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Aristoteles Alita é 40 mesmo tempo obra descr, com paratvae erica Por sew senso de realidad, pelo ‘ontato deco com os teats ¢ os costumes, la se mostra rigorosamenteclentica por sia interasio om a flosoia de Aristees, ela se torna wna com oem cnet omc matics ear dn Fencpe A ‘Sin edyan mc ci ia ‘Sten Pe rte Boks Te es can rough ns € ool, ears ek, HL xa pedir auxilio a fod @ historia € a toda a mitologia greg que 0 numerosissimos nomes préprios do texto term ppodido naturalmente nos levar a evocar. Achamos que 0 ‘entendimento politico da obra, longe de ser failitado ‘com iss, sera, pelo contritio, comprometido, Apresenta ‘do numa ordem logica, o texto de Aristtcles quase sem pre se basta asi mesmo e acha em sua pareza a sua me Ihor explicacao, Talvez, no entanto, 20 redistibuir e apresentar se- sundo nossas concepgdes atuals a obra de Aristtcles, scharBo que ultrapassamos as iberdades peemitidas part ‘com sua obra-prima consagrada, Mas o cuto dos gran- des livros mio provm de seu distanciamento inacessive, ‘eas piginas mestras do passado, quando uatam da Ci ‘dade, nlo pertencem apenas 20s filblogos © aos historia dores. A ica politica, com seu métod € seu espirto propos, também tem os seus drctos, Sua interveng0 nfo init para reanimas, pelo contato do presente, 0 fogo, sepulto de um pensamento mortal. 7 MP Arisételes nasceu no ano de 385 2.C. em Estagicos, + ddadezinta da Tricia fundada por colonos gregos no hi- gr onde hoje se situa Stavro, na costa setentional do sar Egeu, Era ainda muito jovem quando morreu seu pai, Ne ‘comaco, méco bastante famoso, neto de Esculépio. Un amigo da familia, Proxeno, que morava em Estagios, se cencarregou de sua educacio, ‘Aos dlezessete anos, foi para Atenas prossegir seus ‘estudos. Em 367, quando Plato retoena da Sica e rto-/ ‘ma seu magistério na Academia, Aristeles aparece co ‘mo um de seus alunos mais assiduos e se dstingue por seu ardor ¢ pela excepcionalintligéncia, Depots de alguns anos de estuclo, rompe subitamen- te com Platio, mas sem cessar de testemnharlhe re5- ito € continuando a conservar do mest uma grit lem- Dranga. Permanece, no entanto, em Atenas até 347; pre- sume-se que teria fundado unsa escola retérica que the valeu grande reputae0, De 347 a 342, Aistételes deixa Atenas. Torna-se co- smo que um embaixadoroficoso junto a Filipe, que sca- ba de subir a0 trono da Macedénia e € quase seu amigo, Mais tarde o encontramos junto com outros alunos de Patio, como Xenderates, na Eoida, junto a Henmias, ti: rano de Atimea, que Segui seus cursos em Atenas eesti contente por tél junto asi. Permanece na corte do tira fo até a morte de Hérmias, que seri estangulado pelos pers, ‘Hermias deixa uma filha © uma sobrinha. Aritteles casa-se com a sobrinha. Nao se sentindo em seguranca fem Atimea, parte para Mitlene, onde permanece até 342. ‘a entio & Macedénia, onde 0 chamava Filipe para Ihe confiar 2 educagio de Seu filbo Alexandre, de treze anos, 0 filésofo esforga-se por desenvolver nele a q Iidades de moderagio de az80 que Ihe parecem es- senciais para a conduta de um soberano. Alexandre sen- te por seu mestre um grande apego, que conservaré até ‘quando suceder 2 seu pai : ‘Todavia, Alexandre pate em conquista da Asia em 4335, ¢Aristtees considera que seu papel terminou. Dei- $x Alexandre e retoma a Atenas. (© ensino de Plato na Academia tem seqiiéncia com ‘en6crates, Aristteles,entio, abre uma escola perto do templo de Apolo Licio, donde o nome de escola do Licew ‘que he foi dado. Arstxeles expde suas idéias enquanto passa com seus discipulos,e & por isso que sio chama- dos peripattcas, do grego Reptnatov, que significa "lu- gar de passcio’ © eensino de Arist6teles compreende duas séries de aulas: de mana, ata das questOes puramente tebricas, rho ensino exotica reservado aos iniiados, A tarde, Aris6teles se drige a um poblico mais amplo: as ques: toes trtadas so mais acessiveis, A retrica ocups um i> sr importante; &0 ensino exotérico, Durante doze anos, agape rossegue suas alas, nlo sem publicar numerosas obras ‘que abordam todos os dominios do saber humane. Com 2 morte de Alexandre, em 323, 05 pariditios ‘da Macedonia véem-se ameacados de morte ¢ de perda ‘dos bens pelo partido nacional ateniense, diigo por De méstenes. Aristeles, pro-macedénio, € acusado, Sem aguardar 0 julgamento que deve condenslo, deixa Atenas ‘vai para Caleis, ma ilha de Eubéia, ‘More ali um ano depois, em 322, aos 63 anos, Deixa dois fos, uma menina, Pita, com o nome de sua mulher, © um menino, Nicmaco, com 6 nome de seu pai Didgenes Laércio conta que Arisételes ert um pou- co gago, muito magro de peras, tinha olhos pequenos f gostava de belas roupas. As gravuras mais antigas e- presentam-no com uma longa barba ondulada, um nariz muito arqueado e um bigode pendent Bibles Coat! msmopucio Da Origem do Estado 0 Estado ¢ seu Governo Como sabemos, todo Estado é uma sociedade, a es perangs de um bem, seu principio, assim como de toda associagio, pois todas as ages dos homens tém por fim aquilo que consideram um Dem. Todas as sociedades, ;portanto, tem como meta alguma vantagem, e aquela que © a principal e contém em si todas as outas se prope a ‘maior vantagem possivel. Chamamo-la Estado ou socie- dade politica Enganam-se os que imaginam que o poder de um rei ‘ou de um magistrado de Repiblica s6 se diferencie do de um pai de familia ¢ de um senhor pelo niimero maior de stidtos e que ni Ii nenhuma diferenca especfica en- tre seus poderes. Segundo eles, se tem poucos siitos & lum senhor; se ter alguns @ mais é um pai de familia: se iver ainda mais € um rei ow um magistrado de Repabli- ‘Como se no houvesse diferenca entre uma grande fa- nila e um pequeno Estado, nem entre um ree um ma gistrado de Repiblica. 4 distingio seria que um rel go- vera sozinho perpetuamente, enquanto um magisrado de Replica comanda © obedece alternadamente, em vistude da Constitvigio, Tudo isso, porém, € erado, co» ‘mo veremos a0 examinar esta matéria segundo 0 méto- do que usamos em nossas outs obras. ‘Como nao podemos conhecer melhor as coisiscom- ppostas do que decompondo-as e analisando-as até seus mis simples elementos, comecemos por detalhar assim (© Estado e por examinar a diferenga das partes, e proc remos saber se hd uma ordem conveniente para tatar de cada uma dels. A Formacao da Cidade Nesta como em qualquer outra matéria, uma exce- lente atitude consiste em remontar & origem. E preciso, inicialmente, reunir as pessoas que niio podem passar ‘umas sem as outras, como 0 macho e a fémea para 2 ge- rig. Esta maneini de se perpetuar niio € arbitriria © rio pode, na espécie humana assim como entre os ani- mais e as plantas, efetuarse sendo naturalmente. E para a mttua conservacio que a natureza deu a um 0 coman- doe impés a submissio 20 outro. Pertence também ao designio da natureza que co- ‘mande quem pode, por sua inteligéncia, tudo prover €, pelo contririo, que obedeca quem no possa contribuir para a prosperidade comum # nto ser pelo trabalho de seu corpo. Esta partilha @ salutar para o senhor e para o ‘A condigto da mulher difere da do escravo. A natu- reza, com efelto, ndo age com parcimonia, como os ate- sos de Delfos que forjam suas facas para virios fins; ela destna cada coisa a um uso especial cada instrumento tra que s6 temo seu uso é 0 melhor para ela, Somente entce (8 birbaros a mulher eo esenivo estio no mesmo nivel Assim, esses povos nio tém 0 atribato que importa nat ralmente a superioridade e sua sociedade s6 € composta de escravos dos dois sexos. Fo! isso que fer com que © poeta acrediasse que” (Os gregos tinbam, de direto, poder sobre as bar bares ‘como se, na naturea,bisbarcs e escavos se confundlsser, ‘A principal sociedade natural, que € a fami, for ‘mou-se, pomtanto, da dupa reaniao do homem e da m= Iher,do senhor ¢ do escrvo. O poeta Hesiowdo tina ra- zo ao dizer que era preciso antes de tudo ‘A casa, e depots a mulbore o bot lavrador, ji. que o boi desempenha 0 papel do escravo entre 0s po- bres. Assim, 2 familia € a sociedade cosdiana formada ‘pela natureza e composta de pessoas que comem, como diz Carondas, o mesmo pao e se esquentam, como diz Epiménides de Creta, com 0 mesmo fogo. A sociedade que em seguida se formou de varia ea- sas chama-se aldeiae se assemelha perfeitamente & pric meira sociedade natural, com a diferenca de nio set de todos os momentos, nem de uma freqientagio to eon- ‘nua. Fla contém as eriancas ¢ as crancinhas, todas ai- mentadas com 0 mesmo leite. De qualquer modo, trat-se dde uma coléniatirada da primeira pela natureza, “Assim, as Cidades inicialmente foram, como ainda hoje o sao algumas nagdes, submetidas a0 governo real, formadas que eram de reuniges de pessoas que jéviviam sob um monarca, Com efeito, rod familia, sendo gover- zada pelo mais velho como que por um fei, continuava a viver sob a mesma autoridade, por causa da consan- ‘llinidade. Este € 0 pensamento de Homer, quando diz ada umm, senbor absoluto de seus filbos ¢ de suas mutberes, Distributes a todos. Isso ocorria porque nos primeiros tempos as familias viviam dispersis, £ ainda por esta razto que todos os homens que antigamente viveram e ainda vivem sob reis dizem que os deuses viver da mesma maneiza atribuin- doses o governo das sociedades humanas, ji que os {maginam sob a forma do homem, (0 Homem, “Animal Civico” A-sociedade que se formou da reunio de varias al- dias consitui a Cidade, que tem a faculdade de se bas- tara si mesma, Sendo ompanizada nio apenas para con- servar a existéncia, mas também para buscar 0 bem-estar sta sociedade, portanto, também esti nos designios da natureza, como fodas as outras que so seus elementos. (Ora, a natuneza de cada coisa & precisamente seu fir. Assim, quando um ser € perfeito, de qualquer especie que ele seja~ homem, cavalo, familia ~, dizemos que ele est na natureza, Além disso, a coisa que, pela mesma razio, Uultapassa as outrase se aproxima mas do objetivo pro- posto deve ser considerada a melhor. Bastar se asi mes- ‘ma € uma meta a que tende toda a prodaigio da nature- za ¢ 6 tamism o mais perfeito estado, £, portanto, evi lente que tx Cidade esté na natureza e que o homem ‘e naruralmente feito para a sociedade politica, Aquele que, ;por sua natureza e nao por obra do acaso, existisse em ‘nenhuma pitta seria um individuo detestivel, muito aci- ‘ma ou muito abaixo do homem, segundo Homero: roodcao tt {Um sr sem la, sem familia e sem os _Aquele que fosse assim por natureza $6 respirara a _guerra, nto sendo detide por nenhum freio e, eomo uma ave de rapina, estarin sempre pronto para cair sobre os Assim, © homem & im gnimal eivico, mais social do {que as abelhas e 0s outros animais que viver juntos. A natureza, que nada faz em vio, coneedeu apenas a ele 0 ‘dom da palavra, que io devemos confundi com os sons ‘da vor, Estes Slo apenas a expressto de sensagoes agra- diveis ou desagradiveis, de que os outros animais si0, ‘como nds, capazes, A natureza dev-Thes km Ogio limi= tado a este {nico efeto; ns, porém, temos a mais, senio jo conhecimento desenvolvido, pelo menos o sentimento ‘obscuro do bem e do mal, do Util e do nocivo, do justo do injusto, objetos para a manifestagao dos quais nos foi principalmente dado 0 gio da fala. Este comércio da palavra é 0 lao de toda sociedade domestica e civil © estado, o8 sociedad politica, € até mesmo o pri meito objeto a que se propds a natureza O todo existe inecessaritmente antes da parte, As sociedades domésti- ‘4s 08 indivicos no slo sendo as partes integrantes da Cidade, todas subordinadas ao compo inteito, todas dis- tintas por seus poderes e suas fungdes, e todas indies ‘quando desariculadas, semelhantes 38 maos € 208 és ‘que, una vez separados do corpo, s6 conservam 0 nome ‘© aparencia, sem a realidade, como una mao de peda (© mesmo ocorre com os membros da Cidade: nenhum pode hastarse a si mesmo. Aquele que nao precisa dos ‘outros homens, ou nao pode resolver sea ficar com eles, ‘90 @ um deus, ou um brute. Assim, 2 inclinag0 natural leva os homens a este género de sociedad (© primeiro que instiuiu touxe-The o maior dos bens. Mas, assim como o homem civizado € © melhor de 1 dos os animais, aquele que nao conhece nem justia nem leis €0 pior de todos. Nao hii nada, sobretudo, de mais intolerivel do que a injusiga armada, Por si mesmas, as armas © a forea sio indiferentes a0 bem e a0 mal: & 0 principio motor que qualifica seu uso. Servirse dels sem. renhim difeto unicamente para saciar suas paixdes rapaces ou libricas€ atrocidade e perfida’ Seu uso 56 & lieito para a justia © discernimento € o respeito a0 di reco formam a base da vida social e os juizes sio seus primeiros Orgios. Livro Do Governo Doméstico AApOs ter indicado quais sto as partes que consti- tuem o Estado, devemos, i que os Estados sto formados, de familias, falar peimeito do governo domestic. ‘Uma familia completamente omanizada compoe-se de eseravos e de pessoas livres, Mas como s6 se conhece a rnatureza de um todo pela andlise de suas partes inte- igrantes, em excegio das menores, € como as partes pri- miivas e mais simples da familia sto 0 senhor e 0 escra- vo, 0 marido e a mulher, 0 pai e 0s filhos, convém exa- rminar quais devem ser as fungbes © a condigio de cada uma destas rés partes, ‘Chamaremas despotiomo o poder do senor sobre 0 ceseravo; marital, o do marido sobre a mulher; paternal, © do pal sobre os fillos (os poderes para os quas ogre {0 no tem substantivos). Alguns fazer também entrar no econémic a parte relativa aos bens que compoem o patriménio das fami lias ¢ aos meios de adquirios. Trata-se até, segundo ov 10s, do elemento principal (0 Poder do Senbor ou “Despotismo” Para conhecer 0 que € indispensivel & composiglo da familia, comecemos por falar do poder despetica © da escravidi, e velamos se no seria possvel encontrar s0- bre esta matéria algo mais satsfatério do que ji foi dito 6 o presente ‘Uns, de fat, como fi vimos, confundem todos os paderes e compreendem, num s6 e Gnico sistema, 0 por der do mestre ea realeza, 0 governo republicana ea ad ‘minisrag2o da economia; outros consideram que o poder senhorial mo tem nenhum fundamento na natureza € pretendem que esta nos esiou 2 todos lives, a escravi= ‘Ho 56 foi inttodurida pela lei do mais fore €, por si ‘mesma, iajusta como um puro efeto da violencia, ‘Quanto 2 economia, observe que € impossivel viver ‘comédamente, ou mesmo simplesmente viver, em ne- ‘cessirio, Portanto, como os bens fazem parte da casa, 08 ‘meios de adquis:los também fuzem pane do governo sdomeéstico; e, assim como nenuma das ates que tém wm ‘objet preciso e determinado realiza sua obra sem seus Jnstrumentos propos, a economia também precisa deles para chegar ao seu objetivo. Existem dois tipos de instrumentos: uns inanimadas, ‘outros animados. Assim € que, para a navegaeao, o leme 60 instrumento inanimado eo pilto,o instumento ani- ‘mado. Em todas as artes, o trabalhador € uma espécie de ‘Um bem & um instrumento da exist@ncia as propric: dades slo uma reunido de insrumentos € 0 excrvo, ‘uma propriedade instrumental animada, como um agen te preposto a todos os outros meios. Se cada insiumen- to pudesse executar por si mesmo a vontade ou a inten- ‘$10 do agente, como faziam, dizem, as marionetes de DE dalo ou 0s tripés de Vuleano, que vinham por si mesmos, ‘segundo Homero, aos combates dos deuses, se a Tanga dea tecesse sozinha a tela, se 0 arco tirasse sozinho de uma citara 0 som desejido, os arquitetos nio mais preci- sariam de operirios, nem 0s mestres de escravos Chamase “insrumen'” o que relia 0 eto, € “propriedace doméstica” 0 que cle produ. O tear, por exemplo, ¢ 0 tomo, além do exercicio que os propor ‘ona seu uso, fornecem-nos ainda pano e camas; 20 pas- 50 que o pano ¢ a cama que eles nos produzem se imi- tam ao nosso simples uso. Hi também diferenga entre “fazer” e "agi" e, como ambos precisam de instrumentos, deve haver entre seus Jnsirumentos a mesma diferenga. A vida consiste-n0 Uso, rio na produgio, O servidor € © ministro da acio; cha- ‘mam-no propriedade da casa, como parte dela [A coisa possuida esti para o possuidor assim como 4 parte esti para o todo; ofa, a parte nio & somente dis- tinta do todo, ela Ihe pestence; 0 mesmo ocorre com a coisa possuida em relagto a0 possuidor. O senor no & ‘endo o proprietirio de seu escravo, mas no The perten- ‘ce; 0 eseravo, pelo conttitio, no somente € destinado 10 uso do senor, como também dele é parte. Isto basta para dar uma idéia da escravidio e para fazer conhecer esta condigio. ‘© homem que, por natureza, no pertence a si mes mo, mas a um outro, €eseravo por natureza: & uma pos se-€ um instrumento para agi separadamente e sob as or- dens de seu senhor, n A Servidao Natural Mas fa a atueen ot node wn ome um eee ve? Esa es excavdio ow € conta a ater? Ino que devemos examina gor fio ea expects, tno quanto aio, n0 con- drei aq ao contest do diet, No apenas neces, staan vartjono se taj mando por um lado obadiéncia por onto todos on sere, desde 0 primero lant do nascimeno, so, for ass dies, mrad pa mates, une pats o> Sanda, cats pars obedece. rire een hi vara epcies de saperoes ou de sodas, 0 mando ano ais abe quanto mais l= vado 0 pripio sada, Asin mai vale comandar ho. Imena do que anima © que se execs tmdlnte me- Ihores agentes € sempre mai bom execitdo, pain endo a exeeugio do mexno principio que o comand, 0 passo que, quando aqele que manda € aque que hodece sto de expécerdfeenies, cau sscrifea algo de se Em tudo © que € composo de wins pares, quer contnias, quer duns as endenies a fi o- imum, sempre nto urs pare eminent qual sou tra cao subordnaday, elxo ndo apenas ae cols ima, as ambi nas endo oo, tals como os bjs stacetels de Harmonia. Mas, au me fsa po cen de me bjetv animal compose primes de ums sims, depos
