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1

Fracções

Com a introdução das fracções, os alunos irão ampliar o seu conhecimento do sistema de
numeração. Devem aprender a compreender o que são fracções, saber posicioná-las numa recta
numérica e usá-las para representar uma parte de uma figura, ou de uma quantidade; devem
compreender a equivalência de fracções, como simplificar fracções eliminando os factores comuns;
devem comparar e ordenar fracções, transformando-as em fracções com um denominador comum,
explicitando os processos e raciocínios que utilizaram.

Neste texto serão abordados:


• os diferentes significados de fracção;
• aspectos da linguagem tradicional sobre fracções;
• a importante noção de fracções equivalentes;
• razões equivalentes e o seu uso nos desenhos à escala e em mapas;
• como comparar duas fracções simples;
• como adicionar e subtrair fracções simples;
• como calcular uma fracção de uma quantidade;
• números racionais e números irracionais.

Penso numa fracção como a representação de uma parte de um todo. Mas será apenas isto?

Mais uma vez, confrontamo-nos com a dificuldade que é posta pelos símbolos matemáticos:
um símbolo pode representar um número, em diferentes tipos de contextos, com diferentes
significados.
De facto, a simbologia matemática usada para uma fracção pode ser usada pelo menos em
quatro situações diferentes:
• Para representar uma parte de um todo ou de uma unidade.
• Para representar uma parte de um conjunto.
• Para modelar um problema de divisão.
• Como uma razão.

Tradução e adaptação do capítulo 14 do livro: Mathematics Explained for Primary Teachers, Derek Haylock,
Second Edition, Paul Chapman Publishing, London, 2001
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Consideremos, por exemplo a fracção três oitavos, que pode escrever-se como 3
8 ou, por

conveniência de escrita, 3
8 . A interpretação mais comum deste símbolo é ilustrada pelos diagramas
na figura 14.1. Os exemplos do dia a dia, mais úteis, são as barras de chocolate (rectângulos) e as
pizas (círculos). Um item (algumas vezes chamado “todo”), tal como o chocolate ou a piza, é
subdividido em oito partes iguais, chamadas “oitavos”, e três delas, “três oitavos”, são
seleccionadas.
Para que não exista confusão sobre o que estamos a falar é preferível falar em “ fracções da
unidade”, e usar a palavra “todo” apenas como adjectivo, por exemplo, “três oitavos de uma piza
inteira”.

Figura 14.1 As zonas sombreadas são três oitavos da figura inteira.

Esta ideia pode ser alargada a situações em que um conjunto de itens é subdividido em oito
subconjuntos iguais e em que três desses subconjuntos são seleccionados.. Por exemplo, o conjunto
de 40 pontos na figura 14.2 (a) foi subdividido em oito subconjuntos iguais (de 5 pontos cada) na
figura 14.2 (b). Os 15 pontos seleccionados na figura 14.2 (c) podem ser descritos como três oitavos
do conjunto de 40.

3
8
de 40

Figura 14.2 Três oitavos de 40

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Mas a fracção 3
8 também pode ser usada para representar a divisão de 3 por 8. Pode,
representar, por exemplo, o resultado da divisão de três barras de chocolate por oito pessoas. Repare
na diferença: na figura 14.1, era uma barra de chocolate que foi subdividida; agora falamos em
cortar três barras. O processo para resolver este problema, de uma forma prática, não é óbvio à
partida. Uma maneira de o resolver é colocar as três barras de chocolate, lado a lado, tal como
mostra a figura 14.3, e com uma faca, fazer um corte ao longo das três barras, cortando cada barra
em oito bocados iguais. Ficamos assim com oito porções de chocolate iguais. A figura 14.3 mostra
que cada uma das oito pessoas fica com o equivalente a três oitavos de todo o chocolate. (Se
quisermos fazer uma divisão semelhante mas com pizas, teremos que as colocar umas sobre as
outras, e o processo é idêntico). Por um lado, o símbolo 3
8 pode significar “dividir 3 unidades por
8” e, por outro lado, pode significar que o resultado desta divisão é “três oitavos de uma unidade”.
Assim o símbolo 3/8 representa não só uma instrução para efectuar uma operação, mas também o
resultado da operação! Quando fazemos cálculos com fracções, utilizando a calculadora, usamos
muitas vezes a ideia de que a fracção p
q significa “p dividido por q” . Introduzindo p ÷ p ,

podemos converter facilmente a fracção em decimal.

