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Visões e revelações do Senhor ± 1

Posted: 16 Mar 2010 08:05 AM PDT

por Altair Germano


Publicarei o subsído para a Lição 12 em duas ou três etapas distintas. Nesta primeira tratarei do tema
³Superapóstolos´, relacionado com o primeiro ponto da lição (A GlÓRIA PASSAGEIRA DE SUA BIOGRAFIA).

PLANO DE AULA

1. OBJETIVOS DA LIÇÃO

-Distinguir as características de um ³superobreiro´

2. CONTEÚDO

Textos Bíblicos: 2 Co 1.1

OS SUPEROBREIROS

Em todas as épocas, assim como nos dias do apóstolo Paulo, existiram obreiros que se sentiam acim a da média. São
estes os ³superapóstolos´, ³superbispos´, ³superpastores´, ³superevangelistas´, ³superpresbíteros´, ³superpregadores´,
³superprofessores´, ³superprofetas´ e etc.

Nos dias atuais este fato está evidente mais do que nunca. É uma verdadeira ve rgonha o qua contece no meio
evangélicos brasileiro, onde os ³superalgumacoisa´ fazem de tudo para aparecer. Tentam demonstrar uma
espiritualidade acima da média, um ³supercarisma´, ³superpoderes´, ³supermilagres´, ³supereloquência´.

Em razão disto já foram criadas ³superestruturas´ para os ³supercongressos´, onde os ³superpregadores´,


³superministrantes´ e ³superpreletores´ embolsam ³supercachês´, dos ³supermeninosdafé´. Tudo isso sob a
intermediação dos ³superempresáriosdomundogospel´.

Um pastor amigo meu, conferencista, me contou que ao se cruzar com desses ³superalgumacoisa´ num dos aeroportos
do país, o mesmo se gabava de ter recebido um cachê de R$ 7.000,00 (Sete Mil Reais), e ainda deu para o meu amigo
o seguinte conselho: ³o negócio é pregar em comunidades evangélicas e nestas novas igrejas (não sei sobre quais
novas igrejas ele se referia). O cachê que recebemos nas Assembleias de Deus é negócio para pregadorzinho. É
cachê de miséria´.
Um outro me falou que num destes ³supercongressos´, um deles cogitou a criação de uma ³Liga da Justiça com os

Superpregadores de Fogo´. Sem comentários.


IMAGEM: NOVA LIGA DA JUSTIÇA (www.universohq.com)

Interessante também é a atitude dos ³superapóstolos´ da atualidade, que só abrem igrejas nos grandes centros
urbanos, nos bairros nobres, nas principais avenidas e edificam (ou alugam) os mais luxuosos templos, para
massagear a sua ³supervaidade´ e engordar a sua ³superconta´.

É necessário ter uma ³supercaradepau´ para execer tal ministério e ostentar este ³supertítulo´.

LIÇÕES DO APÓSTOLO PAULO PARA OS SUPERFENÔMENOS NA ATUALIDADE

Em nenhuma outra época se desejou tanto os holofotes, o estrelato, o reconhecimento das massas, o delírio dos fãs e
a fama. Contemplamos uma t otal inversão de valores e desprezo dos grandes exemplos bíblicos, que incorporam o
princípio da declaração de João Batista: ³É necessário que ele cresça e que eu diminua´ (Jo 3.3).

A fama, conforme a que Jesus alcançou (Mt 4.24), se relaciona a um processo natural de reconhecimento da ação de
Deus sobre a vida do indivíduo. Não é algo para ser buscado.

Quero aproveitar este tema, para republicar um texto já postado neste blog em 04/03/2008, e publicado no meu livro
³Reflexões: por uma prática cristã autêntica e transformadora´, que compara os arrogantes superobreiros da
atualidade, portadores de exuberantess biografias, com a maneira que o apostólo Paulo descreveu as suas realizações
e ministério.

Escrevi o post depois de ter presenciado numa convenção nacional de pastores a distribuição de um kit (DVD, Bíblia,
Folder etc.), onde na caixa estava a imagem do superpregador com o seguinte título: O maior fenônemo de público
evangélico do Brasil. Tentei conseguir um kit para mim com o próprio superhipermegastar, mas os mesmo estavam
reservados para os Pastores Presidentes (certamente havia a intenção de descolar uns convites intere$ante$). Segue
abaixo o post na íntegra:

O FENÔMENO

Vocês lembram aquele título ³o fenômeno´, atribuído ao Ronaldo da seleção brasileira de futebol? Pois bem, a moda
acabou se contextualizando ao meio evangélico.