  • de que estjam ligados pelo sentimento da amizade, ‘quando foi a conveniénela natural que os reuni, As coisas slo diferentes quando eles 6 estio reuni= dos pelo rigor da lei ou pela violencia dos homens. Diferencas entre o “Despotismo” ‘eo Poder Politico VYemos, assim, claramente que o ppder “despésico” & ‘9 governa politico sio, apeste ca opinido de alguns, co: ‘sas muito diferentes. Um $6 existe para os escravos; © ou to existe para as pessoas que a natureza honrou com liherdade. © govemo doméstico € uma espécie de mo- narguia toda casa se governa por uma s6 pessoa; 0 go vero civil, pelo contrrio, pertence a todos os que sio lives eiguais| ‘Nao é, als, uma ciéneia adquisida que faz de wm Jhomem senhor de um out. Esta qualidade pode existir ‘sem iss; como a lberdade & a servido, ela tem wm ca ‘iter que The & natural, Sem duvida, existe um talento para ‘comand e para servic Por exemplo, em Siracusa, uma ‘especie de preceptor abriu uma escola de escraviddo e cesigia dinheiro para preparar as eriangas para este esta- ‘do, com todos os pormenores de suas fungoes. Pode ha- ver um ensino completo dessa especie de profissio, as- sim como existem preceitos para a cozinha e outros _Réneros de servigo, ou mais estimados, ou mais necessi- Fos, pots também 0 servigo tem os seus graus. “Hi ser. vigas © servigais” ~ diz 0 provérbio =, °e hi senhores e senhores.” ” ‘Quanto 4 ciéncia do senhor, como mo € nem na aquisigio, nem na posse, mas no uso de seus escravos {ue est 6 seu dominio, ela se red a saber fazer uso de les, ito é, a saber ordenar-thes o que eles devem saber fazer. Nao hi ai nenhum trabalho grande ou sublime, assim os que tém melos de evita esse estorvo desert racam-se dele com algum intendente, quer para se deci- cara politica, quer para se dedicar a flosofi’ Da Propriedade e dos Meios de Adquirt-la ‘© talento para adquirir um bem difere claramente da ciéncia do governo ou da do servigo, Parece-se mais co ‘ane militar ou com a caga. Ao expor'a teora, porém, seguiremos 0 plano que tragamos mais acima, em que © ceseravo 86 entra como coist ou instrument. “Aarte de adquire bens ser idéntica 4 céncia do go- vvemna doméstico? Faz parte dela ou seri apenas um de seus meioe? E, caso sefa apenas um de seus melos, seri ‘como a arte de fazer lancadeiras serve a do tecelio 00 co- smo a fora do bronze serve arte do fundidor de esituas? Pois nto é 0 mesmo género de trabalho, fi que uma des- sas ites 56 fornece 6 instrumento € as Outras, s6 a maté- fia, (Enrendo por matéria aquilo de que se faz a obra, ‘como a fa para o fabricante de tecidos eo bronze para 0 Tundidor de escituas) E claro que a ane de aprovisionar uma casa nio € a ‘mesma coisa que a are de governar. A primeira sO tz ‘05 meios, a segunda faz uso deles; pois a que pertence- ria 0 uso ds bens da casa a nao ser ciénca do govemno doméstico? ‘Mas uma faz parte da outa ou & uma espécie & par te? Iso oferece difculdade, pois, se para adquii for pre- cso saber de onde vem as riquezas ¢ 08 bens de todos fs géneros, nao podemos deixar de reconhecer im gra de ngimero de propriedades diferentes A Aquisicdo Natural ou “Economia” uma primeira questio dizer sea agricultura, que & apenas uma maneita de obter os alimentos necessiris a Vida, ou alguma outraindstria que tambéen tena os lis :mentos como objeto, pertencem a arte de se enriquecer Existem varias espécies de alimentos, ¢ esta diversi- dade introduziu varios géneros de vida, tanto entre 08 homens quanto entie os outros anima, Pos Alo se po- de viver sem alimentos. Ora, ¢ sua diversidade que torna dessemelhante 0 género de vida dos animals, “Alguns dentre eles se retinem em bandos, outs le ‘vam uma vida solitri, conforme seja mais conveniente ‘para obteralimento. Uns sio carnivoros, outros fragt ros alguns comem de tudo, Anatureza, poranto, cst uu seu género de vida conforme a especie de slime tos € a faclidade que tém para obté-os, Nem todos gos ‘tam do mesmo alimento: tal agrada a alguns, outro 205 slemais. is por que 0s caznivoros € 0s frugivoros no tem ‘© mesmo gnero de vida “Todas esas cferengas tamsém se notaram na vida dos homens. Os que amam 0 repouso prefricam a vida pas- toral, Sem que fto thes cuse nenhum trabalho, eles tram sua subsisténcia de animals domesticados e #6 mu ‘dam de lugar com seus rebanhos, exercendo uma espe ‘de de cultura de seres vivos. ‘Outros vivem de suas presas: os cacadores, de pre- sas terrestres; os pescadores, de presis aquatics; ees, ibiioreCagie 4 mangem dos partanos, das lagoas, dos sos e do mar, aqueles, nas planicies e nos bosques onde habitarn os ppssiros es anima selvagens. ‘Mas & maior dos homens tr sew aimento do sio «a tema e vive de seus frstos,adogads pela clr ‘Numa pala, existe tanto géneron de vid quan- to operagoes natura pra ter viveres, sem con es “que se adguirem por toa ou compra. Via pastor, vida Agricola, via aventura bascada nas captiris da cas ot {6 pesca, todos estes sio neros que se misturam e se ‘combina na maior part dos poves conform a neces sade a fantasia ou 6 prazet, para supe aves de um a falta do outro, sendo tl pov pastor esalteador, tal out agsicola ¢cagador ou vtendo conforme a necssiadle ‘Assim, natureza prove todos o animals tanto no momento de sia geragio como quando stinginm s per feicdo:aqueles, por exemplo, ue nascem de ovo, clo- ‘cando sob © proprio involucr o alimentosuficlente até ‘que nasa, agueles que perencem 3 espécieVivipara, enchendo delete 0 slo de sa mie até a hora em que podem dispensi-lo. ‘Da mesma forma, a natureza proved a5 suas neces sidades depois do nascimento, fo! para os animals em ger que ela fez nascerem as plantas; € aos homens que ia dstna os proprios animus, os domestcados pars © Servgo para 4 allmentagi0, os selvagens, pelo menos maior pare, para alimenticio e para diverss uida des, tai como o vest e os outton objeto que se ram deles A naturezt nada fez de impereito, nem de dnl ela fee tudo para nos ‘A propria ger € um meio nara de adguii, a «aga faz pate dela; us-se dese meio no apenas contra fos animais, mas também contra os homens que, tendo rnascido para obedecer, se recusam a fazé-o. Este tipo de _guerma nada tem de injusto,sendo, por assim dizer, decla- rada pela propria natureza ‘Conforme esta breve exposiclo, € evidente que 0 gover, tanto o das familias pariculires como o dos Es- fados, contém como pare integrante todas as maneiras inaturais de adquiri as coisas necessrias ou eis 3 vida. le deve encontrar Sob sua mulo todas as coists, OU se ino saber onde tomilas. [As verdadeinasriquezas sto essas, no € dificil deter rminar a quantidade necessiria para 0 bem-estar, Solon no se referia a elas quando dizi: © bomenn quer acumular sem fim e sem medida, Exprimiase, entio, mais como poeta do que como flbsofo, pois nesta como em todas as coisas existem li mites, Em qualquer are possvel, nenhum género de ins- trumento € infinto em nGmero ou em grandeza. Ora, quer nas casas pariculares, quer nas ljas pablicas as riquezas hafurais sio apenas um aeervo de instromentos para sus tentaya vida bumana. A Aquisicao Artificial ou "Crematistica” Este, portanto ~ mostrimos agora raz disso -, uum género de riquezas naturals proprio 8 economia do- néstica tanto quanto economia politica. Mas existe também um outto genero de bens e de meios que com ‘mente chamams, € com fa720, especulativo, e que pa- rece nao ter limites. ‘Alguns os confundem com as riquezas de que aci- amos de falar, por casa da sun afinidade. Embora elas snversiaip Keer OD io estejam muito distantes, nfo so @ mesma coisa as rimeiras so naturals, enquanto as seyundas slo um pro- ‘duto da ante e da experiencia, ‘Gomecemas pela seguinte observagio: cada coisa ‘que possuimos tem dois usos, dos quais nenhum repug- ‘a a sua natureza; porém, um & proprio e conforme a sua destinagio, outro desviado para algum outro fim. Por exemplo,o uso proprio de um sapato €calgar, pode- nos também vendé-Jo ou roci-lo para obter dino ou pio, ou alguma outra coisa, isto sem que ele mude de ratureza; mas este nao € 0 Seu uso proprio, Hi que ele ‘no foi inventado para 0 comércio, O mesmo acoviece ‘com as outras coisas que possuimos, A natureza milo as Tee para serem tocadas, mas, endo os homens uns mais, ‘outros menos do que precisam, foram levadas por este caso a toca Tampouco foi a natureza que produziu 0 comércio ‘que consiste em comprar para tevender mais cao. A tro- ‘ca emi um expediente necessirio para proporcionar a cada um a satisfagao de suas necessidades. Ela nao era rnecesria na Sociedade primitva das familias, onde tudo fer comum, Tomov-se necessisia apenas nas grandes sociedades e apés a separaga0 das propriedades. E até ‘mesmo corrente ainda hoje entre vrios povos birbaros ‘Quando uma tbo tem de sobra 0 que fata a outra, elas ‘permutam o que tém de supérfluo através de eroeas rect procs; vinho por trigo on outras coisas que Ihes poxem ser de uso, ¢ nada mais, Trata-se de um género de co- -mércio que no est nem fora das intengbes da natureza, ‘nem tampouco & uma das maneiras naturals de aumen- lar seus pertences, mas sim um modo engenhoso de saisazer as respectivas necessiades. 2» Foi esse comércio que, dsigido pela zi, fez com ‘que se imaginasse 0 expesdiente da moeda. Nio era - soto transport para Yonge as mecdoniss uous produces pari tnizer outras, sem estar certo de encon trar aquilo que se procurava, nem que aquilo que se le- vvava conwiria,Podia acontecer que no se precisasse Jo supérfluo dos outros, cmt que mo precsassem do vosso. Estabeleceu-se, poranto, dar e receber reciprocamente fem troca algo que, além de seu valor inrinseco, apresen tasse a comodiade de ser mais manejivele de tanspor- te mais faci, como o metal, tanto o ferro quanto a prata ‘ou qualquer outro, ue primeamente se determinou pelo ‘volume ou pelo peso ea seguir se marcou com umn sina dlistintivo de seu valor a fim de nlo se precisr medio (8 pes-lo a toda hora "Tendo a moeds sido inventada, poranto, para ne~ cessidades de comércio, originou-se dela uma nova ma- neira de comerciar ¢ adquiti. A principio, era bastante simples; depois, com 0 tempo, passou a ser mais refina- dla, quando se soube de onde e de que maneira se pods trar dela 0 maior hicro possivel. Beste luc pecuniatio ‘que ela posta ela s6 se ocupa em procurar de onde vem thats dinheiro:€ a me das grandes frtunas, De ato, co 'mumente se faz consist a riqueza na grande quantidade de dinheiro. [No entanto,o dinheiro é somente uma Fiega0 © todo seu valor € 0 que a le the da, Mudando a opiniao dos ‘que fazem uso dele, ndo teri mais nenhuma uailidade © ‘lo proporcionarl mais a menor das coisas necessiias vida, Mesmo se se iver uma enorme quantidade de di heiro, nZo se enconteario, por meio dele, os mais ints: ppensiveis alimentos. Ora, @ absurdo chamar"riqueras" ‘um metal cuja abundincia nao impede de se morter de fore; prova disso @ o Midas da fibula, a quem 0 céu, para puni-lo de sua insaciivel avareza, concedera 0 dom de transformar em our tudo © que tocase. As pessoas sensatas, portnto, colocim em outa parte as riquezas © preferem (e nisto esto certas) outro género de aquist- 20. As verdadias niquezas sio as da natureza; apenas elas s20 objeto ca ciéncia econdimica, ‘A outra maneira de enriquecer pertence a0 comér- cio, profissto volada interamente para o dinheio, que sonha com ele, que nio tem outro elemento nem outro fim, que nao tem limite onde possa deterse a cupide2. Em geral, todas as artes querem indefinidamente seu fim. A medicina, por exemplo, que tem por objeto sat de, abarea todos 0s casos que leva a seu restabeleci- mento, que sto intimeros, Mas cada um dos meios deca are tem seus limites e esté consumado quando chega 20 seu fim, isto &, 20 timo termo que deve aleangar O fim a que se prope 0 comércio mio tem lite d= terminaco, Fle compreende todos os bens que se podem adquirr; mas 6 menos a sua aquisicio do que seu uso 0 ‘objeto da cigncia econdmica; esta, portanto, esti necessa- lamenteresrta a uma quantidade determinadk, Nao ignoramos que neste ponto a teori € desmen- ‘ida pela pritica. Todos, e principalmente os comercian tes, amam o dinheico, no flgam tro sufclente sempre acumulam. De um ao outro, € apenas um passo, dlinheiro serve-thes para dois uses andlogos eal temnativos: um, para comprar as coisas e revende-las mais caro; outro, para empresare retirar, apds 0 prazo est belecido, seu capital com juros, Estes dois ramos do seo trifico nio diferem, como se ve, senao porque um inter s pea coisas pra aumenar o dnb, enquato oo ov fur sevitimedaamente 205 propo sume ‘igus acham qu se dos opeTagies conven 20 domesio e que € presto nia somente conser fet que tem, mae tarber maltplcar odie 20 Inne © principio deta pogo de epito € que fiers pensam em vver emo em bem wer pio que move mes en eft demo alg eso. ths dow meio. “equeles mesmos que desea bem vive no det sam procure bem os pare da vide inal, Tome i depende dar facades pecs, poem to seu zal em obtelos. Exe 0 prin de una tu espe de fen cs reson form agin dhs pas hx. uetes qu consideragdes panicles impede de comer rs fon staves do como tena con segura por otros mcm ts vercs até pelo as mos troso abuso de su qunlldaes superiors © de sine fRelads” A compen, por exempo, nfo da 30 home pela turers pa acumen, as ar percion vangiiade. Nao € ee tmpouco © ceo Uh proiso mia nem o a medic, tendo Una por thio veneer ¢ outm Curt. ConveeraM-a8, Porn, tm melos de ober quezs ls se tomar © nlc fn de mora da pessoas que entram ness cainas © Sirti tad meta qe se proper. ‘emor ust so ce moras € M20 Ncesi- sis de agri bens ea eum que dterminam que se frooma a ele vcnos tanbem qua lo os melon nat tise neces que tom poe seo grt uss tenes ¢ que perencem 20 everno OWES, enero 26 de aquisico que tem limi Te que nao 0s tem, © 6 multo diferente daque- Aprectacao dos Dois Modos de Aquisicao ‘A questio pela qual comecamos era saber se o go- vvemno, quer doméstico, quer politico, compreende a ta- refa de adkuirr ou se ee no pressupoe jéFeitasas aqui> sig0es. Pots, assim como a politica nio faz.o8 homens, ‘mas os recebe da natureaa e se serve deles, assim tam: bem € preciso antes, para que a economia possa adi nistrios, que a natureza forneca nosso sustento, ov do seio da terra, ov do mar, ou de qualquer outra manera ‘Um fabricante de tecidos nto faz a, mas serve-se"dela, julga se el € boa ou ma e propria 04 no a0s seus fins ‘Caso contriio, poderfamos perguntar por que a preocupagio com a fortuna fia, mais do que a medici= na, parte do governo doméstico, Se, com efeto,€ preci s0 que a familia tenha alimentos e outras coisas necess- ras a vida, € preciso também que ela goze de sade, ‘mas se convém, sob alguns aspectos, que o chefe da fa nnilia ou do Estado mantenha sob seus cuidados a sade de seus protegides, sob outtos aspectas isto cabe mais ‘ao médico do que a ele; igualmente, para 0 abastecimen- to e a abundancia, este cuidado pode também eaber a seus ministrs. ‘© governo, com jf dissemos, pressupde a existén- cia de todas estas coisas: cabe 4 natureza fornecer 0 ali- ‘mento aos seres que gers e, de ordinaiio, 0 pai o d 0s fos. Nada de mais natural do que o cuidado em colher frutos ou nutri © gado para 0 uso. 2 ‘Assim, das duas maneieas de adits € de se enrique. cer, uma. pela economia e pelos tabalhos risticos, outa pelo comércio, a primera € indispensivel e merece elo. fos, segunda, em contrapartida, merece algumas census fas nadia recebe da. natureza, mas tudo da convengao, ‘© que hi de mais adios, sobretudo, do que otal «co de dinhelro, que consiste em dar para ter mais e com, isso desvia a moeda de sua destinacio primiiva? Ela fot inventada para facilite as trocas; a usura, pelo conritio, fazcom que o dineiro siva para aumentarse a simesto; assim, em grego, Ihe demos 0 nome de fobos, que signi- fica progenitura, porque as coisas geradas se parecem com as que as geraram. Ora, neste cas0, € « moeda que torna a trizer moeda, género de ganho totalmente con- ‘wisi A natureza “Algumas Maneiras Praticas de Adqutrtr (© que dissemos basta para a teria. Agora € preciso ‘dar prtica alguns desenvolvimentos, poi, se a discus- So da teona fem sua Hberdade, a prtica também tem, sua necessidade. ‘A atencio deve concentrarse principalmente no, conhecimento das cofss antes que elas prOprias sejam adkuirdas; saber quaiss20 a5 melhores, onde se encon- tram, © qual € 4 maneira mais vantajost de obté-as; por texemplo, quai sto os melhores cavalos, os melhores bois, ‘on melhores carmelfos ou ouios animals, em que regibes eles se dio bent (pois nem todas as regides si ial mente proprias para eriélos), e como podemos t-0s. ‘mesmo ocorre para a agricutura: € preciso conhecer os Ey liversos tipos de terenos vingens ou plantados; igual- ‘mente, aia, para as abelhas, os animais aquiticos e 2 aves de galinheio: devemos saber que provelto podemos tirar dees, Quanto as maneiras de adquitir por toea, a princi pal € 0 comércio, que se divide em tés partes: navega- ‘Glo, wansporte por terrae vend no proprio local Estas pastes diferem entre si, endo umas mais segurss, outs ais erat, Depois do comércio, vem o wifico de espécies me- talieas. quem se os tabalhos mercerros, dos quais alguns dependem de alguma ane, enquanto outros 6 requerem fo trabalho corporal ‘Uma quarta maneira ue fica entre a terceea ea p= mira (pois € em pate natural, em parte comerciaD, diz respeto as coisas que se tiam da terra © no so frutos, mas tém sua utilidade, como a exploragto da madelra, a ‘das minas, que se subdivide por sua vex em muitas pate 1es, pois hi varias expécies de minas,cujosdetalhes aque- les que as exploram devem conhecer, mas seria cansati> vo enumerar aqui Dente estes diversos trabalhos, os mais excelentes pela arte sto os que menos devem ao acaso; os mais bal- os, 08 que mais sujam 0 ros € as mos; 0s mais servis, Aaqueles em que 0 coepo tabalha mais do que 0 expitito, ‘0s mais fgndbeis, os que nfo requerem nenhuma espécie de viru. Existem escitores que se ocuparam desses diversos assunton, tis como Carés de Paros, Apolodoro de Lemnos, futores de tratacos sobre a cultura dos campos e dos po- ‘mares, € outros ainda, sobre outras matéras. Os cursos dove consulti1os, “Tamnbém seré bom recolher as maximas esparsas que serviram a alguns para enriquecer, como 0 que ¥e conta de Tales de Mileto. Trat-se de uma das especulagbes ge ‘ais para alcangar a fortuna, mas atnbuida a ele por caus de sua sabedoria. Como 0 censuravam pela pobreza e ‘zombavam de sua ini flosofia, o conhecimento dos as- {10s permitivthe prever que haveria abundiincta de oli- vas. Tendo juntado todo © dinkieio que pods, ele alu- {Bou, antes do fim do inverno, todas as prensas de 6leo de Milctoe de Quios, Conseguis-as a bom prevo, porque ni sguém oferecert melhor e ele dera algum adiantamento, Feita a colbets, muitas pessoas apareceram 20 mesmo tempo para conseguiras prensas ¢ ele as alugou pelo pre- ‘90 que quis. Tendo ganhado muito dinhelro, mostrou a Seus amigos que para os fil6sofos ert muito Fill enique- ‘er, mas que eles no se importavam com isso. Fok asin ‘que most sia sabedoria ‘Em geral, 0 monopélio é um meio ripido de fazer fortuna. Assim, algumas cidades, quando precisam de dinheiro, vsam desse recumo, Reservamese a si mesmas a faculdade de vender cemas mercadorias e, por conse- ‘Bune, de fixar Seus pregos como querer, 'Na Sicilia, um homem que obtivera varios depésitos de dinheiro apoderourse dos ferros das forts. Quando fos mereadores vieram de todas a5 partes para obté-los, 6 ele pode vendé-os, contentando-se com 0 dobro, de Imaneira que o que Ihe custara cingQentatalentos vendia ‘por cem: Dionisio, otrano, informado do caso, nde con- Fiscou seu Iucro, mas ordenoushe que sasse de Siracusa por ter imaginado, para ensiquecer, um expediente pre- judicial aos ineresses do chefe de Estado, Aquele homem tivera a mesma idéia que Tales: ambos do monopio fi zeram uma ae, £ bom que os que governam os Estados conhegam esse recurso, pois € preciso dinheiro para as despesas ppblicas e para as despesas domésticas, © o Estado est menos do que ninguém em condigoes de dispensi-o, ‘guns prestm atencio. ‘exvtreto un Dos Poderes Marital e Paternal Mais acima, dividimos 0 govemo doméstico em es ppoderes: 0 do senhor, de que acaba de se trata, o do pai ‘©0 do mario. O pa de fama governa sua mulher e seus Filhos como a sere lives, mas ada um de wm modo i= rent sua mulher como cidad, seus filhos como silos. "Na ordem natural, a menos que, como em certos huge res, bt tena sido dertogado por alguma consideracio particula, o macho est acima da fEmea e 0 mais velho, ‘quando atinge o termo de seu crescimento, est acima de. mais jover, que ainda nio alcancou sua plenitude. ‘Na ordem politics al como ela existe na mator parte dos povos, obedece-se e comanda-sealternadamente. To- ‘dos os homens livres sio considerados iguais por natu reza todas as diferencas se eclipsam; tanto que se torn ‘preciso distinguir os que comandam dos seus inferiores por marcas exteriores, 0s habits e as dignidades, como flsse Amass falando de sua bacia tansformada em deus. ‘Quanto 20 sexo, a diferenga ¢ indelével: qualquer que sea idade da mulher, o homem deve conservar sua superioridade. ‘A autoridade dos pais sobre os filhos € uma espéce de realez; todos 0s tulos ali se encontram: 0 da gera- » ‘lo, o da autoridade aferuosa e 0 da idade. E até mesmo © prototipo da autoridade real; fol o que fez com que Homero dissesse de Zeus: Bo pat imortal das bomen e dos deuses «, por conseguinte, 0 rei de todas eles. Pois um rei se r= ‘eben ca nalurezaalguma superiondade sobre seus sti- fos, continua a fer 0 mesmo genero que eles, como os ‘ellos com relagdo aos jovens e como um pal com rela- ‘clo a seus fos, As Virtudes Proprias aos Diversos ‘Membros da Familia Segue-se do precedente que © governo doméstco cexige atengoes muito diferentes para o sustento das pes Soas e para a posse das coisas inanimadas, para seus cos- fumes e para a acumulagio de riquezas, para as pessoas livres e para 0s escravos. Primeiramente, podemos exigir dos escravos, além de seus servos e de suas fungdes materias, um mérito mais eminente, por exemplo, a prudéncia, a coragem, a justica ov outtos hibitos semelhantes? Nao basta que les cumpram suas fungoes A resposta € dificil de am- bos os lados, Se exigirmos deles que tenam virules, em ‘que diferirto das pessoas livres? Mas, se no precisarem ‘elas, ito chocark a raza, de que participam como to- dos os bomens. |A mesma questio pode ser colocada a respeito das mulheres © das crangas. Devemos exis delas certs vit- tudes? Por exemplo, deve uma mulher ser sabia, coraj- se justa? Deve tm erianga ter contengio e sobriedade? o — Biblictece Em geral, so mecessrias as mesmas vinudes nos que ‘comandam e nos que obedecem, ou entio outa’? Se as Imesmas qualidades lhes sio necessrias, por que entao ‘mando cabe a um ¢ a obedigneia a outro? A diferenca ‘entre os dois no € do mais para © menos, mas sim espe- tifea © procuz efeitos essencialmente diversos. Nio me- fos estranho seria exigir vinudes de um lado e nto de ‘utto, Se quem comand no & nem justo, em mocerado, ‘como & possivel que comande bem? Se aquele que obe- doce carece dessas viruides, qual no sera a obediéncia ‘de um corrompido © de um mau? F preciso, pois, que fambos tenham viruides, mas que suas vinudes tenbiam Caractere diferentes, dt mesma variedade que se obser~ va nos seres nascidos para obedecet Tsto se ve Imediatamente nas faculdades da alma. Dente esta, ta hi que por sua natureza comanda ~ € laquela que participa da raza0 ~ e outras que obedecem: Sao as que no participam dela, Cada uma tem um tipo de viruide que the € proprio. 