Figura 14.3 Três distribuídos por oito

Vimos atrás que uma das categorias de problemas modelados pela divisão é aquela em que duas
quantidades são comparadas por meio de uma razão. Pelo facto do símbolo 3
8 poder significar “três
dividido por oito”, podemos alargar o seu significado de modo a incluir “a razão de três para oito”,
que por vezes se escreve 3÷ 8 . Na figura 14.4(a), por exemplo, ao compararmos o conjunto de

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círculos com o conjunto de quadrados, podemos dizer que “a razão entre o número de círculos e o
número de quadrados é de três para oito”. Isto significa que para cada três círculos há oito
quadrados, o que se torna evidente na figura 14.4(b). A razão pela qual usamos a notação de fracção
(3/8) é apenas porque uma outra forma de expressar a comparação entre os dois conjuntos é dizer
que o número de círculos é três oitavos do número de quadrados.

(a) (b)

Figura 14.4 Uma razão de três para oito

O que saber sobre numeradores, denominadores, fracções simples, próprias e impróprias,


numerais mistos, etc.? É importante compreender o significado de todos estes termos?

Todas estes termos estão associados à aprendizagem de fracções, mas é aceitável usar
linguagem menos formal, como por exemplo, o numerador e o denominador serem considerados o
número de cima e o número de baixo no símbolo de fracção. Assim, na fracção 3
8 , o numerador é
3 e o denominador é 8 ou simplesmente, o número de cima e o número de baixo. O termo “fracção
vulgar”, na qual a palavra “vulgar” significa “comum” ou “ordinária”, caiu em desuso, servindo
para distinguir os vários tipos de fracções, como por exemplo, 3/8 e 0,375 (fracção decimal).
A notação de fracção representando partes de uma unidade, também pode ser usada em
situações como a que é ilustrada na figura 14.5, em que está representado mais do que uma unidade.
Aqui existem, no total, onze oitavos de uma piza, isto é, 11
8 . Uma vez que oito deles perfazem uma
piza inteira, então poder-se-á escrever 1+ 3 8 , que normalmente se abrevia para 1 3 8 . denomina-se
normalmente numeral misto. Uma fracção em que o número de cima é menor do que o número de
baixo, como por exemplo, 3/8, é por vezes chamada fracção própria, e a uma fracção do tipo 11/8
chama-se fracção imprópria. Fracções próprias são aquelas que são inferiores a 1 e as fracções
impróprias são iguais ou maiores que 1.

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Figura 14.5 Uma fracção maior que 1

O que é um número racional?

O termo “números naturais” foi introduzida para descrever o conjunto de números que
usamos para contar: {1, 2, 3, 4, 5, 6, …}. O conjunto que se obtém incluindo, no conjunto dos
naturais, os números negativos e o zero: {…, -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, ...}. denomina-se conjunto
dos “inteiros”. Quando alargamos este conjunto, passando a incluir as fracções, obtemos o conjunto
dos números racionais. O termo racional vem do facto de uma fracção representar uma razão. A
definição de um número racional é qualquer número que seja a razão de dois inteiros, ou seja, todas
as fracções, incluindo fracções decimais e todos os números inteiros.
Assim, por exemplo, 3
5 é um número racional porque é a razão de 3 para 5, e 1,87 é um
número racional porque é igual a 187
100 , que é a razão de 187 para 100.
Vejamos outros exemplos de racionais e a sua representação como uma razão entre inteiros:

14
27 é um número racional. É a razão de 14 para 27.
2 3 5 é um número racional. É igual a 13
5 , que é a razão de 13 para 5.
0,125 é um número racional. É igual a 1
8 , que é a razão de 1 para 8.
12,5 é um número racional. É igual a 25
2 , que é a razão de 25 para 2.
28 é um número racional. É igual a 28
1 , que é a razão de 28 para 1.
-10 é um número racional. É igual a −10
1 , que é a razão de -10 para 1.
0,(6) (é uma dízima finita periódica) é um número racional. É igual
a 2
3 , que é a razão de 2 para 3.

