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O ESTADO DE S.

PAULO Notas e Informações A3


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SEXTA-FEIRA, 19 DE MARÇO DE 2010

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Notas & Informações

Pensamento mágico
À falta de melhor, o provocação israelense de anunciar, israelenses por Obama tornam im- duzido a desempenhar um papel que o apoio iraniano ao Hamas é o
presidente Lula em plena visita do vice-presidente provável, até onde a vista alcança, construtivo no Oriente Médio. Ne- maior obstáculo à unidade palestina.
usou uma palavra – Joe Biden, a construção de 1.600 mo- que ele reúna os meios de pressionar nhuma surpresa até aí. Se alguma Abbas insistiu nesse ponto na en-
“mágica” – que re- radias em Jerusalém Oriental, onde Israel – destinatário de US$ 28,9 bi- unanimidade existe em Israel, é a de trevista que concedeu à enviada espe-
sume a futilidade e os palestinos querem instalar a capi- lhões de ajuda americana na última que Teerã representa uma “ameaça cial do Estado, Denise Chrispim Ma-
a inconsequência tal do Estado a que aspiram. Conside- década – a ponto de produzir a mági- existencial”. rins, publicada na edição de ontem.
das suas preten- rado por Washington um “insulto” e ca dos devaneios de Lula. Ou da sua Desmoralizadora mesmo foi a rea- “Atores influentes da região”, decla-
sões de mediar o uma “afronta”, o ato escancarou o frustração com o previsível fracasso ção palestina ao oferecimento de Lu- rou, “dificultam a reconciliação na-
conflito entre israelenses e palesti- desinteresse do governo ultranacio- de seus planos de ser acolhido por la de ajudar a fazer as pazes – even- cional, particularmente o Irã, que
nos. Numa entrevista em Ramallah, nalista do primeiro-ministro Binya- árabes e judeus como o arquiteto da tualmente em território brasileiro – não se mostra interessado no diálo-
sede do governo da Autoridade Pales- min Netanyahu pelas iniciativas do paz entre eles. entre o movimento secular Fatah, go palestino com base numa agenda
tina (AP), ele afirmou que o presen- presidente Barack Obama para rea- Nisso consistiu, por assim dizer, a cujos quadros formam o governo da palestina.” Ele confirmou ter pedido
te atrito entre Israel e os Estados brir as negociações entre as partes, sua mágica. Ele conseguiu ser critica- Autoridade Palestina, e o Hamas fun- a Lula “que inclua o tema palestino
Unidos, “que parecia impossível de congeladas desde a ofensiva israelen- do dos dois lados do muro que sepa- damentalista, que os expulsou a bala no seu diálogo com o Irã”. Para
ocorrer”, quem sabe seja “a coisa má- se na Faixa de Gaza, controlada pe- ra Israel e os territórios palestinos de Gaza. Diante do presidente Mah- quem foi recebido calorosamente pe-
gica que faltava” para se chegar a um los extremistas do Hamas, em fins por sua aproximação com o Irã e pe- moud Abbas, Lula soltou o verbo. los palestinos, o descontentamento
acordo de paz na região. A isso se de 2008. lo disparate de incluir a República Is- Pôs-se a ensinar ao interlocutor, co- de Abbas deveria instilar um mínimo
chama “pensamento mágico” – a A realidade é que Israel deu as cos- lâmica entre os países interessados mo se disso ele não soubesse, que os de sobriedade no desvario da diplo-
crença numa relação de causa e efei- tas ao projeto de paz baseado na coe- na solução pacífica do problema is- palestinos precisam falar com uma macia lulista. Uma coisa é o Brasil fa-
to entre acontecimentos que nada xistência de dois Estados. Daí a ex- raelense-palestino. No Parlamento só voz na mesa de negociação, do con- zer-se ouvir em defesa da paz e segu-
têm em comum, ou no poder de pansão dos assentamentos na Cisjor- de Israel, Lula ouviu de governistas e trário “vão continuar a ser um povo rança para israelenses e palestinos,
transformar os fatos pela mera ex- dânia que a direita israelense deno- oposicionistas críticas contundentes sem fronteiras, e Israel continuará a outra é se fazer de protagonista cen-
pressão de uma vontade. mina, significativamente, Judeia e Sa- à ideia de que o presidente Mah- se sentir ameaçado”. Seria mais apro- tral nesse processo – e ainda por ci-
O governo americano, como se sa- maria. Mas a correlação de forças em moud Ahmadinejad, que prega a des- priado, respondeu-lhe o paciente Ab- ma cortejar um governo que busca
be, reagiu com excepcional dureza à Washington e a escassa simpatia dos truição do Estado judeu, possa ser in- bas, se Lula dissesse a Ahmadinejad exatamente o oposto.

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