'O mesmo ocorte com os seresdstintos. Assim como. eles se encontram diversas especies de superiordade © de subordinagdes determinadas pela natureza, hi tam ‘bem varias formas de comando, A maneira de comandar nao €a mesma do homem livre ao seu escravo, do ma do 4 mulher, do homem adulto a seu fio. Todos tem ‘uma alma dotada das mesmas faculdades, mas de modo dlferente: 0 escravo no deve de modo algum deiberar 3 ‘mulher tem diteto a isso, mas pouco, ea erianca, menos ainda, ‘Seguem suas vitles morals a mesma grado: to- dos devem possulas, mas somente tanto quanto con- ‘vem a seu estado. Quem comanda deve possutlas todas no mais ato gra, Sua funcio & como a do arquiteto, sto ada propria nizio, as dos autos se regulam pela con- veniéncia. Todos tém, portanto, vitudes mors, mas a Temperanga, fora, a justiga nso devem ser, como pen ssva Socrates, as mesmas num homem © numa muller. ‘A forca de um homem consiste em se impor, a de ums mulher, em vencer a dificuldade de obedecer. O mesmo ‘corre com as demais virudes ‘Quanto mais refletiznos, mais fos convenceremos disto:Ethusrio contentar-se com generaliaces sobre est. matéria e eer vagamente que a virwde consisten0s bons hbitos da alma, ov entdo no bem agi ou outs formulas do genero, Mais vale, como Gorgias, estabelecer a Ista das Virtues do que se defer em semeliantes defnigdes e imi- tar, no mais, preciso do poeta que disse que tum modesto silencio éa honra da muber ao passo que nio flea bem no homem. ‘Sendo a crianca imperfeta e no podendo ainda en- contrar em si mesma a regra de suas agdes, sa virtue & ser doce submissa a0 homem maduro que cuida de seu ‘acompanhamento, ‘O mesmo acontece com 0 eseravo relaivamente a seu senor: & em bem fazer 0 seu servigo que consiste a sta virtue; visade bem pequena que se redz a no falar aos ‘seus deveres nem por mi conduta, nem por covaria ‘Seo que aeabamos de dizer € verdade, os artesios a ‘que muitas vezes corre trocar 0 trabalho pela fara de vem precisar de vinude. Mas ela seri de uma espécie ‘muito diferente, pois 0 escravo vive conosco. O antesio, pelo contro, esti separado, e sua virtude n20 nos im- porta sendo quando esta a nosso servigo. A este respei- {o, um profissional esta numa espécie de servidao limita- 6 ‘da, mas a natureza que faz 08 escravos mio Faz 05 Sapa teitos, nem os outros artesios. Quando os empregamos, fio € a vontade de quem 0s ensinow a trabalhar, mas {do senhor que encomendsa a obra que eles devem seguit “Aclema, seria emo proibis, mesmo aos escravos, todo raciocinioe fazer dels, como alguns fazem, simples mi ‘quinas de abedecer, € preciso mostrarthes seu dever com indulgencia ainda maior do que para com as cians ‘Quanto a0 homem e a mulher, © pal e 20s filhos, iquais sto as virudes proprias a cada um deles? Qual eve sera maneira de viverem juntos? O que devem bus car ou evita?” Como devem peaticar tal coisa ¢ absterse de outta? Eo que ¢ indispensével examinar quando tra- ‘amos da politica, Todos eles fzzem parte da familia, € familia faz pare do Estado. Ora, o mérito da parte deve referirse ao mérito do todo. A educagio das mulheres € Gas criangas deve ser da algada do Estado, jf que impor- ta Felicidade do Estado que as mulheres © as criangas sejam vituosas. Tsto € mesmo do maior ineresse que as mulheres cconstituem a metade das pessoas lives, © as criancas foo qe pricy do gover ds nein ys Livro IT Do Cidadao e da Cidade cartrovo wv Do Cidadao ara bem conhecer a’Constiuigio dos Estados e suas espécies, & preciso em primeiro lugar saber 0 que © um Estado, pois nem sempre se esté de acordo se se deve imputar fatos ao Estado ou aos que 0 governam, ‘quer como chefes Gnios, quer num grupo menos nu ‘meroso do que o resto da Cidade. Ora, o Estado € 0 su~ jeito constante da politica e do governo; a constituigio politica nio € senio a ordem dos habitantes que o ‘compoem. Como qualquer totlidade, © Estado consite numa rmultidao de partes: € a universalidade dos cidadaos. Co- ‘mecemos, pois, por examinar 0 que devemos entender por eiladao e quem podemos qualificar assim, pois se trata de uma denominacio equivoca e nem todos slo und- nimes sobre a sua apliagao, Alguém que & cidadio nue ‘ma democracia nao o € numa oligarqula, 0 Gritério da Cldadanta Falemos aqui apenas dos cidadios de nascimento, © ‘no dos naturlizados. a Nao é a residéncia que consti o cidadio: os estran- [gos © os escravas no slo “cidados”, mas sim “habi- ‘antes’ ‘Tampouco € simples qualidade de julgavel ou 0 di- reito de citar em justiga. Paraiso, basa estar em selagdes de negocios e ter ao mesmo tempo alguma coisa a reso ver. Mesmo assim, hé muitos lugares em que os esangei- ros no sto admitidos nas audiéncias dos tribunals sena0, ‘quando apresentam uma caugio. Nao pantcipam, entdo, 21nd ser de um modo imperfeto, dos direitos da Chae. mais ou menos o mesmo que acontece com as ‘rlangas que ainda nao tém idade para serem inscitas na Fangio civica e com os velhos que, pela ida, eto isen- tos de qualquer servo. No podemos dizer simplesmen- te que eles sto cidados; ndo sto sendo supranumerisios; luns so cidadios em esperanca por causa de sa imper- feigto, outros so cidados rejetados por causa de sua de crepitude. Terio © nome que se quiser: 0 nome nao im- porta desde que sejamos compreendidos. Procuramos aqui © cidadio puro, sem restrigdes nem modificacbes. ‘Com mis Fore rio, deveros deliberadamente is ‘ar desta list os infames e os banids. Portnto, o que constitu propriamente 0 cidadao, sua qualidade verdadeiramente caracteristica, € 0 direto de vo- to nas Assembieias e de participagao no exercicio do po- der pablico em sua patria, 1a dois tipos de poderess uns sio temporirios, 6 sio atebuidos por cero tempo e nto se podem obter duas ve 2¢3 em seguida 0s outros nao tém tempo fix, como 0 de Julgar nos tribunals ou de vosar as assembletas, ‘Objetarse-, talvez, que estes Gtimos no slo ver- dadeiros poderes € ndo partcipam de modo algum do ‘governa, Mas seria ridiculo contestar esta denominacio ‘de quem se pronuncia sobre os interesses malores do Es tudo, Allis, pouco impora, ess & apenas uma questio de palavras, Nao possuimos, com efeto, um temo comum Sob 0 qual possamos colocar a funglo de juiz e a de tmemibro da Assembleia, Sera, se se quiser, um poder sem ‘nome, Ora, chamamos “cidadio" quem quer que sea ad mitido nessa partcipagio e @ por ela, principalmente, que o distinguimos de qualquer outro habiante ‘Convém ainds notar que nas coisas cujo sueto per tence a espécies diferente, sem outra relacio entre 5, senio que uma @ 2 primeira, a outra a segunda e assim por diane, nao hé absolutamente nada ou multo pouco fem comum, £ 0 que se observa nas formas de governo: ‘to de diferentes espécies, umas primitivas, outs pos- teriores, Entre estas tltimas devem ser contadas as cor- rTompidas e degeneradas, que vem necessaamente depois das que permaneceram Sis eintactas. xplcaremos mais ‘adiante om que consstea degenerescéncia’) Portanto, 0 ‘idadio nio pode ser 0 mesmo em todas as formas de ‘governo, £ sobretudo na democracia que & preciso pro~ ‘curar aquele de que falimos, nao que ele 20 possa ser encontrado tambem nos outros Estados, mas neles m0 se acha necessariamente. Em alguns deles, 0 povo nao & nada, Nao hi Assembleia geral, pelo menos ordindri, ‘mas simples convocagdes extraorinrias. Tudo se deci- dle pelos diversos magisirados, segundo suas atrbuigbes. [Na cerimdnia, por exemplo, os foros tratam dos contra- tos; os senadores, dos homicidios; as outras magisrat- rs, das outras matévias. Acontece © mesmo em Cartago, ‘onde alguns magistrados decidem sobre tudo. Adefnigio do cidadto, poranto, ésuscetvel de maior ‘ow menor extensio, conforme o gener do governo. Ha % alguns em que 0 niimero e o poder dos juizes © dos ‘membros da Assembleia no 6 iimitado, mas resto pela ‘constiuicao, O direto de julgare deliberar cae a todos ‘ou apenas & alguns, ¢ iso sobre todas as matérias, ou Ssomente sobre algumas. Por a se pode ver a quem con- ‘yém 0 nome de cidadao em cada lugar. E ckladio aquele ‘que, no pais em que reside, €admitido na jrisdicio e ma ‘eliberagao, £4 universalidade dese tipo de gente, com riqueza suficiente para viver de modo independent, que constitu a Ckdade ou o Estado, ‘Comumente, o costume € dar 0 nome de cidadto apenas aquele que nasceu de pais cidados. De nada ser- Viria que o pal fosse, sea me nfo for. Em alguns liga res, vabse ainda mais longe, até dois avos ou a um grau maior. Surge, enti, a dficuldade de saber como seri0 eles mesmos eidaclios, est terceroe este quarto av). Gor sas de Leonte dizi, nao se sabe se a sério ou por brin- fedeira, que, assim como os cadeitetos fzzem caldeiras, ‘assim também os habitantes de Larissa fabeicavam laris- Sianos, ¢ que era preciso que 0s lrssianos fabticados t= ‘vessem 0s seus fabrieantes, De acondo com nossa defini- ‘Go, a coisa € simples. Se participarem do poder public, Serio dado, A outra definiclo, que exige que se tenha nascido de um eidadio ou de unna cidada, exctuiria des- ta categoria, em contrapatid, os primeieos habitantes & (0s proprios fundadores da Cidade HHA maior incereza a respeito daqueles a quem foi concedido direto & cidadania durante uma revolugio, ‘como fez Clistenes em Atenas, quando, apés a expulsio ‘dos tino, formou varias tbos novas de estrangeros & até de escravos imigridos. Quanto a eles, a questio no € saber se sio cidados, masse se tornaram tis com jus: “ te Sits tiga ou nao, Podemos, também, duvidar sc eles se torn ram cialis deforma legal, nao existindo entio nenhiu- imu diferenca entre a ilegalidade e 0 erro. Exste, no en- tno, uma disingo muito real. Com efeito, vemos pessoas {que aleangam a magistratura por meios iegais, € no ‘examos, porém, de chamilos de magistrados, mas ma- igstados ilegtimos. Sendo, portanto, o cidado caracte~ Fizado pelo atrbuto do poder (pos € pela patcipacio no poder pablico que o definimos), nada impede de contar tntre Os cidados as crituras de Clistenes. ‘A questio de sua cidadania depende também do ou tro problema anunciado acima, se devemos ou no im pau 20 Estado a sua admissao, o que ni € fil de de: Edie quando o Estado passa da oligarquia ou da trania, para 2 democracia, Pois entio o novo Estado nio quer em pagar as dividas contaidas anteriormente,considle- fando-as como feitts nlo pela Cidade, mas pelo tran {que recebeu o dinheir, nem quer manter os outros com> promissos, pretendendo que certos Estados s6 subsistem. por violencia e no pelo interesse comumPortanto, se 0 fesmno vicio ocorer na democracis, seri preciso dizer de seus ats 9 que se diz dos da oligarquia e da monar- (quia absolua ou trtnica, [As Diversas Espéctes de Cidadaos Resa ainda uma dévida sobre 0 titulo de cidadao. [Apenas sio os verdadeiros cidadaos os que sio admit: Gos nas funcoes pablicas, ou esta qualidade pode convir fos operiries? Se os contarmos entre 0s cidadios, sem. Tes conferitmos 0$ cargos, esa prertogativa nto seri mais 0 cariter distintive do cidadio, se mio 0s contar- mos, em que classe os colocaremoe? Nao sio nem estran- ‘peiros, nem navuralzados. Classificalos-emos da mes forma? Nao haveriainconvenientes. £ assim que exclu 0s o8 excravos € 05 lbertos do iimero dos cidadios. ois nio se deve julgar que sejam cidadios todos aqueles de que a Cidade mo pode prescind, Quanto a festa denominacio, dstinguiremos até entre as ciangas © fs homens aduos: estes s20 cidados pura e simples ‘mente, aqueles no 0 sto senfo em esperanct ou imper- feltamente “Antigamente, entre alguns povos, 0 artesio 0 operi- ro estvam no mesmo pé que o escravo e o esrangeto Anda acontece o mesmo atualmente em muitos lgates, € jamais um Estado bem consttuido fart de um artesto um. ‘dado. Caso sso ocorra, pelo menos nao devemos espe rar dele o civiamo de que falaremos: esta vitude nio se ‘encontra em toda pare; ela supde um homem nio apenas livre, mas cujt exsiencia noo faa precisar dedicarse a0s, trabalhos servis. Ora que diferencia entre os rtesios 0 ‘uttos mercendtios ¢ os escravos, ano ser que estes per fencem a um particular e aqueles ao public? Por pouco {que prestemos stengio a ela, esta verde se manifesta; ‘0 desenvolvimento 86 pode torila mats evidente "hi dissemos que ha varias espécies de constiuigdo e de governo; hi, ceramente, portant, vrios tipos de ch. adios, sobretudo entre os que chamamos de sidits, ‘Existem conatiulgdes pelas quais os operirios e os mer~ ‘cenirios devem ser cidadios, mas existem outras pelas {qua isto € impossivel, por exemplo, na arisiocraci, se que ela existe, assy como em qualquer outro Estado fem que se honrem 0 merit € a viru. As obras da vir~ nIVerSidabe revere G0 Ke. Bibles tude sto impraticiveis para quem quer que leve uma vids mecinica e mercenira TXa oligarqia, em que o bem conhecido como rique ‘abe as pomtas para os melhores cargos, © povo mi Jo mio é acimiido na classe dos cidadios. Mas os arte- Stor nio esti ineluidos. Eles podem enriquecerse € s¢ tornar cidadaos uma vex que tiverem eit fortuna. Em "Tebas, 0 proprio comércio dificult 0 acesso 2 cidadani. Havin una lei que exigia que se ivessefechado a Loja & eixado de vender hi dez anos para ser admit. ‘Exisiem, em compensi¢i0, outros Estados em que @ lei atrai os estrangeitos pela perspectiva do direto de ci adania, pelo menos para seus flhos. Em eras demo~ ‘Gucias, por exemplo, basta para ser um cklado ter mas ‘do de uma mae do hugae, Em outros lugares, por falta Se cidadios legtimos, os bastardos sto admits como tas. A falta de homens forga-osa usar desse recurso as, “quando a populagao chega 2 sua justa quantidade, pou- Go a pouco se despedem, primeiro as criangas nascidas ‘de me ou de pai escravos, depois os que 96 se liga & pitra pela me, ¢ enfa0 s0 se reconhecem como cida~ {aos of que foram geradas por dois compatritas. Resulta de tudo isso que Ii varias espécies de cid dios, mas os verdadeiros slo apenas os que participam dos cargos. Quando Homero fala de um fugitivo ov de tim vagabundo, € pela exclusio dos cargos publicos que “Tratado sem nenbum respeito, exclutdo da Cidade. ‘Quem quer que na panicipe dela, com efeto, € co- ‘mo um estrangeira que acaba de chexat Se em algum lugar escondem esta distincio,fechando os ols sobre os domicliadas que usurpam a qualidade {de eidadio, € para suds e disfarcar sua malignidade, ” As Virtudes que Fazem o Cldadao ‘eo Homem de Bem (6s objetos que acabamos de watarlevam-nos agora 4 examina se as mesmas vides fazem 0 homem de ‘bem e o bom cidadio.E, jf que esta questio vale a pe na, tentemos de inicio tragar um ligeiro esbogo das virtue des civieas, Podemos comparar os ckladios 205 marinhelros: am: bos sio membros de uma comunidad. Ora, embora 05 rmarinheitos tenham fungoes muito diferentes, um em- purrando o remo, outro segurando 6 leme, um teceiro Yigiando a proa ou desempenhando alguma outa fun ‘Glo que também tem seu nome, é claro que as tarefis de ‘ada um tém sua virtde propria, mas sempre hé uma ‘que € comum a todos, dado que todos tém por objetivo fa seguranga da navegacao, 2 qual aspiram e concorem, ‘cada um 2 sua maneira. De igual modo, embora as fun ‘9065 dos cidados sejam dessemelhantes, todos trabalham para a conservagio de sua comunidade, ou sei, para a silvagio do Estado, Por conseguinte,&a este interese cO- mum que deve relacionar-se a vieucle do cidado, PPortanto, se ha varias espécies de governo, &impos- sivel que as virudes civicas € 0 civismo perfeto sejam os ‘mesmos em toda parte, ou que eles se confundam com 4 vimude absoluta, pela qual distinguimos as pessoas robes & evidente que se pode ser bom cidadao sem pos- stir vinudes to eminentes. Porém, para melhor dscutr esta quesizo, convém sé ‘uarmo-nos no melhor governo passive. Veremos, por um lado, que &impssivel que © Estado seja compost intein= mente de homens perfeltos, ¢, por outro, que & preciso «que cada um execute 0 melhor possvel suas fungOes, Uma ‘Yer que parece impossivel que todos 0s cidadios se asse- tnelhem, nao pode o mesmo género de vitude fazer 0 fom eidadio e 0 homem de bem. Mas todos devem ser tons cidadaos. & dat que provém a bondade insinseca do stado, sem que sea necessirlo que haji entre todos igual- dade de mento, O mérito de um homem de bem & 0 de tum bom cidadio sto, portanto, coisas distinas. (0 Estado, als, & um composto de partes desseme= thantes,aproximadamente como o animal se compoe da alma e do corpo, & alma, de raza0 e de paixdes, a fami- fia, do homem e da mulher; casa, do senbor e do esera~ yo. Abrangendo 0 Estdo todas estis partes © mvitas ‘outras de especie diferente, nto pode haver, portanto, 0 frcamo género de viruides para uns € par outs. As- ‘Sim, num grupo de dangarinos,€ preciso mais talento pars ‘ papel de corifeu do que para o de corsa. A desigual- ade de mérito é, pois, evidente. ‘Mas nao hé nenum lugar em que a virude do bom cédadio sejaa mesma que a do homem de bem’? Quando {lames de um bom comandante, entendemos por iso um hhomem de juizo e de honey exigimos sobretudo a pr déncia naquele que governa, Alguns exigem sind outras {qualidades no governante maximo. Vemo-lo pela educa- ‘Go dos filhos de res, que sto criados no adestramento {ie cavalos e na discipina militar: ‘Que ndo me ostentem todos esses talentos oulgares, ‘Que mosirem ao Estado as vitudes necesrias, ‘© que supoe um treinamento panicular para as pessons esse nivel. Se entze 08 akosfuncionrios o mesmo méri- to fazo homem de bem e o bom cidacao: se, ademais, a ‘qualidade de sidito nao exclu a de cidadao, a vitude: » vica mo ser, pone, 2 mesma coist que o que chamamos pura e simpiesmente de mérto. Haver sinonimia ape- fas etn alguns cidadios, vale dizer, ns que estZo n0 0- Yerno do Estado, Em qualquer outra classe, as qualidades Serio dstntas, Talvee tenha sido iso que fez Jasio dizer ‘86 conbeco wma arte e sb sel reinar. No entanto, € bom saber igualmente mandar ¢ obe- decer, eum cidadao experimentado € aquele que € e3- paz de ambos os paps. Suponhamos um homem de bem {que s6 sida comandar e um cidadio que saiba um & ‘Outto; eles nio terdo 0 mesmo valor, é que, desses cif fentes papéis, € preciso que o homem destinado 40 co- ‘mando aprenda wm e seus séditos outro, o cidadio que participa de ambos deve aprend&los de igual modo & Conhecer os diversostipos de comando. Pois hi inicialmente 0 comando do senor, que se cexerce sobre o que chamamos de empresas necessé- Tios. No € preciso que aquele que o exerce saba fazer fs trabalhos servis, hasta que saba utlizos; abe a seus servidores saber a execucto. Assim como hi varios tipos de fungoes servis, hd também virios tipos de escravos. Titre as pessoas que estto em servido, € preciso contar fs trabalhadores manuais que vivem, como indica seu home, do trabalho de suas mlos © 0s artestos que se foeupam dos oficios sordidos. Assim, em alguns lugares, “antigamente, antes que o povo chegasse 2 extrema licen ‘i, 08 cargos ou poderes pablicos nto eram conferidos a Esse tipo de gente, Suas dcupagdes ndo convém nem 20 hhomem de bem, nem 20 alto funciondrio, nem a0 bom Cidadio, se no for para seo uso pessoal, caso em que ‘le € 40 mesmo tempo senhor e serv. ‘Mas hum out tipo de comando que tern por sii- tos as pessoas lives e de mesma condicao: € 0 que se ” Biblioteca Cents! cchama 0 govern civil. 