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Deverá ficar claro que todas as dízimas finitas periódicas são números racionais. Qualquer
dízima infinita periódica pode obter-se dividindo um número inteiro por outro inteiro. Por exemplo:
0,(3) (0,333333..., em que o 3 se repete) obtém-se dividindo 1 por 3;
0,(278) (isto é, 0,278278278…, em que 278 se repete ) obtém-se dividindo 278 por 999.

Existem números, além dos números racionais?

Existem números reais que não podem escrever-se como fracção exacta ou como decimal e,
portanto, são números não racionais, como por exemplo, as raízes quadradas ou raízes cúbicas que
não dêem um resultado exacto. Por exemplo, não existe qualquer fracção decimal que seja
exactamente igual a 50 . Usando uma calculadora e o método de tentativa/erro, concluímos que a
raiz quadrada de 50 está compreendida entre 7,07 e 7,08. Se pretendermos uma aproximação
decimal mais fina, podemos considerar que fica entre 7,0710678 e 7,0710679. No entanto, nenhum
destes racionais é a raiz quadrada de 50, pois nenhum deles, quando multiplicado por si próprio, dá
exactamente 50: (7,0710678 ) é um pouco inferior a 50 e (7,0710679 ) é um pouco superior a 50.
2 2

Seja qual for o número de casas decimais com que se trabalhe nunca encontraremos um número que
elevado ao quadrado dê exactamente 50. Mas 50 é um número real, representa um comprimento
real! Usando o Teorema de Pitágoras, se por exemplo, considerarmos um quadrado com 5 unidades
de lado, a sua diagonal tem de comprimento 50 unidades, que é um comprimento real mas não é
um número racional. É chamado um número irracional.
Existem muitos outros números irracionais, como por exemplo, todas estas raízes quadradas:
2, 3, 5, 6, 7, 8, 10 , 11 , 12 , 13 , 14 , 15 , 17 , etc.. (reparem que 4,

9 e 16 não constam desta lista pois representam exactamente os números 2, 3 e 4,


respectivamente, e portanto são números racionais).
3 3 3 3 3 3 3
As raízes cúbicas 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9 , etc.. são números irracionais: (reparem
3
que 8 não foi incluída na lista, porque é exactamente igual a 2 e, em consequência, racional.)
Um outro exemplo, muito vulgar, de número irracional – pelo facto de não poder ser escrito
exactamente como uma fracção ou um decimal – é o número representado pelo símbolo π .
Em matemática, ao conjunto de todos os números que representam comprimentos reais (que
incluem todos os números racionais e irracionais) chama-se conjunto dos números reais.
Certamente agora gostariam de saber se existem outros números além dos números reais, mas para

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isso terão de procurar noutro sítio como é que os matemáticos usam a ideia de números imaginários
(como por exemplo, a raiz quadrada de -1) para construir entes que se chamam números complexos.

O que são fracções equivalentes?

O conceito de equivalência é fundamental para que os alunos compreendam o cálculo com


fracções. Usando a ideia de fracção como parte de uma unidade, compreende-se desde logo,
olhando a figura 14.6, que as fracções, três quartos, seis oitavos e nove doze avos, representam
todas a mesma quantidade de barra de chocolate. Esta espécie de “tabela de fracções” ajuda a
compreensão da ideia de equivalência.
Sequências de fracções equivalentes seguem um padrão simples, como por exemplo:

3
5 , 6
10 , 9
15 , 12
20 , 15
25 , 18
30 , 21
35 , 24
40 , e assim sucessivamente.

Os numeradores são os números da tabuada do 3 e os denominadores são os números da


tabuada do 5. Isto significa que, dada uma fracção, podemos sempre obter uma fracção equivalente,
multiplicando ou dividindo o numerador e o denominador pelo mesmo número. Assim, por
exemplo:
4
7 é equivalente a 36
63 (multiplicou-se o numerador e o denominador por 9); e
40
70 é equivalente a 4
7 (dividiu-se o numerador e o denominador por 10).

