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8 Normas e procedimentos de segurança

A Segurança do Trabalho pode ser entendida como o conjunto de medidas


adotadas, visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como
proteger a integridade e a capacidade de trabalho das pessoas envolvidas.
A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil a Legislação de
Segurança do Trabalho baseia-se na Constituição Federal, na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), nas Normas Regulamentadoras e em outras leis complementares como
portarias, decretos e convenções internacionais da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) e Organização Mundial da Saúde (OMS).
Acidente do trabalho é todo aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a
serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional doença que cause
a morte, perda ou redução permanente ou temporária de condições para o trabalho. São
considerados acidentes do trabalho, os acidentes ocorridos durante o horário de trabalho
e no local de trabalho, em consequência de agressão física, ato de sabotagem,
brincadeiras, conflitos, ato de imprudência, negligência ou imperícia, desabamento,
inundação e incêndio. Também são acidentes de trabalho os que ocorrem:
Quando o empregado estiver executando ordem ou realizando serviço sob o
mando do empregador.
• Em viagem a serviço da empresa.
• No percurso da residência para o local de trabalho.
• No percurso do trabalho para a casa.
• Nos períodos de descanso ou por ocasião da satisfação de necessidades
fisiológicas, no local de trabalho.
• Por contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade.

8.1 Normas técnicas brasileiras ABNT

Normas são leis que regulamentam determinada matéria. Quando não existe uma
norma única para regulamentar um determinado procedimento, a chance de haver algum
tipo de conflito por falta de uma padronização é praticamente uma certeza. Além da
padronização de critérios, o que confere justiça em caso de comparação, as normas são
importantes como indicadoras de padrão de qualidade. No Brasil, o órgão responsável e

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competente para normalizar é a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT,
fundada em 1940, a partir de uma demanda levantada pela Associação Brasileira de
Cimento Portland – ABCP, em 1937. Nessa época, os ensaios com materiais de
concreto (para medir a resistência) eram realizados em dois laboratórios tidos como
referências em termos de qualidade: o Instituto Nacional de Tecnologia (INT –
localizado no Rio de Janeiro) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT, localizado
em São Paulo). Os laboratórios, apesar de respeitados e rigorosos em suas avaliações,
utilizavam procedimentos diferentes para testar materiais de concreto, o que gerava uma
enorme confusão: um ensaio realizado e aprovado em um laboratório poderia não ser
aprovado no outro (e vice-versa), devido à diferença de metodologia de testes entre eles.
A partir dessa necessidade, começaram os estudos para determinar uma padronização
única para essa demanda. Com o tempo, surgiram necessidades de padronização em
todos os setores, e a ABNT participou dessa história de criação e regulamentação de
forma muito atuante: foi uma das entidades fundadoras da International Organization
for Standardization – ISO, entidade que determina as normas internacionais, fundada
em 1947, com sede em Genebra (Suíça). Além disso, participou da criação de várias
entidades e comitês importantes. Dentro da ISO, a ABNT tem um papel de destaque,
por fazer parte do Technical Management Board – TMB, um comitê seleto, formado por
entidades normalizadoras de apenas doze (12) países, responsável pela gestão,
planejamento estratégico e desempenho de atividades técnicas. As outras onze (11)
entidades normalizadoras de países que possuem assento nesse comitê são: AENOR
(Espanha), AFNOR (França), ANSI (Estados Unidos), BSI (Reino Unido), DIN
(Alemanha), JISC (Japão), NEN (Holanda), SAC (China), SCC (Canadá), SABS
(África do Sul) e SN (Noruega).

8.1.1 Qual a diferença entre NR e NBR?

As normas regulamentadoras (NRs) são publicadas pelo governo federal e


tratam da segurança e saúde no trabalho no Brasil. Inclusive essas normas devem passar
por revisão nos próximos meses.
Já as NBR’s são normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), concebidas através de consensos e estudos relacionados ao tema. Para isso,
comissões especializadas estipulam requisitos de qualidade, desempenho e segurança.

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Normas para a saúde do trabalhador.
Enquanto a NBR-5410 define condições para o funcionamento seguro de
instalações elétricas de baixa tensão, a NR-10 regulamenta os procedimentos de
segurança em instalações elétricas e a NR-12, atesta a segurança de máquinas e
equipamentos.

8.2 NBR – 5410, NBR 14039 e outras

A Norma Brasileira NBR-5410 estabelece as condições necessárias para o


funcionamento seguro de uma instalação elétrica de baixa tensão até 1.000V em tensão
alternada e 1.500V em tensão contínua. É utilizada em instalações prediais, públicas,
comerciais, industriais e de serviços.
Funciona basicamente como um guia para o trabalhador e contém informações
bem detalhadas sobre o que se deve ou não fazer: componentes da instalação; esquema
de distribuição de energia e dimensionamentos para áreas distintas; como ter total
proteção contra choques elétricos; como realizar a manutenção do sistema, qualificação
profissional exigida para cada atividade e etc.
A NBR-5410 também destaca a necessidade de inspeção, com a conferência dos
elementos para garantir que tudo funcione perfeitamente. Se houver qualquer indicação
de insegurança, anormalidade ou falha, há a exigência quanto à realização da
manutenção corretiva.
A norma ABNT 14039 - NBR14039 – Instalações Elétricas de Média Tensão
Esta Norma estabelece um sistema para o projeto e execução de instalações
elétricas de média tensão, com tensão nominal de 1,0 kV a 36,2 kV, à frequência
industrial, de modo a garantir segurança e continuidade de serviço.