86 se aprente comegando por obe- aver Assim, pelo proprio servigo sob as ordens do bi prea, se aprende a comandar a cavataria; servindo sob Bigeneral¢ os demais oficias da infantaria, aprende-se a omandar os diversos graus maiitaes. Existe até uma ma ‘Sima quanto a isto, que diz que nilo € possivel bem co~ tmandat se antes nio se tiver obedecido. Or, estes Si0 dois géneros diferentes de métito, e€ preciso que um bom ‘Gado adquira ambos, stiba obedecer e escja em con ddides de comandar “ambos também convém ao homem de bem, embo- rade modo diferente, pois a emperanca e a justia cif rem até entre pessoas lives, das quais uma é superior © 2 outra inferior, por exemplo, entre homem € mulher, A ‘oragem de um homem se aproximaria da pusianimida- ese fosse apenas igual a de uma mulher, € a mulher ppassaria por atrevida se no fosse mais reservada do que lum homem em sas palavras. A administragio domést- tem ambos os eases, também deve apresentar alguma fiferenca, sendo um encarregado de comprar, outro de feconomizar e de conserva ‘© mérito especial do que comands € a prudéncia |As outtas vinudes the s80 comuns com os que obede ‘em, Estes nao precisam de prudéncia, mas sim de con- Fanga e de dociidade, so como os insirumentos ou ent40 ‘como o fabricante de alates, & 0 homem que comanda E como o exeeutante que 0s foc. ‘Sabemos, agora, se a8 qualidades do homem de bem «do bom cidadio so ou nao as mesmas, como elas se ‘ssemelham e em que diferem. carirut0 ¥ Da Finalidade do Estado (© homem €, por sua natureza, como dissemos desde ‘6 comego a0 falarmos do governo doméstico e do dos ‘eseravos, um animal feito para a sociedade civil. Assim, fesmo que nio tivéssemos necessidade uns dos outros, ‘io deixariamos de desejarViver juntos, Na verdade, 0 Jnteresse comum também nos une, pois eada um af en Contra meios de viver melhor. His, prtanto, 0 nosso fim principal, comum a todos ¢ a cada um em particular Reunimo-nos, mesmo que sej s6 para por a vida em se iguranga. A propria va € uma espécie de dever para aque- Tes a quem a natureza a deu e, quando nao € excessiva- mente cumulada de misérias, € um motivo suficente pa~ ff permanccer em sociedade. Ela conserva ainda os en- Cartos ea dogura neste estado de sofrimento, e quantos males nao suportamos para prolong ‘Mas nao € apenas para viverfunfos, mas sim para ‘bem vver juntos que se fez 0 Estado", sem 0 que, SO ciediade compreenderia 0s escravos e até mesmo 08 ou twos animals, Ora, nfo é assim. Esses seres nao partici- ppam de forma alguma da felicdade publica, nem vivem ‘Conforme suas proprias vontades, (Os homens tampouco se reuniram para formar uma sociedade militar e se precaver contra as agsessoes, nem ss para estabelecer contratos e fazer trocas de coists 00 ou {fos servigos. Caso contro, 0s trenianos e os catagi- feses todos os otros povos que comerciam Uns com. fs outs seriam membros de uma mesma Cidade, Eles jessuem tratados reds por escrito, com base nos quais, Tmportam © exportam suas mercadoras, garantem-%as uns 20s outros, prometendo defendé-las @ mio armada. ‘Mas nao tem, quanta a esses objetos,nenhum magistado {que Ihes sejacomum. Cada um desses povos tem os seus fm seu proprio teririo. les no se preocupam com 0 {que os outros sio, nem com 0 que fazem, se sto injus- tos ou cortompidos como partculares,s6 fazendo questao {da garantia que ambos os poves se deram mutuamente de ro se lesarem, ‘gueles, pelo contro, que se propdem dat 30s Es tados uma boa consttuicio prestam atengo principal mente nas Virudes € nos vielos que interessam a socie~ dade civil e nio ha nenbuma divida de que a verdadera ‘Cidade (a que no 0 é somente de nome) deve estimar fcima de tudo a vitude. (Sem iso, mo seri mais do que tama liga ou assoclago de armas, diferindo das outras I~ fas apenas pelo lugar, isto €, pela cecunstincia indie Fente da proximilade ou do afastamento respectivo dos membros. Sua lei ndo é sendo uma simples convencio fe garanti, capaz, diz 0 sofistaLicefton, dle manté-4os n0 ‘ever ecipoco, sas incapaz de tomi-los bons e hones- 1s eidadkos ?Paratornar ito mais claro, suponhamos que aproxi- mamos os ligarse que as cidades de Megara © Corinto Se toque, esta proximidade nao faré com que os dovs Estados se confundam, mesmo que se acertssem cast- menos entre ima e outa cidade apesir de este serum dos fagos mais intimos para a comunicago matua, Suponhamos, até, alguns homens: um cappnteiro, ‘outro lavrador, otro sapateiro, um quarto de alguma ou tra profissio, Suponbaos, se se quiser, dz mil deles, c= sidindo separadamente, mas no 2 uma distncia to gran- de que nao se passa comunicar. Els fizeram um pacto de nlo-agressio no que toca seus comércis © at€ pro Imeteram tomar armas para sua motua defesd, mas no tém outa comunicagio a ndo ser 0 comércio € seus ra- tados, Mais uma vez, esta nto seri uma sociedade civil Por que, entio? Nesta hipétese, nao se dirt que estejam afastados demas para se comunicarem. Aproximando-se Assim, a casa de cada um dees assumiria © papel de ci- dade ¢ eles se prestariam, gracas sua confederagio, aju- fda contra as agress6es injustas. No entanto, se ni tives- ‘sem nessa aproximaglo uma comunicaga0 mais impor- tante do que a que t@m quando separados, esta ainda no seria exatamente uma Cidade ou uma sociedade civil. A Cidade, ponanto, no € precisamente uma comunidade ‘de lugar, nem foi institu simplesmente para se defen- ‘der contra as injustcas de outrem ou para estabelecer tcomércio, Tudo isso deve existir antes da formagio do Es- tado, mas ni basta para consttuF-to.) ((A.Gidade € uma Sociedade estabelecids, com casas © » fanifias, para viver bem, isto €, para se levar uma. vida perfelt ¢ que se baste a si mesma. Ora, isto no pode heontecer sendo pela proximidade de habitacio © pelos fasamentos, Foj para o mesmo fim que se instiuiram nas Cidades as sociedades paniculares, as corporagOes reli- fiosas e profanas e todos os outros Lagos, afinidades out imancinas de vives uns com 0s outros, obra da amizade, dssim como a propria amizade € 0 efeito de uma escoths reciproca 6 (© fim da sociedade civil €, portanto, viver bem to- das as suas instituigdes nao sio seno meios para isso, € ‘propria Cidade € apenas uma grande comunidade de familias € de aldeias em que a vida encontra todos estes meios de perfeigio e de suficiéncia. isto 0 que chama- mos uma Vida Feliz e honesta. A sociedade civil €, pois, ‘menos uma sociedade de vida eomum do que wma so- Géedade de honra ede viruded, ‘As Condicées da Felicidade Particular CGremos ter estabelecido sufcientemente em outro lugar em que consist a felicidad da vida. Contentar-n0s- femos aqui em fazer 2 aplicacio de nossos principios ‘Ninguém contestaré a divisto, habitual entre 0s fl6- sofas, dos bens em trés classes: os da alma, 0s do corpo 08 exteriores. Todos estes bens devem ser encontrados junto as pessoas felizes. “famais se contard entre elas um homem que nto em coragem, net femperanga, nem justga, nem prodéncia; {quem tem med até do vo das moscas no ar; quem se ‘etre ga a todos os excessos ca eid e da comida; quem, pelo mais vil inferesse, maaria seus melhores amigos, {em densa te topo eo qos ans Mas, embora estejamos de acordo sobre iss, ciferi- ‘mos quanto a0 mais ¢ quanto 20 menos. A maior, pen- faando que ihes basta ter um pouco de virtude, desejaul- teapassar infinitamente os outros em riqueza, em poder, fem gloria € outros que tas. Sobre isto, € facil saber 0 que pensar: basta consultar a experiéncia. Todos vemos que 6 mio € pelos bens exteriores que se adquirem e conser tam as vides, mas sim que € pelos talenose vitudes {que se adqurem e conseram os bens exteriors © que Guer se fag consistira felicia no prazer ou navi de, ou em ambos, os que témintligclac costumes ex Celemtes a alangam mas facimente com uma fortuna mediocre do que os que tém mas do que o necessiio e Carecem dos outs Dens Por pouco que atentemos a isto, a rao asta para tos contencer Os bens exteriors lo apenas strumen- tos des, conformes 4 seu fim, mas semelhanses a qual- cer outro instrumento, cu excesso necessariamente & focivo 0, pelo menos, nitil a quem os manipula. Os bens di alms, pelo contrive, no so apenss honest, mas também tes, © quanto mais excederem a medida co- ‘mum, mas ertouilidade Em ger, as melhores disposigdes e manciras de ser seguem entre sas mesmas proporgbese desproporgoes aque seus suetos, se, porto alma, por sua aatreza relatvamente a nés, tem um valor muito diferente Jo corpo e dos ens, seus bons costumes uluapassam igual rmchte os dessa Outrasmubstancias Tis ems 9680 de- sciveis por el, e todo homem os desea para als, € ‘oa alma part cles. Consieremos, pois, camo cet que 4 cada um cabe uma felicdade proporcinal vide © prudéncia que iver, na medida em que age conforme- mente «cls, Exemplo e prova dito € Devs, que ¢ feliz rio por gum hem exterior, mas por si mesmo © por seus atrbutos esenciis A felicidad & muito diference* «ds bon fortuna. Vém-nos da fortuna 08 bens exteriors, mas ninguém é justo ov prudent gragas a ela, nem por ‘Dos mesmos principios depende a felicidade do Es tado, & impossivel que um Estado sea Feliz se dele a ho- ‘pemidade for banida. Nio hi nada de bom a esperar dele, ‘hem ampouco de um paticulay, sem a vinude © a pri ‘Gencia, a Coragem, a justia € a prudéncia tm no Estado fo mesmo cariter € mesma ifluéncia que nos particu Tres, lo exatumente os mesmos que merecer de n6s a reputagio de corgjosos, justos e prucentes. ‘Que isto nos sirva de precio, Nao poxemos dextr de lemibear estes principios. Como, porém, eles perter- ‘Cem a uma outta teorla, nio nos estenderemos mais aqui Sobre cles™. Basta-nos agora ter esuabelecido que a me Thor existencia para cada um em particular © para todos (os Baados éa vite com bastante riqueza para poder pra tics, Se alguém quiser contesto, és Ibe daremos em se- ‘guida uma mais ampla satisfago. Felicidade Privada e Felicidade Publica Restanos explicar se a Felicidade € idéntica para 0 ‘Estado e para cada particular. Que devemos colocé-a en tte os mesmos generos de bem é um ponto sobre o qual todos estao de acordo. Os que colocam a felicidade do Ihomem nas Fiquezss 6 consideram felizes os Estados 1 tos Os que a colocam no despotism e na forca preten- ‘Gem que a suprema felicidade do Estado € dominar va Flos outtos, Os que no véem outa felicidade para 0 ho- nem que no vide chamam feliz apenas 0 Ftado em. {que a vinude ¢ honrads. Mas desde o primeito passo surge uma questio para ser examinadda: que ida preferi, a que toma parte do go> j | ‘vero € dos negocios piblicos ou a vida retina ¢ livre de todos os embaracos do genero? ‘Nao entra no plano da Folica determinar 0 que po- de convir a cada individuo, mas sim 0 que convém 3 pluralidade, Em nossa Zia, als, tratamos do primeito onto, Poranto, nés 0 omiizemos aqui para nos deter- ‘io Iii nenhuma divida de que 0 melhor govern0 sejz aquele no qual cada um eneontre a melhor maneira de viver feliz. Mas aqueles mesmos que concordam er preferr a vida virwosa no chegam a um acordo sobre Se devemos prefri vida ativa e politica 3 vida contem- pltivae livre da confusto dos newécios humanos, vida festa que alguns consideram como atinica digna do filo Sofo. Com efit, estes dois géneros de vida, a vida flos6- fica e a careira politica, foram escolhidos por todos os (que, tanto antigos quanto modernos, tiveram a ambicio de se distinguir por seus méitos.E certamente ito € de pouca importineia saber onde esta verdade. iE proprio da sabedoria, tanto a de cada homer em particular quanto de todo Estado em geral, dirgi suas fagdese sta conclula para melhor fim. Ors, muitos pen ‘sam que comandar seus semelhantes, se praticado com espotismo, € uma grande injstica, mas que, se Se cO= ‘manda politicamente, nao € uma insta, mas somente tum obsticulo & propria tranguilidade. Alguns, pelo con- ttario,julgam que a va atva e consagrada a0s negocios paablicos é2Gnica gna do homem e que jamais se acha- Fio na vida privada tantas ocasioes de exercer eada vir tude quanto no trto dos negocios pablics e no governo {do Estado, Outros chegam a sustentar que 0 despotismo ‘G0 império da forca sio, para um pove, a Gnica manei- a de ser feliz. Vemos, com efeto, que em alguns Estados fo governo e as leis tendem & preocupagio tinica de do- minar os vizinhos. Por mais que consideremos todas a8 ‘constituiges espalhadas por diversas rides, se suas lls, fem sua maiora bastante confusas, tem urn im particular, teste fim sempre & dominar. Na Tacedemdnia e em Greta, ‘1 quase totlidade de sua discipina de suas nummerosas regris € drigida para a guerra. Em todas as nagdes que tam 0 poder de crescer, entre 0s cia, entre 08 persis, entre os tricios, entre 08 celta, no hi nenhuma profis- ‘so mais estimada do que @ das armas. Em alguns laga- res, existem les para estimular a coragem guerrera. Em CCartago, as pessoas slo decoradas com tanios aneis quan- tas foram as campanhas que fizeram. Na. Macedénia, ‘uma lei pretendia que aqueles que nio houvessem mata do nenhum inimigotivessem que andar de cabresto. En tre 08 citas, aquele que estivesse nesse caso sofia a alronta de nao beber 3 roda, na taga das refeigdes sole- nes. A Iberia, nago belicosa,levania ao tedor das tum- ‘as tantos obeliscos quantos inimigos o defunto matou, Em outras partes, encontramos instiuigdes semelhantes, cordenadas pelas leis ou estabelecidas pelo costume, ‘Contudlo, se quisermos prestar steno a isto, pare ‘cer muito absurdo que a politica ensine a dominar seus ‘izinhos, com ou sem a forea/Com efeto, como erie ‘maxima de Estado ou em lei 0 que nao € nem mesmo Ticto24Ora,¢ leit comandar sem nenhium direito e ainda ‘mais contra todo diteto, Uma vitéria injusta no pode scrum motivo justo. Este absurdo nao se observa em ne- ‘hums outa cléncia. Nao &oficio nem do médico, nem do pilot persuadir ou fazer violEncia, um a seus doentes, ‘0 outro a seus marinheiros, Mas muitos parecem cons @ tore ___Siphicheca Coste derar a dominacio como 0 objeto da politica, € aquilo due nio cremos nem justo nem cil para nds nao temos vergonha de tentar contra os outros. Hles nlo querem justica no governo a ndo ser para eles préprios, mas, se Se trata de comandar os autos, ela @a coisa com que me- os Se preocupam:; absurdo revoltante, a menos que a ratureza nao tenha destinado uns a dominar € nao tenha recusado a outros esta aptidio. Se ela estabeleceu esta dlistingi0, pelo menos ndo se deve tentar dominar a to- dos, mas apenas aos que s servem para serem submet dos, Eassim que no se vai & casa pia pega os homens € coméJos ou mati-los, mas apenas para pega os ani mais sehagens que Slo comestiveis. existe Estado feliz por si mesmo senio 0 que se constitu sobre as bases da honestidade, & possvel en contrar algum cuja posigio mio permita nem guerrear, nem pensar em vencer. Sua felicidade nto debsard. de estar garantda, desde que ele use de ciilidade e de leis vinuosas, Portanto, se devemos considerar honestos os cexercicios militares, nio & enquanto fim timo, mas co~ :mo estabelecios para um fim melhor. Um legislador sibio s6 deve considera, no Estado, no genero humano ov nas sociedades partculaes de que € composto, a sua aptidito 2 vida feliz e 0 enero de feli- Cidade de que sto capazes, nto no significa que deva hhaver a mesma constiuigao e as mesma leis em toda parte, Se houser povos vizinhos, € prudente euidar da ‘maneira de se comporar para com eles, dos exercicios militares que esta ccunstincia exige & dos servigos que odemos prestarihes. £0 que examinaremos logo mais, so star do fim a ‘que deve tender uma boa constiuis. a ‘A Vida Atioa, Fonte das Duas Felicidades Tio tratamos aqui senito dos que concordam com 0 principio de que devemos preferira vida vinuosa a qual: (quer outra, mas que nao esto de acordo sobre sua apti- cagio. Uns no dio nenhuma importincia acs cargos polit cas e consideram a vida de um homem livre muito supe flor 2 que s leva na coofusio do govemo; outros prefe- rem a vida politica, nto acredtando que sea possivel mio fazer nada, nem portato ser feliz quando nao se faz nad, ‘nem que se possa conceber a felcidade na inacio. ‘Uns © outros tem razl0 a6 certo ponto € se engi nam sobre 0 resto, ‘Os primeirostém razio 2o dizer que mais vale viver tive do que mandar, Nao hi nada de magnifico em se ser vir de um escravo, enquanto escravo, nem em dita tei ta pessous que sao forgadas a obedecer: Mas nfo se deve ‘acreditar que todo mando seja dominacto. O dominio exer ‘do sobre homens livres difere tanto do exercido sobre ‘scravor quanto 6 homem nascido para a liberdade dife- re-do homem naturalmente escravo, cuja definigao de thos no comeco deste livzo, Além disso, nao é exato ele fara inago acima da vida ativa, que a Felicidade con- iste em aglo, € as ages dos homens justos e modera~ dos tém sempre fins honestos. Nao devemos conch dai, como fazem os segundos, _que nada disso oeorre quando se tem nas mao 0 pode © meio mais seguro de executar projetos honestos; que, ‘sim, aquele que pode mandar nio deve deixar 0 man- ido com um outto, mas antes deve tomo dele, mesmo {que seja 0 pai a0s seus fils, os fos 20 seu pal, as @ amigos a seus amigos, sem se preocupar com todas ests Consideragces; que devemos desea exclusvamente 0 {que ha de melhor, e nao ht nada comparivel &feicida- de que nos proporcionam, mesmo contra nossa vontade. isso poderia set verdade, se as empresas e atos de auiordade que 90s chocam pudessem proporcionar.nos Cfetivamente 0 que para nés € mais desevel, Or, i80 € impossivel, «esses pretensos governos ludemtse a simes- tmos. Para que seus procedimentos fossem toleriveis, setia preciso pelo menos que eles tivessem sobre ns 0 ‘mestio poder que tem 0 mario sobre a mulher, © pat ‘Sobre os filo, 0 senhor sobre os escravos. Sem isso, quale {quer que seja'0 sucesso ulterior, ndo podem justificar 2 fnjoria que nos fzeram antecipadamente ao violar nossa berdade. Tire semelhantes, a honestidade e a justia consis- tem em que cada um tena a sua vez. Apenas isto con~ Serva a igualdade, A desigualdade entre iguais © as dis- tingoes entre semelhantes slo contra a natureza ¢, por ‘conseguine, contra honestiade, Se, porém, se encontasse alguém que ultrapassasse todos os outros em mérifo e em poder e tivesse provado seu valor com grandes facanhas, seria belo ceder a ele © justo obedecer Ihe. Mas nao basta ter mérito, € preciso ter bastante energla © atividade para estar certo do éxito. Tsto posto, sendo, alls, indubitvel que a Telicidade ‘consiste na acto, a melhor vida, tanto para o Estado in- teiro como para cada uum em particular, é, sem david, a vida iva “Ademais, no devemos, como alguns imaginam, es ‘engi a vie ativa apenas as agbes que terminam fors, nem. 20s projetos que nascem da ocasito. Ela abarca também 6 as meditagbes que trtam dessas agdes e desses projetos. fe que, além do contentamento que por si mesos pro- porcionam, ainda tornam a execucto mais perfets. jamais. Somos tio senhores da ago exterior do que quando ela foi precedida de exame e de reflexdo; € assim que, em Aarquitetra, 0 mérito das obras procede da profunda me~ “itagio sobre as plantas. ‘Os Estaclos mais isolados nao podem permanecer na ‘ociosidade mesmo que queiram, a nio ser por Fragbes de tempo e por intervalos. Se nao tém comunicagao