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Estava lavando os pratos que tinha usado quando cozinhei para o Calvin. Minha
casa geminada estava tranqüila. Se Halleigh estava em casa, era tão silenciosa
como um camundongo. Não me incomodava lavar pratos para falar a verdade,
era uma boa maneira para refletir e freqüentemente chegava a boas decisões.
Não muito surpreendentemente, pensava na noite anterior. Tentava recordar
exatamente o que Sweetie havia dito.
Algo havia me impressionado, mas naquele momento não estava exatamente em
posição para levantar a mão e fazer uma pergunta. Tinha algo que ver com o
Sam.
Finalmente recordei que embora tenha dito ao Andy Bellefleur que o cão no
beco era um metamorfo, ele não sabia que era Sam. Não havia nada de estranho
nisto, já que Sam tinha se transformado em bloodhound, e não em sua forma de
collie habitual.
Depois que compreendi o que estava me incomodando, pensei que minha mente
estaria
em paz. Isso não aconteceu. Havia algo mais, algo que Sweetie havia dito. Pensei
e pensei, mas não houve um clique em meu cérebro.
Para minha surpresa, me encontrei chamando o Andy Bellefleur em sua casa.
Sua irmã Portia ficou surpreendida quanto eu quando respondeu, disse
friamente que chamaria o Andy.
— Sim, Sookie? -disse Andy com voz neutra.
— me deixe te fazer uma pergunta, Andy.
— Estou escutando.
—Quando dispararam no Sam, -eu disse-, e fiz uma pausa, pensando no que
dizer.
—Bem, -disse Andy. Que há de errado com isso?
— É verdade que a bala não coincidia com as demais?
—Não recuperamos uma bala em cada caso. Não era uma resposta direta, mas
provavelmente foi o melhor que pude conseguir
—Hmmm. Bem, -eu disse-, agradeci e registrei, sem a certeza de ter entendido o
que ele quis dizer. Tive que deixar de lado, pelo menos por enquanto. Se havia
algo aí, entraria na fila dos assuntos pendentes que estavam em meus
pensamentos.
O resto da tarde foi tranqüilo, o que era incomum. Com uma casa tão pequena
para limpar, e um jardim tão pequeno por cuidar, havia muitas horas livres.
Li durante uma hora, fiz palavra cruzada, e fui para cama aproximadamente às
onze.
Incrivelmente, ninguém me acordou por toda a noite. Ninguém morreu, não
houve nenhum fogo, e ninguém teve que me avisar sobre nenhuma emergência.
Na manhã seguinte levantei me sentindo melhor do que tinha sentido em uma
semana. Quando olhei o relógio percebi que tinha dormido até as dez da manhã.
Bem, isso não era tão surpreendente. Meu ombro estava quase curado; minha
consciência se tranqüila. Não achei que tinha muitos segredos para guardar, e
isso foi um enorme alívio. Estava acostumada a manter os segredos de outras
pessoas, mas não os meus.
O telefone tocou quando estava tomando o último gole do meu café da manhã.
Pus meu livro sobre a mesa da cozinha marquei a página que lia e atendi o
telefone.
— Olá! –eu disse alegremente-.
—É hoje, -disse Alcide-, com a voz vibrando de emoção. — Você tem que vir.
Trinta minutos, minha paz tinha durado trinta minutos.
—Suponho que se refere à competição para escolher a posição de chefe da
manada.
—É obvio.
— E por que tenho que estar ai?
—Tem que estar qui porque o bando inteiro e todos os amigos do bando têm que
estar aqui, -disse Alcide-, com voz que não aceitaria um não. —Christine, sobre
tudo pensou que deveria ser testemunha.
Eu poderia ter discutido se ele não tivesse feito o comentário sobre Christine. A
esposa do antigo chefe de manada que havia me impressionado por ser uma
mulher muito inteligente, com uma cabeça fria.
—Bem, -eu disse-, tentando não soar resmungona. Onde e quando?
—A meio-dia, no edifício vazio da 2005 Clairemont. Onde costumava ser David
& Vão Such, a empresa de impressão.
Recebi algumas instruções e registrei. Enquanto tomava banho, pensei que seria
um evento esportivo, assim vesti minha velha saia de mezclilla com uma
camiseta vermelha. meias-calças vermelhas (a saia era bastante curta) e uns
sapatos negros. Estavam um pouco desgastados, assim esperei que Christine
não olhasse meus sapatos.
Coloquei minha cruz de prata dentro da minha camiseta; a transcendência
religiosa não incomodaria aos lobos absolutamente, mas a prata sim.
A empresa de impressão David & Vão Such, tinha um edifício muito moderno,
em uma zona industrial, igualmente moderna, em grande parte deserto este
sábado. Todas as empresas foram construídas para combinarem em perfeita
harmonia: edifícios de pedra cinza e vidros escuros, com arbustos ao redor e
delimitadas áreas verdes. David & Vão Such destacava por uma ponte
ornamental sobre uma fonte ornamental também e sua porta principal era
vermelha. Na primavera e depois de um pouco de manutenção, seria tão bonito
como qualquer edifício moderno. Hoje, na fase final do inverno, as ervas
daninhas que tinham crescido o verão anterior, agitavam-se. Os esqueléticos
arbustos necessitavam urgentemente uma poda, e a fonte estava com água
parada, com o lixo flutuando. O David& Vão Such, tinha um estacionamento
que continha aproximadamente trinta automóveis, incluindo -sinistramente-
uma ambulância.
Embora estivesse com a minha jaqueta o dia pareceu anormalmente mais frio
quando saí do estacionamento e atravessei a ponte até a porta principal me
arrependi de ter deixado meu casaco mais quente em casa, mas não parecia
necessário já que do estacionamento ao edifício eram poucos metros e dentro
não faria tão frio. O vidro do David & Vão Such, quebrado somente na porta
vermelha, refletia o pálido céu azul e as gramas mortas.
Não parecia correto bater na porta de uma empresa, assim que entrei. Duas
pessoas estavam diante de mim, quando cruzei a área da recepção vazia.
Entraram por dois elevadores. Segui, me perguntando aonde estava entrando.