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Ética
Profissional
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Walkyria Paranhos
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Módulo I
——————————-––––———–––––— Ética Profissional —–––––––––––——————––––––
DEFINIÇÃO
A Ética é a parte da filosofia que se ocupa com o valor do comportamento humano. Investiga o
sentido que o homem imprimi à sua conduta para ser verdadeiramente feliz.
Ética é a parte da filosofia que estuda a moralidade do agir humano; quer dizer; considera os
atos humanos enquanto são bons ou maus.
ETIMOLOGIA
Desta maneira, podemos estabelecer a seguinte diferença entre normas morais e normas
jurídicas:
h normas morais: são regras de conduta que tem como base as consciências moral das
pessoas ou de um grupo social. As normas morais podem estender-se por toda uma coletividade por
meio dos costumes e tradições predominantes em determinado meio social.
h normas jurídicas: são regras sociais de conduta que têm como base o poder social do
Estado sobre a população que habita seu território. Assim, uma das principais características da
norma jurídica é a coercibilidade. Isto é: a norma jurídica conta com a força e a repressão potencial do
Estado para ser obedecida pelas pessoas.
Quando alguém desrespeita uma norma moral, como, por exemplo, um dever de cortesia, sua atitude
ofende apenas a moralidade convencional de um determinado grupo, que não tem poderes
energéticos para promover uma punição. Ao contrário, se uma pessoa desrespeita uma norma
jurídica prevista, por exemplo, no Código Penal, sua atitude provoca a coação do Estado, que tem
poderes efetivos para impor uma pena ao infrator.
A característica que, essencialmente, torna a ser humano diferente dos outros animais é o
desenvolvimento da consciência reflexiva. Por intermédio dessa consciência, que é expressão do seu
aparelho psíquico, o homem pode acumular conhecimento e experiências sobre o mundo. Graças a
linguagem, primeiramente oral e depois escrita, o ser humano desenvolveu a comunicação entre os
membros da espécie. E, assim, o conhecimento de cada pessoa foi-se tornando patrimônio coletivo,
constituído pela soma dos conhecimentos individuais, colocados à disposição do grupo social.
O desenvolvimento da consciência reflexiva torna o homem diferente dos outros animais não
apenas pelas extraordinárias conseqüências que a ação humana provoca no mundo, mas também, e
sobre tudo, pelos efeitos que provoca no próprio homem. Devido à consciência reflexiva, o ser
humano tornou-se capaz de pensar sobre sua própria existência, de perguntar-se sobre o sentido da
vida, questionando o presente, analisando o passado e projetando o futuro.
A essa característica peculiar ao homem, de julgar suas próprias ações, decidindo se elas são
boas ou más, damos o nome de consciência moral.
À possibilidade que o homem tem de escolher seu caminho na vida e construir sua história
damos o nome de liberdade. Evidentemente, a liberdade não é algo que se exerce no vazio, mas
dentro das limitações imposta pelas circunstâncias; o exercício da liberdade é a luta para ampliar ou
romper os limites das circunstâncias. Pois, como escreveu Karl Marx, “os homens fazem sua própria
história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstância de sua escolha e sim sob aquelas com que
se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado”.
A liberdade e a consciência moral estão intimamente relacionadas. Isso porque só tem sentido
julgar moralmente a ação de uma pessoa se esta ação foi praticada em liberdade. Quando não se tem
escolha ( liberdade ), é impossível decidir entre o bem e o mal (consciência moral ).
Entretanto, quando estamos livres para escolher entre esta ou aquela ação, tornamo-nos
responsáveis pelo que praticamos. É está responsabilidade que pode ser julgada pela consciência
moral do próprio indivíduo ou do grupo social.
Grande número de filósofos que se ocupam da Ética defende que a consciência moral nos
inclina para o caminho da virtude. Etimologicamente, a palavra virtude deriva do latim virtus, que
significa a qualidade própria da natureza humana. De modo geral, a expressão virtude designa,
atualmente, a prática constante do bem, correspondendo ao uso da liberdade com responsabilidade.
O oposto da virtude é o vício, que consiste no hábito de praticar o mal, correspondendo ao uso da
liberdade sem responsabilidade.
Ultrapassando o campo desses conceitos formais, uma difícil discussão filosófica se estabelece
quando se trata de definir, concretamente, o que seja vício ou virtude, pois, afinal, o que é o bem é o
mal?