com © ‘exterior, ha ao menos comunicacio necessiria de uma parte outra. O mesmo ocorre com as cidade com os Individios entre i, Nem mesmo 0 proprio Deus & 0 mun do inter seriam felizes se, além de seus atos internos, les ndo se manifesassem exteriormente pelos seus be- neficios , portanto, claro que a fonte da flicdade € a mes- sma pars os Estados e para os particulares. ——— * Ribioteca Contra! cartruvo i Da Eugenia e da Educagao Como ¢ a propria vieude que, em nosso sistema, faz ‘bom cidadio, o bom magistrado e o bomen de bet, fe como é preciso comecar obedecendo antes de coman: dar, 0 legislador deve culdar principalmente de format ‘pessoas honest, procuri saber por quais exerccios tor- ‘har honestos os cidadios e sobretudo conheces bem qual 0 pooto capital da vida fei 1H na alma duas partes distinas, das quais uma, por si mesma, possui a ro, e outea no participa dela, mas pode obedecer-he. Pertencem a estas duas partes a8 vir Tudes que caracterizam 0 homem de bem, Conforme est tlstingo, € fell decidir em qual das duas reside o fim a ‘gue toda homem se deve propor. ‘© menas bom esta sempre subordinado 20 melhor por sua destinago. Observa-se ist tanto nas obras de a fe quanto nas da natureza, Ora, a parte que goza da razio & sem divida a melhor. Segundo nosso sistema, esta parte se subdivide em ‘duas outras: a parte ativa e a parte contemplativa. Ora, fs atos devem Corresponder a suas faculdades © seguir mesma divisto, Aqueles que provém da parte mais exce- lente si0, por conseguine, peferiveis, quer os compare _mos em bloco, quer 0 confronto se faa de um por um. 6 ‘Toda a vida se divide entre 0 trabalho € o repouso, 4 guerra ea paz, ¢ todas as nossas agbes se ividem em agbes necessirias,agdes Utes ou agdes honestas. Deve- ‘mos estabelecer entre elas mesma ordem que entre as partes de nossa alma e seus ats, subordinara guerra paz, O itabalho ao repouso e o necessrio ou ttl o honest ‘Um legislador deve levar tudo isso em consideragio 40 escrever suas leis fespeitar a distino das partes da al- tna e de seus atos; ter especialmente em vista 0 que hi ‘de melhor, asim como o fim que desea aleancar, con- Servar a mesma ordem na divisio da vida e das acdes; Aispor tudo de tal maneira que se possa watar dos neg Cos e guertear, mas que se pefira Sempre 0 repouso aos negécios, a paz A guerra, € a colsas honest as coisas fiteis e até As necessirias. & de acordo com este plano {que Se deve dirgir a educagio das riangase a disciplina de todas as idades que dela precisam, Fim Pacifico da Educacao AAcho que nem aqueles dente os povos da Grécia que hoje sto considerados os mais bem constituidos poiica~ mente, nem os autores de suas consiuigoes viram qual era o melhor objetivo da vida social e no dirigiram a ele = leis, nem suas insttwiges. Longe de voltar @ > publica para a universalidade das vires, eles propenderam exageradamente para o que thes parecia ‘le capa de fortalecé-los as custas dos outros. Os que cescreveram depois sobre isto tiveram opiniao mais ou ‘menos parecida, Ao fazer 0 elogio da consttuicio lace- ‘demdnia, admiram o legislador por ter relacionado todas « as suas leis A guerra e vitria, © ero & fil de refutar pelo raciacinio, ¢ os acontecimentos deste século 0 des- fastaram ainda mais. Como a maioria dos homens tem ania de dominar os outros para obter todas as comodi- dades, Tlbron e todos os que escreveram sobre 0 gover- tno da Lacedemnia parecem admirar seu legislador por fer aumentado muito seu império, tendo exercitado a nnacao nos perigos da guerra. Mas, agora que os lacede- tménios no dominam mais, deixaram ée ser elizes e seu legislador, de merecer sua reputagio. Nao € ridiculo que, persistindo sob as leis de Licurgo ¢ no tendo nada que Os impedlsse de valerse dela, eles tenham deixado es- capar sua Felicidade? ‘Vemos, pois, que eles nao tém idéias muito sadias sobre a honra que um legslador deve atibuirao coman~ do, Exercendo-se sobre pessoas lives, € incomparavel- ‘mente mais estimavel e mais conforme 3 justiga do que ‘© despotismo: ‘io €, sobretudo, nem uma felicidade pars o Estado, nem um sinal de sabedoria para o legistadortreinar seu povo pata Vencer seus vizinhos. Disso 96 podem resulta grandes males, © aquele que for bem-sucedido no vai Seixar de invesir contra 4 sua prOpria patria e, se puder, de asenhorearse dela, Bsa €a censura que 0s laceder®~ hos fazem a0 rei Pausinias,cuja ambigao no se con- Tenfou com este alto grau de honra, Nao hi, pois, nem politica, nem wilidade, nem bom senso em semelhantes Concepodes, nem numa tal lepislago, (Um legislador deve imprimir profundamente no es- pinto de seu povo que o que é muito bom para cada um fem particular o & também para 0 Estado; que no con- ‘vém entregarse a0 teinamento militar a fim de sujeitar (0 que nito 0 merecem; que tas exercicios devem ter co- mo objeto apenas preservar a si mesmo da servidio etam= bém tonnar-se Gti aos vencidos. © objetivo nao & domi nar toda a fers, mas apenas os que nao so capazes de ‘bem usar de sua lberdade e mereceram a escravidio por ‘sun maldade. {Que todo legislador deva subordinar a guerra € 10 das 23 suas outas leis 20 repouso e 2 paz é o que prova ‘a experiéncia,juntamente com a razio, Ao fazer a guer- ra, varios Estados se conservaram, mas, asim que con- ‘uistaram a superioridade, entraram em decadéncia, telhantes ao ferro que se enferruja pela inacio. Deve- s¢, eno, critica o legslador que ndo thes ensinou como viver em paz Sendo 0 fim o mesmo tanto para a vida publica ‘quanto para a vida privada, a pereigto dos Estados no pode definirse de modo diferente da dos partculares. Nao resta divida, portanto, de que se devam cultivar de preferéncia as vinudes pacficas. ‘Como jé se disse muitas vezes, a paz deve sero fim da guerra, ©0 repouso, odo trabalho. Ora, nada de mais. Stil ao repouso © & diregto da vida do que as virudes {Que tém iso nio apenas no repouso, mas sobretudo na ‘ocupagio. Com feito, € preciso ter © necessirio para depois poder gozar de algum lazer. ‘© Estado precisa de temperanca, mas ainda mais de ‘conagem ¢ de paciéncia, “Nao hd repouso para os escra- vos", diz 0 proxérbio. Ora, os que nfo tém coragem part se expor as perigos tomam-se escravos de seus agres- sores. E preciso, portanto, coragem e constincia para os negocios, Filosofia para o lazer, temperanca e justia em ambos os tempos, mas sobrecudo em tempo de paz e de @ repouso. Pois a guerra nos forca a ser justos ¢temperan- tes, Plo contro, na paz en0 repouso, €comum que & prosperidade nos torne indolentes. Portanto, 0s que pa- ecem felizese, semelhantes aos habitantes das thas Alor tunadas de que falam os poetas, gozam de tudo 0 que pode contrib par a felicidade precisam mais do que os butros de justia e de temperanca. Quanto mais opulén- ae lazer tiverem, mais precisardo de flosofia, de mo- eragio e de justice 0 Estado que quiser se feliz ¢flo- rescente deve inculcar es estas vinudes 0 miximo pos- sivel. Se hd algo de igndbilem nfo saber gozar das rique- zs, ht ber mais ainda em fazer mau uso delas quando 6 Se tem isso para fazer. E revoltante que homens, ais, Jignos de esi nos trabalhos e nos perigos da guerra ‘se comportem como escravos no descanso e na paz ‘Nao convém exercera viride & maneira dos lacede~ ‘m6nios, Na verdade, estes n2o diferem dos outros pela ‘opinio scbreo soberano bem, mas pela espécie de meios ‘ou de virtudes que escolheram para chegar a ele. que ‘0s verdadeiros bens, vale dizer, os da paz ¢ do repouso, ‘iio maiores do que os da guerra, 0 goz0 deles também E preferivel a qualquer outro e estes 86 tm valor em re- lagdo aqueles, Trata-se, portanto, dle examinar como © por que meios devemos obté-os. Dissemos mais acima que tr8s cols devem contr- buir para isto: a natureza, 0 habito e a razio. Dissemos também quais devem ser as disposigoes naturis. Restz saber se para formar os homens mais vale comecar pelo raciocinio oa pelo hibito, duas coisas que devemos nos ‘sforcar a0 maximo para dar a0 mesmo tempo. A facul- ‘dade que recebe «inflvéncia da razao pode, com efeto, fastarse algumas vezes do fim e outras vezes, também, teeder 29 dominio do habito. » Eeevidente que, neste caso, assim como em qualquer outro, 0 principio de onde tudo procede é a geracio do hhomem, mas nto € o mesmo que aque de que depen detn seu fim e sia perfeicio. A raz20 ¢ o intelecto si0 a principal ¢ dertadeim parte onde se manifesta para n6s ober da natureza, Cumpre, portanto, subordinarshes a (bra da geragao humana e a formacio dos costumes ‘Da mesma forma que a alma e 0 corp sto duss subs- tncias distinta, assim também 2 alma tem duas faculda {des nio menos distntss, uma iuminada pela razio € OU tra que nao tem esta luz; por conseguinte, hi dois tipos de habitos, uns apaixonados, ou provindos da sensibii- dade, cutrosintlectuals. B, assim como o corpo ¢ gerado antes da ala, a parte carente de raz 0 6, igualmente, an- ten da razoavel. Into se observa pelos rasgos de coler, pelos desejos © pelas vontades mostradas pelascrlanexs to logo nascem, Mas 0 raciocini ea inteligencta s6 Ines ‘vem naturalmente com a idade. Convém, poranto, dar as primeiras atengbes ao corpo, 2s segundas aos insincos da fima, recorrendo-se, todavia, a0 intelecto a0 trtar dos petites e alma, a0 tratar do corpo. Devendo 0 legislador cui conformagio de corpo dos siditos que deverd cra, cabe- the comegar por bem regular os casamentos, determi nando 4 dade e compleigio dos que julgar admissives na sociedade conjugal ‘ara estabelecer bos leis sobre esta assoiaglo, € pre- cso em primeirohigaratenta para a dade e para as qua- /nIverSWMaGe receral 00 Fat: ture n__Hibiohsea ante! lidades pessoais dos noivos, para que eles se conve: ‘nha em maturidade e em forc; se, por exemplo, sendo ‘6 homem capaz de gerir, a mulher nio é estéil, 08 5, pelo contirto, podendo esta conceber, no & 0 homem. ‘que € impotente, Esta mé combinago s6 & boa para cra tliscordiae para contrariae. Da mesma forma, deve preo- ‘cupar-se com a sucesso das ciangas; que mio haja entre las © os pais uma distincia de idade grande demais, pots reste caso os filhos no podem mostrar seu reconheci- mento aos pais na velbice, nem os pais podem ajudar seus filhos tanto quanto preciso. As idades tampouco de- ‘Yem ser mito proximas. Esta proximidade acarreta dois fgrandes inconvenients: primero, menos respeito dos fi- thos pelo pai e pela mle, que considera como colegas; segundo, grandes altercagdes sobre a adminisragao do Mas retornemos a0 ponto de onde partimos, Sto é, boa conformagao dos corpos que wo nascet, propos ta pelo legislador. Exia ¢ outras vantagens podem ser ‘obtidas através de um mesmo meio, (© final da procriagio ocorre, para os homens, aos setenta anos, para as mulheres, aos cinglenta. Sua unio deve comegar na mesma proporgo. A dos adolescentes, ‘nfo vale nada para a progenitura. Em todas as espécies Aaimais, os fos premacuros de sujeitosjovens demas, Sobretudo se se tratar da f2mea, s40 impereitos, fracos € de pequena estatura, © mesmo ocorze com espécie hu ‘mana. Observa-se, com efeto, esta impereigio em todos fs lugares em que as pessoas se casam jovens dems ‘$6 nascem abortos. 1 parto das mogas jovens 6, als, penoso demais & ‘elas mortem em maior nGmero. & assim que muitos interpretam a censura do Oriculo aos Trezeninos, de colherem seus frutos antes da maturidade, isto €, de ca- ir muito jovens suas mocas. Também cabe, para preser ‘var o exo dos perigos da incontinénela, esperar para c2- ‘Silas um cero tempo apés a puberdade, Aquelas que ‘conhecem cedo demas 0 uso das faliaridades conju- tis 0 de ordindrio mais lascvas Por out lado, nada retarda ou detém mais depressa co erescimento dos mogos jovens do que se entregarcedo ‘demis 40 relacionamento com as mulheres, sem) esperar {que a natureza tenba neles elaborado completamente © Ticor proifico. Hi para © crescimento uma época preci sa, além da qual no se eresce mais. ‘A verdadeia idade para casar as mogas 6 0s dezoi- to.anos e para 0s homens 20s tinta ¢ sete, aproximad ‘mente. Com iso a conjuncao dos compos se fari em ple- ‘no vigor, ¢& geracao, depos, terminaré num tempo con- ‘niente tanto para um como para outro. Da mesma forms, a sucessio dos filhos a seus pais estari melhor colocad se nascerem convenientemente no intervalo entre a fore da idade ¢ 0 declinio, que comeca por volta dos setenta ‘Quanto a esaglo do ano propria geracio, 6 inver ‘no &' que mais convém, como hoje se observa quase em. toda parte Tambem seri bom consultar sobre esta matéria os preceitos dos fsios e dos médicos. Os médicos ensinam ‘quaisestagbes € os fisicos que Yentos sto favoriveis 20 ato sexual; por exemplo, eles preferem 0 vento do norte 20 do sul ‘Ademis, cabe & Pedondmica prescrever que com- pleigdes mais convém a geragdo. Basta, aqui, dizer wma palavne Diremos somente que a compleigioatlica nto & ‘tl nem a sade, nem geracio, nem aos emprepos cvs ‘0 mesmo ocorre com 08 corpos fracos, acostumados 20 fegime médico. £ preciso um bom meio, uma complet ‘0, por exemplo, no habituada aos rabalhos violentos. ‘emais, nem de uma mesma espécie, tas como os exer cieios dos campedes, mas sim variados como as ocups ‘hes dos homens lives. Ito vale para 0s dos sexos CConvér, também, durante a gravidez, fer as mu- theres ficarem atenias3 sua conservacio, itlas da ocio sidade, prescrever hes um regime alimentar substancia, dares exercicios fazendo com que visitem todos os ‘las os templos dos deuses honrados para a geracio. Se ‘0 compo precisa de movimento, o espiito necessita de Fepouso © de tranqoilidade. No ventre da mae os fihos ecehem, como 0s frtos da tera, a impressio do bem & ‘do mal, Sobre o destino das criancas recEm-nascidas, de ve haver uma lei que decida os que serio expostos ¢ 0s {que serio criados. Nao seja permitdo cra nenhuma que ‘nasca mutilada, sto é sem algum de seus membros; de termine-se, pelo menos, para evitar a sobrecanga do n= mero exeessivo, se nao for permitido pelas leis do pais ahandoni-los, até que nimero de filbos se pode ter © se faca abortarem as mies antes que seu fruto tenka senti- mento € vida, pois € nisto que se distingue a supressio perdodvel da que ¢ atroz "Hi que determinamos para 6 homem e para a mulher 4 €poca inicial do casamento, digamos também quanto tempo eles podem consiyyar 3 geragio e quando con- vem encen-la, De fato, 0s flhos das pessoas de idade ‘slo, assim como 0s dos jovens demals, imperteitos dé * corpo e de entendimento; 0s filhos dos muito velhos ” ‘mostram-se absolutamente friges e débeis. Neste ponto, ddevemse seguir as €pocas da naturezae prefer aquels fem que o espirito ea intligéncia adquitiram seu pleno Vigor, © que, segundo certos poctas que dvidem a idade fem semanas ov septenirios, acontece de ordinrio por ‘olka dos cinqienta anos. Uma vez que se fenha passa {do em quatro ou cinco anos esta idade, dleve-se renun- dar propagacio da espécie e a a0 comércio com 3s tmulhetes, seit pot motivo de saide ou algo semelhante ‘Quanto as felagdes apds 0 csamento com outra m= ther ou outro homem que ndo aquela ou aquele a que se test unio, isto deve ser considerado como uma diversto “absolutamente desonesta. Se ainda se estiver em idade de ter filhos, 0 adultério deve ser marcado de infimia e pu- nido segundo a enormidade do crime. A Baucagao da Infancia ‘Uma vex nascdas as criangas,s20 muito importantes para sua formapio os alimentos de que vio mutrir-se. Se Consttarmes o exemplo dos outros animals e das nagies ‘Que se preocupamh em formar temperamento através dos ‘Exercicios de guerra, notaremos que olete em abundiin- fda € 0 alimento mais conveniente ao corpo. Em contra- parti, 0 vinho nio @ bom para aquela idade; assim, ‘eve-se descarar seu uso. "Todos os mavimentos possiveis sto dels para os be- ‘és, Mas para prevenir as distorgbes dos membros en= ‘quanto eles ainda sf0 delicados, algumas nagdes fazem {iso de instrumentos arificins que mantém reto 0 corp. ‘Desde os primeiras momentos do nascimento,é bom acosiumat as eriangas a0 fig sto faz um bem infinite & satide € dispoe as fungdes militares. Por isso, maior pa te das nagdes bisbaras observa ou o costume de mengulhs= las ao stir do vente da mie no rio ou em gua fresca, ou fo de vestlasligeirumente, como fazem os celtas. Qua “quer que set pritica em que se ques acostumaas, € preciso comocar desde a mais tenrainfanci, contanto que Se v4 a0s poucos, O calor inao coloctasnaturaerste em ondicbes de supontaro ro, B a estes pequenos cuidados ‘que se limita 2 educacao da primeira iad. Na idade seguinte, até os cinco anos, no € conve- niente dar nada para as criangas aprenderem, nem sub ‘met@las @ qualquer trabalho, Iso poderia impedir seu Crescimento, Basta mantélas em movimento para pre- Servar seus corpos da preguica e do peso. Este movie mento deve consis apenas nas fungdes da vida © nas Irincadeias, tomando cuidado somente para que elas sejam nem desonestas, nem penosas, nem destiuidas de mais de aco, “Quanto is conversas € as fabulas que podem convit ‘esa idade, elas caberio aos Paedonamas.u serio des- tinadas 20 ensino das criangas, Todos estes primeiros es- bogos devem preparar para os futuro exercicios ea maior parte das brincadeiras devem ser apenas ensaos do que Ser preciso fazer quando chegar a hora im certos lugares, cometese o en de proibiracrian- {910 choro ¢ 0s movimentos expansivos. Todos estes atos Servem para seu desenvolvimento ¢ fzzem parte, por as sim dizer, dos exerccios coxporais.O ato de reter a res- plragio dé forca aos que tmabalham. Isto também ocore ho proprio esforgo das eriancas para grit ‘Em compensacao, uma coisa a que 05 Paedonomis ou professores devem prestar muita ateng0 na orient * ‘to das criangas que thes sto confiadas € impedie muita ‘conversa e familiaridade, sobretudo com os escravos. A educagio doméstica durari até os sete anos. Ela afastara ds cuvidos e dos olhos das eriancas tudo 0 que fere 0 pucor, O legislador deve até mesmo banir do Esta- ‘do todis as conversis indecent, assim como toda impro- priedade do género, pois da licenga verbal 4 das agdes flo hé muita distincia e se passa facilmente de uma a ‘utra. B preciso tomar um cuidado especial para que a8 crangas nto digam nem ougam nada de parecdo, Todo aquele que for surpreendido dizendo ou fxzendo um ato proibido deve, se for de condi livre, mas ainda mio ‘admtide nos banquetes pablics, ser exclude desta hon rie fustigado; que sej tatado, se estiveracima dessa ida de, com a piotignominia, por ter-se comportado com a Jmpadéneia de um eseravo, Se proibimos as conversasindecentes, com mais for te rizio proibiremos as pinturas ¢ as exibigdes do mes- mo género, Os magistados, portanto, nao admitrdo nem ‘estituas, nem pinturas lbicas, a no ser as de certas die vindades eujo culto lei reserva aos homens adultos, a ‘quem ela permite stcificios, ato por eles quanto por suas mulheres e eriangas Também se deve proibir aos jovens os teats e so breuido a comédia até que tenham atingido a idade de partcipar das tefelgbes pablicas e a boa educac0 0s te- ‘tha colocado em eondigdes de experimentar impune- ‘mente a bebedeira dos banquetes, sem contariar a em- briaguez ou 0 outs vieios que a acompantiam. Passa remos rapkkamente por esta matéra, para volar a ela ‘uma outra vez ¢ dace se este costume deve ser manti- ddo, ¢ como”. Basta por enquanto 140 mencionado. % “Teodoro, ator tigico, ni errava a0 no permitir que nenhum outro ator de sua companhia, por mais raquiti- ‘co que Fosse, aparecesse em cena antes dele, porque os ‘espectadores se impressionim e se deixam conguistar pe- lorcomego, O mesmo ocorre no comércio da vid. Sao as primeirasimpressoes as que mais nos afetam. Deve-se, portanto, afastar dos jovens as mais, especialmente as que Jevam ao atrevimento ea mabdade. Ente os cinco € os sete anos, as criangas sero sion plesmente espectadonas dos exercicios que Ihes devem ser ensinados mais tarde ‘Aos sete anos, @ educagio divide-se em dois grupos, ‘um até puberdade, ou da puberdade até os vinte eum anos, Nao