Você já ouviu falar no pastor ³o fenômeno´? Ainda não? Pois fique sabendo que ele já existe e é assim que se auto
intitula (ao contrário do Ronaldo que recebeu o título do Galvão Bueno), devido aos números mirabolantes que marcam
o seu ministério.
O FENÔMENO EM NÚMEROS
- Milhões de telespectadores
- Dezenas de livros
- Centenas de cidades
- Milhares de mensagens pregadas
- Milhares de e-mails recebidos
- Milhões de acesso em sua página na internet
- Milhares de DVD¶s vendidos
Fui procurar na Bíblia alguém que pudesse se comparar ao ³fenômeno´, e acabei encontrando um certo personagem,
que se destacou pelos números que também marcaram o seu ministério;
PAULO, O APÓSTOLO (2 Co 11.24-28)
- Muitos trabalhos
- Muitas prisões
- Açoites sem medidas
- Perigos de morte
- Trinta e nove chicotadas em cinco ocasiões
- Três pisas com vara
- Um apedrejamento
- Três naufrágios
- 24 hs boiando no mar
- Muitas jornadas (algumas a pé)
- Perigos de ladrões
- Perigos de rios
- Perigos de perseguições por judeus e não-judeus
- Perigos na cidade
- Perigos nos desertos
- Perigos em alto mar
- Perigos entre os falsos irmãos
- Muitos trabalhos e canseiras
- Muitas noites sem dormir
- Fome e sede muitas vêzes
- Falta de casa, comida e roupa
- Muitas preocupações com as igrejas do Senhor
Amados, não sei se o que sinto neste momento é vergonha ou indignação. Dá para perceber o quanto difere o
referencial de valores do ³FENÔMENO´ e os referenciais do Apóstolo Paulo? A que ponto chegamos!
Por favor, me suportem. Falo principalmente aos fãs, que de tão entorpecidos pela eloquência e domínio de massas
que ³os fenômenos´ possuem, não admitem que toquem nos tais ³ungidos´!
Gostaria neste momento, de responsabilizar por esta vergonha nacional, os pastores que abrem as portas de suas
igrejas para ³os fenômenos´ modernos, cooperando assim para a alienação e exploração das pobres e manipuláveis
ovelhas que lhes foram confiadas.
É fundamental lembrar que Jesus (nem os apóstolos) não andava atrás de público (Jo 6.24 -27, 65-68). Jesus buscava
verdadeiros discípulos e não público. O inferno se encherá de público e de pregadores de público, enquanto o céu, de
filhos de Deus que nasceram de novo, que vivem em santidade e andam na verdade, juntamente com pregadores que
não foram enganados pela sedução da fama e do sucesso temporal. Basta! Chega de tanta banalidade, futilidade e
vaidade.
Ver e ouvir estas coisas, e ficar calado, é pecado de omissão. Compartilhar com elas, nos torna iguais ³aos
fenômenos´.
Deixo o próprio Paulo nos lembrar um princípio que por muitos já foi esquecido:
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3. MÉTODOS E ESTRATÉGIAS DE ENSINO

Elabore um quador comparativo da postura dos superobreiros da atualidade em relação aos bons exemplos e
referenciais bíblicos.

Se quiser, pode imprimir este subsídio, tirar cópias e distribuir com os alunos e com quantos outros irmãos desejar.

4. RECURSOS DIDÁTICOS

Quadro, cartolina, pincel ou giz, etc.

5. SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS

- Evangélicos em crise, Mundo Cristão.

- Evangelhos que Paulo jamais pregaria, CPAD.


- Erros que os pregadores devem evitar, CPAD.

- Mais erros que os pregadores devem evitar, CPAD.

- Supercrentes, Mundo Cristão.

PARTE II

Nesta segunda parte do subsídio para a Lição 12, tratarei do tema ³revelações e visões´, enfatizado no segundo ponto
da Revista.

PLANO DE AULA

1. OBJETIVOS DA LIÇÃO

-Saber que nem a igreja nem crente algum pode depender apenas de experiências sobrenaturais, como revelações,
visões ou sonhos para conhecer a vontade de Deus.

