2 n poder
política
OAB não tem poder de
fiscalizar, diz magistrado
“Corregedoria”?
Presidente da
AMB vem a Belém
apaziguar briga entre
Judiciário e a OAB
brasília
THIAGO VILARINS
Da Sucursal
A
troca de acusações e amea-
ças entre as classes de juí-
zes e advogados paraenses
não condiz com a postura de
dois segmentos que têm uma
grande responsabilidade com
o País, está mais parecendo
“coisa de menino de rua”. A
afirmação é do presidente da
Associação dos Magistrados
Brasileiros (AMB), Mozart Vala-
dares Pires, que na noite da úl-
tima terça-feira tomou conheci-
mento da guerra instalada en-
tre os magistrados paraenses
e os representantes da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB),
seccional Pará. Com o discurso
de que a única forma de forta-
lecer e vencer as mazelas do Ju-
diciário é unindo as forças, Mo-
zart Valadares ligou na manhã
de ontem para o presidente da
Ordem dos Advogados do Bra-
sil, Ophir Cavalcante, e pediu
apoio para fortalecer o diálogo
entre os dois lados.
De resposta, disse que o
paraense assumiu o compro-
misso de pregar a maturidade
para superar as desavenças.
Em entrevista exclusiva ao O
LIBERAL, o presidente da AMB
divulgou dados inéditos da pro-
nasc
dutividade dos juízes de todas
as varas do Estado, a qual ava-
lia como excelente. Também
questionou a legitimidade da
OAB-PA de fiscalizar o Judiciá-
rio. “Ora, essa não é a função da
OAB. A OAB não é corregedoria
de Judiciário. Quem fiscaliza o
Judiciário é a corregedoria do
Tribunal de Justiça do Pará e o
Conselho Nacional de Justiça.
A OAB não tem legitimidade
para estar fiscalizando os juí-
zes”, disse. Na sua avaliação, os
ataques visam somente tomar
espaço nos noticiários. ”Deve-
mos encontrar caminhos que
não seja a espetacularização,
que não seja a panfletagem que
está sendo feita. Isso é coisa da
época de estudante - e eu não
sou mais universitário - de es-
tar panfletando e fazendo es-
petacularização em uma
coisa tão séria, que é
o funcionamento de
um dos poderes da
República”, protestou
Mozart.
n Depois de ouvir
os relatos do
presidente da
Associação
dos Magis-
trados do Es-
tado do Pará
(Amepa), como
o senhor avalia a
crise instalada entre
os advogados e juízes para-
enses?
o Inclusive hoje, eu tive um
contato por telefone com
o presidente do Conselho
Federal da Ordem dos Ad-
vogados do Brasil (OAB),
Ophir Cavalcante, cujo o
seu estado de origem é o
Pará. Coloquei para ele que
temos que ter a maturidade
suficiente, a capacidade de
diálogo para resolvermos
algumas questões. Os pró-
prios magistrados da AMB,
os magistrados do Pará, têm
o maior interesse em forta-
lecer o Judiciário, combater
as suas mazelas. Todos nós
somos conscientes que pre-
cisamos melhorar a nossa
prestação jurisdicional,
mas não depende única e
exclusivamente da magis-
tratura. O Poder Judiciário
funciona como um sistema
em que participa o advoga-
do, o defensor público, o Mi-
nistério Público, o delegado,
os juízes... é um sistema e,
se nesse sistema, uma des-
sas peças não funcionar, vai
Mozart Valadares prega diálogo para fortalecer o Judiciário
Resultado positivo
Pesquisa mostra produtividade mesmo
com insuficiência de juízes
Defasagem
O Pará é o Estado que
tem o menor número de
magistrados por 100 mil
habitantes.