hi de se aprovar, segundo eremos, a parttha ‘que fazem certas pessoas que dividem toda a vida de sete fm sete anos. Mais vale seguir ritmo da natureza, Ela fpenas esbogou suas obras. A obra da educagio, assim Como a de todas a8 ates, deve unicamente completar © ‘que faa ao ser das obras da natureza, Caniter Publico e Objeto da Baucacao Em suas diversas fases, a educaclo das criangas se revela um dos primeiros cuidados do legslador. Ninguém f contest, A negligéncia das Cidades sobre este ponto thes infnitamente nociva. Em toda parte a educaglo de- ve tomar como modelo a forma do governo, Cada Estado tem costumes que Ihe to pebpries, de que dependem sot cconservacio e até sua instiuigt0, S40 0s costumes demo- ‘riticos que fazem a democracia € 0s costumes oli- ‘Birquicos que fazem a oligarquia. Quanto mais os cost ~ mes sto bons, mais 0 governo também 0 & Aids, como todos os talentos & artes wy suas tenta- tivas prliminares pelas quals € preciso ter passado e a ‘quais € preciso terse habituado para depois executar Facilmente suas operagbes e obras, 0 mesmo deve acon- tecer com a virtude, cujo aprendizado se deve fazer ‘Como aio hi sendo um fim comum a rod 6 Estado, 6 deve haver uma mesma educagio para todos os side tos. Hla deve ser feita mio em particular, como hoje, ‘quando cacla um cuida de seus fihos, que educa segun- do sua fantasia e conforme the agrada; ela deve ser feita em piblico. Tudo o que € comum deve ter exercicios comuns. E preciso, ademais, que todo eidadio se con- ‘venga de que ninguém é de si mesmo, mas todos perter ‘cem 20 Estado, de que cada um ¢ parte e que, portanto, (© governo de cada parte deve naturalmente ter como modelo 0 governo do todo, ‘Nunca se poderia louvar 0 suficente os lacedemé- nios pelos cuidados que tomam com as eriancas e pelo cariter piblico que imprimem & sua educacao. £ um. ‘exemplo a imitar, baseado no qual cada Estado deve fa- zer uma lei especial. [io se deve deixar fgnorar 0 que é a educagio, nem ‘como ela se deve realizar. Nem todos estio de acordo 50 bore este assunto, ito 6, sobre o que se deve ensinar a ju- ventude para alcangar a vide ea Felicidade; nem sobre ‘ua meta, isto 6, se €2 formacio da inteligencia ou a dos ‘costumes que se deve stentar em primei lugar. Nese pon to, a educacio atual ndo deixa de cause alguns embara- 05. Nao se sabe se se deve ensinar as crangas 25 coisas Iteis& vida ou as que conduzem 3 vinude, ou as alias <égncias, que se podem dispensar. Cada uma destas opi- rides tem seus partidrios, Nao hd nem mesmo nada de certo a respeito da virude, nio sendo 0 mesmo género Ge vide apreciado unanimemente. Também se diverge sobre 0 género de exercicios a praticar. ‘Nao hi davida de que, entre as coisas tteis, se deve ‘comegar aprendendo as necessiras, mas nem todas. Dis tinguemse as profissGes honestas das no-beais. eve-se Timitar a educagao aquelas cujo exercicio mio € aviltante, ce considerar vs toda arte e toda ciéncia que tornam 0 Corpo, a alma e a intligéncia das pessoas livres incapa- ‘es para o exercico e para a pritica da vitude. Sa0 des- ‘Se genera tcios 0$ traballos mercensrios ¢ todos os ofi- ‘ios que deformam 6 exterior e aviltam ou fatigam 0 in- teleco. Tio € fora de propésito conceder algum tempo & certs ciéncias, mas entfegarse a elas por ineio © que~ rer ser consuado nelas no deixa de ter seus inconve- hientes e pode ser nocivo as gracas da imaginagio. ‘O fim que nos propomos no que fazemos € no que censintamas importa muito, Se @ para nbs mesmos, ara N0s- Sos amigos ou par adquirirmos algum mésito, nfo bit inconvenientes, Mas, se for para os outros, tomas mer cenario e servi. ‘© que se ensina atualmente 6, repetimo-o, de nate reza bastante duvidosa. © Papel da stisica Hi mais ow menos quatro coisas que de ordinario se censinam as crangast 1° as letras; 2 a gindstica; 3° masi- ‘Gr alguns actescentam em 4a pintura; a escritae a pin~ tra para as diversas crcunstinclas da vida; a gindstica por servi para educar a coragem, » ‘Quanto a mesica, sua utilidade nao € igualmente re conhecida. Muitos hoje a aprendem apenas por prizes, "Mas os antigos fizeram dela, desde os primeieos tempos, ‘uma pane da educaci, pois a natureza, como j dssemos varias vezes, no procura apenas dar exatidio as acdes, ‘mas também dignidade 20 sepouso. A misica € 0 pine pio de todos os encancos da id, Seo repouso ¢ 6 trabalho st0 ambos indispensivels, ‘ repouso & pelo menos preferivel, e € uma questo im- portante saber em que se deve empregar o lazer. Cen mente nio no jogo; Sendo, o jogo seria © nosso fim tti- ‘mo. Se possvel, ¢ melhor descatar jogo entre as ocupa- cs. Quem tabalha precisa de descanso: 0 jogo mo fot maginado senso para isto, O trabalho é acompanhado de fadiga ede esforgos.E preciso entreme-o conveniente- mente de recreagdes, como um remédio, O descanso & 20 mesmo tempo um movimento da alma e um repouso, pelo pmizerde que se acompanha. A cessacao do trabalho ela propria um prazere faz parte da felicidad da vida, felicidade esta que nao se pode apreciar em meio 3s ‘ocupagdes e que s€ bem sentia nos momentos de lazer [Nao nos entregamos ao trabalho senao com visas a al- ‘gum fim, A felicidade € um destes fins. esa felicidade mio somente no contém nenhum desgosto como tam Dem se apresenta a0 espirito de todos acompanhada de prizer Todavia, este prazer no € o mesmo para todos; c1- dda um o ajusta& sua maneira de ser e a seus habitos, O Thomem de bem o coloca nas colsas honest. Deve-se aprender, portanto, mesmo que sea para si mesmo, a pas ‘ir honest e agradavelmente os momentos de lazer que se ver na vida e também saber ocupar-se para utlidade dos outros por isso que nossos pais fzeram com que a mis ca entrase na educagio, Nio que ela sea necessira: ela fio o € Nio que ela tenha tanta Importincia quanto a ceserica, que serve para 0 comércio, para a administracio ‘domestica, para as ciéneias e para a maiora das fungbes ‘iis, ow quanto a pintura, que nos permite julgar melhor 4 obra dos arias, ou quanto a gindstica, que ajuda a said e o desenvolvimento das forgass a musica no Taz nada disso, Mas ela serve pelo menos para passar agra davelmente o lazer. & por isso que ela foi posta na moda, Ela parecou a seus inventores a diversio mais convenien- te 88 pessoas livres. Por isso Homero, apds ter deseito uma refeigo st- ‘clenta e nomeado ros dos que concoriam para a ale= sia da festa, acrescenta ‘Gomvidemes para 0 banquete um cantor harmonies. Em outra trecho, Ulisses nao encontra espeticulo mais ‘encantador do que ver todo © mundo alegre, nem ten pero mals delicioso para 0s convivas do que ouvir a cass hela de cantos de alegria. &, poranto,evidente que a mi ict € uma excelente parce da educacio e deve ser ensi- hada 38 criangas, senio como necessiria ou dil para ‘zanhar a vi, pelo menos como liberal e honest. Ea misica a dnica no género dos talentos agradi- vei €, se houvervirias outras especies, quai sto elas? E 6 que diremos mais adiante®. Baste-nos agora ter apo {do a autoridade dos anigos no plano da educagao a que ‘nos propomos, especialmente quanto & misica Deve-se também fazer com que as csiangas apren- ‘dam algum talento i, tal como a arte de le © escrever,, ‘do apenas pelo proverto que se pode tar disso, mas tambem como um meio de chegar 3s outa ciéncias. O ‘mesmo ocorre com a pintura: devemos ensincla a elas, {quer para evitar os ertos em seus trabalhos deste géne- 0, quer para que no sejam enganadas na compra © venda das obras dos outros, quer enfim para formar 0 ‘gosto pela teoria das formas do belo fisico. Procurar em toda parte apenas o luero € uma maneira de pensar que ‘de modo algum convém as pessoas livres e bem-nascida. ‘Fi que se deve, portanto, comecar por imprimir hi- bitos nas criancas antes de instru-las pelo raciocinio e -moldar seu exterior antes de trabalhar seu intelecto, con imas com a ginistca e a pedosribica: uma fotfica 0 temperimento, @outra da grigt as agoes. Os Limites da Gindstica Hoje, os Hstados que parecem preocuparse mais ‘com a educaio dos jovens procuram proporeionarthes © regime dos atletas, 0 que deforma a pessoa e a impede de crescer, ou, como os lacedemdnios, no cometem es- te erro, mas brutalizam-nos pelo excesso de faa, co- mo se esse fosse um meio de proporcionas coragem J dissemos virias vezes que nto se deve limitar a ‘educagio nem a um genero de vinude, nem sobretudo ‘a0 que acabamos de mencionat E,cas0 a limitissemes, ro € certo que seriamos bem-sucedidos. Com efeto, m0 ‘observamos nem nos outros animals nem entre os povos {que a bravura sea 0 quinhao dos mais ferozes.Pelo con- ‘tirio, ela se encontea mais, como no caso dos lees, 40 lado da calma e da mansidao. Existem povos que no evitam os massacres © so {vidos de came humana, mas que, quando atacados, 520 ae tudo, menos valentes; por exemplo, 08 aqueus © 08 he riocos do Ponto Euxino, ¢ outras nagdes mais distantes ‘que pertencem a terras da mesma regito, endo que as ‘tras preferem a profssao de ladrbes "Nao vemos hoje os proprios lacedemdnios, que se sobressaram a todos enquanto foram o dnico povo que se exercitava, se tomarem inferiores 40s oviros nos mes- mos exercicios e combates? Se tiveram a supremacia, nto foi porque exercitaram sua juventude, mas porque se de frontaram com povos que no exercitavam a sus. Porta to, ndo & a ferocidade, mas sim a honestidade que deve tera primazia na educacao da juventude. Nao serd nem ‘lobo, nem algum outro animal feroz.que val exporse 20 pperign pela gléra; isto $6 se ve num hhomem educado para a vine, ‘Aqucles que expdaem em dlemasia os jovens aos exer- ‘cis do gindsio e os deixar sem insirugho sobre as coi- sas mais necessiras fazem dele, na verdade, apenas rles, sguarda-costas, que server no maximo para uma das fur (es da vida civil uma fungao, porém, que, se consultar- ‘mos a razi0, &a menor de todas. Nao € por suas proezas Antigas, mas sim pelas do presente que dlevem ser julga~ dos. Na época, eles no tinkam adversiios neste ponto da discipina, mas hoe, sim. Que seja preciso algo de gingstica, € como, estamos de acordo, Mas até a puberdade s6 se praticario exerci tos leves, em sujetar os corpos a0s excessos de alimen- tagio, nem aos trabalhos violentos, por temor de que ‘sso impega o-crescimento. A prova do efeto funesto des- te regime orcado € que entre os que venceram n08 Jogos, colimpicos em sua juventude difiilmente se encontrarso” ‘dois ou tes que também venceram noma idade mais avan- a ‘da, Por que isto? Porque a violencia dos exerccios a {Que se tinham submetido desde a infancia esgotara sua forga e seu vigor ‘Depois da puberdade, quando tiverem passado trés anos ocupados com outros estudos, convirs entio ocupar 4 dade seguinte com os trabalhos ¢ o regime prescritos pel lei do gindsio, Com efelto, nto se deve atormentar 20 mesmo tempo o esprito eo corpo. Desses exercicios, um. Impede 0 outro; © do corpo & nociv a0 espn, €0 db es Pirito a0 corpo, Tena 3¢ ccaviruto vm Das Dimensdes e da Localizagao da Cidade ‘Do mesmo modo que os outros trabalhadores, por cexemplo.o tecelio, ou o construtor de navios, devem ter Amdo a matéria que convém a sua obra, €a obra ¢ tanto tmais bela quanto mats bem preparada for a maria tm- >ém € preciso que um fundador de Estado e um legisla- dor tenham ji pronta e convenientemente elaborada a ma téria que Ihes & propria Seu primeito clemento consist no niimero e na _qualitade dos habitanes. Quantos dees € preciso e de que ‘espécie? O segundo consiste na grandeza e na ferilidade «da regio”. Grandeza Desefavel do Estado Muitos consideram que a flicidade de um Estado ou de uma cidade depende de sua grandeza, mas ignoram 0 ‘que se deve charm de grande ou de pequeno.Julgam pe- 1a populacio. Segundo eles, trtase de um grande Es- ‘ado ou de uma grande cidade quando nela se encontra uma grande muiclao de abitantes, Todava, € bem menos 4 sta abundiincia do que as suas fungdes ¢ seus talentos ‘que se devem considera pois cada Estado fem sua obra ‘especial; assim, deve-se considerar 0 maior aquele que ppxde melhor realizé-la, HipGerates, quanto & estatura, fot talvez menor do que outro homem, mas também um maior médico, Portanto, se quisermos estimar a grandeza de um Es- tado ou de tima cidade pelo riimero de seus habitantes, pelo menos no devemos contar qualquer pessoa ene les, Necessartamente se enconiram nas cklades muitos csenivos, domieiiados ¢ estrangeitos. Nao slo cidadios, ‘Chamamos com este nome apenas aqueles que compoem realmente o Estado como partes integrantes.£ 0 ntmero ‘extniordindrio de eidadios que constitui uma grande ci- ‘dade, um grande Fstado. Nao pensaremos em chamar de “grande” a Cidade de onde vm muitos operirios ¢ pox cos guerretos. “Grande” € poveado" si0 duas coisas is- tins E difcl ~ a experiéncia prova até que € quase im possivel - que um Estado ou mesmo uma cidade muito ‘povoada seja bem governada. Dentre aquelas que consi ‘deramos bem policadas, nlo vemos nenhuma cu po- plago sea exoossiva, [Neste ponto, a razio se junta a experiéncia. A lei € ‘uma certa ordem ea boa civilidade, para os cidados, nao Esenio a exceléncia da ordem estabelecida entre eles (Ora, 0 nimero muito excessivo nao é suscetivel de ordem. 860 poder divino pode insoduabla ali, como fez no Uni verso. Mas nio é nem na extensio nem no numero que se observa a beleza, Por conseguinte, € necessariamente ‘muito bela uma cidade onde se encontre a jsta medida de grandeza. Esta proporgio ¢ derminada como em qual ‘quer outa género, por exemplo, num genero de animes, 86 po sats es aoe de plantas, de instrumentos, Grande demais ou pequeno ‘demals,cala um deles plo tem mais a mesma efiiencia, ‘perde até sua natureza e se toma indi. Um navio que 56 tivesse um palmo ou que medisse dois estdios de com- primento deixara de ser um navio, pois sua pequenez ou Sua excessiva grandeza o tornaria fqualmente improprio para a navegacio" O mesmo ocorre com uma cidade ou. lum Estado, Sua propriedade essencial & a suficiéncia de seus meios. Se uma cidade tiver poucos habitants, pe ‘cari por penta; se os tver em excesso, poder’ subsis- tir como nao, se contar com as coisas necessirias, mas jf nao seré uma cidade. Com efeito, no se poder estabe Tecer nela uma boa ordem. Que general de exérito con- seguiria comandar uina mulido excessiva? Que homem conseguir fazerse entender, a menos que tvesse os pul ides de um estentor Portanto, a primeira condicto para luma cidade é ter uma quantidade de habitants tal que possa bastar para todas as suas fungdes e proporeionar to- {das as comovdidades da Vida cadina. Por certo, ela pode ‘exceder este mimero ¢ ainda passar por Cidade. Mas isto ‘no deve, porém, i a0 infinto. A propria natueza das fun- ‘bes poliseas indica o temo do crescimento, "Estas fungdes sio ou as dos governantes, ou as dos ‘governados. As ds primeifos so nomear para 0s cargos ‘esuperisiona os jlgamentos. Ora, para ter bons julzes © para distibuir os eargos segundo 0 mézito, & preciso que fs cidadios se conhegam entre sie sabam 0 que vale ‘eda um, sem o que os cargos no podem ser bem con feridos, Nao ¢ razoavel procederligeiramente em nenh- ‘ma destas duas escollss, como acontece evidentemente fem toda Cidade muito povoada. Ademas, ali se toma fi - Cd para os estrangeirose para os recém-chegados disper- ‘srse na multidto einfilrar-se nos cargos. @ [Em suma a grandeza de um Estado deve limitarse & quantidade de habitantes que se pode alimentarfaciimen- tee cujo conjunto pode ser conhecido num s6 othat. ‘Quase 0 mesmo € o que deve ser dito de seu ter trio" A media mais conveniente é, sem dvida, a que st tisfaz mais do que suficientemente 3s suas necessidades, ‘consistindo a suficiéncia em tirar de seu solo todo © ne- ‘cessirio e ndo haver fata de nad, ‘Assim, o testo ser fil em todo genero de pro- ‘dugdo e extenso o bastante para que seus habitantes pos- sam nele viver liemente e 2 vontade, contendo-se nos limites da temperanga. £ 0 que determinaremos com maior preciso nos Economica, quando tatarmos das aquisi- ‘Ges € dos meios de subsisténcia, assim como do uso que ddeles podemos permiti-nos”. Pois nto deixa de haver ‘ceria divida por causa da diversidade dos costumes, que levam os homens 3s duas extremidades da suntuosidade ‘© da mesquinhatia, ‘Quanto 2 localizagio do pais, deve-se seguir a opi- nido dos militares mais experientes, que pretendem que ‘su entrada se fic para os inimigose asl fl pa ‘20s habitants; que, a exemplo da populago, a exter ‘So territorial possa ser spreendida com Ue olhar, para se poder perceberimediatamente onde € preciso socorto € levislo ae I A Boa Localizacao da Cidade Se estiver em nosso poder escolhé-la segundo 0 de- sejo,a situacao da Cidade deve ser préxima do mar e do ‘campo; asim, a ajuda seria Feil de um lugar para outro ‘ede toda pare, assim como a exportacio e a importagio das mercadoras. Haveria comodiade para wansporar madeira e txios 0s outs materials do pas. [No entanto, alguns pretendem ¢ até nao param de re- petir que a facilidade resultante da proximidade do mar € contra 2 uma boa ordem e até a populagio. O pais & freqlentado por estrangeiros educados em outas leis, a comodidade do gna faz com que se envie para 0 exterior ‘use reecba na cidade uma mulitio de mereadores, 0 «que € igualmente pemicioso para 0 Estado. Mas nao se podem evitar estes inconvenientes? Nes- tecaso, 6 evidente que a proximidade do mar € na0 ape- ‘as mals segura para a cidade e suas dependéncias, mas também mais propicia 4 abundancia Em primero lugar, para resstir mais facllmente 20s Jnimigos, ndo € preciso que aqueles que tém que se de~ fender possam facimente reeeber auxilio tanto pela tera quanto pelo mar? Se azo puderem fazer uso destas dus siidas a0 mesmo tempo, pelo menos lhes seri mais fc possuindo as das, usar conta os agressores a mais pia, ‘Além disso, nao é indispensével obter as coisas ne cessirias de que se carece ¢ expontaro supérfluo? Mas € para si mesmo e nao para os outros que © Estado deve comercia. Somente a atracio do lucro faz-com que est- belea em seu temit6rio mercados abertos a todos. Ha ‘uma avareza condendvel, © alo € assim que um Estado ‘0 uma cidade devem praticar 0 comércio. \Veros hoje, em virias localidades, portos ¢ ensea- das comocamente situados com relagio a cidade. Nem {dentro dela nem muito longe, eles sio Fechaclos por mu: ralhas ¢ outras frtficagdes. Se a omunicaclo com 0 & trangeio pode ser de alguma utlidade, ela a encontrari ® «em tal disposigo; se apresenta alguns inconvenicnts,se- i fic preservar-se dele com leis que declarem goats sto faqueles a que se pretende permit ou ndo a entrada pelo lancoradouro ¢ pelo porto, Forgas martimas slo necessiras at certa quantla- de, nto somente para si, mas também para os vizinhos, {quer para ser temiclo por eles, quer para thes prestar au Siig tanto por mar quan por terra. nfimero ea gran- deza dessasfrotas devem ser proporcionais ao género de ‘ida que adotam as pessoas do pais. Se se tata de uma tapital que tem dominio sobre 2s outs, deve possuiralgo ‘com que sustentar esta posiao. Tedavia, no € necessi- rio que ela seja povoada de marinheirs, posts pessoas no devem figurar entre os cidade. (0s soldados da marinha, pelo conti, sto livres e, assim como seus oficiais, provém da infantari. Sto eles {que comandam os marinheiros. Quanto a tripulaglo, & Completada com eamponeses ¢ lavradores dos amedo- tes £0 que se pratca em certos lugares, por exemplo H raeléa,cujasgaleras estio sempre bem tipuladas, embo- fra cidade seja muito menor do que visas outs. ‘Quanto a sua comodidade intinseca,€ preciso, com relagio a situagio da cidade, prestar atengio a quatro "Em primeira lugar, salubridade € essencal: por con- seguinte, devem-se preferr a exposicio € os ventos do Oriente por serem mais saudivetse, subsidiariamente, a fexposicio do norte, por ser menos tempestuoss. Con- ‘vem de igual forma que haja em seu interior abundincia de fontes ou, na sua falta, de amps cstemas para rece ber toda a agua da chuva, a fim de que nfo ha faa «Fligua