2. CONTEÚDO

Textos Bíblicos: 2 Co 12.1

VISÕES, REVELAÇÕES E SONHOS ESPIRITUAIS OU SOBRENATURAIS

É interessante num primeiro momento fazer algumas considerações acerca dos termos ³revelações, visões ou sonhos´
numa perspectiva evangélica pentecostal.

Os referidos fenômenos dizem respeito a percepção extrasensorial (não dependem dos sentidos naturais da visão, do
tato, da audição, do olfato ou do paladar) de imagens relacionadas com acontecimentos no presente mundo (Gn 37.5-
10; Dn 2.36-49; Dn 7.1-28 ss) ou no porvir (Ap 20, 21, 22 ss), manifestas mediante o poder e a vontade Deus.

As revelações podem acontecer em estado de vígilia ou dormindo. Quando em estado de vigília, as revelaçõ es são
geralemente chamadas de ³visões espirituais, sobrenaturais ou proféticas´. Quando durante o sono, são designadas
geralmente de ³sonhos espirituais, sobrenaturais ou proféticos.´

Estes fenômenos espirituais podem estar relacionados com a vida de um indivíduo (At 27.23-25) com uma nação (Jr
1.13-16), com toda a humanidade (Dn 2), com a igreja (At 16.6 -10; Ap 1.9-3.22), etc.

As revelações (visões ou sonhos) são manifestações atuais, não apenas fundamentadas em experiências subjetivas,
mas na própria objetividade e clareza do texto bíblico:

³Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que
derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jove ns terão visões, e
sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles
dias e profetizarão.´ (At 2.16-18)

No mundo evangélico contemporâneo temos duas posições extremas sobre o presente assunto. A p rimeira nega
totalmente a atualidade das revelações espirituais através de visões ou de sonhos, contrariando desta forma o texto
bíblico acima citado. A segunda chega a colocar as revelações num patamar acima da própria palavra de Deus, e o
profeta ou visionário acima da autoridade do pastor da igreja. Cabe neste segundo caso observar as advertências
bíblicas encontradas em (Dt 13.1-4 e Gl 1.8-9).

Uma outra questão digna de advertência é o fato de alguns indivíduos tentarem dirigir a vida de outros, ou da p rópria
igreja através de supostas revelações, visões ou sonhos. Sem falar, que muitos facinados por estes fenômenos são
presas fáceis dos falsos profetas da atualidade. Nestes casos, geralmente a oração e a Bíblia são colocados em último
plano (quando ainda são colocados) na busca pela vontade de Deus.

Muitas seitas e heresias surgiram fundamentadas em supostas revelações, visões ou sonhos de seus fundadores ou
profetas.
É preciso discernimento espiritual nestas questões, pois pode-se negligenciar uma orientação realmente divina (1 Ts
5.19-22), ou dar ouvidos para aquilo que não procede de Deus.

ALGUNS EXEMPLOS BÍBLICOS DE REVELAÇÕES, VISÕES E SONHOS

No Antigo Testamento:

- Gn 28.10-17 (Jacó)
- Êx 3.1- 4.16 (Moisés)
- Is 6.1-6 (Isaías)
- Jr 1.11-19 (Jeremias)
- Ez 1.1 (Ezequiel)
- Dn 7.1 (Daniel)

No Novo Testamento:

- Mt 1.18-24 (José)
- At 7.55-56 (Estevão)
- At 9.10-16 (Ananias)
- At 10.9-20 (Pedro)
- At 16.6-10 (Paulo)
- Ap 1.9-20 (João)

3. MÉTODOS E ESTRATÉGIAS DE ENSINO

Peça aos seus alunos para relatarem suas experiências pessoais com as verdadeiras e as falsas revelações, visões ou
sonhos espirituais. Discuta ainda sobre a importância do discernimento espiritual oriundo do Espírito Santo e do
conhecimento da Palavra de Deus.

4. RECURSOS DIDÁTICOS

Quadro, cartolina, pincel ou giz, etc.

5. SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS

- Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.


- Bíblia de Estudo Dake, CPAD.
- Dicionário Bíblico de Wycliffe, CPAD.
- Dicionário Vine, CPAD.
- Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, HAGNOS.

Peço aos amados leitores que não se esqueçam de orar por mim, para que o Senhor continue me concedendo a
condição necessária para publicar semanalmente estes subsídios.
Visões e revelações do Senhor ± 2
Posted: 16 Mar 2010 03:34 PM PDT

por = =
!

³Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor´ (2 Co 12.1).

