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"Deus, por favor, apareça na televisão!

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Posted: 15 Feb 2010 11:00 AM PST
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“Deus, por favor, apareça na televisão!”... Este verso de uma canção do Kid Abelha, para mim, ganhou um novo sentido depois
de ver a "gospelização" da televisão. Transformou-se num clamor de desespero. Ou deveria. Estou cansado de ver o cristianismo
ser chacoteado por causa do que mais aparece na caixa idiota, no micro-ondas do mal. Não, eu não quero que a mídia deixe de
apresentar crimes e sem-vergonhezas de pastores, “apóstolos”, missionários e padres. Não; eu não vou esculhambar com a Globo
por causa de “Ó Paí, Ó”. Eu quero é que os “representantes” do “cristianismo” televisivo tenham vergonha na cara e mudem de
vida!

Dia desses eu conversava, até animadamente, com uma pessoa que não é evangélica, e, depois de eu responder que não era
muçulmano (?!) e meu colega dizer "Não. Ele é evangélico.", ela jogou na minha cara a questão financeira: a primeira coisa que
ela me perguntou depois de saber que eu era cristão (e foi com ironia) foi quanto eu dava para a igreja. E eu juro a
vocês que eu me arrependo de não ter dito, mesmo estando em público, que isso não era da conta dela, porque ela não paga
minhas contas e nem eu como às expensas dela (da próxima eu nem vacilo, digo mesmo).

Não se pode mais falar de Jesus!

O evangelho agora é visto como uma faceta do tema


economia. E o mais interessante é que os
evangélicosconseguimos ser tão vistos como uma
simbiose de pilantras e idiotas que as pessoas até
esquecem que sem-vergonhice e disfaçatez, além de burrice,
ganância e hipocrisia não são exclusividade nossa.
Infelizmente, parece que essa taça é nossa – se não por
maioria de votos, é pelo IBOPE da TV.

Não estou querendo atacar igrejas ou religiões, tampouco


menosprezar meus diletos irmãos em Cristo, mas, enquanto
vejo ladrões na TV cometendo estelionatos religiosos e
vendendo Deus como um produto (e não são apenas
evangélicos), não posso esquecer que a venda de
indulgências e outros escândalos e imoralidades não
são realidade somente nossa.

Existem religiosos que condenam enriquecer e riquezas mas


não são pobres: nadam em luxo, em seus palácios cobertos de ouro, enquanto suas ovelhas morrem de fome; existem os que
usam o nome de Deus para manobras políticas por influência e domínio, mando e desmando e criações de doutrinas malucas;
existem aqueles que enaltecem a ganância, a ambição, a usura, a avareza e não toleram a austeridade; e existem os que só
enxergam a imundície na religião dos outros, e, sabendo que não é isto o que elas ensinam, usam as distorções que
aparecem na mídia:

1. como munição para atacar pessoas sérias, que não compactuam com a injustiça (isto é, por sacanagem);

2. como forma de pré-julgar as pessoas antes de conhecê-las (isto é, por preconceito e burrice); e/ou

3. para “legitimar” sua própria vida de pecado (isto é, cinismo).

Esse tipo de gente cínica é da pior espécie, e, no fim, infelizmente, pode terminar se dando mal. Pois sabe o que é certo e
bom, não pratica e ainda caçoa de quem tenta viver direito usando o mal exemplo de pessoas notoriamente más e
pseudorreligiosas como escudo.

Esses "ministros de Deus" de TV que vivem mendigando dinheiro e prometendo prosperidade e bênçãos milagosas não repassam o
que Jesus ensinou, não imitam seu exemplo de vida e são extremente arrogantes. Não são discípulos de Jesus, pois eles não
pregam e não vivem o evangelho (1Timóteo 4.1-2; 1 João 2.18-19). Suas vidas, em sentido oposto ao da vida de Jesus,
comprovam isso claramente, pois milagres e dons, por si sós, não são certeza de aprovação divina (Mateus 7.15-23; Mt 24.24; 2
Tessalonicenses 2.9-12): é aí que aumenta nossa responsabilidade em conhecer a palavra de Deus para saber discernir os
espíritos e tomar decisões certas(Mateus 22.29; 1 João 4.1).

Eu posso ter meus pecados, mas não busco viver neles. Agora, por favor, não me ponham junto com um saco de
enganadores ou extorquidos, pois disto eu não faço parte! Já me basta a vergonha de receber a mesma terminologia
de "evangélicos" que eles recebem. Meus pais, mesmo não sendo “crentes”, me ensinaram a ter vergonha na cara e a não
iludir as pessoas. Com certeza, certos falsos ministros também devem ter recebido essa lição dos pais deles. E, se não a põem em
prática, eu não tenho nada a ver com eles. E menos ainda a minha fé tem a ver com a deles.

Quer saber o que é cristianismo? Não me pergunte. E não veja TV (Deus não aparece nela). Apenas não se faça de sonso, olhe para
a vida de Cristo e sua palavra, e você terá sua resposta. Simples assim. Mas não venha transformar a boa mensagem do
evangelho naquilo que você sabe que Jesus Cristo não ensinou, valendo-se de pessoas de má índole, que, nem de
longe, merecem ser chamadas de discípulos dele (apesar de se declararem tais)!