em caso de cerco, Como o essencil € primeira- » mente cuidar da side dos babitantes(o que depende, so- ‘retudo, da localizacio e da orientacdo, e depois da boa ‘qualidade das Sguas), estes problemas merecem maior tengo, pois nada é mais importante para a sade do ‘que aquilo que € de uso cotiiano e continuo, como 0 a 4 agua. Ponanto, seas éguas Slo ras ou de diversas ‘ualidades, deve-se separa, como se faz nas cidades ber cuidladas, as que slo boas para beber das que podem servi para outros uso. Em seguidla,€ preciso que o local seja proprio para ‘os exercicios e para as reuniesciis, tena sada fics para os cialis © aceso dil para os inimigos ese ain ‘da mals dif de sitar. As fortalezas nao convém de igual maneita a todo Estado: sio as oligarquias e as mona ‘qvias que tém cidades alts ¢ cidadelas, As democracias ‘mam 06 terrenos nivelados. Nem uns nem outtos agri dam 2s aristoeracas, elas preferem certo ntimero de po- sides naturalmente Fores Em terceio hugar, no que se reere as casas patil: res, elas serdo bem mais agradivels e mais cOmodas se seu espago for bem distbuido, com uma estrutura 3 ms rita modema, a0 gosto de Hipédamos”, Nao € que, ‘quanto a seguranga em caso de guera, elas antigamente ‘io fossem melhor concebidas. A entrada era dill para ‘os extrangeitos, ea pilhagem para os inimigos Seria bom -misturar as duas priticase, quando se constr, imitar os vihadeitos, na disposie30 de suas cepas, Nao se alinara todas as uas de um extremo ao outro, mas apenas certas pares, tanto. quanto o permis seguranga e 0 exigira de- coragio. E Enfim, arespeto das muralas, dizer que eas no sto necessrias, nas cidades que se vangloriam de valor e de ” a virtude, € pensar um pouco demais 4 maneira anti. A texperiéncis efutou, sob nossos hos, essa fanfarronada, nas proprias cidades que se jactavam, Embora nao sei muito honroso opor muros de defest a guereiros da mes- mma témpera que nao tém uma grande vantagem numézia, possivel que os sitiantes consigam um tl aéscimo de Forgas que todo valor humano, mas com poucas pessoas, ‘nao possa resistirthes. Portnto, se no se quer morer, rem se expor ao ullaje, deve-se considerar como ut ‘das medidas mais autorizadas pela leis da guesta manter suas muralhas no melhor estado de fortficaelo, prini- palmente hoje, quando se imaginaram tantos insirumen- tos e miquinas engenhosas para atacar fortiicagbes, Nao {querer cerear as idades comm muros € como abit o pals is incursdes dos inimigos e rtirar os obstaculos de sua fren- te, ov como se recast a fechar com muros 2s casts par ticlares, de medo que os que nelas habitam se torem, imedrosos. Devese refer também que as que fem muros a0 redor de suas cdades podem agir como se n4o 0 tives: Sem, opcio que fa aos que no passuem ess protec0, A Disposteao Interior De resto, nio basta cercar una cidade cle moralhas, preciso fazer com que elas sirvam a0 mesmo tempo pam omamento da cidade e para as necessidades da fuer, tanto conta os antigosestratagemas como contra 4s invengdes modernas. Pos, assim como os assaltantes bbuscam todos os meios para vencer, assim também é pre ‘so fazer uso dos que foram descobertose inventar ou tros pra se defender, Ramen se tenta atacar os que es tio bem prepanidos para resist. Ey Bibl ‘Os muos sesto dividdos em compos de uarda e bas- tides, stuados em distincias ¢ lugares cémodos. Tal dis- tbuiglo dara ensejo a que al se instalem salas de refei oes publias, é que, para esta, € preciso que a multidao dos cidados seja dividida em companias, ‘Os templos dos deuses e suas salas de aparato, onde se realzam os banguetes dos magiirades, devem situarse fem lugar conveniente, nas mesmas fortfieagbes, AS me- sas serio colocadas onde se quise, contanto que no seit nos santurios ou em lugares reservados pela lei, como ‘ local do tesouro € dos oniculos, A melhor posigio para ‘ese ipo de edificio seria uma eminéncia elevada 0 bas- tante para sera sede da vinude e bastante forificada pa ra defender as reas crcunvizinhas CConvém que abaixo dessa fortaleza haja, como na ‘Tessa, uma praca livre para os passeios, onde mo hat rnenhum comércio onde nio sejum admitidos nem fa ‘adores, nem antesios, nem outras pessoas semelhantes, se nit forem chamadas pelos magistrados, Este logar 8e- fia ainda mais agradvel se tivesse um local para exerci- ‘ios desinado a diversio dos ancios, em que a decéncia dlssibuira 6s lugares de acordo com a idade; 0s magi trados presidriam ali os exercicios dos jovens © 08 ve~ hos se sentariam junto aos magistrados. Sua presen se ‘mporia © manteria os alores ¢ 0s espectadores dentro dlos limites do respeito © dt modéstia, ‘© mercado deve ficar separido desta pag, aum lo- cal cimorlo e apropriado para que a ele se conduzam to~ dlas as mercadorias que vierem de todos os lugares, por terra e por agua, : Seno a parte eminente do Estado partthada por sa- cerdotes & magistrados, 0 refitorio dos sacerdotes deve 8 ficar pesto das templos. Mas a sala desinada& refeiio dos ‘magistrados subalternos e oulzos oficais menos impor- tantes, tanto da recengo dos contratos ou senten2s quan to dos adiamentos ou outro desses ministrios, ou entao do controle dos mercados e da cidade, fcaré nas proxi- midades de uma eneruzilhada e no lugar mais movimen- tado, como 0 mercado onde se vender os artigos de pri= ‘meiea necessidade. Pois, 20 passo que a outra praca de {que falamos acima € vazia e lie, esta, pelo contrio, fr ‘cand centro das transagdes. ‘A mesma ordem sera observada no campo. Haver pequenos fores destinados ao mesmo tempo a protenet fregilo © abrigar tanto os oficiais chamados florestais. ‘quanto os chamados agrénomos, Deve também havertem= plos nas aldeias, consagrados uns aos deuses, outros a0s, herbi 4 Mas por que determo-nos neste ponto mais tempo? Estes projetos pertencem ao dominio dos descos; sua exe- cugio € um favor que S6 podemos esperar da sort. pt ‘cavtroio vn Das Fungées e das Classes Sociais [As diferentes partes que compoem 0s seres nfo per- tencem todas de tl forma a sua esséncia que sei preci= 0 a sua reunido absolita para constituir um corpo orga nizado, Esta lei geral aplicase 3 Cidade. Embora tteis a sua organizagio, nem todas as partes que a compoem ‘io elementos constitintes do corpo politic. Em geral, rein todas as partes de um todo qualquer pertencem & es. séncia do género. Com efeito, €evidente que existem elementos da Ci dade que s40 necessariamente comuns, como os alimen- tos, osoloe outras coisas de primeira necessiade, Todos tdovem ter acesso a clas em tos os sistemas de igualda- de ou de desigualdade ‘Quando, porém, das cols no tém outa relag20 endo a simples destinagio de ua a outra, quando nio tm nada em comm e uma se limita a fazer & a outa a receber,nio se pode dizer que es pertengam ao mesmo toro. Assim, 0 instrumento e o abalhador no frzem par- feds obra, nem o arquiteto da casa, que no tem nada em. ‘comum com ele €€ apenas o fim propos sus arte. Pela mesma razio, embora o Estado precise de im6 vels, estes iméveis nao fazem parte do Estado. O mesino % ‘corre com os seresanimadlos que fazem parted rique 22 e do patrimdnio de cada um. Os Blementos Necessarios a Bxisténcia da Cldade ‘© Esado ou Cidade ¢ uma sociedade de pessoas se- ‘mehantes com vistas a levar juntas a melhor vida posst- vel. Sendo, portinto, a Felicidade © maior bem e consis- tindo no exercicio e n0 uso perfeto da vitude, e sendo ‘possivel que alguns paricipem muito dela e outtos pou- ‘co ou absolutamente nada, esta diversidade teve neces- ‘sariamente que produait virias especies de Estados e de ‘aovernos, segundo 0 enero de vida e os melos que cada povo emprega para alcancar o bem-estar Vejamos, pois, quas sto as coisas que a sociedade politica nao pode dspensar. Aqueles que chamamos de ‘seus membros devem necessariamente ocupar-se dela. Para isso, basta contar suas fungbes. A enumeraca0 colo” ‘ard diante de nossos olhos 0 que buscamos. A Cidade precisa 18 de viveres 22 de artes e ofiios, pois a vida necessita de muitos fastrumentos; 3° de armas, quer para manter a autoridade no inte- rior submeter os rebeldes, quer para repelir os assaltos fnjustos do extedors "de numeririo para © comércio dos cidados entre si e para 0s negécios da guerra: 58 de ministros ~ € € por ai que deviamos ter con ‘cao ~ para 0 culko divino, ministério que se chama sa cercécio; 6 enfim, 0 que € de uma necessidade ainda mais Indispensivel, de conselhos ¢ de tnbunais que conhegamn toda espécie de imeresses ¢ de direitos de cidadto para cidado. [Ess slo, aproximadamente, as fungOes € 0s funcio- nirios de que todo Estado precisa. Pois, mais uma vez, tum Estado ou sociedade politica nao é uma massa qual (quer, mas uma multida que tem tudo de que precisa par subsist por si mesma, suficiéncia que no existe se faltar uma destas coisas. Poranto fi que so estas a fun- Bes © profisces que constitiem s Estado, deve haver rnecessariamente em todo Estado tos lavradores que Ihe fornegam viveres, anesos,miltares, pessoas sicas, sacerdotes e gente que faca a inspego das coisas neces A Espectalizagao das Funcoes Uma vez determinadas estas fungSes, precisamos ver se todas indiferentemente dever ser comuns a todas a8 pessoas (pois poderia acontecer que todos fossem 30 mesmo tempo lavradores,artesios, membros da Assem- bei e juizes) ou se, pelo contririo, convém que cada tum se especialize, ou ainda se algumas fungoes devem ‘ser comuns e outras ser prOpriss@ tals e tas pessous. Iso nio ocorre uniformemente em todos os gover nos, pois, come especiicaremos, pade haver govemos ‘hi, efevamente em que todos so admitdos em to dos os cargos, enquanto que em outros alguns sio reser- vados a determinads chusse, Provém dai a diferenga das formas de governo, ji que, nas democracas, todos parti- cipam de todos os cangos sem excegio, € 0 inverso 0cor- re nas oligarquias. Mas estamos procurando aqui a melhor constiuiglo possivel, sto €, a que melhor garanta a flicitade do Es tado, Ora, como vimes,¢ impossivel separar a Felicidade da virtue; portato, & elaro que nium Estado to perfei- tumente consitudo que nfo admita como cidados senio pessoas de bem, no apenas sob certos aspectos, mas in- tegralmente virtuosos", mio devernos contar entre 0s ci- adios aqueles que exercem profissbes mecinicas ou co- merci, Sendo esse género de vida igndbil e contro & virtude; nem mesmo os laveadores, pois € preciso mais lazer do que cles tém para adquirr vimudes © para 0 cexercicio dos cargos civis. Restam, portanto, os homens de guerra, 08 membros ‘do Conselho que deliberam sobre o interesse pablico e 10s juizes que sentenciam sobre o dieito dos pleteantes. Sio estes, sem dvda, 08 principais membros do Estado. PPergunta-se se estas fungoes devem ser divididas ou se podem ser acumuladas, & também evidente que, uma ver que certas fungies exigem idades diferentes — uma cexige prudéncia, a outra coragem -, devem empregar-se pessoas diversas. "Nada impede que elas passem em seguida de uns pa- 1a outros. £ até bom que isto acontega. Nao podem per- manecer sempre subordinadas pessoas que podem fazer ‘violencia ou impedir que a fagam a si proprias, pois faz parte do poder das forgas armadas conservar © Estado ‘4 dernubi-lo, O nico recurso € confiar as duas pares Jo ‘governo aos mesmos individuos, ndo 20 mesmo tempo, ‘as em pocas diferentes, segundo 0 merto © a ordem ‘da natureza: primeieo, na juventude, o comando da fore ey armada para defender o Estado; depois, quando mad- fos, # autoridade para governd-Io. Tal dstbuigao nao & apenas conforme as leis da natureza, mas convém igual- mente a0 interesse © a dignidade do Estado. CConvém que 0s cidadios também tenham riquezas. Dever gorar de ceria prosperidade, pois cidadania no pode prostituir-se pelos tabalhadores manuals, nem por ‘uttas pessoas a quem a pritica da vitude € desconhec {a Pst € uma conseqdéncia de nossos principios. Como fa vinude indispensivel para a felicidade, a Felicidade {do Estado nao deve limitarse a uma de suas pares, mas barca a universalidade dos eidadios ou dos proprieti- ‘os. Somentesio verdadeiros cidadhios aqueles sos quis pertencem os iméveis, pois a simples cultura quase que 86 pode convir a pestoas de condicio servil ou bisbara, ‘assim como aos camponeses que por nascimento estio ligados a terra De todas as fargdes que enumeramos, resta ainda 2 dos sacerdotes. Sabemos por antecipacio como devemos prove-la, Convém ndo ligar a0 culto divino seo cida- ‘ios, e no se devem educa para saceedécio nem lavra- ‘dores que paxam anido, nem trabathadores que saern de ‘sua fora. Tendo a universalidade dos cidadios sido dvidi- dda em duas classes, a dos homens de guera © a dos ho- ‘mens de lei, € af que se devem tomar 0s ministas da reli ‘Bio, E justo, ademas, proporcionar 20s magisradosalgum descanso apes longos servigs e, por conseguint, prefer fos para as trangia fungbes do sacerdécio. is quais sio os elementos necessrios para a com: posicdo de um Estado e quais slo 0s membros do corpo. politico. A classe dos instrumentos necessirios perten- ‘cem os lavridores, 08 artes e todos 0s mercenitios; 3 dos cidadios, os homens de guerra € de lel, quer exer- fam estas fungdes de uma vez pari sempre, quer as ‘exergam alternadamente, Cardter Tradiclonal das Classes sta necessdade de dividir 0 Estado em classes di ‘verss, segundo a variedade das funcées, ¢ de separa os homens de guerra dos lavradores nao & uma invengio de hoje, nem um segredo recém-descoberto pelos filsofos que se ocupam de politica. Tal distincio foi introduzida ‘no Egito pelas leis de Sesdstrs e em Creta pelas de Mi ‘nos. Elas ainda subsistem atualmente estes lugares, Remonta igualmente a Minos a insttwigio das refei+ ‘bes pablicas.Todavia, elas se ealizavam a ela muito tempo antes, Os sibios do pais contam que um cetoIta- Is fo rei na Enoria. Os habitantestomaram seu nome e, ‘em vez de enotrianos, se chamaram italianos. O nome de Ilia ficou também para a costa da Europa entre 0 oll ‘de Cétics eo golf Lame, stants mea omadla um do ‘utro®. Segundo estes historiadores, foi Italus quem, de pastores erntes, (mou Os enotrianos lavradores seden- trios. Ene outa leis que thes deu, estabeleceu pela pi ‘mea vex que comessem juntos Este costume ainda hoje se observa ene alguns de seus descendents, asim co ‘mo algumas outeas de suas leis. Os 6picos, atigamente ‘chamados ou cogeominados ausénios, nome que thes ficou, habiavam a costa do Tireno, e 0s exonianos, des- ‘cendentes dos enotrianos, a praia chamacla Sines, entre 4 Tapigiae a Jonia. Foi, portanto, dessa regido que veto 3 ‘moda das reeigoes pablicas, assim como veio do Egito 2 divisio do povo em classes e géneros, so bem antes de Minos, que & muito posterior a Ses6sti E bem crivel que muitas outras coisa foram inventa «das varias vezes,talvez 20 infinito, na longa seqiéncia dos séculos. Ao que parece, incialmente a necessidade in vventou as coisas necessirias; em seguida, por adjung0, as que servem para um maior conforto e para ornamen- to, O mesmo ocore com a legislaplo & as constituigbes vis. Podemos conjecturar como elas sio antigas pelo ‘exemplo dos egipcios, que remontam & mais alta antigut dade © desde sempre tiveram leis © uma constituigio, ‘Gabe a nés aproveitar suas boas invengoes e Thes acres ‘centar 0 que les fla A Partilha dos Bens Se 0 pais deve pertencer aos homens de quer © 208 aque governam o Estado, mio pensimos, pore, como guns", que todas ay quer eam ser Comins; ate- tittmos apenas ue seu uso deve ser comunicado como ‘ae entre amigos, de modo qe a eum cidadio pos Shar o pi Todos concortam que as mesa comune as refeiges pics convémn s ciades bem organ das polticament, Io também aos agrada, as © prec $0 qe nas os os citation sejam recebidos rat Tent; caso contro, ndo seri fc para aqueles que sO {Gro esto necesiio fomecer a sua pane e anda a= far om o sustento de sua fala ; ‘Outro po de dexpesa comm a rodo 0 Estado Ox do clo, portant, necessrio divi a tera, pimein™ ‘ment, em doas partes, deixando uma em oman e eon signando a outra aos particulares; depois, se subsliviica ‘ada fragio em das outs; das duas que restam para a ‘ago, Una seri destinada as despesas do culto, a obtra yuanto aos dois lotes de proprie- ddades privadas, um seed nas fonteiras, outro perto dc as refeigdes pablicas; dade, fim de que eada qual ten ‘ua subsisténcia ga- rantda nos dois lugares. Por esse meio, sendo todos tra- tados igualment, no havers inustigae, se ocoerer uma ‘guerra com os Vizinhos, eles se entenderto melhor entre Si Agindo de outra maneira, uns ipcomodariam pouco coma inimizade dos vizinhos, enquanto outros a teme- Flam muito, mais do que convém. Assim, em certos pat ses, existe uma lei que proibe admit cidados limitrofes dos paises inimigos nas deliberagoes sobre a guerra a ser feita daqueles laos, por ndo serem capazes, em razio de seus interesses paniculares, de bem dscutir 0 assunto. “Quanto aos culivadores, se for possvel escolher, de- ‘vem Ser todos escravos, mas nem de uma mesma nagio ‘ou de mesma tbo, nem audaciosos demais, Fes serio ‘mais Gteis nos traballios do campo e menos inquietantes para o Estado, Na falta de escravos, tomar-se-do traba- Thadores do pals vizinbo, de mesmo cariter que os ac ‘ma, Os dos proprietirios particulaes Ihes pertencerdo & culivardo suas ferras, 0s da nagdo serdo escravos publi cos ¢ explorario a gleba comum, |i indicamas como se deve usar dos escravos e por {que € melhor darshes a todos, como recompensa, a pers pectiva da liberdade. Ribiotees Ce Livro IT Dos Governos cariraio xx Das Diversas Formas de Governo A Constitigto integral diz 18 de quem e de que espécie de pessoas um Estado deve ser composto; 2 como deve ser governado para ser feliz e flores- Exe segundo ponto de vista leva-nos naturalmente ao exame destas questes: hi apenas uma forma de ‘governo ou varias? Se houver vras, quantas e quais sic? ‘Quais sto as diferencas entre ela? CComecaremos pelas formas juss. Elas nos permiti- ‘lo imediatamente conhecer 0s excessos que as tornam, injustas. (0s Critérios Distintivos: Nuimero e Justica © governo & 0 exerccio do poder supremo do Esta do. Este poser 56 poderia estar ou nas maos de um $6, 08 da minoria, ou dt maioria das pessoas. Quando 0 mo: ‘area, a minora ou a maloria nio buscam, uns ov outros, sendo a Felicidade geral, 0 governo & necessasamente ” justo. Mas, se ee visa ao interesse particular do principe 10s ‘ou dos outros chefes, hi um desvio, © interesse deve ser ‘camum a todos ou, se no 0 for, n4o sto mais eidadtos. CChamamos monarquia o Estado em que o governo ‘que vista ese interesse comum perence a um saris tocracia, aquele em que ele & confiado @ mais de um, ddenominacio tomada ou do fato de que as poucas pes soas a que 0 governo € confiado sto escolhidas entre a8 ‘mais honesas, ou de que elas 56 tém em vista © maior bbem do Estado e de seus membros; publica, aquele em, ‘que & multidio governa paraa utilidade pica este no- me também € comum a todos os Estados. ‘Todos estes terms sto bem escolhides. Poucos ho- mens excelem em mérito. Contudo, é possvel que haja ‘um ou alguns, em pequeno mtimero, mas € dificl que se tencontrem mbitos homens eminentes em todos 0s gene +o, sobretudo na espécie de valor que a profissio mil tar exige. Ble s6 pode ser adquitido nas nagses guerre. Assim, a parte principal de tal Estado consist em homens de guerra e seus primeires cidadaos s80 os que portam "Estas ts formas podem degenerar: a monarquia em tirana asstocracia em oligargui a repablica em de~ mocracia, A tania no &, de fato, senso a monarqui ‘oltada para a wiidade do monarea; a oigarquia, para a utldade dos ricos; a democracia, pars a utlidade dos po- bres, Nenhuma das tés se ocupa do interesse pablo. Podemos dizer ainda, de um modo um pouco diferente, ue tirana € 0 governo despético exercido por um ho~ ‘mem sobre o Estado, que a oligarquia representa 0 go- ‘yerno dos ricas ea democracia 0 dos pobres ou das pes- soas pouco favorecids. 