Você está na página 1de 2

O nosso Imprio (2)

Desde logo, as mais honestas desculpas pelo facto de, no nmero 1 deste
Imprio, o exemplo dois ter surgido com o acento correto. Deveria ter-se lido:
Abertura das 9.00 s 12.00.
Hoje, vamos abordar, tambm, dois tpicos: um de contedo e outro de grafia.
Quanto ao de contedo, e uma vez que ainda estamos no tempo natalcio, e daqui
a algum tempo, no Carnaval, apresento uma curiosidade vocabular: a origem da palavra
espampanante.
Conta o dicionrio etimolgico da Lngua Portuguesa que a palavra surgiu no
contexto das feiras no nosso pas, com o Circo Lisbonense. Neste circo, trabalhava o
artista Alexandre Moretti com a equestre e acrobtica Spampani. Esta, alm de notvel
na equitao, trabalhava com touros amestrados, facto que despertou muito interesse. Esta
companhia exibiu-se no Coliseu dos Recreios at ao incio de 1895. Durante cerca de trs
meses, Lisboa assistia aos saraus de Spampani. Naturalmente que em determinados
crculos sociais se fala muito da Spampani. O povo, quando se referia artista,
pronunciava Espampane: eram os chapus Espampane, as botas Espampane, os
penteados Espampane. As coisas que fizessem lembrar o esplendor de Spampani, eram
espampanantes.
Quanto grafia, duas palavras cujo problema semelhante e que resulta do Novo
Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa: contacto/contato e facto/fato.
Em primeiro lugar, temos de distinguir se estamos a referir-nos variante europeia
ou brasileira do Portugus. Em segundo lugar, ouvir a pronncia correta das palavras.
Primeira explicao: quando o acordo prev a queda das chamadas consoantes no
articuladas (mudas), apenas se refere, de facto, quelas que no so efetivamente
pronunciadas. Atente-se que no nos devemos referir pronncia individual de cada
falante, isoladamente!
Segunda explicao: na variante europeia do Portugus, as palavras facto e
contacto no foram alteradas. Logo, continuaremos a pronunciar e a escrever o c=K.
Terceira explicao: na variante brasileira o c, nestas palavras, j h muito que
no utilizado.
Exemplos diferenciais:
Portugal: de facto, no falamos sempre bem. (na verdade, no falamos sempre bem)
Brasil: de fato, no falamos sempre bem. (na verdade, no falamos sempre bem)

Hiptese: se trocssemos as palavras, em Portugal no falaramos bem de fato


(com roupa, no falamos sempre bem).
Vamos, agora, grafia da palavra contacto/contato. Na mesma lgica
(variante europeia/variante brasileira), chegamos concluso de que o c, nestes casos,
tem de continuar a existir na variante europeia. Ns no deixaremos de escrever
contacto e o Brasil no deixar de escrever contato.
Logo, se se escrever na variante europeia fato=facto e contato=contacto, est
errado.
Para tornar este espao mais profcuo aos leitores deste DN, fica o e-mail para
onde deve ser enviada qualquer questo sobre o nossa Lngua, escrita ou falada:
onossoimperio@sapo.pt
Joo Lus Freire

Você também pode gostar