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Jornal Valor Econômico - CAD B - EMPRESAS - 27/10/2009 (20:23) - Página 3- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW
Enxerto
Empresas | Tecnologia&Comunicações
Telefonia Segmento de equipamentos de rede já é
responsável por 67% da receita mundial da fabricante
Motorola acelera
plano para dividir-se
em duas companhias
Gustavo Brigatto
De São Paulo
Se Sanjay Jha é visto como o he-
rói que tem a missão de salvar a
unidade de celulares da Motorola
de um fim trágico, Greg Brown po-
de ser considerado o timoneiro
que está conduzindo a empresa
pela tempestade que nublou seu
horizonte nos últimos anos.
O executivo está à frente dos
negócios de mobilidade para go-
verno, empresas e redes domésti-
cas, unidades que funcionam de
maneira autônoma desde que a
Motorola se dividiu internamen-
te em duas, em 2008. A medida é
uma preparação para a separa-
ção completa, em duas empresas
distintas de capital aberto, em
um futuro próximo.
A área pela qual Brown é res-
ponsável, chamada de soluções
de mobilidade em banda larga,
entrega hoje 67% da receita de
US$ 5,5 bilhões da companhia e
todo o lucro de US$ 26 milhões
apurado em seu trimestre fiscal
mais recente. “Temos uma opor-
tunidade fantástica para rebalan-
cear e redefinir essa companhia
como uma corporação voltada a
sistemas e serviços para empresas
e governos”, diz o executivo em
entrevista exclusiva ao Valor.
Sistemas de comunicação para
segurança pública, estrutura de
mobilidade para ambientes cor-
porativos e projetos de inclusão
digital, televisão pela internet e
automação comercial são algu-
mas das apostas elencadas por
Brown. “São negócios com ciclo
de vida mais longos, nos quais já
temos escala, presença e proprie-
dade intelectual”, diz. E o Brasil é
parte importante destes planos.
Brown destaca que a Copa do
Na área de celular, esforço é para recuperar prestígio
Heloisa Magalhães
Do Rio
Faz tempo que o modelo do ce-
lular usado pelo consumidor é
visto como um símbolo de status,
da mesma maneira que seu carro
ou a marca de roupa que ele ves-
te. Agora, porém, com a diversi-
dade de produtos e a dissemina-
ção da tecnologia, o telefone está
se tornando ainda mais revela-
dor dos hábitos de consumo. Por
exemplo, quem usa um telefone
inteligente — os celulares que
dão acesso a e-mails e redes so-
ciais — tem tudo para ser um
usuário atento, que gosta ou pre-
cisa estar acessível o tempo todo.
O tipo de terminal pode mostrar
até o lado psicológico do usuá-
rio, dizem os especialistas, uma
nova percepção que os fabrican-
tes de aparelhos querem usar pa-
ra fixar marca e ganhar adeptos.
A ligação com o celular hoje é
tão próxima que é comum o con-
sumidor voltar para casa quando
percebe que esqueceu o telefone,
diz William Ogle, executivo
mundial da área de marketing da
área de terminais celulares da
americana Motorola.
Há três meses na função, Ogle
tem como objetivo exatamente
desenvolver essa percepção de
símbolos e facilidades que a tele-
fonia celular oferece e, com isso,
reconquistar para a Motorola o
espaço perdido no mercado.
O executivo veio ao Brasil para
acompanhar a gravação de um
comercial do aparelho que é hoje
a menina dos olhos da empresa.
Trata-se do Motorola Dext Moto-
Blur. Com o sistema operacional
Android, do Google, o aparelho
permite acesso a redes sociais e
sites como Orkut, Twitter, Face-
book, Last.fm e MySpace.
Lançado mundialmente no
dia 10 de setembro, no Brasil o
produto começará a ser vendido
em meados de novembro, ini-
cialmente em parceria com a
Mundo e a Olimpíada irão de-
mandar muitos investimentos
em infraestrutura e em seguran-
ça pública, e a Motorola pretende
aproveitar essa onda. A compa-
nhia tem a vantagem de já ter no
país a produção da maior parte
dos equipamentos em que pre-
tende apostar nos próximos
anos. Só este ano, a fábrica locali-
zada em Jaguariúna, interior de
São Paulo, adicionou dois novos
produtos à sua linha, chegando a
oito o número de equipamentos
que podem ser fabricados — in-
cluindo telefones celulares.
A aposta no mercado brasilei-
ro tem rendido bons resultados
para a Motorola. Entre os anos
fiscais de 2006 e 2008, o Brasil foi
o único país a apresentar cresci-
mento das vendas na casa dos
dois dígitos. Mesmo com uma
queda na receita entre 2007 e
2008, o país apresentou um cres-
cimento de 12,43%. Atrás ficou
apenas Israel, com alta de 3,19%.