106 Discussao dos Gritértos ‘Vale a pena determo-nos em cada uma destas formas para esclarecer as cividas que suscitam. Quando no nos Iimitamos & pritica de uma arte, mas nos elevamos 20 conhecimento de seus principios nao devemos omit na- dla, nom nada tratar ligelramente. F preciso, sobre cad pponto, achar a verdade em sus maior evidéncia, Eis de inicio uma primeira critica das definigdes que acabamos de dar: significando a democracia propriamen- te 0 poder da mulidio e a olgarquia o da minoria, nos sa definigio no se revelaria falsa se houvesse mais ricos do que pobres e fosse a maioria de ricos que governas- s€ 04, a0 contro, send eles superiores em nimero, fos sem governados por tm ntimero menor de pobres? Su pponhiamos ainda © menor niimero para os ricos e a mul- tid para os pobres; se no houver outras especies de Estado a nio ser as seis que enumeramos, a que classe pertencerio as ihimas que acabamos de imaginar aquela fem que domina a mulidao dos ricos ou Aquela em que se sobressai uma minoda de pobres? Deveriamos inven: ‘arnomes para eas? Nao 6 preciso. A minoria ea maio~ ria devem ser encaradas apenas como acidentes, um da cligarquia, outro da democraca, sendo comum em todos (0 lugares que haja poucos ricos e muitos pobres. A es- ‘Qusitice destes casos paricuares no deve, portanio en- pedir que a oligarquia se ditinga pela riqueza e a demo- ‘racia pela pobreza. Assim, quer formem a minorla ou a Imaioria, se to os ricos que comandam, ser sempre oli ‘garquia; se S10 08 pobres, a democracia, Mais uma veg, {um acaso muito raro que haja poucos pobres e multos tlcos. Mas tos podem ser livres, Ora, a administrag da coisa pablica € disputada pela liberdade e pela opu- lencia ‘Acausa de tanta espécies de govemo é a quantidade das diversas partes de cada Estado, Pode-se ver que eles slo compostos de familias, que nesta multilio uns sto sicos, outros pobres € outros estio numa situaedo média {que entre os pobres e os ricos uns se devicam 3 profisio clas armas, outros permanecem civis; que entre aqueles {que formam o que chamamos de povo uns sio lavrado- res, outros mercadores, outros ainda artesios etrbalha- lores manuais; que entre os proprios nobres também hd diferenca pela siqueza e extensio do patriménio, que permite alguns deles, entre outras cosas, criar cavalo, ‘6 que no é facil para os de fortuna mediocre ‘A oligarquia, por exemplo, estabeleceu-se desde 0s tempos mais remotos em todos 0s lugares que tinham oa cavalara a sua principal forca, como os eretrianos, os de Cilcides, os magnésios do Meandro e virios outros po- os asiticos. Montava-se a cavalo para combater 0s ini migos dos arredores Além das diferencas de riqueza, hi também as que slo criadas pelo nascimento, pelo mésito ov por qualquer ‘tra prermogativ Dissemos no capitulo precedente quan tas classes necessérias ha em todo Estado, Em alguns Es- tados, todas sto admitidas ou admissive's no governo; em outros, s6 algumas sio aceitas. Donde se segue que hd viris especies de Estados, io diferentes etre si quanto 0 ‘lo suas partes integrantes, Com efeto, sua Constimicio rio € sendo a ordem dos poderes ou magistanuras que rlas se distbuem a todos, ou entdo segundo a espécie ‘ igualdade comm aditida quer entre os pobres, quer fenize 0s reas, quer entre ambos. Poranto, deve haver 108 tana formas de governo quanias omens estabelecidas segundo estas superioridades, em qualquer gener que for fe segundo estas diferencas entre as partes inegrantes AMonarquia iso ugar natural para watar da monarqula, que eolo- ‘amos entre os grandes governos, Devemos éize,incial- meni, se 6 ha ums especie de monarquia ou se i virias. ‘Que haa muitas e nem todas se paregam &algo mut to fic de observar. No Estado da Lacedemnia, por exemplo, hé uma rmonarquia das mais legitimas, mas 0 poder do rei nao € abso, a iio ser quando © monarca estiver fra de seus Estados © em situacao de guerra, pois entio ele tem a autoridade suprema sobre seu exército. Além disso, ele tem no interior a superintendéncia do culto e das eoisas sagrads, Esta espécie de monarquia nao €, pois, sendo tum genentato perptue, com plenos poderes, sem porém. ter o dieito de vida e de mone, a nao ser em cento domi rio ou, nas expedligbes militares, quando se esti comba- tendo, como era costume antigamente. Eo que se chama lei do golpe de mao, Homero refere-se a cla. Segundo ele, Agamemnon, na Assembleia do povo, tolerava as pal vis menos respeitosas. Fora dali, de armas na mio, tinha © poder de morte sobre os soldados delingientes Assim, Homero o faz dizer: “Aguele que eu vr perso dos barcos sombrios Furtarse como covarde dos perigos e dos trabalbos . ‘De minba justacélera nada poderd salvd-lo, = ‘Sua vida estard em minhas maos: ee esperard em wo 109 ‘Bscapar aos abutres com fome de carne, (0s aes cispersardo seus restos mutilades. © comindo militar inamovivel 6, ponanto, um pri- mito tipo de monarquia, sendo umas hereditiias ¢ ou- teas eletivas, Encontramos exemplos de outra espécie de monar- {quia junto 2 alguns bisbaros. Os res tm ali um poder due se aproxima do despotismo, mas € leitimo e here- listo, Tendo os bacbaros natralmente 2 alma mats se- vil do que os gregos e os asitcos, eles suportam mais do que os europenis, sem murmaros, que sejam gover: znades pelos senhores. por iso que essis monarquias, ‘embora despeticas, nto deixam de ser estiveis esoidas, fundadas que sio na lei e wansmissiveis de pai para flho. Pela mesma razio, sua guarda € real, € no titinica, pois (5 reis sio protegidos por cidadaos armados, a0 passo ‘que os déspotas recorrem a estrangeiros. Aqueles gover nam de acordo com 2 lel siditos de boa vontade; estes, pessoas que 6 abedecem contrafeitas. Aqueles Slo pro. tegides pels cidadios; estes, conta os cidados, Sio, por- tanto, dois tipos diferentes de monarquis ‘Outta expécie, usual entre os antigos greyos, &« que se chama Aiymnetia ou despotismo eletivo®, O poder concedido pelo povo era diferente do dos ris birbaros, ‘io por ser contra lei, mas unicamente porque nio era ‘nem ordiniso, nem transmissivel. Uns 0 conservavam por toda a vida, outtos por um prazo fixado ou apenas para alguns negécios, como Pitaco, que os mitilenos elege= ‘am contra os banidos chefiados por Antiménides e pelo poeta Alceu que, chelo de fl ede furor, © menciona em. lum de seus poemas. Hle censura seus concidadkios por terem colocado sua miseravel pts sob a trania de um Pitaco, homem de baixa extraglo e sem maior mérto do {que ter so bajlador nas Assembléias, Estes principados Sto, portanto, ao mesmo tempo despéticos pela maneira, ‘com que a autordade ¢ exercida e reais pela eleigio € ‘pela submissto espontinea do povo. ‘A quarta espécie de monarquia real € a monarguia dos temipas berGicos, que, por Si consttuiglo, ert Vor Tuntiia-e hereditiia, Os primeitos monarcas foram 05 benfetores do povo pelas ates que the twouxeram, pela fucrra que travaram por ele, pelo cuidado que tveram Je reutlo ou peo testi que the consignaram, Acetos ‘como reis, transmitiram por sucesso sa cofoa a poste ‘dade. Possulam a superintendéncia da guerra e dos si- Cifcios que nao os da algada das sacerdotes; além disso, julgavam os processos, uns sem juar, outros sob a auto Fidade do juramento que prestavam ao elevar 0 ceto. (Os eis dos primeiros séculos tintiam autoridade sobre todos 0s negocios de Estado, tanto dentro quanto fore, para sempre. A partie dai, quer porque abandonaram por Simesmos uma parte da autoridade, quer porque tenfiam sido despojados dela pelo povo, foram reduzidos em alguns Estados 2 simples qualidade de soberanos saci- ‘adores ou pontfices e, nos lugares onde se conservou ‘o nome de re, & simples faculdade de comandar os exér citos além das fronteiras. “Assim, ha quatro espécies de monarquia a primeira, que € a dos tempos hersicos, procede de una submissio livre e voluntria, mas limitada a cer- tos abjetos, como a quer, os julgamentos © o cult, “a segunda, a dos bisbaros, ligada a cert rasa € desptiea, mas conforme a lei ou convene primitiva = a terceia, Aigymnética, que € também um despo- tismo eletivo; 41 quarta, A maneira da Lacedeménia, isto €, uma autoridade perpétua e transmissivel aos descendentes 50 bre as coisas de guers, ‘Mas existe ainda uma quinta espécie: 6 a soberania {que uma cidade isolada ou uma nagao inteta conferem a um 56, sobre todas as pessoas e sobre as coisas comuns, para governi-las 4 maneira do pai de familia, Assim como, © poder doméstico ¢ de algum mado a monarquia de una cast ou familia assim também a monarquia @ uma espe ie de regime paternal e familiar de uma cidade, de urna nnagao ou de varias. Entre esas diferentes espécies de monarquias, ape- ras duas merecem alguma atengor estas de que acaba: mos de falar e 2 da Lacedemdnia. A matoria das ours, lo so sendo especies médias ene elas, menores em po der do que a monarquia em sua plenitude, mas mais con- sideriveis do que a da Lacedeméni. AAristocracta (© nome de aistocracia convém perfetamente 20 re time que ji mencionamos acima, pois nao se deve, com. feito, dar este nome sendo a magistatura composta de pessoas de bem sem restricio € n4o a essas boas pessoas ‘em que toda 2 retido se limita 20 patriotismo. Na aso ‘raca, 0 titulo de bom cidadio é sindnimo de nobeeza. O8 bons eidadios dos outros Estados s6 so bons para sua Constinicio, Existem, porém, algumas outras Replicas, cambem hhonradas com 0 nome de aritocracas, que diferem dos Estados oligirquicos © da Repablica propriamente dita Biblioteca Contest Sto aquelas em que os magistrados sto eletos nde ape- nas em rio de sua riqueza, mas pelo mérita. Embora slferente das duas de que acabamos de falar, esta forma, também se cham aristoritics. Nos pr6prios Estados em, ‘que no se cuida tanto da vied no deixa de haver pes soas com reputacio de probidade. Ha, poranto, um ar de aristocracia em toda parte onde se observa a vitude, tembora seam prezadas também a riqueza e a popular~ dade, como entre os lacedemdnies, que unem a popula ridade as consideragées devidas 4 vide, Sao estas duas ‘species de arstocraca,além da primeira as tinicas a me recerem 6 nome de excelente ¢ pecelta Repiblica ‘Numa itima forma serio compreendidas, se se qui- ser, as Repablicas que se inclinam um pouco mais para 2 oligaequia A “Republica” Resta-nos falar da “Repsiblica” propriamente dita Re- servamo-la para 0 final ndo por ser uma depravagto da anstocraca, de que acabamos de falar (pois € normal ‘comegar, como fizemos, pela formas puras e depois i 3s. formas desviadas), mas porque ela reine © que hi de bom fem dois regimes degeneridos, a oligarquia ea democra- a Assim, a exceléncia deste governo sera mas ci de ‘compreender mais adiante, quando tivermos exposto 0 que diz espeto aos dois sistemas de que ele € apenas uma ‘Chamamos comumente “republicanas' a formas que se lncinam para a democraca e “aritocrtcas” as que ten dem para a oligarquia, porque € mais comum enconteae us saber e conhecimento entre os rcos. Adem, orcas So ‘menos expostos & tentaglo de agit mal, possuindo o que seduz aos outros. £ por isso que os chamam de fidalgos, ‘cavalheiros © notivels, Assim, propando-se a aristocraia 4 dar preferéncia aos bons ¢ honestos cidadaos e pos- suindo 2s olganquias maior ndmero destes cidadios do ‘que outras, € impossivel que um Estado governado por tais pessoas ndo tenha boas leis; da mesma forma, no podemos chamar de aristocracia 0 Estado governado por ‘mis les: seria uma poneroeracia™ Mas, para que um Estado seja bem organizado poli- ticamente, ndo basta que tenha boas leis, se nao cuidar dda sua execusdo. A submissio as les existentes & a pri meira parte de uma boa ordem; a segunda € 0 valor i trinseco das leis a que se estd submetido. Com efeto, pode-se obedecer a més leis, 0 que acontece de das ‘maneiras: Ou porque as circunstancias nto pesmitem me Totes, ou porque elas sio simplesmente boas em si sem convir 3s circunstincia. ‘A aristocracia consiste principalmente em atebuir os ‘cargos mais altos segundo 0 mest. A virude & seu pr meiro objeto; a riqueza, 0 da oligarquia; a iberdade, 0 ‘a democracia Estes trés governas ttm por méxima comum decdit pela maloria das opinides. Em todos os ts, o que é de ‘dido pela maioria dos que tm estatuto de cidade, nesta qualidade, panicipam do governo adquire forga de Tei & principalmente isto que caracteriza © verdadeiro Estado, S6 08 Estados mistos considera ao mesmo tem ‘po 0s rcos ¢ os pobres, 2 opuléncia e a liberdade, pois (8 ricas quase em toda parte desempenham 0 papel de aristocrats m4 Como hii 8s razdes para pretender a igualdlade no govern a saber, a liberdade, a opuléncia e a virude (pois 4 nobreza, cla Como a quara, € apenas ums conseqién (a da virtude nida antguidade da riqueza), a combina ‘lo de dus dessa rz0es, isto €, dos pobres com os rcos, ‘deve sem problemas chamar-se Republic; a combinagio dds ts arstocracia, nome que ~ pondo de lado verde ‘eit e pura aristocracia de que falamos mais acima € que 4 primeira de todas ~ lhes convém bem mais do que “qualquer outro, apesar da mistura das formas, (© que dissemtos leva-nos naturalmente a saber como 4 Repablica se forma da democracia da oligarquia, € ‘como ela deve ser constituida. Ao mesmo tempo, logo ‘veremos como & preciso definir a democracia e a oligar- ‘Qua, © como se distinguem. Feta esta dstingto, basta fa- er com que se lige, sto tomar alguna parte das dass ‘e reun-las;teremos entio a Repiblica que procursmos. i trés maneiras de fazer este amflgama ou combi aga: ‘A primeira & reunit a legislacao das duas sobre agu- ‘ma matéria, por exemplo, sobre a ordem judiciria. Na ‘oligargai, a lei nto concede aos pobres nenhuim sitio para adminisrar a justiga € estabelece penas contra os Ficos, caso se recusem a fazer parte de uma assemble fa democracia, lei dl um salrio aos pobres mas no aplica nenliuma pena aos ricos. A mistura conveniente a0 Estado, que ocupa o meio entre estes governos ¢ € com posta pelos dos, € conceder o saliio aos pobes e apli- cara mula 208 tics. ‘Uma seyunda maneira €ficar no meio do que rde- ‘nam os dois regimes. Entre admitir nas Assembléiag ge fais os que nio tim nenhuma renda ov muito pouca € 6 bs aceitar os que tém muita, a méela &receber os de rend ‘mentos modestos, ‘Um terceiro modo € acolher do governo oligirquico do democritico © que cada um tem de bom. E demo- critico, por exemplo, escolher os magistados por sor teio;oligirquico,elegé-los; democritico, no considerar 1 renda; oligirquico, la em consideragio, Portanto, ‘onvi arsiocracia © a Repiblica tomar emprestado das ddaas, isto 6, da oligarquia, as eleigdes, «da democracia, 1 elegibilidade sem consideragao pela renda, Estas slo as maneitas de mesclar. Mas a perfeiczo do amalgama 6 nao mais se poder dar 0 nome de oligarquia, fe de democricia ao govern misto que dela resulta. A dificuldade de qualificagto torna-se indice de excelénca "Tomar os dois extremos é também propriedade do justo Bo que se observa no Estado da Lacedeménia. Mul- tos, com efeito, o colocam na classe das democracias, porque cle tem muitasistiuigoes dessa nanureza. Na edu cago das criancas, a comida € a mesma para os filhos dos fcos e para os dos pobres, a mesma instruc sma severidade no trto; na dade seguinte, o mesmo ge nero de vida quando se tornam homens. O rico ndo tem ali nenfum sinal exterior que o distinga do pobre; ambos ccomem da mesma care nas refeigdes publicas, vestem- se com os mesmos tecidos, que o pobre, qualquer que soja ele, pode com facilidade obter. Alem disso, das dias imaiores magistrtura, © povo designa uma participa dda outs clege os senadores e administra a efora, Outros, porém,consideram oligdnuico este mesmo governo, por {que tem muitas cosas em comum com a oligarquia; prin ‘ipalmente, que todos os seus magistrados sao eletos © 16 rnenhum ¢ escolhido por soreo, poucos tém o poder de ‘condenat 4 morte ou 20 banimento, ec. ‘Num Estado bem equilibrado, € preciso que 0s dois ‘elementos sejam observados e nenhum dos dois se 50- bressaia demais; que el tena, além disso, meios para se ‘conservar a si mesmo, sem precisar de auxiios de Fora, ‘de manera que ele deva sua salvago nao a benevolen ‘ia dos vizinhos, o que pode acontecer com os stacios de- ppravados, mas a0 contentamento de todos os seus men- ‘ros, dos quais mio hi nenhum que dese out governo, ATiranta Restz-nos estudar © que chamam oligarqua, demo. Em toda a extensio da comupelo,& fil ver qual & a pior © qual vem a seguir. Quanto mais & monarquia se proxima idealmente do govemo celeste, mais sua alter lo é detestivel. A monarquia mo passa de um vio nome, Sse io se distingue pela grande excelencia de quem rina ( vicio mas cliametalmente contririo sia institu € a tania. Poranto, é mbém o pior dos governos Trataremos dela, nfo porque merega longos discur sos, mas para nao omi-la, tendo aunciado na indict ‘0 do niimero dos governas". Ao tratar da monarquia propriamente dita, disingui mos no mesmo passo dua espécies de trans bastante anilogis entre sie com relagto 4 monarquia, bastante jeitas 3 passagem de uma & utr, sendo ambas leitinas Certs povos barbaros elegem eis aos quais concedem ‘um poder absoluto, Ente os antigos gregos, habia quale mente monarcas que eram chamados de Alsymnetas, Ur ppotco semelhantes a ests reis. © que distingue estes Es- tados € que eles eram 30 mesmo tempo legitimos ~ por ter sido a monarquia concedida voluntariamente ~ ti nicos ~ porque o poxler se exerca despoticamentee con- Torme o arbicio dos princes. ‘A terceiraespécie de tranial aquela que mantém pro- priamente o nome, em oposicio a monarquia, «que mais. ‘merece, & do homem sem qualquer responsabilidade ‘ou censura que comanda em seu proprio interesse, € ino no de seus sGditos, outros seus semelhantes, no ra ro melhores do que ele; dominio que, por isso mesmo, 6, no que ange a eles, involuntirio, pois homens livres ‘io podem suporar de boa vontade tal avikamento, A Oligarquia A oligarquia ocupa o segundo lugar entre 0s gover- ros depravados®. E bastante distin da aristocrat. ‘A primeira forma de oligaquia 6 aquela em que as magistraturas sio dadas as grandes riquezas. Excluem-se (6s pobres, embora sejam maioria, mas quem quer que tenha aleancado o grau de riqueza prescrto @ apto para (5 cargos. Tal indice mantémise até nos limites da mais simples mediocrdade. Isto basta para ser admitido nos ‘eargos. Como 0s partcipantes sio a maioria, € necessa- Flamente a Tei e nao 0 capricho que domina, Hles si0 tanto menos tentados a aspirar A monarquia quanto suas Faculdades sio mais modestas e, no passindo nem ri ‘queza suficente para viverem desocupados, nem tampo co que seja preciso alimenti-los 2 eusta do piblico, eles preferem a sua propria dominagao a da le 18 MOM Teka dla Biblioteca Coepest A segunda espécie € aquela em que os propretirios so minoria, mas mais ricos do que os da. precedente. Sendo mais poderosos, querem também ter mais autori- dade, Para s80,escolhem como coleyas gente de seu tipo. Os postos sio concedidos aos mais ricos e nomelam a si proprios em caso de vacincia. Se a escolha se fizesse fentre todos, sera aristoeritica; 0 que a tomna oligérquica fe que ela se faz numa classe determinada. Toxavia, nto sendo poderosos o suficente para governar set leis, teansformam em leis 2 preferéncia que se arrogam, Se seu mero diminuir © sua riqueza tiver novos aumentos, forma-se um terceira grau de oligarquia, no ‘ual, aproveitando a ascendéncia que adquitiram por seus posts, fazem com que se ordene por uma nova let {que seus filhos serdo seus sucessores. ‘A quara € aquela em que ocorrem as mesmas cok sas, mas dominant 0s magistrdos e no a lei Tendo au- ‘mentado ainda mais sua riqueza € seu crédito, a potén- ‘ia dos oigareas aproxima-se da monarquia. Este vicio € semelhante toto a tirana que se introduz nas monat- ‘quias quanto a Gtima espécie de democracia, de que fa- laremos. Chama-se dimasta ou, mais exatamente, polite tania esta espécle de oligarquia" A Democracia No se deve, como costumavam fazer certs pessoas,

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