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Dando prosseguimento à sequencia de aulas sobre a defesa do apostolado de Paulo, observamos que esse homem de
Deus defende o seu ministério e mostra o quanto trabalhou e sofreu em prol do Reino de Deus. Além dos inimigos
externos e interiores, ele enfrentou lutas renhidas que os outros apóstolos não experimentaram; para perceber isso
basta ler os versículos 11-33 do capítulo 11. Apesar das lutas enfrentadas, Paulo partilhou de momentos que nenhum
apóstolo participou, como ser arrebatado ao paraíso e conhecer coisas indizíveis desse lugar, que nenhum outro ser
humano teve o privilégio de presenciar em vida. Um momento garboso como ess e deixaria qualquer cristão numa
posição de destaque e cheio de si, mas veremos nesta aula a intervenção de Deus para que o apóstolo não fosse uma
pessoa soberba diante doas revelações que teve da parte do Senhor. Os falsos apóstolos, opositores de Paulo, se
vangloriavam de possuírem um conhecimento divino e uma espiritualidade superior à dele. Paulo se viu obrigado a
responder que tinha ainda mais razões do que eles para orgulhar-se, mas não fez isso. Preferiu gloriar-se em relação
às suas fraquezas, as quais o poder de Deus havia convertido em experiências gloriosas (12.9,10).

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Alguns indivíduos na igreja de Corinto haviam levantado dúvidas quanto à legitimidade do apostolado de Paulo. Acaso
ele possuía credenciais que atestavam seu chamado por Deus? Ele podia provar, por exemplo, que estava no mesmo
nível dos doze apóstolos? Paulo responde a esses questionamentos, mas talvez não da forma que seria de esperar.
Ele não apresenta um diploma de seminário nem uma carta oficial assinada pelos irmãos de Jerusalém, declarando
que ele havia sido ordenado para seu trabalho. Também não fala de suas realizações e aptidões pessoais. Antes,
fornece uma comovente relação dos sofrimentos que havia suportado ao proclamar o e vangelho.

Enquanto os pseudo-apóstolos se vangloriavam dos títulos auto-declarados, Paulo dava demonstração de que a glória
maior que ele detinha não estava em sua biografia, mas no sofrimento padecido por causa do evangelho. Aquilo que os
falsos apóstolos consideram uma vergonha, Paulo ostenta como triunfo. Enquanto eles se vangloriam de sua retórica,
Paulo se gloria em suas fraquezas. Enquanto eles se ufanam de receber dinheiro da igreja, Paulo era esmagado pela
preocupação com todas as igrejas. Enquanto mostram seus troféus, Paulo mostra o catálogo de seus sofrimentos por
Cristo(11:23-33). Foi por causa da atitude dos seus opositores, que o apóstolo se vê obrigado a dar -lhes uma resposta,
relatando suas experiências de sofrimento. A prova de que não há nenhuma postura de autoexaltação, é que no
versículo 30, ele diz: ³Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza´.

Já que os falsos apóstolos estavam se exaltando ao se compararem com Paulo, dizendo que eram superiores a ele,
Paulo aceita o desafio ainda que admita que essa era uma atitude insensata. Paulo demonstra como se sente mal ao
gloriar-se:´falo como fora de mi m´(11:23).

Paulo não concorda com a atitude dos falsos apóstolos de se gabarem de seus feitos. Na verdade, acha isso uma
loucura(11:1) e uma insensatez(11:16). Paulo sabe que o auto-elogio conduz à destruição(Sl 12:13; Pv 16:18). Sabe
que a vanglória rouba a Deus da honra que só a Ele merece(Sl 96:8; 97:6). Sabe que só Deus pode ser glorificado(1Co
10:31). Mas, Paulo tem de fazê-lo, não por si mesmo, mas pelo evangelho que estava pregando.

O auto-elogio já havia sido considerado por Paulo como algo reprovado(10:18). Mas tendo em vista que os corintios
valorizavam os falsos apóstolos por esse critério e que o que estava em jogo não era sua reputação, mas o evangelho
de Cristo, Paulo escreve: ³Outra vez digo: ninguém me julgue insensato ou, então, recebei -me como insensato, para
que também me glorie um pouco. O que digo, não o digo segundo o Senhor, mas, como por loucura, nesta confiança
de gloriar-me. Pois que muitos se gloriam segundo a carne, eu também me gloriarei. Porque, sendo vós sensatos, de
boa mente t olerais os insensatos´(11:16-19).