Todas as regiões apresentaram
queda. A mais acentuada foi na
Alemanha, 39,28%. A operação
no Brasil gera hoje 4,5 mil em-
pregos diretos e indiretos.
“O país tem oportunidade pa-
ra manter um crescimento forte.
A chave vai ser a velocidade com
que o governo decida atualizar a
infraestrutura e a segurança pú-
blica para se preparar para a Co-
pa do Mundo e os Jogos Olímpi-
cos”, diz Brown. “E eu acho que
isso deveria acontecer o mais rá-
pido possível. Pela nossa expe-
riência nesse tipo de evento, sa-
bemos que é um desafio muito
grande planejar e integrar toda
a infraestrutura”, completa.
Para Brown, outra vantagem
do mercado brasileiro é a baixa
penetração de produtos de co-
William Ogle, diretor mundial de marketing da Motorola: aplicações diferentes
operadora Claro. O novo termi-
nal está sendo tratado como um
marco para a Motorola.
O preço sugerido é de R$ 1.599,
mas o valor que será pago pelo
consumidor vai depender dos
planos oferecidos pela Claro. A
partir de janeiro, a estratégia da
Motorola é formar parcerias com
outras operadoras.
No comercial gravado no Bra-
sil, o destaque é uma jovem com
jeito bem latino marcando en-
contros para uma festa com vá-
rios amigos ao mesmo tempo. O
cenário é o centro do Rio.
Campanhas diferentes foram
gravadas para os Estados Unidos e
para Europa. Em breve, uma outra
campanha será filmada na China.
A América Latina é um os alvos
mais importantes do marketing
da empresa, afirma o executivo.
Cerca de 35 a 40% do orçamento da
municação digital e de infraes-
trutura de comunicações, que
são novos na linha de produtos
da empresa, e ainda não são co-
nhecidos pelo mercado.
Muitos deles — como os cole-
tores para automação comercial
— foram integrados à linha de
produtos em 2008 com a aquisi-
ção da Symbol Technologies por
US$ 3,9 bilhões, a segunda
maior operação da história da
companhia, e na qual Brown te-
ve papel ativo. Na Motorola des-
de 2003, ele assumiu o posto de
executivo-chefe em janeiro do
ano passado substituindo
Edward Zander, que deixou o
cargo depois das pressões do bi-
lionário Carl Icahn — maior
acionista individual da empre-
sas — para que ela vendesse sua
deficitária unidade de celulares.
Em agosto de 2008, Brown pas-
sou a dividir o comando da Moto-
rola com Sanjay Jha, ex-executivo
de operações da fabricante de
chips Qualcomm. “A estrutura per-
mitiu uma melhor gestão de cada
lado do negócio que seria mais di-
fícil de atingir sem isso, e também
fizemos progresso no caminho de
separação das unidades, que é o
objetivo final”, diz Brown.
Segundo o executivo, a conclu-
são desse processo leva em conta a
melhora do cenário macroeconô-
mico, a melhora do mercado de ce-
lulares e o sucesso da estratégia da
Motorola de investir em celulares
inteligentes movidos pelo sistema
operacional de código aberto An-
droid. Com a melhora da econo-
mia e as perspectivas de melhores
vendas de celulares no ano que
vem, fica faltando só o resultado
das vendas do telefone inteligente
da companhia, que chega ao mer-
cado entre novembro e dezembro.
LEO PINHEIRO/VALOR
área estão sendo destinados à re-
gião. A Motorola não só fabrica ce-
lulares no Brasil como exporta os
aparelhos para os países vizinhos.
Com experiência na criação de
marcas e na área de marketing,
Ogle já passou pela Procter & Gam-
ble, Sara Lee e Pizza Hut. Até três
meses atrás, trabalhava para a
Samsung, uma das pedras no sapa-
to da Motorola. A empresa coreana
lidera as vendas de terminais nos
Estados Unidos. Em sua terra natal,
a Motorola ocupa o terceiro lugar
no ranking depois da também co-
reana LG, segundo pesquisas re-
centes divulgadas nos EUA.