Desempenho
Mesmo com uma quan-
tidade insuficiente de
magistrados, segundo a
mesma pesquisa, o Pará
foi o quinto melhor Estado
no cumprimento da Meta
2, estabelecida pelo CNJ
em fevereiro de 2009. O
resultado do Tribunal de
Justiça do Pará - que jul-
gou 69% dos processos
protocolados até 31 de
dezembro de 2005 - está
acima da média nacional,
de 57% de cumprimento
da Meta na Justiça
Estadual. O Pará
FONTES: ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS DO BRASIL E CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
repercutir, obri-
gatoriamente, na
morosidade do Poder
Judiciário, que é a maior re-
clamação da população em
relação ao Judiciário. Então,
eu disse ao presidente Ophir
Cavalcante que temos que
tratar essas questões com
muito equilíbrio, com mui-
ta serenidade. Nós não po-
demos deixar transformar
uma divergência ou uma
deficiência do Judiciário
em uma guerra em jornais.
Isso não vai contribuir em
nada para o fortalecimento
do Judiciário. Ora, se algum
advogado, se o presidente
da Ordem do Pará tem, com-
provadamente, que apontar
alguma falha de algum juiz
que não comparece, que
não tem uma boa produti-
vidade, que é preguiçoso,
nós temos o maior interesse
em apurar essas questões.
Agora, nós não aceitamos
é uma guerra, uma crítica
generalizada. Nós estamos
passando, com exclusivida-
de, para o seu jornal, dados
sobre o Pará, feitos pelo
CNJ, que demonstram que a
magistratura paraense tem
oliberal
só ficou atrás do Amapá
(que julgou 92% dos pro-
cessos), Rio de Janeiro
(82%), Goiás (77%) e
Tocantins (71%).
Pendências
Em números absolutos,
o Pará tinha 158.312
processos ingressados
até 2005 pendentes de
julgamento em 31 de de-
zembro de 2008. Desse
total, os juízes paraenses
julgaram 108.950 ações
em 2009 e 5.839 entre 1º
de janeiro e 17 de feverei-
ro de 2010.
Ou seja, se considerados
os processos senten-
ciados em 2010, a pro-
dutividade dos juízes do
Pará sobe para 73% no
cumprimento da Meta 2.
Dessa forma, há 43.523
processos incluídos na
Meta 2 pendentes de
julgamento.
um bom desempenho, a ní-
vel nacional, dados que de-
monstram a deficiência em
relação ao número de juízes
por habitante, inclusive, é o
Estado com o menor núme-
ro de magistrados por 100
mil habitantes. E, mesmo as-
sim, na meta 2, foi o quinto
lugar do País. Desempenho
excelente, levando em con-
sideração essa deficiência.
n E o que o presidente da
OAB, Ophir Cavalcante,
respondeu diante dessa
sua exposição?
o Ele concordou comigo, disse
que dessa guerra que se fez to-
dos são perdedores. Eu argu-
mentei que todos são perde-
dores, mas o maior perdedor
é a população. É quem mais
vai ter prejuízo, porque isso
não ajuda, de jeito nenhum, a
prestação jurisdicional.
n O senhor teme pelas con-
seqüências que esse clima
tenso entre a OAB-PA e os
juízes pode provocar?
o Não é uma questão de te-
mer, é que nós temos uma
obrigação, de ter a capaci-
dade, a maturidade para
ultrapassar algumas ques-
"Infidelidade" pode derrubar Arruda. Página 3.
Magistrado
condena a
espetacularização
que o fato ganhou
no noticiário
tões, através do diálogo,
do equilíbrio e da sereni-
dade. Devemos encontrar
caminhos que não seja a
espetacularização, que não
seja a panfletagem que está
sendo feita. Isso é coisa da
época de estudante, eu não
sou mais universitário, de
estar panfletando e fazen-
do espetacularização em
uma coisa tão séria, que é o
funcionamento de um dos
poderes da República.
n O que o senhor acha que
está por trás do que chama
de espetacularização?
o Não tenho ideia. Até porque
não sou do Pará, não conhe-
ço pessoalmente os dirigen-
tes da OAB do Pará, nem me
acho em condições de fazer
uma avaliação dessas. Eu
poderia estar cometendo
uma injustiça, estar sendo
leviano e irresponsável se
eu fizesse algum julgamen-
to dessa natureza.
n De que forma a AMB vai
ajudar os magistrados do
Pará nessa guerra?
