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Wolfhart Pannenberg
from
Good News Magazine
Pode o amor ser pecaminoso? Toda a tradição doutrinária cristã ensina que há uma coisa
chamada amor invertido, pervertido. Os seres humanos são criados para o amor, como
criaturas do Deus que é amor. Ainda assim essa ordenação divina é corrompida sempre
que as pessoas se afastam de Deus ou amam outras coisas mais do que Deus.
Jesus disse, “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim...” (Mt
10:37). Amor a Deus deve ter precedência sobre o amor aos nossos parentes, apesar do
amor aos parentes ser uma ordem do quarto mandamento.
Jesus conclui a partir disso que a união indissolúvel entre marido e esposa é a vontade de
Deus para os seres humanos. A união indissolúvel do casamento, portanto, é o alvo da
nossa criação como seres sexuais (Mc 10:2-9). Visto que neste princípio a Bíblia não é
temporal, as palavras de Jesus são o critério e o fundamento para todo pronunciamento
cristão sobre a sexualidade, não somente para o casamento, mas toda nossa identidade
como seres sexuais. De acordo com o ensinamento de Jesus, a sexualidade humana
como macho e fêmea tem como alvo a união indissolúvel do casamento. Esse padrão
instrui o ensinamento cristão sobre todo comportamento sexual.
As determinações bíblicas quanto à prática homossexual são muito claras e não dão
margem à ambiguidade em sua rejeição a tal prática, e todas suas afirmações sobre esse
assunto concordam mutuamente sem exceções. O Santíssimo Código de Levítico sem
controvérsias afirma, “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação
é.” (Lv 18:22). Levítico 20 inclui o comportamento homossexual entre os crimes que
merecem pena capital (Lv 20:13, é significativo que o mesmo se aplica ao adultério no
versículo 10). Sobre este assunto, o Judaísmo sempre se viu como distinto das outras
nações.
O Novo Testamento não contém nenhuma passagem sequer que possa indicar uma
afirmação mais positiva da prática homossexual que possa contrabalançar essas
afirmações Paulinas. Assim, o testemunho bíblico inclui a prática do homossexualismo,
sem exceções, entre os tipos de comportamentos que expressam notavelmente a
humanidade afastada de Deus. Esse resultado exegético coloca amarras estreitas na
visão sobre a homossexualidade que uma Igreja sob a autoridade das Escrituras pode ter.
As afirmações bíblicas sobre este assunto simplesmente representam o resultado
negativo à visão positiva da Bíblia sobre o proposito da criação do homem e da mulher
como seres sexuais.
Estes textos que são negativos em relação ao comportamento homossexual não lidam
simplesmente com opiniões marginais que pudessem ser negligenciadas sem prejuízo à
mensagem cristã como um todo. Ainda mais, as afirmações bíblicas sobre a
homossexualidade não podem ser relativizadas como expressões de uma cultura que
hoje está ultrapassada. O testemunho bíblico era deliberadamente oposto à cultura que o
circundava em nome da fé no Deus de Israel, que, na criação, designou o homem e a
mulher para uma identidade particular.
A realidade das inclinações homofílicas, portanto, não precisam ser negadas e não devem
ser condenadas. A questão, entretanto, é como lidar com tais inclinações dentro da tarefa
humana de dirigir nosso comportamento de maneira responsável. Esse é o problema real;
e é aqui que devemos lidar com a conclusão que a atividade homossexual é um desvio da
norma para o comportamento sexual que foi dada aos homens e mulheres como criaturas
de Deus. Para a Igreja esse é o caso não só da atividade homossexual, mas de qualquer
atividade sexual que não tem como objetivo o casamento entre homem e mulher, em
particular o adultério.
A Igreja tem que viver com o fato de que, nessa área da vida como em outras, desvios da
norma não são excepcionais mas, antes, comuns e difundidos. A Igreja deve lidar com
todos os envolvidos com tolerância e compreensão, mas também levá-los ao
arrependimento. Ela não pode abandonar a distinção entre a norma e o comportamento
que se desvia da norma.
Aqui estão os limites de uma Igreja cristã que está sujeita à autoridade das Escrituras.
Aqueles que argumentam que a Igreja deve mudar esta norma devem estar cientes que
estão promovendo divisões. Se uma igreja fosse se deixar levar ao ponto onde deixasse
de tratar a atividade homossexual como um desvio da norma bíblica e reconhecesse as
uniões homossexuais como uma parceria pessoal de amor equivalente ao casamento, tal
igreja não mais estaria sobre bases bíblicas, mas contra o testemunho inequívoco das
Escrituras. Uma igreja que desse esse passo deixaria de ser a Igreja una, santa, católica
e apostólica.