A Motorola já lançou produtos
que se tornaram grandes suces-
sos mundiais de mercado como o
o primeiro celular tipo flip, o
StarTAC, e o ultrafino Razr. Mas
Ogle reconhece que a empresa
perdeu posições porque deixou
Terça-feira, 27 de outubro de 2009 | Valor | B3
ANA PAULA PAIVA/VALOR
Greg Brown, coexecutivo-chefe da Motorola: “Temos uma oportunidade fantástica para redefinir a corporação”
Perfil da companhia
Principais indicadores financeiros da Motorola
Receita líquida Resultado líquido Valor de mercado
Em US$ bilhões Em US$ milhões Em US$ bilhões
10 1.000 25
8,08 4,0 26
0
8 7,48 7,14 20 18,50
-397 -231 16,65 17,29
-1.000
6 5,37 5,5 15 14,21
-2.000
10,08 10,45
4 10
-3.000
2 -4.000 -3.576 5
0 -5.000 0
2º T 3º T 4º T 1º T 2º T 2º T 3º T 4º T 1º T 2º T 2º T 3º T 4º T 1º T 2º T Out*
2008 2009 2008 2009 2008 2009
Fonte: Bloomberg e Valor Data. *No dia 26
passar momentos importantes
para dar saltos na tecnologia.
Curta
A companhia ficou tempo de-
mais sem aderir a novidades co- Estratégia do UOL PagSeguro, plataforma de paga-
mo os sistemas com tela sensível O UOL anunciou ontem a mento de comércio eletrônico. A
ao toque, que marcaram o suces- aquisição da carteira da Insite, ideia é que usuários de telefones
so de concorrentes como a Apple com 55 mil clientes. Essa é a celulares com acesso à internet
e a Research in Motion (RIM), do- quinta aquisição da companhia possam fazer compras nas lojas
na do aparelho BlackBerry. de internet em dois anos no seg- virtuais do UOL, hoje com 60
Ogle diz que o momento é de mento de hospedagem de sites. mil vendedores cadastrados. Os
virada e que 2010 vai representar Pelo acordo, a Insite continuará telefones inteligentes, que ofere-
um novo momento para a Moto- responsável pela operação e cem acesso à web, representa-
rola. Do Rio, ele embarcou para atendimento aos clientes. O su- ram 3% das vendas de aparelhos
Chicago, sede da companhia, pa- porte de equipes e a infraestru- de telefonia móvel na América
ra uma reunião com altos execu- tura ficarão a cargo do UOL. A Latina em 2008, tendo sido ad-
tivos para discutir os caminhos companhia informou ainda que quiridos por um segmento de
no marketing da Motorola, uma lançará até o fim do ano uma alto poder aquisitivo, diz Ricar-
empresa que teve presença histó- versão para telefonia móvel do do Dortas, diretor do PagSeguro.
rica na criação de rádios e na co-
municação sem fio. Hoje, mun-
dialmente, a companhia é a
quarta no ranking, atrás da No-
kia, Samsung e LG.
Indagado se vai fazer com
quer a Motorola conquiste o es-
paço da Samsung no mercado
de celulares, o executivo sorri e
diz que não iria comentar sua
trajetória anterior. “Não vou fa-
lar de outras empresas, mas de
nós. Nosso plano é crescer dra-
maticamente no Brasil e na
America Latina”, afirmou.
Ogle é crítico em relação à pró-
pria Motorola. “O ciclo de produ-
tos na telefonia celular é bem di-
ferente do de outros segmentos.
Há áreas que lançam um produ-
to que fica cinco anos no merca-
do. No nosso caso, se perdemos
um ou dois ciclos o negócio todo A Telefónica, S.A. em conformidade com o estabelecido no artigo 82 da Lei do Mercado
perde. Fica em má posição. Mas de Valores da Espanha, comunica por meio do seguinte documento o
vamos recuperar essa tendência FATO RELEVANTE
no curto prazo”, disse. A Telefónica, S.A., através de sua filial Telefónica Emisiones, S.A.U., lançou no dia 26 de
outubro de 2009, no âmbito do seu Programa de emissão de dívida Guaranteed Euro
Segundo Ogle, basear um ter- Medium Term Note Programme (Programa EMTN), registrado na Financial Services
minal no sistema Android não é Authority (FSA) de Londres no dia 03 de julho de 2009, uma emissão de Bônus (Notes) no
tudo. O importante, diz ele, é mercado europeu com a garantia da Telefónica, S.A. no montante de 1,75 bilhões de euros.
lançar produtos agregados ao Esta emissão, com vencimento em dez (10) anos, tem um cupom anual de 4,693% e um
preço de emissão ao par (100%). O desembolso e finalização desta emissão estão
aparelho, como os programas previstos para o dia 10 de novembro de 2009.
com diferentes aplicações que Madri, 26 de outubro de 2009
estão sendo desenvolvidos em Ramiro Sánchez de Lerín García-Ovíes
parceria com o Google. A ideia é Secretário Geral e do Conselho de Administração
Telefónica, S.A.
que a combinação do Blur com Gilmar Roberto Pereira Camurra
o Android facilite o acesso às re- Diretor de Relações com Investidores
Telefónica, S.A.
des de relacionamento.