Paulo estava consciente de que o ato de gloriar-se, que estava prestes a cometer era um ato de insensatez, mas ele
não quer que os corintios o considerem um insensato por fazê-lo. Se não fosse a ingenuidade deles em face das
asserções dos falsos apóstolos, Paulo não precisaria gloriar-se(12:11).

Paulo reconhece que não fala segundo o Senhor, e sim como por loucura. Já que os falsos apóstolos batiam no peito e
arrotavam suas vantagens pessoais e seus feitos portentosos, Paul o enumera também suas credenciais. O propósito
do apóstolo era desbancar a arrogância desses obreiros fraudulentos e mostrar à igreja que nesse quesito seus
adversários sofrem uma derrota fragorosa quando se comparam a ele.

Os falsos apóstolos davam grande valor à sua ancestralidade judaica(11:22). Afirmavam ser hebreus de sangue puro,
israelitas e descendentes de Abraão. Ainda operavam sob a ilusão de que sua árvore genealógica lhes conferia favor
aos olhos de Deus. Não percebiam que Israel, o povo de Deus do Antigo Testamento, havia sido colocado de lado por
ter rejeitado o Messias. Eles não se davam conta de que, para Deus, não havia mais diferença entre judeus e gentios:
todos eram pecadores e todos precisavam ser salvos pela fé exclusiva em Cristo.

Era inútil que se vangloriassem a esse respeito. Sua linhagem não os tornava superiores a Paulo, uma vez que ele
também era hebreu, israelita e descendente de Abraão. Tais coisas, porém, não comprovavam que ele era um
apóstolo de Cristo. Por esse motivo, ele se apressa em explicar o cerne de sua argumentação: havia um aspecto no
qual eles não podiam superá-lo, a saber, nas dificuldades e sofrimentos.

No versículo 23, ele contesta aqueles falsos mestres, que se diziam ³ministros de Cristo´, ao declarar que tinha razões
muito mais profundas para assim ser considerado. Eles eram ministros de Cristo por profissão, enquanto Paulo era
servo do Senhor em devoção, trabalho e sofrimento. Paulo não se esquecia jamais de que seguia o Salvador sofredor.
Sabia que o servo não estava acima do seu senhor, que o mundo não trataria um apóstolo melhor do que havia tratado
o Senhor Jesus. Quanto mais fiel fosse seu serviço ao Senhor e mais semelhante a Cristo se tornasse, mais ele
sofreria nas mãos dos homens. Para ele, o sofriment o era a marca ou insígnia dos servos de Cristo. Apesar de Paulo
se sentir um insensato ao se gloriar desse modo, era necessário dizer a verdade, e a verdade era que os falsos
apóstolos não se destacavam por seu sofrimento. Eles trilhavam o caminho fácil. E vitavam o opróbrio, a perseguição e
a desonra. Por esse motivo, Paulo considerava que eles não estavam em condição de atacá-lo como servo de Cristo.

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Paulo continua desfraldando a bandeira de sua defesa. Os falsos apóstolos diziam que ele não tinha experiências tão
arrebatadoras quanto eles, nem credenciais suficientes para o apostolado. Diziam que Paulo tinha interesses
inconfessos em seu trabalho pastoral e não tinha estatura espiritual para confron tar os crentes face a face, como fazia
em suas cartas. Paulo, então, responda a essas levianas acusações de forma contundente e firme. Ele sai da
ostentação de suas tribulações apostólicas e entra nas visões e revelações. Ele relata uma experiência em que ele se
viu arrebatado até o terceiro céu, no paraíso, onde ouviu coisas inefáveis, não permissíveis de serem reveladas.

1. Visões e revelações do Senhor (12.1). ³Em verdade que não convém gloriar -me; mas passarei às visões e
revelações do Senhor´.

