ser completamente recobertas
por uma isolação que só possa ser removida através de sua destruição.

Figura 53: Exemplo de isolação para uma manutenção.


Distinguem-se, nesse particular, os componentes montados em fábrica e os
componentes ou partes cuja isolação deve ser provida, completada ou restaurada quando
da execução da instalação elétrica:

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• Para os componentes montados em fábrica, a isolação deve atender às
prescrições relativas a esses componentes; e
• Para os demais componentes, a isolação deve ser capaz de suportar as
solicitações mecânicas, químicas, elétricas e térmicas às quais possa ser submetida. As
tintas, vernizes, lacas e produtos análogos não são considerados, geralmente, como
provendo uma isolação suficiente para garantir proteção básica.
O isolamento elétrico é o processo destinado a impedir a passagem de corrente
elétrica, por interposição de materiais isolantes. Os dispositivos isolantes são
construídos com materiais dielétricos (não condutores de eletricidade) que têm por
objetivo isolar condutores ou outras partes da estrutura que está energizada, para que os
serviços possam ser executados com efetivo controle dos riscos pelo trabalhador.

Figura 54: Exemplos de isolamento.

O isolamento deve ser compatível com os níveis de tensão do serviço. Os


dispositivos isolantes devem ser bem acondicionados para evitar acúmulo de sujeira e
umidade, que comprometam a isolação e possam torná-los condutivos. Devem ser
inspecionados a cada uso e serem submetidos a testes elétricos anualmente. Exemplos
de dispositivos isolantes das partes energizadas: cobertura isolante, manta isolante e
tapete isolante.

Isolação Dupla ou Reforçada


A isolação dupla ou reforçada é uma medida em que:

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• A proteção básica é provida por uma isolação básica e a proteção supletiva por
uma isolação suplementar; ou
• As proteções básica e supletiva, simultaneamente, são providas por uma
isolação reforçada entre partes vivas e partes acessíveis. Este tipo de proteção é
normalmente aplicada a equipamentos portáteis (por exemplo, furadeiras elétricas
manuais), para permitir uma confiabilidade maior do que aquela oferecida apenas pelo
aterramento elétrico. Dever ser tomado um cuidado especial com relação aos defeitos
nos cabos de alimentação e suas ligações ao aparelho. O símbolo usado para identificar
o tipo de proteção por isolação dupla ou reforçada em equipamentos (normalmente
impresso na sua superfície externa).
Colocação Fora de Alcance
Trata-se das distâncias mínimas a serem obedecidas nas passagens destinadas à
operação e/ou manutenção, quando for assegurada a proteção parcial por meio de
obstáculos. É considerado um meio de proteção parcial contra choques elétricos.
Partes simultaneamente acessíveis que apresentem potenciais diferentes, devem
se situar fora da zona de alcance normal. Considera-se que duas partes são
simultaneamente acessíveis quando o afastamento entre elas não ultrapassa 2,50 m.
Define-se como “zona de alcance normal” o volume indicado na figura 1.19.

Figura 55:Zona de alcance normal

Fonte: NBR 5410

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Se, em espaços nos quais for prevista normalmente a presença ou circulação de
pessoas (qualificadas e/ou advertidas), houver obstáculo (por exemplo, corrimão ou
tela) com grau de proteção inferior a IPXXB ou IP2X, limitando a mobilidade no plano
horizontal, a demarcação da zona de alcance normal deve ser feita a partir deste
obstáculo.
No plano vertical, a delimitação da zona de alcance normal deve observar os
2,50 m da superfície S, tal como indicado na figura 19, independentemente da existência
de qualquer obstáculo com grau de proteção inferior a IPXXB ou IP2X entre a
superfície S e as partes vivas. Em locais onde objetos condutivos compridos ou
volumosos forem manipulados habitualmente, os afastamentos exigidos como acima
descritos devem ser aumentados levando-se em conta as dimensões de tais objetos.
Separação Elétrica
Como apresentada na NBR 5410, a separação elétrica se traduz pelo uso de um
transformador de separação cujo circuito secundário é isolado da terra (nenhum
condutor vivo aterrado, inclusive o neutro). Exemplo de instalações que possuem
separação elétrica são salas cirúrgicas de hospitais.
A precondição de proteção básica, no circuito separado, deve ser assegurada por
isolação das partes vivas e/ou por barreiras ou invólucros, não se excluindo também,
com mais razão, a isolação dupla ou reforçada.
A proteção supletiva contra choques elétricos deve ser assegurada pelo
preenchimento conjunto das três condições seguintes:
• Separação entre o circuito objeto da medida (circuito separado) e qualquer
outro circuito, incluindo o circuito primário que o alimenta, na forma de separação de
proteção;
• Isolação (básica) entre o circuito separado e a terra;
• Limitação da carga alimentada (pelo circuito separado) a um único
equipamento. Estas condições impõem, portanto, a existência de uma fonte de separação
e a observância dos cuidados pertinentes na realização do circuito separado, que devem
ser conforme os requisitos da NBR 5410.

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