Cansei. Cansei mesmo. Agora as pessoas simplesmente não presumem mais boa-fé, honstidade, retidão ou qualquer coisa boa de
pessoas que tentam viver sua fé em Cristo. Somos pré-julgados como palhaços idiotas manipulados por sacerdotes
descarados só em dizermos "sou evangélico". E nem venham me dizer que somos perseguidos por causa do nome de
Jesus! Não somos! Antes fôssemos! Eu tenho a absoluta certeza de que somos perseguidos por culpa nossa e da maioria de
pessoas que incharam e hiperlotaram templos sem saber o que o evangelho é; e pior: sem saber quem Cristo é!

Vamos deixar de ser cínicos. Ou imbecis.


Autor: Avelar Jr.
Fonte: [ Não, obrigado! ]

Por que orar se Deus conhece nossas necessidades?


Posted: 15 Feb 2010 07:00 AM PST
Autor: Donald A. Carson
Fonte: [ Visão Calvinista ]
Via: [ Eleitos de Deus ]

O perigo do populismo evangélico


Posted: 15 Feb 2010 01:15 AM PST
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O populismo enquanto fenômeno político e o jeito populista
de governar já são velhos conhecidos de parte da sociedade
brasileira, pois desde a era Vargas vem marcando presença
significativa na história do nosso país. O que é relativamente
novo neste cenário é um outro fenômeno que aqui
chamaremos de populismo evangélico. Na essência, os dois
são a mesma coisa, a diferença esta na aparência. Isto
porque na versão evangélica este populismo aparece em
uma embalagem própria para conquistar o público a que se
destina.

São essencialmente semelhantes por ambos se sustentarem


e perpetuarem-se na figura do político carismático que sabe
muito bem usar o palanque nos comícios, as câmeras na TV
e as ondas no rádio, meio de comunicação de massa ainda
muito forte entre as classes mais suscetíveis a este tipo de
apelo. Uma vez eleito, o político populista, evangélico ou
não, vai ter na sua prática de governo um comportamento
idêntico em um ponto central: o uso da máquina do Estado
para promover ações de curto prazo visando a resolver
necessidades imediatas dos menos favorecidos, isto sem
criar políticas públicas capazes de, a médio e longo prazo,
influenciar na transformação das estruturas socioeconômicas
geradoras da nossa desigualdade. Obviamente, os maiores e
reais beneficiários destas ações não são sequer aqueles para quem elas teoricamente se destinam, mas sim quem as promove
quando delas auferem significativo lucro eleitoral.

Este populismo assume uma roupagem evangélica quando a mesma habilidade verbal do palanque é usada no púlpito a serviço de
uma idéia, que, por assim dizer, é a chave mestra capaz de abrir as comportas do voto evangélico. Refiro-me especificamente ao
uso que se faz do corporativismo de classe celebrizado na frase “irmão vota em irmão”. Com isto busca-se convencer o eleitorado a
escolher um governante tão-somente pelo fato de ser evangélico. Ora o discurso populista de caráter puramente assistencialista,
que já em si mesmo é extremamente sedutor, quando acrescido desta dimensão espiritual dá a este populismo evangélico uma
combinação com muito poder de voto na disputa eleitoral. Esta é a razão pela qual vai se vendendo sistematicamente a ilusão de
que, por ser o governante um evangélico, Deus naturalmente abençoará o seu governo, transformando tudo pelo poder das orações
e a liderança do seu eleito.

Esta falácia pode ser facilmente desmontada ao lembrarmos que quando escolhemos um governante os critérios desta escolha são
mais amplos do que aqueles usados para escolher um líder religioso de uma igreja. Estamos elegendo alguém convocado pela
sociedade para dirigir um povo marcado pela pluralidade, inclusive e principalmente de crenças. Não se governa uma cidade, estado
ou país simplesmente apresentando como única credencial sua fé e denominação religiosa. Existem outras qualidades que um
postulante ao governo de qualquer instância do nosso país deve apresentar, qualidades estas que os políticos representantes deste
populismo evangélico fazem questão de não trazer a cena. É exatamente nesta manobra onde se verifica a clara instrumentalização
da fé com fins puramente eleitorais, quebrando despudoradamente um mandamento bíblico dos mais sagrados, o de não usar o
nome de Deus em vão! Importa ainda ressaltar que tais políticos não teriam sucesso não fosse a cooperação dos pastores
orientando os seus rebanhos a votarem cegamente no candidato “ungido pelo Senhor”. Reedita-se então a histórica relação entre o
rei cujo poder político era sustentado pelo poder espiritual do sacerdote!

Infelizmente a Igreja Evangélica como hoje se configura é um terreno fértil para a proliferação deste populismo. Isto, por ser em
sua maioria composta por denominações cuja presença maciça se faz sentir nas franjas sociais do nosso país, onde existe uma
população marcada pela exclusão social, presa fácil deste esquema político-religioso. Todavia, há uma minoria em meio a esta
grande massa disposta a marcar sua posição contrária a esta onda populista, pois enxerga nela graves perigos para a Igreja e para
o país!

Eduardo Rosa Pedreira é pastor da Comunidade Presbiteriana da Barra da Tijuca e professor da Fundação Getúlio Vargas. E-
mail: prof.edubadufgv@terra.com.br
(Publicado originalmente em O Globo, em 01/10/2005)
Fonte: [ Ultimato ]
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