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uma
quartos doze avos terços
unidade
1
12
1
8
1
6
1 1
4 12
1
3
1
8
1
12
1 1
6 2
1
12
1
8

1 1
4 12
3 1
6
1
8
- 1
12
1
3
4 1
1
8
12 1
1
6
1 1
4 12

1
8
1
12

1
6
1 1
12 2
1
8

1
3
1 1
4 12

1
6
1
8
1
12

oitavos sextos meios

Figura 14.6 A tabela mostra algumas fracções equivalentes

Se nos lembrarmos que a notação de fracção também pode ser interpretada como a divisão
do número de cima pelo número de baixo, o princípio referido acima é uma outra forma de
apresentar o princípio do quociente constante: se, numa divisão, multiplicarmos ou dividirmos o
dividendo e o divisor por um mesmo número, o quociente não se altera. Este mesmo princípio
também se aplica a razões: se multiplicarmos ou dividirmos os dois termos por um mesmo número,
a razão não se altera. Este é um método importante para simplificar fracções e razões. Por exemplo,
se quisermos comparar os preços de dois artigos que custam respectivamente, £28 e £32, olhando

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apenas para a razão dos preços, a razão 28 ÷ 32 pode ser simplificada para 7 ÷ 8 (dividindo os dois
termos por 4). Isto significa que um preço é 7
8 (sete oitavos) do outro. Um outro exemplo: se
comparar uma viagem de 2,8 milhas com outra de 7 milhas, poder-se-á simplificar a razão, 2,8 ÷ 7 ,
multiplicando ambos os termos por 10 (28:70) e depois dividindo ambos os termos por 14 ( 2 ÷ 5 ) e
concluímos que uma viagem é 2
5 (dois quintos) da outra.
Muitas vezes é útil exprimir uma razão numa razão equivalente cujo 1º termo seja 1. Por
exemplo, a razão 2:5 usada para comparar as duas viagens no parágrafo anterior, pode ser
representada na razão equivalente 1÷ 2,5 . Isto pode ser interpretado como: “para cada milha na
primeira viagem, terá que se viajar 2,5 milhas na segunda viagem” ou “a segunda viagem é duas
vezes e meia mais longa do que a primeira” A aplicação mais comum deste tipo de razão é nos
desenhos à escala e nos mapas. Por exemplo, se num desenho à escala, de uma sala, um
comprimento de 2 m for representado por 5 cm então a escala é a razão de 5 cm para 2 m, ou,
escrevendo os dois comprimentos em centímetros, 5 cm para 200 cm. A razão 5:200 pode ser
transformada na razão equivalente 1:40. Esta deveria ser a forma convencional de expressar a
escala, indicando que cada comprimento real é 40 vezes maior que o correspondente comprimento
no desenho, ou que cada comprimento no desenho é 1
40 do comprimento real. As escalas de mapas
são normalmente maiores do que esta escala. Por exemplo, os mapas mais comuns na Grã-Bretanha
usam uma escala de 1:50 000. Isto significa que uma distância de 1 cm no mapa representa uma
distância de 50 000 cm na realidade. Como 50 000 cm = 500 m = 0,5 km , podemos concluir que cada
centímetro no mapa representa 1
2 quilómetro na realidade.

Como é que se comparam duas fracções?

O primeiro aspecto a referir é que, quando se aumenta o denominador de uma fracção, está-
se a tornar a fracção mais pequena, e vice-versa. Por exemplo, 1
2 é maior do que 1
3 que é maior do
que 1
4 , que é maior do que 1
5 , e assim por diante. Isto é muito óbvio se os símbolos forem
interpretados em termos concretos, como barras de chocolate ou porções de piza, por exemplo. É
possível errar, se olharmos apenas para o numerador e denominador da fracção sem pensarmos no
que significam. O segundo aspecto a referir é que não existe qualquer dificuldade em comparar duas
fracções com o mesmo denominador. Por exemplo, é evidente que cinco oitavos de piza ( 5 8 ) é
maior que três oitavos ( 3 8 ).