Os crentes de Corinto tinham constrangido Paulo a usar um método que ele mesmo desaprovava: o método de gloriar -
se, de contar suas vantagens(12:11). O apóstolo não gostaria de gloriar -se de nada. Sabe que sua atitude não convém,
mas é necessário diante das circunstancias. Naquele momento estava em jogo o evangelho e não propriamente a
reputação do apóstolo, por isso ele destaca suas próprias experiências e põe na mesa suas credenciais, desbancando,
assim, as pretensões soberbas de seus opositores. Ele passa, então, a falar das ³ visões e revelações do Senhor´. Não
se trata de algum tipo de alucinação nem qualquer distúrbio emocional. São experiências sobrenaturais, advindas do
Senhor, que permitem a um ser humano ver algo que outros não podem ver.
Quando lemos o Antigo Testamento, deparamos com várias ocorrências de visões e revelações advindas do Senhor,
como forma dEle se relacionar com seu povo Israel. No Novo Testamento, também, as visões e revelações fazem
parte do relacionamento de Deus com os cristãos. Por exemplo, Zacarias recebeu uma visão estando servindo no
templo, e foi-lhe dito que suas orações haviam sido ouvidas e que sua esposa Isabel daria à luz um filho, cujo nome
seria João(o Batista)(Lc 1:8-23). A transfiguração de Jesus foi uma visão dada a Pedro, Tiago e João(Mt 17:9). As
mulheres que haviam ido ao túmulo de Jesus relataram que haviam tido uma visão de anjos, que lhe disseram que
Jesus estava vivo(Lc 24:22-24). Estêvão, um pouco antes de morrer teve uma visão do ³Filho do Homem´ de pé ao
lado direito de Deus(At 7:55,56). O Senhor falou a Ananias numa visão ao instruí -lo para procurar Saulo de Tarso,
depois de este ter ficado cego na estrada de Damasco(At 9:10). Pedro tornou -se disposto a receber o chamado para
que fosse visitar Cornélio, mediante uma visão tríplice de animais imundos que desciam do céu num lençol(At
10:17,19; 11:5). Noutra ocasião, ao ser liberto da prisão por um anjo, Pedro julgou estar tendo uma visão(At 12:9). O
livro de Apocalipse é a descrição de revelações que chegaram ao autor na ilha de Patmos(Ap 1:1).

O próprio Paulo teve várias visões e revelações ao longo do seu ministério. A primeira delas foi no caminho de
Damasco, onde viu o Cristo glorificado. Ali sua vida foi transformada(At 9:3; 22:6). Subsequentemente, Paulo teve a
visão do homem da Macedônia chamando-o para que o ajudasse(At 16:9,10). Quando estava desenvolvendo o
evangelismo pioneiro em Corinto, recebeu encorajamento da parte do Senhor através de uma visão(At 18:9 -11). Paulo
afirmava ter recebido seu evangelho por revelação(Gl 1:12), e que seu discernimento do mistério do evangelho, seu
acesso à verdadeira sabedoria, e sua compreensão das verdades escatológicas particulares baseavam-se em
revelações da parte de Deus(cf Ef 3:3-5; 1Co 2:9,10; 1Ts 4:15).

2. O ³Paraíso´ na teologia paulina (12.2-4). ³Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos (se no corpo, não sei;
se fora do corpo, não sei; Deus o sabe), foi arrebatado até ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora
do corpo, não sei; Deus o sabe), foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito
falar´.

Das muitas visões e revelações que havia recebido, Paulo agora seleciona uma, que lhe ocorrera quatorze anos antes.
Isso significa que a experiência ocorrera vários anos depois de sua conversão, pelo que não pode ser considerada a
mesma revelação de Cristo a Paulo no caminho de Damasco. Paulo foi arrebatado ao terceiro céu. O Céu não é uma
imaginação fantasiosa, mas uma realidade inegável. Alguns estudiosos da Palavra de Deus dizem que o primeiro céu
se refere à atmosfera; o segundo céu ao espaço(o céu das estrelas) e o terceiro céu à morada de Deus.

O Céu é o lugar onde está o trono de Deus (Sl 2.4); é o local onde o Senhor está presente na plenitude de sua glória,
um local ³fixado´, ³estabelecido´ para que Ele se revele tal como Ele é e não apenas pela expressão da suas obras,
como o que ocorre com o Universo (Rm.1:20); é o lugar de sua presença, ao qual o Cristo glorificado retornou (At
1.11); e onde um dia o povo d e Cristo estará com seu Salvador para sempre (Jo 17.5,24; 1 Ts 4.16,17). Ele é retratado
como um lugar de descanso (Jo 14.2), uma cidade (Hb 11.10), e um país (Hb 11.16). Logo, pensar no Céu como um
lugar é mais correto do que errado.