o Nós já começamos a ajudar,
no momento que nós pro-
curamos o presidente do
Conselho Federal, que, além
de dirigir a entidade nacio-
nal de classe dos advogados,
é oriundo do Pará, no mo-
mento em que a gente deve
serenidade e equilíbrio, tem
disposição para o diálogo,
em que reconhecemos que
precisamos melhorar o Judi-
ciário, não só do Pará, como
do Brasil inteiro. Tudo isso
é uma maneira de ajudar. E
mostrar. Você pode ir con-
tra um argumento, agora
contra números você não
pode brigar. Mostramos que
o Pará tem um desempenho
excelente. O ministro Gilmar
Mendes mostrou para todo o
Conselho Nacional de Justiça,
no último mês, em São Paulo,
no terceiro encontro do Judi-
ciário nacional, que o Pará
foi o quinto estado em de-
sempenho de cumprimento
da meta 2, quando é o mais
deficiente em número juízes
por habitantes.
n Na troca de acusa-
ções entre os dois
lados, os juízes já de-
cidiram entrar com
uma ação civil públi-
ca contra a OAB-PA...
o Olha só, você diz
que um está ameaçan-
do o outro. Acusação,
ameaça, não condizem
com a função de um ma-
gistrado e nem de um advo-
gado. Ameaça é para outro
tipo de pessoas, não para um
magistrado, nem para advo-
gado. Está parecendo coisa
de menino de rua. Nós não
podemos aceitar isso, de seg-
mentos que têm uma grande
responsabilidade com o País,
como são essas duas classes.
Mas queria dizer uma coisa:
esse negócio de blitz, de fis-
calizar o Judiciário, nós já te-
mos a corregedoria dos tribu-
nais, nós temos um Conselho
Nacional de Justiça, que está
dando uma resposta extre-
mamente positiva, no campo
da ética e da moralidade. Ora,
essa não é a função da OAB.
A OAB não é corregedoria de
Judiciário.
n O senhor anunciou que irá
participar da reunião entre
o presidente da OAB-PA e o
presidente do Tribunal de
Justiça do Pará, Rômulo Nu-
nes. Por que essa decisão?
o Estou indo, sim. Vou para
tentar ajudar e construir
um diálogo, uma saída para
que a gente possa melhorar
a prestação jurisdicional, ca-
da vez mais, no Pará
Belém, quinta-feira, 11 DE marçO de 2010
cláudio
humberto
Multa de Lula
Faz dois anos em maio o julga-
mento de recurso do presiden-
te Lula no Tribunal Superior
Eleitoral contra multa de R$
900 mil por propaganda elei-
toral antecipada na campanha
da reeleição, em 2006. O PSDB
questionou a cartilha “Brasil,
um país de todos”, de 1 milhão
de exemplares distribuídos a
eleitores. O então advogado de
Lula, José Antônio Dias Toffoli,
recorreu. Foram 4 pedidos de
vista em dois anos.
O tempo passa
O ministro Arnaldo Versiani,
indicado por Lula ao TSE, pe-
diu vistas em maio de 2008.
O relator, ministro José Del-
gado, já se aposentou.
Cobertor curto
A multa, no valor da publica-
ção, supera o patrimônio de
R$ 850 mil que Lula declarou
à época, na Justiça Eleitoral.
Empatou
A tucanada anda borocoxô. É
que enquanto José Serra he-
sita, uma pesquisa contrata-
da pelo PSDB já registra seu
empate com Dilma.
Jogando toalha
Os tucanos vivem o pesadelo
que tanto temiam: a pesquisa
do PSDB projeta que já em abril
Dilma estará na frente de Serra.
Licença
Caso a Câmara do DF aprove o
pedido do Superior Tribunal de
Justiça para processar Arruda,
o impeachment perderá senti-
do porque ele não vai mais re-
assumir o governo: será auto-
maticamente afastado por 180
dias, segundo a Lei Orgânica
do DF. Como processos em tra-
mitação na Câmara têm prazos
contados em dias úteis (art. 251
do Regimento Interno), restam
pouco mais de 170 dias úteis
de governo para Arruda.