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Geralmente, para compararmos duas fracções com diferentes denominadores, precisamos de
as converter em fracções equivalentes, cujo denominador deverá ser um múltiplo comum dos dois
denominadores, podendo ser, sem ser obrigatório, o mínimo múltiplo comum. Por exemplo, qual é
maior, sete décimos ( 7 10 ) de uma barra de chocolate ou cinco oitavos ( 5 8 )? O mínimo múltiplo
comum de 10 e 8 é 40, então convertemos as duas fracções em quarenta avos:

7
10 é equivalente a 28
40 (multiplicando os dois termos por 4); e
5
8 é equivalente a 25
40 (multiplicando os dois termos por 5).

Podemos então ver rapidamente que, a não ser que não se goste de chocolate, as sete
décimas é a melhor escolha.

Como é que se adicionam e subtraem fracções?

Não existem muitas situações práticas em que seja necessário adicionar ou subtrair fracções.
Na prática, a maior parte dos cálculos, como os que provêm de medidas, são feitos com decimais.
Por vezes surgem questões que soam um pouco forçadas, como é o caso da questão: “ 1 6 da turma
tem sete anos de idade e 1
2 tem 8 anos de idade – qual a fracção que representa os alunos que têm 7
ou 8 anos de idade?” Contudo, segue a forma de o fazer.
Para adicionar ou subtrair duas fracções: (a) transforme uma ou as duas fracções em fracções
equivalentes de modo que fiquem com o mesmo denominador – para tal, é melhor usar o menor
múltiplo comum; (b) adicione ou subtraia os numeradores; (c) se possível, substitua-a por uma
fracção equivalente.
Assim, para adicionar 1
6 com 1
2 , como no exemplo acima, pode transformar 1
2 em 3
6 ,
porque 6 é o mínimo múltiplo comum de 6 e 2. Depois, verifica-se quantos sextos existem no total
(1 + 3 = 4) e por último substitui-se 4
6 por 2
3 .

1
6 + 1
2 = 1
6 + 3
6 = 4
6 = 2
3

Aqui vai um exemplo com subtracção: “Quanto é que 2


3 de um litro tem a mais do que 1
4

de um litro?” Desta vez transformam-se as duas fracções em doze avos, uma vez que 12 é o mínimo
múltiplo comum de 3 e 4, para chegar à resposta 5
12 de um litro:

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2
3 − 1
4 = 8
12 − 3
12 = 512

No dia-a-dia, quais os cálculos com fracções que surgem mais frequentemente?

As situações do dia a dia mais frequentes, envolvendo cálculos com fracções, são aquelas
em que temos que calcular uma fracção de um conjunto ou de uma quantidade. Por exemplo,
podemos dizer que “três quintos da minha turma de 30 alunos, são rapazes”. Se um artigo que custa
£45, tiver a indicação que custa um terço a menos, então o preço actual será “dois terços de £45”.
Podemos também encontrar fracções em medidas como, “três quartos de um litro” ou “dois quinto
de um metro” e podemos querer reduzi-las a mililitros e a centímetros, respectivamente. O processo
para fazer estes cálculos é simples. Para encontrar “ 3 5 de 30”, primeiro dividimos por 5 para obter
um quinto de 30, depois multiplicamos por 3 para obter três quintos:

1
5 de 30 são 6, então 3
5 de 30 são 18.
1
3 de £45 são 15, então 2
3 de £45 são 30.
1
4 de 1000 ml são 250 ml, então 3
4 de 1000 ml (um litro) são 750 ml.
1
5 de 100 cm são 20 cm, então 2
5 de 100 cm (um metro) são 40 cm.

Se os cálculos forem difíceis, podemos usar a calculadora. Por exemplo, se tenho direito a
três sétimos de uma herança de £4500, o cálculo pode ser feito com uma calculadora, introduzindo
4500 ÷ 7 × 3 =. O resultado 1928,5714 indica que a minha parte é £1928,57. No ensino básico não
há necessidade de ir mais além no cálculo com fracções.