O versículo 4 diz que Paulo ³foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito falar´.
Esse lugar visitado por Paulo é o mesmo para o qual o Senhor Jesus levou o ladrão arrependido depois da morte deste
último, ou seja, o lugar onde Deus habita. Neste lugar de glória indizível e sem par, Paulo ouviu a língua do paraíso e
entendeu as palavras, mas foi proibido de repeti -las aqui na Terra. As palavras eram inefáveis no sentido de que eram
sagradas demais para serem proferidas e, portanto, não devi am ser enunciadas.

Portanto, o ³paraíso´ é o lugar celestial onde os santos desfrutam da comunhão com Deus. É a habitação dos santos
que morreram, tanto do Antigo como do Novo Testamento, e que aguardam a ressurreição de seus corpos (Lc 16.19 -
31; 23.43; 1 Co 15.51,52).

3. A atualidade das experiências espirituais. Assim como aconteceu com muitos cristãos no princípio da Igreja, em que
foram manifestadas revelações e visões com o objetivo de transmitir algo para o povo de Deus, no afã de edificar a
igreja, atualmente isso pode também acontecer, desde que não venham de encontro com a revelação infalível das
Escrituras Sagradas. É bom ressaltar que após a conclusão do cânon sagrado, as experiências de visões e revelações
não podem serem manifestadas em detrimento da Palavra de Deus. Ela, sim, é a magnânima revelação de Deus aos
homens. É a regra de fé e prática do cristão, e a bússola que orienta o pecador ao caminho certo a seguir.

O pr. Elienai Cabral diz que o crente não pode viver à mercê de visões e revelaç ões para praticar o cristianismo. Nem a
igreja, nem crente algum dependem exclusivamente de experiências sobrenaturais, como visões, revelações e
arrebatamento de espírito para conhecer a vontade de Deus. Ainda que tais experiências não estejam proibidas,
devemos levar em conta sempre a completa revelação da Palavra de Deus. É preciso ter cuidado com a presunção de
alguns em fazer µviagens ao paraíso¶, seja comandada por homens, seja por anjos, pois tais ³experiências´ na maioria
das vezes constitui-se em fraudes espirituais.
Também é bom ressaltar que, na relação dos dons espirituais, não há o chamado ³dom de revelação´ ou ³dom de
visão´, ³dons´ que são constantemente mencionados e considerados no meio de alguns integrantes do povo de Deus
que não têm o costume de ler e meditar na Palavra de Deus. Segundo o pr. Elienai Cabral, ³visões e revelações são
experiências do campo das manifestações espirituais que não se constituem em doutrinas, mas são possíveis à vida
do crente desde que estejam em conformidade com a Bíblia´.

O ³dom de revelação´, na verdade, é o dom da palavra da ciência, não podendo ser confundido, como já dissemos,
com verdadeiras adivinhações que têm perturbado o povo de Deus nos nossos dias. Deus não tem qualquer propósito
de fazer com que alguns de Seus servos sejam ³adivinhos´, pois Ele abomina a adivinhação, que é típica operação
maligna. A revelação de fatos ocultos tem tão somente o propósito de edificar o povo de Deus, jamais de envergonhar
quem quer que seja.

Já o chamado ³dom de visão´ não tem qualquer respaldo bíblico. É verdade que existe a operação de visão, uma
operação divina em que Deus mostra algo para algum servo Seu, mas também com o propósito de proporcionar a
edificação de quem vê ou da igreja, jamais para devassar a intimidade ou envergonhar alguém.

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1. O espinho na carne (12.7,8). ³E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi -me dado um
espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual
três vezes orei ao Senhor, para que se desviasse de mim´.

A vida de um servo de Deus não é constituída só de bonança. Há muito sofrimento. Deus sabe equilibrar em nossa
vida, as bênçãos e os fardos, o sofrimento e a glória. Há um contraste gritante entre as duas experiências de Paulo! Ele
passou do paraíso à dor, da glória ao sofrimento. Provou a bênção de Deus no Céu e sentiu os golpes de Satanás na
Terra. Passou do êxtase à agonia.

O que era o espinho na carne de Paulo? Só podemos dizer com certeza que se tratava de uma provação física
permitida por Deus em sua vida. Sem dúvida, a natureza exata desse espinho não é especificada propositadamente,
para que santos atribulados e provados ao longo do tempo pudessem identificar-se de maneira mais próxima com o
apóstolo em seus sofrimentos. Talvez se trate de uma doença dos olhos, talvez de uma dor de ouvido ou malária,
talvez de enxaquecas ou algo ligado à fala. Pessoalmente, sou inclinado a acreditar que esse espinho na carne era um
deficiência visual de Paulo(At 9:9; Gl 4:15; 6:11; Rm 16:22; At 23:5).