8.3 Normas regulamentadoras: NR-10, qualificação, habilitação,


capacitação, autorização.

A NR-10 é uma norma bastante completa e que aborda todas as atividades


industriais em que há o contato direto ou indireto com uso da energia elétrica – desde a
geração de energia até o consumo. Para isso, traz uma série de medidas de controle e
proteção coletivas e individuais.
A partir de técnicas de análise de riscos, as medidas de controle exigem a
realização dos desenhos técnicos (esquemas unifilares atualizados) que representam
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todo o sistema elétrico da empresa. Também colocam que deve ser mantido um
Prontuário de Instalações Elétricas atualizado, que reúne documentos importantes para a
prevenção de acidentes.
Em relação às medidas de proteção coletiva, que têm o objetivo de proteger os
trabalhadores em relação aos riscos coletivos existentes nos processos, a NR-10 prevê a
desenergização elétrica e, na sua impossibilidade, a implantação de medidas de proteção
coletiva, como: isolamento das partes vivas, barreiras, sinalização, sistema de
seccionamento automático de alimentação e bloqueio do religamento automático.
O item 10.2.4, alínea C discorre sobre a documentação comprobatória da
qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos
realizados;
Os documentos que comprovam a qualificação, habilitação, capacitação e os
treinamentos dos trabalhadores, e que, portanto, devem fazer parte do prontuário são:
a) cópia dos diplomas de cada trabalhador qualificado – diplomas de curso
específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino (nível técnico ou
superior);
b) cópia do registro no competente conselho de classe – no caso de trabalhos em
eletricidade do CREA, é necessária, também, uma cópia do recibo de pagamento da
anuidade;
c) comprovante de capacitação para trabalhadores nãoqualificados e documento
que indica qual é o profissional habilitado, responsável pelos trabalhos;
d) cópia do certificado de conclusão, com aproveitamento satisfatório, do(s)
curso(s) de treinamento de segurança e também o documento de autorização para
trabalhadores que executam serviços nas instalações elétricas da empresa.
O item 10.8 - Habilitação, qualificação, capacitação e autorização dos
trabalhadores, diz:
10.8.1 É considerado trabalhador qualificado aquele que comprovar conclusão
de curso específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino.
10.8.2 É considerado profissional legalmente habilitado o trabalhador
previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe.
10.8.3 É considerado trabalhador capacitado aquele que atenda às seguintes
condições, simultaneamente:
a) Receba capacitação sob orientação e responsabilidade de profissional
habilitado e autorizado; e

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b) Trabalhe sob a responsabilidade de profissional habilitado e autorizado.
10.8.3.1 A capacitação só terá validade para a empresa que o capacitou e nas
condições estabelecidas pelo profissional habilitado e autorizado responsável pela
capacitação.
10.8.4 São considerados autorizados os trabalhadores qualificados ou
capacitados e os profissionais habilitados, com anuência formal da empresa.
10.8.5 A empresa deve estabelecer sistema de identificação que permita a
qualquer tempo conhecer a abrangência da autorização de cada trabalhador, conforme o
item 10.8.4.
10.8.6 Os trabalhadores autorizados a trabalhar em instalações elétricas devem
ter essa condição consignada no sistema de registro de empregado da empresa.
10.8.7 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem ser
submetidos a exame de saúde compatível com as atividades a serem desenvolvidas,
realizado em conformidade com a NR 7 e registrado em seu prontuário médico.
10.8.8 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem
possuir treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia
elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas, de
acordo com o estabelecido no Anexo II desta NR.
10.8.8.1 A empresa concederá autorização na forma desta NR aos trabalhadores
capacitados ou qualificados e aos profissionais habilitados que tenham participado com
avaliação e aproveitamento satisfatórios dos cursos constantes do ANEXO II desta NR.
10.8.8.2 Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bienal e sempre que
ocorrer alguma das situações a seguir:
a) Troca de função ou mudança de empresa;
b) Retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por período superior a três
meses;
c) Modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de métodos,
processos e organização do trabalho.
10.8.8.3 A carga horária e o conteúdo programático dos treinamentos de
reciclagem destinados ao atendimento das alíneas “a”, “b” e “c” do item 10.8.8.2 devem
atender às necessidades da situação que o motivou.
10.8.8.4 Os trabalhos em áreas classificadas devem ser precedidos de
treinamento especifico de acordo com risco envolvido.
10.8.9 Os trabalhadores com atividades não relacionadas às instalações elétricas

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desenvolvidas em zona livre e na vizinhança da zona controlada, conforme
define esta NR, devem ser instruídos formalmente com conhecimentos que permitam
identificar e avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis.

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