Questões de autoavaliação
14.1: Dê exemplos onde 4
5 representa: a) uma parte do todo (unidade); b) uma parte de um
conjunto; c) uma divisão usando a ideia de partilha; e d) uma razão.
14.2: Encontre exemplos diversos de fracções equivalentes às fracções ilustrados na tabela de
fracções da figura 14.6.

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14.3: Supondo que gosta de pizas, qual preferia, três quintos de uma piza ( 3 5 ) ou cinco oitavos
( 5 8 )? (converta as duas fracções a quarenta avos.)
14.4: Coloque estas fracções por ordem crescente: ( 3 4 , 1
6 , 1
3 , 2
3 , 5
12 ).
14.5: Enuncie um problema envolvendo preços, para o qual a resposta seja “o preço de A é três
quintos do preço de B”.
14.6: Andando a pé, gasto 24 minutos a chegar ao trabalho, se for de bicicleta gasto 9 minutos.
Complete esta frase com a fracção apropriada: “O tempo que gasto a andar de bicicleta é ……. do
tempo que gasto a andar a pé.”
14.7: Encontre: a) três quintos de £100, sem usar a calculadora; e b) cinco oitavos de £2500, usando
a calculadora.
14.8: Quais dos seguintes números são racionais: 0.45, 23, 4
5 , -10, 10 ?
3 3
14.9: Quais dos seguintes números são irracionais: 49 , 20 , 9, 27 ?

Síntese de pontos essenciais para o ensino


1. Introduza a notação de fracção como significando um número de partes iguais de uma
unidade, fazendo, no decorrer da explicação, uso de pizas (círculos) e de barras de chocolate
(rectângulos). Nesta interpretação, a fracção p
q significa “divide a unidade em q partes

iguais e toma p dessas partes”.


2. Quando explicar fracções, seja cuidadoso acerca do uso da palavra “todo” como um nome
(substantivo): tente usá-lo apenas como adjectivo, por exemplo “uma piza inteira”.
3. Alargue a ideia de fracção como representando um número de partes iguais de uma unidade,
ao número de partes iguais de um conjunto, por exemplo, dois terços de 12.
4. É bastante aceitável usar linguagem informal tal como “número de cima”, “número de
baixo” ou “fracção maior em cima”, em paralelo com o uso “numerador”, “denominador” e
“fracção imprópria”.
5. Insista bastante na ideia de fracção equivalente. Os alunos devem produzir tabelas de
fracções como as da figura 14.6 e encontrar vários exemplos de fracções equivalentes.
6. Ajude os alunos a observar o padrão na sequência de fracções equivalentes e use-o para
formalizar a ideia de que podemos passar de uma fracção a outra equivalente multiplicando
(ou dividindo) o numerador e o denominador pelo mesmo número.

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7. Usando exemplos simples com partilha de pizas e barras de chocolate, formalize a ideia de
que p
q também pode significar “p dividido por q”. Por exemplo, “três pizas repartidas por

quatro pessoas” é “3 dividido por” e o resultado é 3


4 de piza para cada.
8. Inicie os alunos no uso de fracções para comparar quantidades (isto é, encontrar a razão) em
particular no contexto de preços. Por exemplo, podemos comparar os dois preços £9 e £12
afirmando que um é três quartos do outro.
9. Explique aos alunos, com ilustrações concretas, porque é que aumentando o denominador
obtemos fracções menores e vice-versa.
10. Introduza o procedimento para descobrir qual é a maior e a menor de duas fracções,
substituindo as fracções por fracções equivalentes, com o mesmo denominador.
11. Explique aos alunos o procedimento para encontrar uma fracção de uma quantidade,
dividindo pelo denominador e, em seguida, multiplicando pelo numerador, aplicando-o a
situações do dia a dia, com contextos práticos e usando uma calculadora, se necessário.
12. Os enquadramentos usados neste texto para introduzir as ideias importantes sobre fracções
são suficientes para o trabalho com os alunos da primária. Não é necessário ir mais além
introduzindo cálculos complexos, tais como, multiplicação ou divisão de fracções.

Tradução: Maria Fernanda Matias


Revisão: Maria José Delgado
Programa de Formação Contínua em Matemática para Professores de 1º e 2º ciclos da
Universidade de Évora

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