O apóstolo descreve o espinho na carne como um mensageiro de Satanás, para esbofeteá -lo. Em certo sentido, é
representado como um a tentativa de Satanás de atrapalhar o serviço de Paulo ao Senhor. Mas Deus é maior do que
Satanás e usou o espinho para levar a obra do Senhor adiante ao manter Paulo em uma posição de humildade. Esse
espinho foi dado a Paulo para impedir que se orgulhasse a respeito das revelações que recebera. O espinho tornou
Paulo mais dependente da graça divina(12:9).

2. Paulo reafirma que se gloria na fraqueza (12.10). ³ Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas
necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte´.

Paulo considerava como maior glória para si os seus sofrimentos, enfermidades, prisões, açoites, fomes e
perseguições. Em termos humanos, é quase impossível sentir prazer no tipo de experiência relacionado aqui. A chave
para entender este versículo é a expressão por amor de Cristo. Aqui, Paulo obedece à instr ução de Jesus em Mateus
5:11,12 e regozija-se ao ser injuriado e perseguido.

Ao perseverar na causa de Cristo e propagar o evangelho, devemos estar dispostos a suportar coisas que
normalmente não suportaríamos por nós mesmos ou por algum ente querido. É qu ando tempos consciência de nossa
fraqueza e inutilidade que nos tornamos mais dependentes do poder de Deus. E é quando nos entregamos a ele em
total dependência que seu poder se manifesta em nós e somos verdadeiramente fortes.

3. A explicação do paradoxo do gloriar-se nas fraquezas (12.9,10). ´E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu
poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o
poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias,
por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte´.

O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza, é o que diz o versículo 9. Quando somos fracos, aí é que somos fortes.
Esse é o grande paradoxo do cristianismo. A força ao dizer que é forte, na verdade, é fraqueza; mas a fraqueza ao
dizer que é fraca, na verdade, é força. O poder de Deus revela -se nos fracos. Paulo pediu para Deus substituição, mas
Deus lhe deu transformação. Deus não removeu sua aflição, mas lhe deu capacitação para enfrentá-la vitoriosamente.
Deus não deu explicações para Paulo, fez-lhe promessas:´A minha graça de basta´. Não vivemos de explicações,
vivemos de promessas. Nossos sentimentos mudam, mas as promessas de Deus são sempre as mesmas.

O apóstolo se contenta com a resposta do Senhor e declara: ³De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas,
para que em mim habite o poder de Cristo´. Em vez de murmurar e se queixar do espinho na carne, ele se gloria ria nas
fraquezas. Dobraria os joelhos e agradeceria ao Senhor por elas. Suportaria de bom grado, desde que o poder de
Cristo repousasse sobre ele.

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O sofrimento do tempo presente não é para se comparar com as glórias por vir a serem reveladas em nós(Rm 8:18). A
nossa leve e momentânea tribulação produz, para nós, eterno peso de glória(2Co 4:17). Aqueles que tem a visão do
Céu são os que triunfam diante do sofrimento. Aqueles que ouvem as palavras inefáveis do paraíso são aqueles que
não se intimidam com o rugido do leão. O sofrimento é por breve tempo, o consolo é eterno. A dor vai passar; o Céu
jamais! A caminhada pode ser difícil. O caminho pode ser estreito. Os inimigos podem ser muitos. O espinho na carne
pode doer. Mas a graça de Cristo nos basta. Só mais um pouco e nós estaremos para sempre com o Senhor. Então, o
espinho será tirado, as lágrimas serão enxugadas, e não haverá mais pranto, nem luto e nem dor. Glórias ao nome do
Senhor Jesus!!!

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço ± Prof. EBD ± Assembléia de Deus ± Ministério Bela Vista. E-
Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no site: www.adbelavista.com.br, e no Blog:http://luloure.blogspot.com/

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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de estudo DAKE. O novo
dicionário da Bíblia. Revista o Ensinador Cristão. Guia do leitor da bíblia ± 2Corintios. 2Corintios ± Rev. Hernandes
Dias Lopes. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento ± William Macdnald. II Corintios ± Colin Kruse.

Fonte: AD. Bela Vista

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