Só o começo
O STJ quer processar Arruda
por tentativa de suborno a tes-
temunha e formação de qua-
drilha. Ainda não são denún-
cias da Caixa de Pandora.
Perguntar
Com que cara o presidente
Lula vai cumprimentar o he-
rói e ex-preso político Nelson
Mandela, na Copa da África
do Sul, em 2010?
Fundo do poço
Uau, a Bancoop, ops, a Petro-
brás descobriu ontem “in-
dícios” da maior reserva de
pré-sal na bacia de Campos.
Estava mais que na hora...
Desmentido...
O ex-diretor da Bancoop
João Vaccari Neto culpou
os cooperados e chamou de
“desequilíbrio financeiro” o
rombo de R$ 30 milhões nas
contas da Cooperativa, que
irrigou campanhas do PT.
Mas auditorias que ele mes-
mo pediu, em poder da colu-
na, desmentem sua versão.
...pela auditoria
A empresa de auditoria da Ter-
co Grant Thornton registrou
em 2005 “falha internas” e
“práticas inusuais” na Banco-
op, assim como não pôde con-
frontar, em 2006, a “existência
física dos itens registrados
com o ativo da Bancoop”, na
gestão de João Vaccari Neto.
Céu nos protege
As duas promotoras que investi-
gam em São Paulo o assassinato
ch@claudiohumberto.com.br
‘‘
Às vezes,
eu fico
sabendo
pelos
jornais
o que eu
penso”
José Serra, eterno pré-
candidato tucano à Presidência,
ao criticar a imprensa
do prefeito petista Celso Daniel,
e o que apura o escândalo da
Bancoop, não têm seguranças.
Contam, como dizem, com a
“proteção divina”.
Peluso
Cezar Peluso, 67, será o pri-
meiro ministro indicado por
Lula a presidir o Supremo Tri-
bunal Federal. Toma posse em
23 de abril. Os presidentes do
STF pelos próximos onze anos
foram nomeados na era Lula.
O homem certo
O diretor de Normas do Ban-
co Central, Alexandre Tombi-
ni, que vai substituir Henri-
que Meirelles na presidência
a partir do dia 31, é técnico
competente, tem cancha in-
ternacional e conhece todas
as áreas do BC. Foi braço di-
reito de Murilo Portugal, atu-
al vice-presidente do FMI.
Meirelles réu
De saída do BC, Henrique
Meirelles enfrenta novo pro-
cesso no Supremo Tribunal
Federal, desta vez por “crime
contra a Ordem Tributária”.
A ação é movida pelo Minis-
tério Público Federal e che-
gou ao STF no dia 4.
Populismo
A frase de Lula foi maquiada
pelo Ministério da Propagan-
da, mas o que ele disse foi:
“Deve existir um bandido ou
outro aqui na Rocinha. Mas
olhem aqueles prédios altos
de Copacabana. Estão cheio
de bandidos. Não é só aqui
na Rocinha, não...” Depois foi
a Copacabana passear.
Não deu certo
O presidente da Conab, Wag-
ner Rossi, já sabe que não será
ministro da Agricultura, como
pretendia. Nem disputará as
eleições: a prioridade é reele-
ger o filho Baleia Rossi (PMDB)
deputado em São Paulo.
Pensando bem...
...greve de fome na ditadura
dos outros é refresco.
podersempudor
Cartas
Luiz Carlos e Luiz Fer-
nando Delazari, pai e
filho, secretários do
governo do Paraná, in-
dicaram a aliada Maria
Tereza Uile para voltar
à procuradoria-geral
de Justiça. Insinuaram
que não ficariam nos
cargos, se não fossem
atendidos. Requião ou-
viu calado, viajou para
a Europa, voltou, ficou
dois dias em Curitiba,
foi a Buenos Aires, vol-
tou, ficou três dias no
Estado, uma semana
em Brasília. Entre uma
escala e outra, nomeou
outro. A um íntimo
assessor perguntou,
ontem: “Eles já man-
daram as cartas de
demissão?”
Não mandaram.