• o hedonismo: doutrina que foi pregada desde a Grécia Antiga por filósofos como Górgias, Cálicles
e Arístipo. Defende que o bem é tudo aquilo capaz de oferecer prazer imediato. O mal é aquilo que
gera sofrimento;
• o epicurismo: doutrina elaborada por Epicuro , que procurava aperfeiçoar o hedonismo. Defendia
que o bem não era qualquer prazer, mas os prazeres devidamente selecionados. Assim, Epicuro
construiu uma espécie de hierarquia dos prazeres, considerando superiores, por exemplo, os
prazeres naturais em vez dos artificiais; os prazeres calmos, em vez dos violentos. O supremo prazer
era, entretanto, o prazer intelectual, que se obtinha mediante o domínio das paixões pela razão;
• o estoicismo: o filósofo Zenão de Citium é considerado o fundador da escola estóica, que pregava
um espírito de total renúncia aos desejos, considerados como a fonte de todo sofrimento humano. O
bem consistia na aceitação da ordem universal, que deve ser compreendida pela razão;
• o formalismo kantiano: o filósofo alemão Kant defende a concepção moral que identifica o bem ao
cumprimento puro e simples do dever. A fonte do dever é a razão humana que elabora normas
orientadoras de nossa conduta;
• o tomismo: o filósofo cristão Santo Tomás de Aquino defende que o bem consiste nas ações capazes
de aproximar o homem de Deus. Tomás de Aquino reconhece que a razão humana tem condições de
estabelecer deveres morais, mas procura harmonizar esses deveres à ordem de Deus, revelada ao
homem pela fé cristã;
• o humanismo: pensadores contemporâneos como Erich Fromm defendem que somente o homem
deve determinar, para si próprio, o que seja bem ou mal. E o que é bem? É tudo o que é bom para a
natureza humana; tudo o que impulsiona a vida dessa natureza; tudo o que colabora para a
realização das potencialidades humanas. Assim, para determinarmos o bem, devemos estudar e
conhecer a natureza humana em profundidade, tarefa da qual se ocupam ciências como a Psicologia,
a Antropologia, a História etc. Na ética humanista, escreve Fromm, “o bem é a afirmação da vida, o
desenvolvimento das capacidades do homem. A virtude consiste em assumir-se a responsabilidade por sua
própria existência. O mal constitui a mutilação das capacidades do homem; o vicio reside na irresponsabilidade
perante si mesmo”.
Numa linha semelhante ao pensamento de Erich Fromm, o psicólogo Carl Rogers identifica o
bem como o processo pelo qual cada um deve ser aquilo que realmente é . Isso implica confiança
profunda na natureza do ser humano, quando esta pode funcionar livremente.
Segundo Rogers, quando o homem assumiu viver conforme sua real natureza, todo o seu
organismo desenvolve, em termos físicos e psíquicos, uma harmonia crescente consigo mesmo, seus
semelhantes e a Natureza. “O indivíduo descobre pouco a pouco que pode ser a sua irritação, quando essa
irritação é a sua verdadeira reação, e que, aceita ou transparente, essa irritação não é destrutiva. Descobre quer
pode ser o seu receio e que saber que tem medo não o dissolve. Descobre que pode ter pena de si e que isso não é
“mau”. Ele sente que pode ser e sentir as suas reações sexuais, ou os seus sentimentos de preguiça ou
hostilidade, sem que lhe caia o céu em cima. A razão parece ser esta: quanto mas ele for capaz de permitir que
esse sentimentos o invadam, melhor estes encontram o seu lugar adequado numa total harmonia. Ele descobre
que tem outros sentimentos que se juntam a estes e que se equilibram. Ele sente que ama, que é terno,
respeitoso, cooperador, como também é hostil, sensual ou colérico. Ele sente interesse, zelo e curiosidade, como
sente preguiça ou apatia. Ele sente-se corajoso e ousado como se sente medroso. Os seus sentimentos, quando os
vive de uma maneira íntima e os aceita na sua complexidade, realizam uma harmonia construtiva e não um
mergulho em qualquer forma de vida descontrolada“.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Básica
- Maria Cecília C. de Arruda, Whitaker, Maria do Carmo, José Maria Rodriguez Ramos Fundamentos
da ética empresarial e economia, Atlas, 2001.
Complementar
4. Seria correto afirmar que somente as normas morais pertencem à Ética? Por quê?
10. Das concepções éticas sintetizadas com qual você mais se identifica? Por quê?
ESTUDO DE CASO
Pensando em ética...
Dois colegas de trabalho acabam de almoçar e caminham pensativos pelo jardim do restaurante.
Nada parece alterar o silêncio até que um deles expressa em voz alta suas reflexões:
- Todas as vezes que preciso pensar em algo importante, saio para dar uma volta no jardim junto ao
restaurante.
- Eu não acredito mais na ética. Por mim, acho que os fins justificam os meios.
E, como conseqüência:
- Aproveite o que puder enquanto levar vantagens. É o que eu digo, o poder é o que dita as regras.
São os vencedores os que escrevem os livros de história. È um mundo cão. Vou fazer tudo que achar
necessário e deixar que os outros fiquem se perguntando o que é certo e o que é errado!
Nessa altura, o acompanhante, que até esse momento só ouvia o amigo falar, resolveu dar um
empurrãozinho no colega. Cambaleante, o tagarela perdeu o equilíbrio, tropeçou e foi de cabeça para
uma poça de lama. Indignado gritou:
- Você estava no meu caminho e agora não está mais. Você não acabou de dizer que os fins justificam
os meios?
- Ah!